terça-feira, 13 de abril de 2021

Resumo do filme: O preço do amanhã

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Esse filme se passa em uma sociedade na qual as pessoas crescem e se desenvolvem até os 25 anos.
Ao completar tal idade, cada um possui apenas mais um ano de vida.
Para viver mais do que isso, deve-se conseguir mais tempo.
O tempo restante da vida das pessoas fica estampado no antebraço.
Uma espécie de relógio que contém dígitos em contagem regressiva.
O tempo marcado é igual à duração restante da vida de alguém.
Quando o relógio é zerado a vida acaba sem chances de retorno.
Observei também que o número define também o tamanho da riqueza de cada um.
Ou seja, não há mais centavos ou reais, somente segundos, minutos, horas que são muito valiosos.
Dessa forma, para pagar contas ou fazer compras, as pessoas precisam usar o tempo da própria vida como forma de pagamento.
Ou seja, se desejam algo precisam desfazer um pouco de sua vida para usufruir esse desejo.
A moeda corrente é tempo de vida.
Ou seja, caso o indivíduo obtenha recursos poderá viver eternamente.
As pessoas pobres trabalham arduamente, pedem esmolas,
pegam emprestado ou roubam horas para conseguirem chegar vivos até o final do dia.
Os pobres vivem correndo, sempre na iminência da morte,
e os ricos sem pressa alguma vivem na posse ou no gozo de algo inalienável.
Ou seja, a eternidade é algo acessível,
a menos que sejam mortos por causas não naturais.
É uma urgente corrida contra o tempo para as classes mais baixas e um calmo passeio para os ricos.
As classes são divididas em zonas de tempo, de modo que os ricos vivem em uma cidade diferente separada por caros pedágios da área da população carente.
O protagonista é Will Sallas, que vive em uma zona pobre e sempre com as horas contadas.
No começo do longa, ele perde a sua mãe.
E a morre em seus braços por causa do aumento súbito das tarifas de ônibus, que a obriga a caminhar para chegar em sua casa sem tempo suficiente para isso.
A história muda quando ele recebe mais de um século de um milionário que não via mais sentido em sua vida.
Essa transferência gera suspeita dos “guardiões do tempo”, uma espécie de polícia que combate roubos e assaltos desse bem tão precioso.
Com isso, o personagem resolve passar as diversas fronteiras entre as cidades e desafiar o sistema.
Ao chegar à área dos ricos, envolve-se com a filha de um poderoso banqueiro. Perseguido pela polícia do tempo, para escapar, ele a sequestra e vira uma espécie de ladrão de tempo dos ricos e distribuindo entre os pobres.
A filha do magnata chamada Silvia, acaba apoiando a causa do jovem, unindo-se a ele aos assaltos nesse mundo no qual tempo é literalmente dinheiro.
É possível notar semelhanças entre o filme e a nossa realidade, nessa dinâmica do tempo é dinheiro.
Observem que o filme é uma crítica ao sistema econômico atual chamado de capitalismo, com destaque para a desigualdade social muitos tendo pouco para que poucos possam ter muito.
Uma má distribuição de renda é nitida nas cidades.
A divisão de classes em si e a concentração de riquezas revelam que enquanto poucos podem viver eternamente, o restante da população deve se sacrificar para conseguir o próximo dia de vida.
Além disso, podemos notar a alienação do trabalhador nesse processo, que, segundo alguns, seria fruto dessa sociedade.
“Eu não tenho tempo", é uma fase muito repetida tanto no filme quanto na vida real.
Os assalariados vivem sem grandes perspectivas, vivendo somente o hoje e trabalhando muito simplesmente para garantir o amanhã.
Vemos também uma segregação socioespacial, uma desigualdade uma consequência porque se há diferença de tratamento, uma massa é tratada melhor que a outra e portanto tem melhores condições de vida do que a outra.
No filme, essa questão mostra-se bastante evidente no fato de existirem duas cidades na trama: uma para os ricos e outra para os pobres.
No “mundo” dos ricos, os hábitos são diferentes.
As pessoas estão sempre tranquilas,
sem pressa, afinal, possuem todo o tempo necessário, não havendo motivo para correr.
Já no “mundo” dos pobres, as pessoas precisam sempre se apressar para sobreviver.
É o que acontece na vida não imaginaria.
As pessoas estão sempre correndo atrás de ônibus e os trens do subúrbio.
Estão sempre acordando cedo, saindo de suas casas em uma terra distante e remota.
Estão sempre casados por causa de um horário tão escasso.
Ou seja, tempo é tudo o que somos.
Além disso, os mais pobres não conseguem chegar no centro de poder e riqueza da sociedade por causa dos diversos pedágios e por causa dos impostos abusivos que cobram anos de vida.
O que impede um simples mortal de chegar até lá é justamente a falta de tempo.
Quando Will resolve sair da cidade pobre, gasta muitos anos no pagamento dos pedágios e demora para chegar.
Vale refletir sobre essas fronteiras às vezes invisíveis que separam o espaço urbano dos ricos do espaço urbano dos pobres e as dificuldades de fazer a travessia tanto na realidade quanto no longa.
No mundo fora da ficção, a morte é o que iguala a todos.
Não haver mais a possibilidade da morte é um outro modo cruel de distinção social, com apenas os ricos tendo a possibilidade de viver para sempre.
Aqui, vale fazer um paralelo com a realidade, considerando que as pessoas com maior poder aquisitivo têm acesso a serviços de saúde de qualidade que possibilitam prolongar suas vidas.
E essa relação pode ser estabelecida tanto com o custo de caros tratamentos, quanto com os problemas que as pessoas com menos recursos enfrentam sem acesso a saneamento básico, vacinas e remédios, por exemplo.
Apesar disso, a classe abastada do filme é entediada com a vida.
Eles não envelhecem, mas também não se permitem viver livremente.
Na cena em que Silvia entra no mar com Will, por exemplo ao sentir emoção de uma aventura pela primeira vez que ela decide se juntar a Will na luta contra o sistema.
Ou seja, os pobres morrem e os ricos não vivem.
O filme também mostra um controle sobre a vida das pessoas justificado no combate à superpopulação.
É uma coincidência ou um erro meu compara a esse filme ao que estamos vivendo exatamente hoje com essa pandemia.
O personagem que doa seu tempo a Will questiona a realidade em que para alguém ser um imortal,
muitos precisam morrer e explica por que taxas e preços aumentam dia após dia no gueto.
Ou seja, nem todos podem viver para sempre, pois não haveria espaço.
Contudo, ele diz que existe tempo suficiente para todos viverem bem e sem a pressa.
Os ricos, que possuem 100, 500 até 1000 anos poderiam fazer doações para as pessoas que não possuem tanto tempo e, mesmo assim, tudo iria funcionar, haveria espaço e ninguém teria seu tempo esgotado.
É claro, alguns acham que o que temos é injusto mas não é esse o próximo passo lógico na nossa evolução?.
E a evolução não foi sempre injusta?.
O mais bem adaptado sobrevive.
É mero capitalismo darwininano.
Nessa fala e em outros momentos do filme é possível notar a exaltação da meritocracia.
Para diversas pessoas nessa sociedade, a falta de oportunidades de muitos e o privilégio de poucos não é questionada, de modo que os personagens aceitam essa dinâmica.
Aqui, não tem problema a riqueza ser algo inacessível para muitos já que para eles isso já é algo enraizado na humanidade.
A segregação socioespacial vem da diferença de tratamento social e local com uma população.
Esse filme é um retrato da nossa realidade, é um espelho, um modelo e um estalão que serve de referência.
Ele mostra o quão é egocêntrica a nossa sociedade, o quanto é desigual, preconceituosa a nossa classe.
É uma imagem que mostra claramente o sistema corrupto, o sistema político, o sistema de arrecadar impostos pelo meio de trabalho escravo.
Uma alavanca para o predomínio usando a simbiose força do seu poder para  arrecadação de tributos e a rapina tributária para sustentar
essa força chamado de capitalismo.


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