sexta-feira, 10 de setembro de 2021

Poema sobre as manifestações

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Dentre todas as imagens divulgadas nas redes, uma em especial me chamou a atenção.
Uma pessoa em situação de rua dormia a relento enquanto os manifestantes vestidos de verde a amarelo passavam alheios ao seu estado de miséria e fome.
Sacerdotes e levitas seguiam em sua marcha, robotizados e anestesiados como zumbis que incessantemente repetiam: “Vai ser gigante”, enquanto toda uma população de miseráveis cresce assustadoramente em sua marcha silenciosa pelas ruas dos grandes centros urbanos.  
A única razão pelas qual as manifestações foram gigantes se deve ao empenho colossal da igreja evangélica e de seus líderes.
Ninguém ali está preocupado com a fome, com a supressão de direitos,
com as pautas sociais emergenciais, com a falta de vacina, com a corrupção.
Vergonhosamente, pastores chegaram a posar para fotos ao lado do Queiroz. 
A multidão sem máscara, lixando-se para a ameaça da variante Delta, num surto coletivo, gritava o nome de seu mito, como se estivesse diante do próprio Messias. 
Bolsonaro, sem se dar por rogado, assumiu para si a condição de divindade ao se arrogar detentor de atributos divinos como a onipresença.
Nenhum dos pastores que lotavam o palanque ao seu lado sequer sentiu vergonha ante as ameaças proferidas contra a democracia, acompanhadas de versos bíblicos descontextualizados disparados a esmo. 

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