sábado, 8 de abril de 2023

Falta de compreensão

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Para Jesus e seus discípulos,
era noite de celebrar a Páscoa judaica, na qual lembram a libertação da escravidão no Egito, comendo pão sem fermento, ervas amargas e cordeiro,
e bebendo vinho. 
Mas tudo termina com um outro momento, para mim,muito significativo.
Depois de celebrar a ceia, prevendo sua morte como ato expiatório,
um Jesus angustiado pelo que há de enfrentar, quer orar.
Ele convida os discípulos a acompanhá-lo até o Monte das Oliveiras, onde fica o Jardim do Getsêmani.
Eles seguem em silêncio, refletindo sobre tudo que Ele havia dito na mesa do jantar.
Eles se esforçavam, mas não compreendiam.
Eles sobem o morro, lentamente.
Já na praça, Jesus pede que fiquem ali e esperem por ele.
É um momento de solidão necessária.
Ele desaparece atrás de uma oliveira, confere para ver se não o observam,
e desaba. 
De joelhos, com o rosto entre as mãos, perto do chão, suando embora estivesse branco como cera e gelado de pavor, com o coração saindo pela boca, Ele permanece assim por tempo suficiente para que chegue a madrugada.
Uma lua cheia ilumina o Monte das Oliveiras e seu abandono.
Sua oração  não era piedosa, nem de mãos postas; era um desesperado grito de socorro e de livramento.
Quando se põe de pé novamente,
o horizonte já se tinge de vermelho, anunciando o pior dia de sua vida.
Ele volta para onde havia deixado os seus e os descobre pegados no mais profundo sono.
Foram vencidos pela comida, pelo vinho e pelo esforço de tentar compreender o que Ele lhes havia dito à mesa.
Os seus o abandonaram.
E isso continua acontecendo até hoje.
Enquanto Ele fala, pegamos no sono, levados por nossa embriaguez e falta de compreensão.

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