segunda-feira, 7 de fevereiro de 2022

Poema sobre a visão escura de alguns

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Durval assassinado por um vizinho militar da marinha.
O vizinho, de pele alva, não resistiu a pele alvo de Durval e disparou.
Que outra função tem os militares brasileiros das três forças que não seja matar o seu próprio povo e garantir salário eterno para suas filhas?.
Que outra função social essa gente tem?.
Nossa última guerra foi contra o Paraguai.
Já faz um tempo.
E foi uma guerra covarde.
O militar estava com a visão comprometida porque estava dentro do carro com vidros escuros.
Só deu para ver o que precisava ser visto: a cor da pele de Durval.
O quiosque Tropicália continua intacto; a casa do vizinho assassino continua intacta.
Os agressores nunca são pacíficos, por isso agressores.
Mas as vítimas e quem as defende precisa ser.
A luta precisa ter a força do luto,
a raiva do luto, a perda do luto.
O vizinho, que é da Marinha,
matou o vizinho, que era negro,
a tiros, e justificou para a polícia que "de dentro do carro não conseguia enxergar direito", por isso atirou.
Ou seja, na dúvida ele atirou.
Parece que também não ouve bem, porque o vizinho gritou que morava ali.
Temos que parar de pensar que todo preto parado é suspeito ou que todo preto correndo é bandido.
DURVAL TÉOFILO FILHO, o vizinho assassinado, não estava em "atitude suspeita", mas tinha a pele suspeita.
A filhinha dele, que o aguardava em casa, disse para a mãe que tinham atirado no pai.
O vizinho legal, que é sargento ativo da marinha do brasil, disse para a víuva que está solidário a ela.
Ele só deu uma matadinha no vizinho,  mas foi sem querer, foi culposo, inocentoso até.
De dentro do carro, ele não conseguia ver nada além da cor da pele de Durval.
Se continuar assim, logo logo será ministro da marinha.

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