quinta-feira, 15 de novembro de 2018

Infeliz feriado

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Hoje é feriado do golpe que colocou fim ao Império.
Nascida de uma ruptura da ordem constitucional, a República apresenta uma marca de origem problemática.
Uma elite positivista incapaz de entusiasmar a população com seu projeto de buscar a espada como amparo.
O apelo ao conservador-monarquista Deodoro foi o reconhecimento de uma impotência política e de força ou meios para realizar algo.
O Exército assumiu o fardo: o mundo civil deveria ser tutorado, protegido
como um adolescente buliçoso.
Naquela época, dominavam teorias racistas e se repetia, ao modo de Sílvio Romero, que o Brasil era a junção do pior de três mundos: o lusitano, o indígena e o africano. A ideia existia no Brasil e fora dele, e foi atacada pelo brilho do sergipano Manoel Bonfim e dezenas de outros.
Tornou-se percepção ultrapassada alguns anos depois e hoje é estudada como analisamos as sangrias com sanguessugas na história da medicina.
O general Mourão usou essa explicação.
A fala foi preconceituosa e anacrônica para dizer o mínimo, racista para dizer o máximo.
O Exército é formado por homens honrados e é uma força essencial à democracia. Jamais julgarei o todo pela parte.
O Brasil precisa de bons militares, bons advogados e bons professores.
Todos eles podem se candidatar, em determinadas condições, ao exercício político da administração.
O fato de políticos serem corruptos ou incompetentes leva-nos a querer melhorar o Estado de Direito, nunca substituí-lo por repúblicas de indivíduos covardes ou sem iniciativas; governadas por alguém fora do jogo constitucional.
Diante do descalabro ético atual, invocar intervenção militar seria como, diante de um erro médico na sala de cirurgia, passar o bisturi para o chefe da segurança do hospital - afinal, homem probo e versado em armas.
Nenhum Estado soberano pode prescindir das suas Forças Armadas.
Nenhuma democracia pode viver sob a ameaça de uma escopeta.
Bom feriado da República para todos nós!.

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