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Perdoe-me por reescrever mais uma vez soube a cena chocante da cidade de Fortaleza, um dos grandes polos do nordeste brasileiro e uma das maiores metrópoles do país.
Uma foto, uma imagem e uma filmagem me revela um caminhão de lixo sendo, literalmente, atacado por moradores da periferia que buscavam restos de comida.
Famintos, desempregados,
vitimados por uma política perversa e por uma sociedade que se dessensibilizou com a tragédia humana, eles catavam avidamente, para por na mesa dos filhos, aquilo que a classe média e rica joga fora.
Tão chocante quanto essa cena são os milhares de políticos do Brasil, com seus gabinetes abastados, inertes a dor e ao desespero de uma população que é explorada por promessas de campanha em troca de votos novos seminovos e usados.
Sim, o político, em sua esmagadora maioria, é cúmplice deste projeto de morte ancorado por uma economia debilitada e uma necropolítica que pasma o mundo inteiro.
Exportamos alimentos para a Europa, Ásia e América, batemos sucessivos recordes no setor agrícola, um dos poucos a dar resultados a décadas, enquanto isso, o prato de nossa gente fica vazio assim como, também, vazia está a alma das pessoas, pois é impossível que uma sociedade consciente e desenvolvida tivesse tamanho descaso com um mal tão avassalador.
É preciso urgentemente encontrar uma solução, é preciso analisar o fenômeno social com as lentes da história humana, buscando encontrar alternativas e avivar consciências adormecidas para o drama de existir neste tempo.