quinta-feira, 30 de julho de 2020

A prostituição de todos os homens

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Não só as mulheres que casam sem amor,
mas apenas por conveniência, apenas para atender o gosto, às necessidades, ao bem-estar desse indivíduo.
Não só as mulheres que começam um relacionamento em que há regras preestabelecidas, convenções e  comportamentos que agridem as conveniências sociais.
Não só as esposas que continuam a comer o pão daquele que já não amam e enganam.
Não só as mulheres se prostituem, não só elas que se vendem em troca de pagamento convencionado.
É prostituto o escritor que coloca a caneta ao serviço das ideias em que não crê, mas fazem leitores crê nas suas réplicas, tréplicas e impugnações.
É prostituto o advogado que defende causas que reconhece injustas; que se opõe à equidade, ao que é justo.
É prostituto o juiz que julga injustamente, que são contrário à equidade, ao que é justo, que são iníquos, maléficos e perversos.
É prostituto quem finge a adesão aos mitos e interesses dos poderosos para obter recompensas materiais e morais;
o ator e o simplório que se expõem diante dos idiotas pagantes para arrecadar aplausos e dinheiro.
É prostituto o poeta que abre aos estranhos os segredos da sua alma, amores e melancolias, para obter em compensação um pouco de fama, de dinheiro ou de compaixão.
É prostituto o policial que não aborda ou trata de crimes, mas em contrapartida significa que está sendo dado em troca ou em compensação de alguma coisa.
É prostituto, acima de tudo o político,
o demagogo, o tribuno, o magistrado encarregado de defender os direitos e interesses do povo junto ao Senado.
É prostituto o orador popular que todos devem acariciar, seduzir, a todos prometendo favores e felicidade e a todos se entregam por amor à popularidade justamente chamado homem público, quase irmão de toda a mulher pública.
É prostituto quase todos os homens, defensores dos direitos do povo.
É prostituto aqueles que se vendem em anos de sufrágios, mas que nunca se reconhecem, nunca se assumem.
Quem nunca se corrompeu, adulterou, mudou o conteúdo original do texto, quem de entre nós, pelo menos um dia da sua vida, não simulou um sentimento que não tinha e um entusiasmo que não sentia e repetiu uma opinião falsa para obter compensações,
cumplicidades, sorrisos ou benefícios?.
Qual de vós homens algum dia já prostitui-se por vantagens pessoais, qual de vós homens prostitui-se como a mulher que atribui um preço à sua docilidade?.
Mas a prostituição praticada pelos homens é mais desonrosa do que a do corpo, e mais difícil de merece perdão.


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