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Na primeira semana de outubro,
por algumas horas as redes sociais pararam de funcionar.
As tribos não conseguiram mandar seus sinais de fumaça.
As pessoas não mandaram áudios de comunicações.
Vídeos não carregavam no grupo da família do WhatsApp.
As conversações não foram resolvidas via WI-FI.
Os links e dislikes não foram possível usar durante algumas horas.
Negócios não foram fechados,
fotos e emojis não chegaram,
memes não voaram nas nuvens e tudo estava imerso em uma nova perspectiva.
Por algumas horas, pessoas se distanciaram do Facebook e do Instagram para aproxima-se do amigo e do cônjuge.
Houve casos de pessoas conversando entre si e olhando aquele por-do-sol do dia atípico sem postagens,
alguns pela primeira vez.
Houve relatos de pessoas sem dores de cabeça, vista cansadas, pálpebras desgastadas.
Há notícias de melhoria da saúde mental e um novo equilíbrio.
Houve pessoas sorrindo pessoalmente sem usar carinhas de risos, de choro ou de raiva.
Naquela tarde estranha, a dependência revelou-se forte e o poder concedido a meia dúzia de pessoas foi desnudado.
Fala-se de encontros reais, olhares de verdade e, até, do surgimento de novas amizades concretas.
Foi um estranho dia de outubro no qual, tendo quebrado sua rotina-prisão,
as pessoas começaram a perceber uma humanidade possível com carne, osso e alma.
No dia seguinte, as redes voltaram a funcionar.
No fundo da consciência de cada uma e de cada um restou a memória daquela tarde atípica.
“E se a vida voltasse a ser real?”, perguntaram pessoas variadas.
A resposta era incerta pois o problema tinha sido resolvido e ninguém mais tinha problemas...
Bom dia mundo normal!.