quinta-feira, 23 de setembro de 2021

Poema sobre a Pós-verdade .

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A Pós-verdade é um sentido de palavras já existentes na língua que pode ser resumido como a ideia de que algo que aparenta ser verdade é mais importante que a própria verdade.
A busca pela verdade verdadeira é relegada a um segundo plano.
Tal interpretação do sentido das palavras da realidade ganhou ainda mais expressão em teorias da discórdia e percepção.
Conceitos clássicos consagrados acerca da verdade, da informação e do domínio dos fatos agora são ressignificados.
O pensamento cartesiano representado pela frase “penso, logo existo” foi substituído por “acredito, logo estou certo”.
No fundo, pós-verdade é apenas uma palavra politicamente correta para a nossa velha e conhecida mentira.
É a mentira abrindo mão da pretensão de ser considerada verdade para ter apenas a aparência da verdade.
Afinal, na Era em que vivemos, aparência é tudo.
Entre uma verdade que pareça mentira e uma mentira que pareça verdade, a gente sempre prefere a segunda.
A mentira tem muitos ardis para conquistar adeptos, inclusive usar a verdade como trampolim.
Destruir a credibilidade do outro para que ninguém o procure para ouvi-lo, e, assim, sua versão prevaleça.
Este é um ardil muito usado por quem teme ser pego na mentira.
E quando funciona, faz com que a mentira espalhada pareça ter tamanha consistência que sua durabilidade se estenda indefinidamente.
Uma mentira que já poderia ter sido desmascarada, segue sua carreira enganando cada vez mais pessoas.
Tudo por conta deste ardil criminoso que vacina as pessoas contra a outra parte.
Há pessoas que são tão ardilosas que são capazes de convencer às outras de que viram o que não viram, ou de que não viram o que viram.
Se disserem que algo é azul, sendo este vermelho, falam com tanta convicção que o outro acaba por admitir que são os seus próprios sentidos que o estão enganando.
Nem todo suborno é feito com dinheiro.
Há chantagens emocionais que interferem em nossa percepção dos fatos.
Como não acreditar em uma mentira dita com lágrimas nos olhos?.
Uma gota de verdade diluída numa caixa d’água de mentiras é o antídoto perfeito para nos vacinar contra a verdade.
Se pudéssemos prever o estrago a médio e longo prazo que uma mentira pode causar, jamais nos permitiríamos divulga-la, mesmo que isso nos rendesse algum benefício momentâneo.
Há, em geral, dois caminhos adotados pela mentira para barrar uma verdade que precisa ser espalhada.
O primeiro deles é tentar descredibilizar o portador da verdade.
Atenta-se contra a sua honra.
Procura-se desmoralizá-lo a qualquer preço, de modo que todos se recusem a ouvi-lo. 
O segundo caminho adotado pela mentira é atacar a verdade em si, e não o seu portador.
Alguns são capazes até de afirmar que anuncia tais verdades, mas aplicam golpes furiosos contra as suas ideias.
Espero encontrar poucas pessoas que não se venderam, nem se renderam aos ardis dos que se arrogam formadores de opinião e detentores do copyright da verdade.

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