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Com todas as críticas que faço ao cristianismo, em especial ao movimento evangélico brasileiro, alguns me perguntam a razão de não ter desistido do evangelho.
Apesar das cruzadas, da Santa Inquisição, do fundamentalismo,
das bizarrices gospel,
meu coração segue apaixonado por Cristo e Sua mensagem.
O que me atrai no evangelho não são os dogmas impostos pelo cristianismo, nem mesmo sua doutrina repleta de sentido,
mas sua poesia.
Respeito a todas as tradições religiosas, mas devo confessar que em nenhuma delas encontro algo que soe tão doce aos meus ouvidos do que o conceito da Graça.
Haveria algo mais poético do que um Deus que deixa Seu trono de glória para vir ao encontro de Sua criatura rebelde para reconduzi-la aos Seus braços amorosos?.
O cristianismo se tornou no mais grave insulto a Jesus à medida que perverteu Sua mensagem e transformou o reino por Ele anunciado em um projeto de poder.
A cruz foi destituída de seu significado original,
sendo estampada nos armaduras e bandeiras dos colonizadores.
A Graça foi substituída pela meritocracia com sua hiper valorização da performance.
O amor cedeu lugar ao ódio e a intolerância contra os que não se adequem à sua moral.
Em vez de generosidade despretensiosa, a ganância insaciável responsável por destruir o meio-ambiente com sua sanha consumista e imediatista.
Apesar de tudo isso, sigo cristão, apostando minhas últimas fichas na proposta de Jesus.
E sei que não estou sozinho.
Estou em companhia de milhões ao redor do mundo que dariam sua própria vida para que esta chama jamais se apague.
Somos a resistência.
Somos o remanescente.
O amor há de triunfar.