sexta-feira, 23 de abril de 2021

Poema sobre o dia mundial do livro

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O dia 23 de Abril foi escolhido por ser a data da morte de três grandes escritores da história: William Shakespeare,
Miguel de Cervantes, e Inca Garcilaso de la Vega.
23 de Abril é também a data de nascimento ou morte de outros autores, como Maurice Druon, Haldor K.Laxness, Vladimir Nabokov, Josep Pla e Manuel Mejía Vallejo.
Portanto és a minha homenagem aos bons livros que são aqueles que conseguem colocar os leitores na pele do outro.
Que conseguem fazer sentir os mesmos sentimentos que aquela pessoa.
Que conseguem fazer á alma chegar naquela história.
Que conseguem mostra a jactância de alguém que se manifesta com arrogância e tem alta opinião de si mesmo.
Que conseguem revelar as pretensões de bravura ou altos méritos e conquistas de quem conta bravatas.
Conseguindo fazer assim, creio que é a maior virtude da leitura.
Ao sentir-se parte de outras vidas, o leitor vai-se percebendo também parte da restante humanidade.
É uma opinião minha, e atrevo-me a partilhar com vocês esta convicção.
Ingenuidade, dirão os cínicos, que os grandes leitores tendem a ser menos inclinados à violência.
Primeiro, porque a violência é sempre um declínio do pensamento e uma decadência de raciocinamento.
Depois, porque a leitura, enquanto exercício de alteridade, aproxima as pessoas em colocar-se no lugar do outro, entender as angústias do outro e tentar pensar no sofrimento do outro. 
Ela também reconhece que existem culturas diferentes e que elas merecem respeito em sua integridade.
Os homens por sua vez, não reconhecem absolutamente nada disso.
Eles sabem que, para triunfarem, têm de começar por desnacionalizar o inimigo.
A seguir, passam a questionar a sua humanidade.
Primeiro, o inimigo é um estrangeiro, depois um monstro.
Um monstro, ainda para mais estrangeiro, pode ser morto, deve ser morto.
A boa literatura trabalha em sentido contrário.
Dá-nos a ver a humanidade dos outros, inclusive dos que nos são estrangeiros.
Inclusive dos monstros.

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