sábado, 28 de maio de 2022

Poema sobre a Vila Cruzeiro

.





Tenho me esforçado bastante para não desperdiçar energia com bobagens, principalmente quando se trata de discussões sem sentido, carregadas de achismos e jargões, mas, por mais que me esforce,
às vezes, sim, às vezes é difícil não me posicionar.
Estava terminando de pagar uma conta e na fila tinha um cidadão que puxou papo com a atendente e começaram a falar do preço das coisas, ela reclamou do alto valor do café e ele disse que podíamos estar pior, que poderíamos ser uma Venezuela, eu calado estava e calado continuei, mas, para minha infelicidade, a máquina deu problema e o que eu pensei que acabaria rápido, demorou tempo suficiente para o cidadão me inserir na conversa, o assunto do café,
se transformou num discurso dele contra os direitos humanos,
mais uma vez veio a tona a questão dos direitos humanos que só servem para proteger vagabundo,
como ele me chamou para a prosa, fui obrigado a dizer que a vida,
a educação e a segurança são direitos humanos, logo, não existe um policial que seja contra os direitos humanos, podem ser contrários a politicagem existente, aos discursos descontextualizados de alguns,
que pregam reação com flores durante um ataque a tiros. 
O cidadão que me chamou para a conversa, ficou um pouco constrangido, ele pensou que encontraria apoio, mas não foi bem assim.
Saí de onde eu estava e amadureci um pensamento antigo: se você trabalha para o estado em áreas estratégicas e diretamente ligadas aos direitos humanos, você deveria pedir exoneração, do contrário,
o discurso não passa de hipocrisia. 
Sim, é um hipócrita aquele que afirma que os direitos humanos só servem para proteger vagabundos, enquanto continuam com suas carreiras públicas que existem exatamente por conta da necessidade de se garantir que os direitos humanos sejam minimamente respeitados.
Não estou dizendo que as carreiras foram criadas por conta dos direitos humanos, estou afirmando que tais carreiras são, hoje, o suporte do estado para garantir a vida,
a educação e a segurança do povo, logo, repetindo o que eu disse antes: se quer fazer discurso contra os direitos humanos e é funcionário público, está mais do que na hora de rever os conceitos ou de pedir demissão.
O que não dá, que não cabe, é esse discurso jargônico, descontextualizado, altamente irreal.
O cidadão que me puxou para a conversa, não pode ser enquadrado por mim como funcionário público, não sei e não me importa o que ele faz, mas assim como ele, existem muitos cidadãos que quando precisam, recorrem aos direitos humanos e depois ficam abrindo a boca pra falar mal.
Sim, eu sei, muitos vão dizer que nunca precisaram, mas se eles puxarem bem, vão perceber que até essa coisa de abrir a boca e falar livremente, é um direito humano.
Repito, não se combatem tiros com flores, assim como não se sustenta discurso sem o mínimo plausível de conhecimento.

Postagens mais lidas