quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Vidas separadas

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Agora que estou no fim da vida,
Deixo essa poesia para os
Que estão diante da primeira vez.
Pois enquanto eu movimentei entre a minha nascente (o nascimento)
E o meu destino (morte),
As paisagens serão sempre novas.
Eu agradeço as pessoas que comigo viveram e conviveram,
De maneira amigável e comparticipastes
Dos meus objetivos pessoais.
Devo encarar todas estas novidades com alegria,
E não com medo
Porque é inútil temer o que não se pode evitar.
Eu peso desculpas as pessoas que se afastaram de mim,
Pois parece que o meu amor é um amor
Que assusta todas as pessoas que eu resolvi compartilha.
Eu quero ser um rio que não deixa de correr jamais.   
Em um vale, andarei mais devagar.
Quando toda à minha volta fica mais fácil,
As águas se acalmaram e eu me tornarei mais amplo,
Mais largo mais generoso.                                                                       
Quero que minhas margens sejam férteis.
Pois a vegetação só nasce onde existe água.
Quero entra em contato convosco,
Para entender que estou ali para dar de beber a quem tem sede.
As pedras precisam ser contornadas.
Evidente que a água é mais forte que o granito,
Mas para isso é preciso tempo.
Não adianta eu deixar ser dominado por obstáculos mais fortes,
Ou tentar bater-me contra eles;
Gastarei energia à toa.
O melhor é entender por onde se encontra a saída,
E seguir adiante.
As depressões necessitam paciência.
De repente o rio entra em uma espécie de buraco,
E para de correr com a alegria de antes.
Nestes momentos,
A única maneira de sair é contar com a ajuda do tempo.
Quando chegar o momento certo,
A depressão se enche,
E a água pode seguir adiante.
No lugar do buraco feio e sem vida,
Agora existe um lago que eu posso contemplar com alegria.
Sou único.
Nasci em um lugar que estava destinado para mim,                     
Que me manterá sempre alimentado
De água o suficiente para que,
Diante de obstáculos ou depressões,
Posso ter a paciência ou a força necessária para seguir adiante.
Começo o meu curso de maneira suave,                  
Frágil, onde até mesmo uma simples folha pára o meu curso.
Entretanto, como respeito o mistério da fonte que me gerou,
E confio em sua Eterna sabedoria,                                 
Aos poucos vou ganhando tudo que é necessário
Para percorrer o meu caminho.
Embora eu seja único,
Em breve serei muitos.                     
À medida que eu caminho,
As águas de outras nascentes se aproximam,
Porque aquele é o melhor caminho a seguir.
Então já não serei apenas um, mas muitos
E há um momento em que eu sentirei perdido.
Entretanto, como diz a Bíblia, “todos os rios correm para o mar”.
É impossível permanecer em nossa solidão,
Por mais romântica que ela possa parecer.   
Quando eu aceitar o inevitável encontro com outras nascentes,
Terminarei por entender que isso me faz muito mais forte,
Contorno os obstáculos ou preencho
As depressões em muito menos tempo,
E com muito mais facilidade.
Sou um meio de transporte.
De folhas, de barcos,
De idéias.
Que minhas águas sejam sempre generosas,
Que eu possa sempre levar adiante todas as coisas

Ou pessoas que precisarão de minha ajuda.

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