domingo, 18 de junho de 2023

O mar salgado da iniquidade

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O reino celestial, está nos Evangelhos, tem características infantis.
Hoje, deve fazer parte da fé a fragilidade do bebê que dependeu dos braços da mãe, Maria, e das decisões do pai, José.
Esvaziado, frágil e carente, Deus se revelou à humanidade num barracão.
Talvez nessa revelação repouse a mais alvissareira mensagem do cristianismo: Deus abraça a humanidade em sua pequenez.
Desde cedo, no desterro do Egito, Jesus se viu diante de olhos suspeitosos: “por que essa família, que não fala nossa língua, veio pra cá?”.
Mais tarde, ele criticado dentro de casa: “nosso irmão de acha!”.
Por fim, foi caçado e morto por sacerdotes e políticos promíscuos.
Nele, foras da lei e gente empobrecida, sabe como Deus, partilha nosso abandono.
No que sofreu, Jesus se tornou o patrono dos desgraçados, dos sem-teto, amigo dos fora da lei, do que foi exilado ou banido, dos que se proibiu ou se censurou.
Ele é o ânimo dos que se desgastam pela justiça; o aceno de esperança para os que nadam contra a correnteza.
Nele reside a promessa de que o bem semeado no mar salgado da iniquidade há de florescer como ipês.


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