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A nova cédula de 200 reais, que está entrando em
circulação,
é um luxo num país onde poucos brasileiros conhecem de perto a nota de 100.
Para se ter ideia, guardadas as proporções econômicas,
até nos EUA se discute se a cédula de 100 dólares não deveria ser extinta.
Uma das justificativas para a cédula de 200 no Brasil é que, durante a pandemia, aumentaram os saques e a tendência de as pessoas acumularem dinheiro em casa.
Isso, segundo o Banco Central, gerou aumento expressivo de demanda pelo papel-moeda.
Outro motivo seria a necessidade de pagar o auxílio emergencial, que os beneficiários de menor renda preferem retirar em espécie.
O problema é que os beneficiários de menor renda são evidentemente os que têm maior dificuldade de passar adiante notas de maior valor.
E o estranho é que a opção por distribuir mais dinheiro impresso ocorre quando, justamente,
o sistema financeiro investe pesado no dinheiro digital por meio de operações digitais.
As mesmas operações digitais que, de tão volumosas, motivaram o governo a tentar criar um novo imposto digital.
Até os camelôs e donos de botequim sabem que custa “mais caro” fabricar cédulas de 5, 10 ou 20 reais.
Mas é inegável que, para o brasileiro comum, a circulação desses valores menores é mais urgente e necessária do que lançar uma nota de 200.
Assim como é inegável que cédulas maiores costumam facilitar muito a vida de quem precisa movimentar:
dinheiro à vista, à margem do sistema financeiro, longe do setor tributário,
fora do alcance de investigações.
A nova cédula de 200 chega com grande valor, mas na hora errada para as pessoas erradas.