terça-feira, 30 de maio de 2023

Poema sobre o Deus de Jesus

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O Deus dos fariseus zelava para que a lei nunca fosse desobedecida.
Anular-se em nome da submissão era sinal de santidade.
Esse Deus castigava duramente pecadores que traziam maldição sobre Israel.
Deuteronômio 28 contém várias advertências e promessas de maldição para os desobedientes.
Jesus ensinava e vivia oposição a essa mentalidade; em suas relações com o próximo ele flexibilizava a lei em nome da misericórdia.
A mulher apanhada em adultério experimentou a força do amor alguém que dobrou a rigidez do mandamento: “Onde estão os seus acusadores?.
Eu não condeno você.
Vá em paz e não peque de novo”.
Outra mulher (siro-fenícia, portanto, gentílica) foi alvo do triunfo da bondade.
A coerência é menos importante que a compaixão Jesus curou a filha da mulher momentos depois de dizer que a sua missão se restringia à casa de Israel, sendo, portanto, incoerente com sua própria palavra.
Um centurião romano exemplificou a excelência da solidariedade e fez dela um exemplo de fé. 
Valia mais para Jesus a vida que a lei, mais a dignidade humana que os escrúpulos étnicos e religiosos. 
Certa mulher impura devido a uma menstruação crônica ser curada apesar da impureza; o endiabrado de Gadara experimentar uma libertação dentro de uma cidade seduzida pelo lucro do comércio de porcos;
Bartimeu, o cego da calçada, atestar em seu encontro com Jesus que os pobres, marginalizados e esquecidos podem se aproximar de Deus.
Me sinto mais alinhado ao Deus de Jesus que o dos fariseus.

domingo, 28 de maio de 2023

Poema sobre a melhor maquiagem

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Convivo diariamente com a melancolia,
o tédio e o descontentamento com as realidades que me cercam.
A incredulidade insiste em me assombrar.
Ouço conflitos existenciais de pessoas desde quando eram crianças.
A vida me ensinou a ser um vencedor.
Desde sempre me ensinaram que eu deveria estudar e ter um bom emprego, para ter uma vida boa.
Minha família, professores e familiares mal sabiam que essa narrativa me fazia mal.
Esse ideal de vida, não fazia nenhum sentido para uma criança que aos 10 anos de idade, gostava e se interessava por filosofia e história.
Eu acreditava que a vida não tinha sentido e somos frutos de eventos cósmicos aleatórios.
Então, aprendi a viver sorrindo e seguir a vida normalmente, sem fazer muitas perguntas.
A busca da felicidade individual é o novo veículo motivador da vida.
Estamos em uma sociedade líquida como diria Zygmunt Bauman.
Tentamos fugir dessa vida cinzenta relativizando tudo, em busca do prazer individual e egoísta.
Mas será mesmo que felicidade é só isso?.
É muito pouco!.
Minha alma que sorrir.
Existe um Deus que se revela aos fracos e pequeninos.
A promessa é que Ele enxugará toda lágrima!.
Convivo com angústia, mas não me permito ser cínico.
Levanto os meus olhos para onde vem o meu socorro e encaro a vida com bastante coragem.
E nessa jornada entre a fé e a dúvida, algumas vezes sou surpreendido por uma alegria que nenhum filósofo pode explicar.
Há dez anos fui assaltado pela salvação e ao me lembrar das pequenas belezas da vida, aquele meu sorriso falso de criança, se torna um sorriso sincero e radiante.
Será que há um Deus escuta a minha angústia?.
Devemos falar com Deus o tempo suficiente para poder escutá-lo.

sábado, 27 de maio de 2023

Ou a lei ou Cristo

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Uma mulher invade a casa onde Jesus está.
Entra e beija-lhe os pés, molha-os com lágrimas e os enxuga com seus próprios cabelos.
O dono da casa julgava a mulher e julgava a Jesus.
A mulher por ser uma “pecadora” da cidade e Jesus por aceitar o amor dela.
Jesus, porém, disse que aquela mulher amara muito, por isto, seus pecados estavam perdoados, pois aquele que muito ama, a esse tal muito se perdoa.
Não somente cobre multidão de pecados dos outros,
pois perdoa sempre; mas, também, recebe absolvição de pecados,
pois, quando se erra em razão de ignorância, porém amando,
o amor sara diante de Deus e dos homens o erro daquele que,
amando, estava equivocado;
pelo menos assim será ante os olhos e sentidos dos que, pelo tempo, continuarem a ver a jornada do ser que ama.
Os pecados dos que erram amando são perdoados sempre; até porque ninguém que de fato ame usará o amor como pretexto para o pecado.
Além disso, quem ama não planeja o erro e nem tampouco age errado tendo o passado de amor como álibi para o erro deliberado de agora.
O amor no máximo se equivoca,
mas não delibera o pecado.
Entretanto, o amor não mata nunca, não ofende conscientemente jamais,
e não intenta armadilha sob qualquer hipótese.
Portanto, se você diz que é capaz de matar por amor, de ofender por amor e de armar cenários irreais por amor saiba que não é amor que existe em você.
É que quase ninguém mais sabe o que é amor; exceto, talvez, de amor por filhos ainda se saiba alguma coisa.
O amor não diz “é meu” quando o objeto do amor anda em outra direção.
O amor não diz "não pode" para um objeto de amor adulto quando o tal amado mostrar que sua deliberação seja outra.
O amor não obriga ninguém a ficar.
O amor não engana o próximo.
O amor não sabe manipular.
O amor não fica triste quando o sucesso do objeto do amor não passa pelo ser que ama.
O amor conhece o zelo, mas não sabe conviver com o ciúme; pois, em havendo ciúmes, o amor sempre sabe que não é o seu poder que está sendo exercido.
O amor somente aceita amor que seja amor como troca.
O amor sabe que seu maior falsificador é a paixão e suas passionalidades.
Desse modo, o verdadeiro discípulo sabe que não há nenhuma Lei sobre ele como detalhamento de comportamento, posto que o amor seja o cumprimento da Lei de Deus, só que motivada pelo amor.
Portanto, mudando o paradigma imposto por milênios de Religião, deixe de perguntar “O que eu posso?”
e apenas pergunte “O que estou sentindo, fazendo e propondo passa pelo crivo do que seja amor?”.
Agora leia Gálatas cinco, todo o capitulo, e, ao ler, tenha em mente o que amor seja, pois, agora, eu sei que você entenderá o caminho do discípulo de Jesus conforme proposto por Paulo no texto que peço a você que leia.
Nele, que nos chama não para as regras, mas para a Lei do Amor.


quinta-feira, 25 de maio de 2023

Poema sobre a cultura Ibérica

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A cultura Ibérica está impregnada de sentimentos e práticas de dominação e escravização.
As viagens náuticas exploratórias de Portugal e Espanha, na época das navegações, a partir do século XVI, fizeram com que esses países consolidassem em suas culturas esse desejo de expansão baseada em espoliação, em subjugação de povos e culturas, em morticínio de nativos e tráfego de escravos para promover desenvolvimento.
Cinco séculos se passaram,
mas o inconsciente coletivo da sociedade, bem como de seus governantes, ainda está impregnado por essas raízes perversas de exploração.
O racismo, portanto, para eles, quase que se justifica, pois o Preto sempre foi uma peça em seus jogos de poder, ver um Preto se destacando,
sendo admirado, adorado por milhões de pessoas é algo inaceitável,
e nesse pacote entra todo mundo,
governo, entidades esportivas, dirigentes de clubes, torcedores,
todo mundo.
Há 8 meses Vinícius Júnior vem sendo agredido, de todas as formas possíveis, e de concreto ainda não se fez nada,
se fosse um branco ariano, ou galês,
ou germânico, o mundo já tinha desabado.

 

terça-feira, 23 de maio de 2023

Apenas sendo

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Vejo tanta gente se auto afirmando ser do evangelho por suas crenças.
Cheios de experiências de sistematizações do aprendem por caminho onde passa.  
São mesclas de tantas vozes dos outros dentro de si. 
Tudo que vem de live em livre, de livros em livros.
Tomado de legião por ser muitos.  
Um dia desse atrás eu andava assim como a multidão cheio de vozes de pregadores dentro de mim.
Hoje soltei todas as malas de filosofias, teologias, ideologias.
Abandonei todas essas tolices para ouvir Aquele que habita dentro de mim: "As minhas ovelhas ouvem minha voz...". 
Hoje meu caminhar é por dentro,
onde habita o Verbo que se fez carne. 
A Cintilação que sustenta tudo e mantém o existe.
Abandonando todas essas tolices é que a primeira vez sou real. 
O Eu Sou me ouve e não mais as falas dos outros que havia em mim.
Hoje aprendi que não preciso mais falar pra ninguém sobre nada.
Apenas ando no meu anonimato sem ninguém precisar saber.
A minha fé e minha espiritualidade são de natureza íntima.
É algo que acontece por dentro. 
Uma experiência em mim mesmo. 
Sem necessidade de expô-la. 
É uma vivência íntima e pessoal.
O caminho é sempre pra dentro. 
Quanto mais no profundo de mim penetro, mais estou indo em direção a Deus. 
Assim, sigo discreto e anônimo no caminho.
Apenas sendo, sem necessidade de  convencer a ninguém.
Apenas sendo.


segunda-feira, 22 de maio de 2023

O reino de Deus

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O reino de Deus não é desde mundo,
ou seja, não é desta ordem de coisas, desse sistema hierárquico de controle e dominação.
O reino de Deus é mais profundo e libertador do que imposição de uma crença.
Não se trata de um pacote de regras comportamentais.
Mas se trata de um reino invertido, onde o maior é o que serve,
os últimos são os primeiros,
ou seja, a classe mais desprezada ganha voz.
O interesse do reino de Deus não é erguer bandeira de uma religião,
uma crença,
um dogma,
mas salvar a humanidade do pecado responsável por todos os pecados:
o individualismo, a ganância. 
Mortificando esse nosso eu egoísta, entendendo a humanidade como uma sociedade fraterna.
O Reino de Deus propõe libertação do reino das trevas, que escraviza a humanidade em nossa soberba e maldade, que traz dor, lamento, pobreza e sofrimento. 
Quando a igreja passar a se engajar na construção desse reino de amor,
então ela deixará de erguer sua bandeira, abandonará sua pretenção de visível aparência e reconhecimento,
em função de propagar o Reino de Deus que é amor, inclusão, solidariedade e justiça.


domingo, 21 de maio de 2023

Simplesmente Jesus

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Jesus veio para salvar o mundo,
e, contudo, não fez nada igual aos que se oferecem como salvadores dos homens.
Jesus não escreveu sequer um livro,
não erigiu um pilar,
por mais fajuto que fosse;
não mudou para Roma e nem para Atenas ou mesmo para Jerusalém;
não aceitou a oferta dos gregos de ir viver entre eles;
não buscou impressionar os filósofos gregos ou os senadores romanos;
e nem tampouco sistematizou um ensino para ser decorado ou aprendido; e, para completar a serie de “insensatezes”, ainda escolheu andar com gente que não formava opinião, não era conhecida, não tinha berço,
e não agia no meio político ou religioso.
Ele fez como o Pai: Do que estava sem forma e vazio Ele iniciou o reino!.
Além disso, Ele não gerou filhos e nem deixou herdeiros carnais de nada.
Não criou amuletos com pedaços de suas roupas ou utensílios de uso pessoal toda essa história e relíquias santas é paganismo comercial feito em nome de Jesus, não marcou lugares santos e nem estabeleceu peregrinações sagradas, como ir à Jerusalém, à Cafarnaum,
e muito menos a qualquer outro lugar santo ou Meca.
Também não inventou uma parte profunda de Seu ensino apenas reservado aos entendidos e autoridades.
Não venerou nada.
Não se vinculou à coisa alguma,
nem mesmo ao Templo de Jerusalém, ao qual derrubou com palavras proféticas.
Chocante também é o fato Dele não se poupar em nada.
Cansado, então cansado.
Com sede, então com sede.
Ameaçado, então cauteloso.
Descrido, então muda de lugar.
Amado, mostra amor, mas não fica seqüestrado pelo amor de ninguém.
Desperdiça oportunidades de ouro.
Joga fora o que ninguém jogava.
Insurge-se contra aquilo que ninguém se levantava em oposição.
Provoca a morte com vida até ressuscitar.
E além de tudo Ele só aparece para quem crê, e não faz nenhuma aparição ante seus inimigos, no Sinédrio de Jerusalém, por exemplo.
Até para ressuscitar Ele trabalha contra Ele mesmo, do ponto de vista de estratégia de ressurreição.
Jesus não fez nada concreto.
Tudo Nele era abstrato, até quando era concreto.
Tudo tinha que ser apreendido com o coração, e não apenas aprendido com a mente.
Um dia depois do milagre da multiplicação de pães e peixes,
todo o resultado do milagre já havia sido digerido e evacuado.
Ninguém foi por Ele instruído a guardar amostra dos pães e peixes,
nem tampouco pediu Ele que se guardasse um tonel de vinho de Cana.
Jesus era do tipo que jamais chegaria à Betânia e diria: “Foi aqui que ressuscitei Lázaro!”.
Ele não tem histórias de Si mesmo para contar.
O presente é a História para Jesus.
Suas histórias não são passadas,
são todas presentes.
Suas histórias são as Suas palavras de vida e poder enquanto.
Ora, eu poderia ficar escrevendo aqui para sempre sobre o assunto no entanto, o que me interessa é apenas afirmar que assim como Jesus tratou a vida e a História, do mesmo modo Ele espera que nós o façamos, até quando estivermos exaltando o Seu nome ou pregando a Sua Palavra; e, sobretudo, no vivendo da vida.
Ou quem nos fez pensar que Jesus era assim apenas porque Ele tinha que ser assim?.
Mas que nós, que não somos Ele e que temos a tarefa de propagandeá-LO na terra, temos permissão para tratarmos Jesus em relação ao mundo de um modo diferente do que Ele tratou a Si mesmo?.
O modo de vivermos e pregarmos o nome de Jesus no mundo é exatamente o mesmo com o qual Ele tratou a Si mesmo na experiência humana de Seu existir entre nós.  
“Meu reino não é deste mundo!”.
Afinal, quem é César?.
Quem é Alexandre?.
Você deve a vida a qualquer um dos dois?.
Em que César ou Alexandre ajudam a sua vida hoje?.
Assim, pergunto: Você aceita desistir do que erro no qual foi criado na religião e passar a viver com os modos e motivações de Jesus?.
Pense nisso!.

 

 



quinta-feira, 18 de maio de 2023

Poema sobre um espinho na carne

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Tem gente que não tem um espinho na carne porque de fato, elas são o espinho na carne dos outros.
Há também aqueles que são espinheiros andantes em sua marcha para abraçarem os que amam de morte.
Há ainda os que são santos, que andam na graça do Evangelho pela fé,
e que, justamente por isto, têm espinhos na carne.
A razão é para que continuem saudáveis, pois, em um mundo caído, com gente de natureza caída,
todo homem, por mais santo que seja ou se faz de santo é pura vaidade.
Os seres que são espinhos para outros, assim como aqueles que se tornam o próprio espinheiro, não conhecem o Evangelho como experiência da fé,
pois, quem quer que conheça o Evangelho, tanto mais quanto o conheça, mais santo se tornará em seus caminhos, e, assim, não terá mais espinhos brotando de si contra o próximo.
É por esta razão que o santo que foi e é santificado pela fé na graça de Jesus precisa de espinho em sua carne,
pois, nele não há mais espinhos para os outros, como era antes, e, por isto,
os espinhos virão de outros para ele.
Entretanto, esse que se santificou pela fé em Jesus, tem espinhos contra si mesmo, apesar de todas as coisas boas que nele haja.
Sim, pois mesmo que esteja de volta do Terceiro Céu, ainda assim continua capaz da vaidade e da soberba da virtude alcançada.
Somente não precisam de espinhos para sempre, aqueles que não mais voltarem de nenhuma viagem aos Céus.
Na Terra, porém, tanto quanto no mundo que é aqui uma outra categoria, não é possível provar a revelação das grandezas de Deus sem que a cura para a experiência da Glória não seja algum espinho como Graça em nós.
O Santo foi Coroado com uma coroa de Espinhos!.
Assim, os seus santos, sempre experimentarão espinhos na carne.
Entretanto, todo aquele que tenha tal espinho, que ore ao Senhor, que peça que Ele o livre desse mensageiro de Satanás; pois, se a Paulo Deus disse “a minha Graça te basta, pois o poder se aperfeiçoa na fraqueza”, pode ser que com relação a você, Ele tenha outros planos, quem sabe um alívio pela mudança de espinhos e de localização do desconforto.
Quem, no entanto, não anda no caminho do santo santificado pela fé em Jesus, esse não terá espinhos a lhe perturbar, pois, esse é em si mesmo espinho para outros, ou, pior ainda ele mesmo é um espinheiro com volúpia de abraçar.
Portanto, espinho na carne é para o santo em elevação.
Carne no espinho, no entanto, é o modo de ser dos seres que existem para ferir e ferirem-se.
Nele, que foi coroado com espinhos, nesta Terra de cactos e abrolhos saibamos que a graça dEle nos basta.

 

terça-feira, 16 de maio de 2023

Faça o mesmo

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Na parábola conhecida como do bom samaritano, Jesus lança uma pergunta ao religioso:
"Quem é o próximo do homem ferido?".
O pastor, o obreiro consagrado ou aquele de outro tipo de fé que cuidou dele?.
A resposta do religioso é desconcertante: "o que cuidou".
Mediante a resposta Jesus ordena: pratique isso. Faça o mesmo.
Fazer o quê?.
Cuidar do ferido?.
É bem verdade que Jesus ensinou sobre o cuidado em vive muito tempo, mas nesta parábola em específico ele aborda uma verdade que poucos ensinam: amar aquele que protege, defende,
cuida e mantém a vida ainda que em função de uma religião diferente ou estranha à nossa.
O amor ao próximo para o seguidor de Jesus não significa amar os "oficiais da mesma fé".
Este não é o critério de classificação do próximo, ainda mais quando apesar de pertencerem à nossa própria religião na prática não cuidam de pessoas,
pois sua prioridade está em fazer a máquina religiosa funcionar para tentar validar a sua própria santidade e alimentar sua própria vaidade de se proclamarem "servos de Deus autorizados".
Há pastores que falam muito e pouco fazem, mas dada a cultura que temos em valorizar a oratória,
lotamos auditórios e os colocamos num lugar no qual não se pergunta sobre o cuidado prático que têm dos que sofrem e para piorar, muitas vezes,
não cultivamos amor por aqueles que de fato estão realizando as obras de Deus, mas caminham em outros lugares sagrados.
Cometemos pecado ao chamar Jesus de Senhor e contrariar sua ordem de amar o diferente.
Vá e faça o mesmo: ame aquele que por causa do preconceito religioso o rejeitamos.

domingo, 14 de maio de 2023

Suporte

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Em um trecho da carta de Paulo direcionada à comunidade de Jesus que residia na pequena cidade de Colossos, ele escreveu: "Suportai-vos uns aos outros, em amor"
Vivemos tempos onde tá quase insuportável 
suportar.
No entanto, quando há consciência do amor que vem do Eterno, que  se derrama todos os dias por nós,
então suportar muda sua conotação pesada, e trás o significado de "suporte a dar".
Dar ao outro que pode estar numa condição mais fraca que a nossa, no que se refere à consciência e as percepções da vida. 
É servir, é serviço. 
Serviço que não vem de condições análogas e nem subserviência de uma relação tóxica, com falsa aparência de espiritualidade.
Quantas vezes eu e você demos suporte a outros?.
Ainda que distante geograficamente desse outro?.


sábado, 13 de maio de 2023

O grito

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Deus, hoje, nem sei porquê,
senti que deveria meditar no significado do grito.
“Deus meu, Deus meu, por que me abandonaste”?.
Senti que esse grito vaza dos olhos de quem, esmagado pelo sistema, não tem como falar. 
Notei que esse grito pode ser visto nos pés feridos de quem não tem onde pousá-los.
Sei que esse grito se esparrama como chuva ácida e faz mães cuspirem um lamento corrosivo quando enterram seus filhos, assassinados sem necessidade.
Deus, ajuda-nos a viver nossa vida inteira sabendo que o grito pontual de Jesus que se viu sozinho também é nosso.
Mas ajuda-nos a entender a ausência como essencial para nosso crescimento. 
Tu te retiras por amor, como a águia que sai do ninho para que os pintassilgos voem. 
Ajuda-nos a voar.
Dá-nos a compreensão de que tu te retiras para que haja espaço para crescermos.




quinta-feira, 11 de maio de 2023

Poema sobre a queda do poder

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O púlpito é lugar onde se influencia, inspira e ensina,
mas existe a possibilidade de até manipular. 
Pregar pode ser vocação,
perigo ou motivo de queda. 
Infelizmente pastores, padres e diversas lideranças usam o púlpito não para desenvolver uma teologia pública, preocupada com os reais interesses do povo, com sensibilidade social ou com preocupação cidadã de promover o reino de Deus e sua justiça, como relata o Sermão do Monte.
Sobram conferencistas evangélicos preocupados com nome, dinheiro e poder.
O Brasil se aproxima de uma turbulência política, de instabilidade social e já está diante de um retrocesso econômico brutal.
E muito do que sucede tem a ver com a profanação do púlpito e com a violação do ministério pastoral de inspirar esperança para destilar medo.
Pastores falham em perceber que o poder é mais ameaça do que privilégio.
Jesus que todo o poder representa uma ameaça; o dinheiro e um perigo e a riqueza, um empecilho antes de ser benção.
Na tentação de Jesus no deserto,
as três ofertas do Diabo foram,
na verdade, uma sugestão dele usar ou não o poder.
O poder transformou anjos em demônios e poderia fazer com que o próprio filho de Deus virasse outro Diabo.
Case aceitasse transformar pedras em pão, se topasse  proteger-se e se recebesse as riquezas deste mundo, seria destruído.
Fomos chamados para servir,
cuidar, acolher e se há alguma forma de poder em nós, que seja esvaziada para que cuidemos do próximo como se fosse irmão. 





terça-feira, 9 de maio de 2023

Poema sobre a perdição da alma

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“Qual o proveito do homem conquistar o mundo inteiro se perder a alma"?.
Perder a alma significa perder-se de si, esvaziar-se do ser humano que existe dentro dela, desfigurar a própria identidade, se envenena dos ressentimentos e criar uma identidade nesse mundo de aparência.
É pararmos o processo em que deixamos de nos reconhecer e que leva tempo.
A alma se desnorteia dentro do coração e aos pouquinhos não sabemos responder à pergunta: "quem sou eu"?.
Perder a alma faz com que amigos sejam "coisificados".
As relações se tornam utilitárias e a vida fica sem riso, com o rosto, crispado por paranóia e cheio de rugas desnecessárias.
Perder a alma acontece na cobiça,
no egoísmo, na gabolice e no falar sem pensar, nas sinceridades sem o tempero da graça.
Pessoas doces se tornam acusadores cruéis.
Perdem a alma o que disparam juízos sem considerar quem os ouvirá. 
Para salvar-se é preciso transpor a ponte que separa as verdades livrescas do chão da existência.
A verdade interna das idealizações do ego. 
Não adianta nada evangelizar o mundo, ganhar multidões e ter acesso ao palácio se no processo a alma enruga como um maracujá maduro.
Sobre tudo o que se deve guardar, guardemos o coração pois dele saem as forças que mantém a alma viva.
Por isso eu não quero os holofotes ofuscando a minha vista entorpecendo minhas percepções.
Quero o aconchego,
no cantinho almofadado, na penumbra rústica, em meio aos amigos sinceros.
Não quero o topo do edifício comercial,
com o vento seco e sem odor,
no vazio do concreto.
Quero o abstrato, quero o cheiro de mato, o cheiro de gente, o jeito irrequieto, o tom da alegria, o abraço apertado, o sorriso sem pudor.
Não quero o palco do show artificial do estrelato, quero a vida em toda sua profundidade, quero trilhar o caminho da aprendizagem, o caminho da humildade, quero olhar estupefato 
para a beleza da simplicidade.
Não quero a vazia mansão de luxo,
quero a casa cheia do fluxo de afeto,
de ternura.
Quero a mistura dos tons, a candura dos bons de coração.
Não quero competir na escada do sucesso, quero a roda amiga e generosa, no plano, onde todos encontram guarida, participam, cantam, brincam, compartilham,
celebram a própria vida no cotidiano.
Não quero o planalto da corrupção, quero as montanhas de paz, a brisa da limpa consciência que apraz, o fervor do amor fraternal, quero o sobressalto da indignação, a atitude conjunta em clamor por justiça social,
no Brasil, no mundo.

segunda-feira, 8 de maio de 2023

Poema sobre o Bom Samaritano

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É claro que Jesus estava dizendo, ao escolher o Sacerdote e o Levita para “contracenarem” na “história”, apenas para mostar ao seu inquisidor quem é o meu próximo quem, aos olhos de Deus, fazia o culto verdadeiro.
Até mesmo os elementos usados pelo o bom Samaritana eram de natureza cultua óleo e vinha.
O interessante é que na ordem médica da época, primeiro se fazia a lavagem com vinagre e só depois vem o óleo.
Na parabola o homem começa com o óleo, só depois é que vem o que arde.
Porém, ambos os elementos eram de natureza simbólica.
A mensagem da história é simples,
o culto a Deus é feito de amor;
e seu lugar de manifestação é o todo da vida; em qualquer estrada onde se ande nesta existência.
Mesmo reconhecendo que é muitas vezes útil comparar a vida com uma estrada, todavia, também deve-se considerar que há não apenas semelhanças, mas também muitas dessemelhanças nesta ilustração.
No mundo físico a estrada é a mesma para todos.
Mas na dimensão do espírito a estrada é de acordo com aquele que nela caminha.
Não se pode chamar alguém e dizer: Veja, esta é a estrada da verdade e da vida e esperar que isto seja suficiente.
Só será verdade se a pessoa experimentar e andar conforme a verdade e a vida no caminho.
O Caminho de Jesus não é como uma estrada física, na qual quem quer que ponha o pé, anda e segue.
Não, com Jesus não é assim.
Você pode mostrar o Caminho, o indivíduo pode aceitar as informações dadas sobre a estrada, porém, se não andar como se anda no Caminho, de fato ele não está indo a lugar algum.
A história parabólica descrita por Lucas no capítulo 10, acerca do “Bom Samaritano”, bem ilustra como a estrada física pode significar caminhos diferentes para diferentes pessoas, dependendo de como se anda.
Primeiro aparece um viajante sem nome, e que anda na estrada de modo tranqüilo, e em busca de uma vida honesta.
Ele anda no caminho da simplicidade do trabalhador.
Em seguida aparece andando na mesma estrada um outro homem,
um salteador.
É a mesma estrada, mas é um outro modo de andar nela.
O homem andava no caminho da violência e da covardia.
Então, na mesma estrada, aparece um Sacerdote.
Ele viu o homem caído e roubado.
Mas seguiu o caminho da indiferença.
Seguiu seu próprio caminho na mesma estrada.
Na mesma estrada apareceu um Levita.
Ele também viu o homem caído,
mas preferiu andar no caminho da frieza e do egoísmo que apenas visa a auto-preservação.
Assim, seguiu no caminho da omissão homicida.
Por último aparece um herege do ponto de vista dos judeus.
Era um Samaritano.
Ele também anda na mesma estrada de todos os anteriores.
Mas o seu caminho é diferente.
Ele encontra o homem numa estrada que para ele tinha o sentido de misericórdia e graça solidária.
Assim, este “samaritano” nos ensina que a estrada não é a mesma para todos, posto que ela tem em si o significado dado pelos pés que a pisa. Para o Samaritano aquela era a estrada da misericórdia.
Jesus, usando esta história, diz a quem perguntou a Ele quem era o seu “próximo” exatamente o que acabei de expor acima, só que de modo metafórico, mas a mensagem é a mesma.
Ora, Ele faz isto com uma pergunta: “Quem te pareceu ser o próximo do homem caído?”
A resposta foi: “Aquele que usou de misericórdia para com ele”.
Então Jesus concluiu: “Vai tu e faze o mesmo”.
Assim, cinco homens andavam na mesma estrada, porém cada um fez o seu próprio caminho na mesma estrada.
De fato, o que faz toda a diferença é como cada um anda no caminho!.
Você pode até dizer que sabe quem é o Caminho.
A questão de Jesus, todavia, é “como” você anda no caminho.
Jesus é esse bom samaritano, 
O samaritano era considerado uma pessoa impura, era desprezado e talvez alguém que não se esperaria nada de bom.
No entanto, o próximo daquele homem quase morto foi o samaritano.
Ao falar do samaritano Jesus está a contar a sua própria história.
Jesus é esse samaritano que socorre quem está ferido, esfolado, doente.
Jesus é o Senhor que se fez servo, que se fez gente, que se fez humilde porque Ele é.
Jesus exemplifica o samaritano que ele próprio é.
Enquanto o sacerdote estava preocupado com leis mosaicas a serem aplicadas, enquanto o levita estava preocupado com o culto, com os arranjos em regências, com as músicas, cânticos, salmos e flautas, o samaritano oferece o verdadeiro culto a Deus. 
Jesus desceu, em obediência ao Pai,
da Jerusalém celeste para a Jericó dos homens, a terra.
Ele veio do céu para socorrer os necessitados, aqueles que estão quase mortos, Jesus veio do céu para a terra para curar as feridas, para salvar do grande mal deste mundo, o pecado.
Jesus é como o samaritano ou o samaritano é Jesus que dá atenção,
que perde tempo, que se preocupa. Jesus é aquele que realmente observa a Lei, ou seja, sabe e pratica.
Na verdade pode-se dizer que Jesus não apenas sabe, mas ele é a Palavra,
o Verbo e n’Ele não há separação entre lei e vida.
Em Jesus as palavras são práticas e suas práticas são palavras.
Nele, em Quem o culto é a vida e vida é o culto,

sábado, 6 de maio de 2023

Poema sobre os passos de Jesus

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Uma pessoa que pretende seguir os passos de Jesus de Nazaré não pode se embriagar com suas próprias palavras;
não pode construir guetos em que ideias fazem sentido apenas para o pequeno grupo que o frequenta;
não pode sofrer de um narcisismo egocêntrica a redundância é proposital;
não pode crer que violência só se abranda com mais violência;
não pode sustentar que Deus se considera eternamente ofendido e por isso considera que crianças nascem debaixo de ira;
não pode defender dogma que pressupõe eleitos e predestinados para uma vida de delícias em meio a um mundo tão sofrido;
não pode imaginar um Deus intolerante e punitivista com as inadequações de pessoas criadas com inadequações;
não pode defender que argueiros sejam tratados com intolerância e desconsiderar suas traves ;
não pode negligenciar misericórdia e absolutizar til e cedilha de leis antiquíssimas;
não pode promover milagre em espaços religiosos e dar de ombros ao sofrimento de migrantes, indígenas, pretos e gente empobrecida.
Não, não pode.






sexta-feira, 5 de maio de 2023

Sacerdote para sempre

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Tu és o cálice sagrado onde derramo lágrimas secretas;
o gonzo com que me revolvo em dias difíceis;
o lamento verdadeiro quando,
abatido, só escuto o canto das carpideiras;
a fala que me incentiva quando perambulo pelos corredores tenebrosos da decepção;
o olhar sereno que traz bonança na tempestade de minha dúvida;
o abraço materno que me acolhe quando me vejo carregado de culpa;
a amizade que não sente vergonha de sentar ao meu lado em ambientes conservadores;
o espaço na mesa onde, um dia, me sentarei como um notável nas bodas do cordeiro.
Tu és a razão da minha não-razão racional.
Tu és o caminho a verdade e a vida.
Tu és o centro, Tu és a dose mais forte em minha vida.
Tu és a ressurreição, Tu és o Senhor para a Glória de Deus pai.
Tu és alguém que, como nós, passou por todo tipo de tentação, porém, sem pecado.
Tu és Perfeito sem ninguém ter criado.
Tu és Eterno sem ninguém te fazer existir.
Antes de tudo você já é, Soberano!.
No céu ou na terra, não há nem um outro
Tu és Lindo, Glorioso e Sublime
O mais Majestoso.
Tu és o bom Pastor, a porta, a luz, o pão da vida!.
Tu és amável, tão envolvente o mais desejável.
Tu és o Deus onipotente.
Imarcescível, incomparável
Deus invisível, Emanuel!.
Tu és o único Deus.
Tu és todo Santo.
Tu és adorado e na terra eu só tenho a Ti, no céu não tenho outro.
Tu és o meu refúgio, o meu refrigério, o meu herói eterno.
Tu és um Deus tão alto; a rocha inabalável.
Tu és o Grande Eu Sou, ninguém te muda.
Tu és todo graça, Tu és todo amor.
O teu nome é um perfume, o teu cetro é de justiça.
Tu és o Deus que cura, Tu és a minha bandeira.
Tu és a minha provisão, o meu socorro vem de Ti pastor do meu coração.
Tu és o dono do tempo e da história, Tu és o dono de toda minha vida.
Tu és sempre o meu presente a minha justiça, a minha paz é o Deus que me vê.
Tu és um Deus tremendo em louvores, opera maravilhas verdadeiro e fiel.
Tu és o desejado das nações
Tu és o sal que tempera a minha vida.
Tu és Glorioso, Majestoso e Soberano
Deus conosco.
Tu és o filho do Deus Vivo.
Jesus, Teu nome é doce o Espírito e a Noiva cantam juntos: Ora, Vem!.
Toda terra canta: Santo Santo Santo é o Senhor dos Exércitos
Rei Eterno Imortal a Imagem do Deus supremo Invisível mas tão real o Cristo Filho do Deus vivo.
Eu mal posso esperar chegar no céu
Pra Te ver e conhecer como eu sou conhecido.
Senhor, tu não habitas apenas os montes, mas estás aqui no meu vale também.
Quando falo em ti, trato mais de proximidades do que encurtar distâncias eu melhor te acho nos porões do meu ser.
Tu não és para mim um poder a ser acessado; és a profundidade que preciso vasculhar.
Senhor, tu não te exaures em minhas lógicas.
Para além da minha razão, eu te imagino preenchendo tudo em mim.
Se não explico minha existência entre as pessoas, tampouco a tua.
O céu é o seu trono e a terra é estrado do Seus pés.
Tu não és uma realidade que se encaixa no meio de outras realidades,
Tu és eternamente O EU SOU QUE É.
Senhor, tu não só transcendes às coisas, mas transcendes também nas coisas. 
Tu és o todo e o tudo, o eterno e o já. 
Por tua causa convivo com o paradoxo de uma presença ausente e de uma ausência presente. 
Eu te chamo de onipotente enquanto percebo que és um amante frágil. 
Sempre distinto de tudo, és meu tudo. Senhor meu, leio que te arrependes e isso me abala.
Como é bom saber que és muito mais misericordioso do que constante.
Tu encharcas os meus dias com esplendor e, devido ao teu mistério,
me assombro.
Sou teu, simplesmente.
Tu és superior sobre a antiga aliança,
Tu és sacerdote idôneo,
Tu és sacerdote para sempre,
Tu és Maior em graça, em amor, em misericórdia, em bondade, em fidelidade.
Tu és Grande porque se fez pequeno, se fez humilde, se fez gente; por isso Tu és O Mediador de uma melhor aliança.
Tu és o Autor da salvação nomeado por Deus, segundo a ordem de Melquisedeque.









quinta-feira, 4 de maio de 2023

O Senhor do Sábado

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Jesus escolhia exatamente o dia de sábado para trabalhar fazendo curas dentro das Sinagogas e isso afrontava essa tradição mosáica.
Como Jesus mesmo disse no evangelho de Mateus capítulo 12 se era permitido curar alguém no dia de sábado?.
Em outras passagens ele pergunta se é permitido fazer o bem ou o mal em dia de sábado.
E cura um homem com a mão seca,
da qual os fariseus deliberaram dali um meio de matar Jesus por essa "transgressão" dentro de um templo.
Ainda no mesmo capítulo Jesus denuncia que os sacerdotes do judaísmo transgridem no templo as tradições do sábado e não se tornam culpados, como por exemplo, considerar que devem dispender esforço para salvar um animal de criação que tenha caído num buraco enquanto recusam ajudar outra pessoa, alguém da mesma espécie por causa do sábado.
É nessa passagem que os seguidores da doutrina do antigo testamento xingam Jesus de fazer bruxarias em nome de Belzebul.
E Jesus trabalhava sempre de graça fazendo milagres, inclusive nos sábados.
Acredito que Jesus ainda está totalmente alinhado com as proposições a respeito de valor do trabalho como a pauta socialista e até mesmo o ideal comunista debate em sua plena proposição de iguadade e abundância sobre o que é produzido e distribuido entre todos, tal como foi praticado nesse exercício em Atos dos Apóstolos de uma forma superior a igualdade que o comunismo apresenta, mas revela uma questão moral acima da média não aceita pela cultura de seu próprio povo, dado que Jesus era o Cristo e Verbo da Verdade de Deus que nunca cessa de trabalhar por amor,
e esse amor foi recusado como a pedra angular, porque paradoxalmente ao trabalhar por Amor, descançava nesse esforço quanto mais trabalhava.

Os erros

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O erro iguala os seres humanos,
uma vez que todos nós erramos.
O que difere um indivíduo do outro é a forma como cada um lida com seus erros.
Os sábios reconhecem seus erros, admitem seus deslizes,
conhecem seus limites e não tem medo de olhar para si mesmos a fim de retratarem-se e mudar de postura, crescer, evoluir, amadurecer.
Os imprudentes não reconhecem seus erros, recusam olhar para dentro e admitir suas fraquezas e deslizes.
Seguem na vida acusando e culpando outros por seus erros.
São arrogantes, orgulhosos, intratáveis e não evoluem.
Por isso Jesus nos convidou a andar com ele e imitá-lo. 
Quanto mais parecidos com ele nos tornamos, melhores seres humanos seremos.
Não porque deixamos de errar,
mas porque aprendemos a pedir perdão, a perdoar e melhorar a nós mesmos e aos nossos relacionamentos interpessoais. 



terça-feira, 2 de maio de 2023

Poema sobre as redes sociais

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Faço uso das mídias como recurso de comunicação.
Não pretendo impor nenhuma ideia.
Há um grande grupo que resistirá a qualquer proposta de reflexão.
Desejo ser amigo da uma ovelha que não se achou entre as 99 do aprisco.
Quero ajudar a senhora que perdeu sua moeda a varrer a casa.
Pretendo ser o master chef na festa na casa do Pródigo.
Há vestígios de poesias em todas minhas cicatrizes, a cura é  um caminho interno.
Vivemos na época dos sorrisos fartos e de alegria solta.
A Disneylandia se universalizou na internet.
Agora todo mundo pode sorrir sem tem que viajar para os Estados Unidos.
A felicidade nas redes sociais é invejável. 
Nós, os introspectivos, ficamos assim proibidos de expor nosso apego ao sossego, nossa tendência de buscar lugares bucólicos, nossa atração por dias nublados.
Nós, os angustiados, ficamos inibidos e calamos sobre nossa melancolia.
Como descrever o nó que se aloja entre o coração e a garganta?.
O que dizer da sensação de andar em becos onde as paredes parecem se estreitar?.
O riso farto nas redes sociais serve quase como patrulha que condena os angustiados a se encolherem como perdedores.
A geração atual adoeceu de exibicionismo, narcisismo, individualismo, materialismo eis as verdadeiras doenças do presente século.
Os smartphones se transformaram em plataformas para que pessoas ocas estimulem outras a quererem ser o que não são.
O mundo atual valoriza gente bem resolvida e rica.
Viramos as estrelas de nossos próprios Stories com roteiros muitas vezes forjados numa vida de plástico.
Nós sabemos de tudo, sem sabermos de nada.
Temos opinião sobre tudo, mas não colocamos nada em prática.
Saímos de um ambiente extremamente tóxico e nem percebemos que estamos nos tornando exatamente o que criticamos.
A diferença é que agora "quem manda é a gente".
O resultado disso é uma geração de lacradores e só.
Pouco conteúdo de vivência que supõem conhecer.
Apontamos falhas e sugerimos soluções que só ficam no papel, ou melhor, nas telas.
O alcance dos influencers é agora em milhões de Km pela Terra, com 5 Cm de profundidade.
Nada que forma consciência pega, só frases prontas de discursos fáceis e de "lacração".
É essencial que haja coerência entre o que se escreve e o que se vive e a verdade é que não é possível saber tudo e nem é preciso.
Mas viver é desafio para quem se acostumou a fingir.
Com o advento da Internet, não precisa ser, basta representar.
Só é preciso ter um celular chique,
uma luz boa ou escrever algo do momento.
Por isso tantos coach's ensinando o que jamais conseguiriam praticar e tantos mentores espirituais sem pisar o chão da vida, sem saber, na prática, que o Verbo se fez carne.



segunda-feira, 1 de maio de 2023

Poema sobre o Dia do trabalho

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Hoje se celebra o Dia do Trabalhador.
E para muitos, não haveria melhor maneira de se comemorar do que tirando um dia de folga.
Quem gostaria de passar o Dia do Trabalhador trabalhando?.
Fica a impressão de que trabalho seja um mal necessário, uma espécie de maldição.
Daí, a repulsão que temos pela segunda-feira e o anseio para que chegue logo a sexta-feira.
O sonho de muitos é ganhar na loteria para nunca mais ter que trabalhar.
Consideramos bem-aventurado quem ganhe muito trabalhando pouco. 
Há até quem busque justificar tal postura teologicamente.
Estes entendem que o trabalho foi instituído por Deus como uma maldição decorrida do pecado.
A célebre frase "Do suor do teu rosto comerás..." ecoa como uma sentença condenatória.
No entanto, mesmo antes da queda, Deus destacou o primeiro homem para que cultivasse o seu jardim.
Portanto, o Jardim do Éden, ou jardim dos prazeres, também era o jardim do labor. 
O que torna o trabalho algo penoso ou prazeroso é o seu propósito.
A pergunta que deveríamos nos fazer é: pelo quê trabalhamos?.
Ironicamente, se trabalhamos visando unicamente nosso sustento e aprazimento, o trabalho se torna um tormento.
Mas quando trabalhamos visando o bem comum e a glória de Deus, sentimo-nos realizados e plenamente satisfeitos.
Em outras palavras, o que dignifica o trabalho é o amor.
Se num jardim, o trabalho tornou-se numa sentença de maldição, também foi num jardim que Cristo resgatou o sentido sagrado do trabalho ao ter Seu suor transformado em sangue.
Movido somente por amor, Ele abriu mão de viver para Si mesmo para oferecer Sua vida em resgate de muitos.
Por amor Ele sorveu inteiramente o cálice que nos estava destinado, absolvendo-nos de toda e qualquer sentença.
Uma vez redimidos, deixamos de viver e trabalhar visando exclusivamente nosso próprio bem, para viver e trabalhar em função da glória de Seu amor e do bem de nossos semelhantes.
Em Mateus, há um relato de que Jesus andava por cada cidade e vilarejo da região empobrecida da Galileia, ensinando nos espaços de aprendizado da tradição judaica, chamadas sinagogas, anunciando um outro mundo possível e cuidando dos doentes. 
O texto afirma que ele "via" as multidões e se "compadecia" delas, porque estavam "confusas e desamparadas". 
Ver é mais do que olhar.
É quando a alma é capaz de notar,
que gera a compaixão, que não é dó,
que sente pena e não se envolve.
Compaixão é "passar a padecer na mesma intensidade".
É doer em mim a dor do outro. 
Então Jesus usa uma linguagem camponesa: A colheita é grande,
mas poucos são os trabalhadores.
Orem ao Senhor da colheita, peçam que Ele envie mais trabalhadores para os seus campos. 
No Reino de Deus, um outro mundo possível, a lógica se inverte: Faltam trabalhadores para muito trabalho.
Não é emprego, não há de se obter lucro disto que não seja no coração e para a eternidade. 
No ambiente da religião é comum a formação de consumidores e empregados, num sistema que gira em torno de si.  
No ambiente do Evangelho há poucos trabalhadores, porque o processo é difícil, cansativo e nada lucrativo.
É impossível enriquecer.
Por isso sobra campo e falta trabalhador. 
Estes preferirão a segurança do emprego religioso e do consumo de produtos religiosos para a manutenção de seus mundos completamente distantes da visão do outro com percepção de suas dores, que gera compaixão e que muda mundos,
para além do próprio mundo,
que gravita em torno de seu umbigo.













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