terça-feira, 16 de fevereiro de 2021

Poema sobre as máscaras nas redes sociais

.


  

As exigências e as pressões do exterior obrigam-nos a encarnar diferentes personagens, tais como os de profissional,
colega,
pai,
filho,
irmão ou amigo.
E isso traduz-se na tonalidade de voz,
no tipo de discurso,
na imagem e na expressão corporal que adotamos em diferentes contextos. 
As nossas personagens servem a situação na qual nos encontramos e saber escolhê-las e usá-las,
com consciência e responsabilidade, sabendo quem é o nosso verdadeiro Eu e que ele está sempre presente,
é um indicador de flexibilidade e saúde mental. 
Se temos de ir a uma festa num dia em que nos sentimos tristes,
vamos escolher e usar um personagem que, por um lado,
vai proteger a nossa intimidade do exterior e por outro,
irá promover a nossa inserção naquele meio.
Se tornamos alegres momentaneamente, somos felizes, nossos olhos brilham, nosso diálogo é o tema que todos querem ouvir.
Não nos deixamos de sentir tristes naquele contexto,
mas não é dessa forma que nos queremos apresentar,
sendo portanto útil o recurso a uma personagem cortês e bem educada que responda às exigências daquela situação e ao que é esperado pelo coletivo. 
Nas redes sociais, somos especiais, somos curtidos, comentados, compartilhados facilmente.
As maiores dificuldades no uso de personagens surgem quando não existe um verdadeiro auto-conhecimento e o Eu fica identificado à personagem, 
fazendo com que a pessoa passe a agir sempre em personagem sem ter consciência disso.
Somos os algoritmos das redes sociais,
Vivemos sobre um conjunto de dados e regrinhas estabelecidas por cada rede social, sendo eles os responsáveis por determinar quais conteúdos e quais páginas aparecem primeiro para nós na linha do tempo de nossas respectivas contas.
O uso adequado de máscaras sociais possibilita experimentarmos o mundo de uma forma artificial, ficarmos reféns da desajabilidade social e perdermos a nossa identidade entre todos os outros que vão aparecendo na nossa vida. 
Ou seja, passamos a ser um cadáver costurado ativado eletricamente.  

Postagens mais lidas