terça-feira, 4 de janeiro de 2022

Poema sobre Israel

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É impossível, olhando do ponto de vista do fenômeno histórico e religioso,
não comparar a Igreja a Israel.
O que desgraçou aquela Nação, que foi primeiramente constituída de Hebreus caminhantes, suplantadores de fronteiras, foi o fato deles terem se curvado a fixidez do Templo, com tudo o mais que ele requeria para que “deus” fosse adorado.
Ali começou a luta entra as pedras e a Palavra, entre os sacerdotes profissionais e os profetas errantes.
De lá para cá, pouca coisa mudou na religião, a novidade foi Jesus e o Evangelho, mas até isso o cristianismo tentou deturpar, misturando a cultura empresarial romana e a escolástica grega ao modo simples de ser dos discípulos do Galileu.
O resultado foi uma perversão total,
e quanto mais Reformas, pior vai ficando, pois eles não percebem o quão distantes ficaram daquilo que Jesus propôs.
Só há uma salvação para a Igreja.
Ela de des-estatizar, não há outro caminho que não seja a sua des-organização, a estrutura estimulou o que há de pior nos homens, o convívio ficou insalubre.
Ainda há salvação para a igreja,
mas ela precisa ser desencapsulada do prédio, precisa voltar ao Caminho,
o lugar se tornou mais importante que o Espírito, que é livre e sopra aonde quer, não existem mais geografias sacralizadas no Evangelho, todo local é Terra Santa, pois como diz a Escritura: “Formosos são os pés daqueles que anunciam a Salvação”.
Há esperança para a Igreja, mas ela precisa destruir seus tronos,
vender suas posses, abrir mão de suas liturgias ocas, precisa voltar a simplicidade do Sermão do Monte, deixando de lado toda teologia sistemática que não passa de aristotelismo sofisticado para os gnósticos da era moderna.
É tempo de arrependimento, ainda pode haver esperança, lembrando aqui de Jeremias, confessando a culpa de um povo que, mesmo diante do desterro e da barbárie, continuava empedernido em suas crenças tolas.
Paulo diz, na sua carta aos Romanos,
que Deus não poupou nem mesmo Israel, mas tornou-a um escândalo para o mundo.
Por que você acha que ele irá poupar a Igreja?.
Eu não creio que vá ver essa mudança na minha geração, mas creio que, talvez, na próxima, as coisas comecem a acontecer.

Poema sobre uma reflexão

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O Fariseu, da parábola de Lucas,
fazia mais do que era exigido pela Lei, jejuava duas vezes na semana e dava o dízimo até daquilo que já havia sido entregue, como no caso da compra de um produto.
O Publicano, todavia, não tinha o que dar, estava esvaziado de obras e de si mesmo, existia num vácuo de alma, carregava apenas um arrependimento sincero e uma tristeza latente pelo pecado cometido contra Deus e contra o próximo.
É sempre assim, a religião trabalha com quantidades,
o Evangelho com qualidades,
a religião lida com o mérito,
o Evangelho com a impossibilidade,
a religião se move pelo princípio de Caim, que trabalhou no campo para produzir sua oferta, fruto de seu esforço e habilidade, tencionava impressionar a Deus.
Abel, todavia, compreendeu que o sacrifício estava no sangue, pois sem derramamento de sangue, como diz o escritor de Hebreus, não há perdão de pecados, entregou a oferta que prefigurava o Cordeiro imolado antes mesmo da fundação do Mundo.
De fato, é absurdo, como entender um criminoso, sendo executado pelo Estado, tendo protagonizado na vida o papel de malfeitor, ser perdoado na hora derradeira – “ Em verdade em verdade te digo hoje, estarás comigo no Paraíso” – sem nada ter feito a não ser crer que ali estava o Filho de Deus?.
É importante observar que tanto Jesus como o ladrão não foram para o paraíso naquele momento.
Jesus prometeu que levaria o ladrão para o paraíso naquele dia.
Aquele "hoje "significa apenas o fato, mas não a promessa cumprida.
O próprio Jesus morreu e ressuscitou no terceiro dia.
No quarto teve com os discípulos para depois subir ao Pai.
Portanto o "hoje” refere-se ao dia da promessa, não ao dia em que ela se cumpriria.
Jesus usou a palavra "hoje” para enfatizar sua promessa solene ao penitente ao seu lado, mas tal palavra se refere ao dia em que foi feita, não ao dia em que seria cumprida.
Como entender que a maior oferta depositada no gazofilácio do Templo foi, justamente, a de menor valor, fruto da pobreza de uma viúva, que deu de si mesma muito antes de dar as duas moedas, pois a alma estava embebida em ternura e gratidão?.
Como entender a alegria por apenas um pecador arrependido, em contrapartida de uma geração inteira de religiosos performáticos, que viviam da produção de obras mortas?.
Sim, foi preciso apenas um justo para que todos os pecados dos homens fossem perdoados, um morreu por todos,
logo todos morreram, um ressuscitou por todos, como está escrito, por isso todos ressuscitaram, aleluia!.

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