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O bilionário Elon Musk, dono da Tesla, gastou US$ 44 bilhões para comprar o Twitter.
Esse valor é seis vezes mais do que seria necessário para acabar com a fome no mundo.
Existem 45 milhões de pessoas no mundo que não têm o que comer.
Se antes da pandemia o número chegava a 27 milhões,
a situação da fome se agravou ainda mais ao longo dos últimos anos,
de acordo com o Programa Mundial de Alimentos da Organização das Nações Unidas.
O que deveria valer mais, uma rede social que muitos consideram ultrapassado ou a vida de milhões de pessoas que morrem de fome?.
O que você faria com sua fortuna se fosse um bilionário como Elon Musk?
Aliás, por que há bilionários?.
Por que há tantos recursos nas mãos de tão poucos enquanto tantos sequer têm o que comer?.
Seria correto desejar ser um bilionário em um mundo como o nosso?.
Como cristãos, não deveríamos almejar um mundo mais igualitário é justo?.
Viver numa cidade cercada de montanhas tem suas vantagens e desvantagens.
A exuberância de nossa topografia tem seu lado negativo. Se quisermos assistir a um belo nascer do sol, teremos que buscar uma praia,
de onde possamos vê-lo se insinuando no horizonte até rasgar o céu com seus raios.
Caso contrário, as mesmas montanhas que embelezam nossos cartões postais proverão uma muralha que retardará o aparecimento do astro rei.
Que haja algo errado, todos admitimos.
Resta saber o que se pode fazer para corrigi-lo.
Não basta remediar, tratar os sintomas, sem questionar as estruturas injustas que os produzem.
Como pisar num lugar como o lixão de Jardim Gramacho, deparar-se com seres humanos vivendo literalmente do lixo, e não questionar o que estaria por trás disso?.
Seria muito fácil emitir um juízo moral, atribuindo a miséria de nossos semelhantes ao pecado, à falha de caráter, à indisposição para o trabalho.
Isso, certamente, pouparia os verdadeiros responsáveis pela penúria que atinge boa faixa da população mundial.
Também é relativamente fácil esconder-se atrás de um sistema que incentiva a meritocracia, que justifica a concentração de renda,
enquanto desdenha da miséria alheia.
Como ceder à misericórdia em nossos corações enquanto nossas mentes teimam em justificar o sistema responsável por produzir esses indesejáveis efeitos colaterais?.
Eis a nossa esquizofrenia!.
O trabalho para o qual fomos arregimentados consiste em aplainar o terreno, para que, quando o Sol da Justiça despontar, toda a humanidade possa vê-lo ao mesmo tempo.
Para nivelar o terreno, montanhas terão que ser abatidas, e vales aterrados.
Não se trata de algo simples de se fazer, mas de um desafio que demandará um esforço por parte de todos os envolvidos.
O que provoca desnivelamento maior entre os homens do que a injustiça social responsável pela divisão de classes?.
O que hoje chamamos de desigualdade, os profetas chamavam de iniquidade.
Poucos com tanto, tantos com tão pouco.
Se isso não puder ser corrigido no âmbito da igreja, certamente não o será no mundo.
Por que tratamos o rico de maneira gentil e o pobre de maneira rude?.
O homem com anel de ouro em seu dedo representa aquilo que gostaríamos de ser.
Nós o invejamos.
Quem sabe, se o adularmos, ele nos ajudará a ascender socialmente?.
Já a presença do pobre nos causa mal-estar.
Sua existência desafia nossos escrúpulos.
Sua presença nos intimida.
O que ele poderia nos oferecer?.
Provavelmente nos pedirá alguma ajuda.
Por isso, é melhor mantê-lo numa distância segura.
Só existem vales, porque existem montanhas.
Não haveria pobres, se não houvesse ricos.
Não haveria miséria, se não houvesse concentração de bens.
Ninguém chega ao ponto de se tornar bilionário sem ter explorado o trabalho do pobre, do necessitado,
e sem ter se valido de um sistema calibrado para beneficiar a uns em detrimento de outros.
Salários foram fraudulentamente retidos.
Direitos foram solapados.
A justiça pervertida.
Tudo em nome do conforto,
da segurança, da estabilidade.