quarta-feira, 5 de abril de 2023

Poema sobre a creche em Blumenau

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Hoje é um daqueles dias em que me recolho no silêncio.
Desde antes do almoço,
quando a notícia da barbárie nos tirou a todos o sossego e nos levou a sensatez, que não encontro palavra.
Meu dicionário está vazio de palavras e, especialmente, de sentido. 
Só um nó e uma pergunta martela minha mente:
Como pode que se replique o mal,
como tem acontecido em várias escolas nos últimos tempos.
Por que não replicam o amor?.
Me incomoda ainda mais que muitos preferem agredir e odiar o padre Júlio Lancelotti, que nos ensina a amar sem balança.
Podiam imitá-lo, não?.
Mas, parece que preferem repetir atentados, feminicídios, violência, agressão racial.
É só cair na boca da mídia, que já outro fato ainda mais grave se repete.
Por que?.
Tem uma história, que vem do campo de concentração de Ausschwitz,
onde três detentos foram condenados à forca diante de todos os detentos.
Os dois mais velhos morreram logo, assim que penderam.
O terceiro, um jovem, se debateu e debateu, em longa agonia.
Um detento perguntou a outro: Onde está o teu Deus agora?.
Por que ele permite coisas assim?.
O que assistia ao seu lado, ficou pensativo e respondeu: O meu Deus está lá, pendurado naquelas cordas.
Deus não nos abandonou.
A cruz de Cristo é Deus pendurado lá,
se solidarizando com as nossas dores e com as tragédias causadas pela loucura humana.
Que o Deus crucificado nos abrace e nos console em nossas dores e em nossa incompreensão do que aconteceu na creche hoje pela manhã.
Que o Deus da cruz não nos faça investir numa escalada de violência.
O Deus solidário é que nos ajudará a mudar este mundo louco,
que prefere repetir os maus exemplos, em vez de praticar e viver o amor.
Que o Deus solidário, ali, pendurado naquela cruz da Sexta-Feira Santa,
nos torne solidários também.
Olhemos as dores dos outros e os abracemos.
Não suporto mais as notícias de violência.
Me quebra ao meio saber que criancinhas são assassinadas pela cultura da violência que nos dominou.
Me ira lembrar das frases de defensores de governos tirânicos e mais ainda me lembrar dos representantes do povo simulando armas e gritando frases de morte.
Me ira, sobretudo, quem fingiu que não viu, por conveniência qualquer.
Gente que escolheu conviver com o lado mal de si, que resulta agora na matança de pequeninos por gente imersa na insanidade da violência terrorista.
Blumenau sofreu hoje seu atentado mais escandaloso.
4 crianças mortas à machadadas.
Não consigo entender.
Me lembro que "por causa da iniquidade, o amor se esfriará em quase todos".
Oro para que não se esfrie em mim.
Deus foi morto em Blumenau.
4x até agora.
Meu Deus não mata, morre.
E ressuscita em cada coração que se deixa vencer de amor.

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