terça-feira, 29 de setembro de 2020

Poema sobre a involução humana

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A humanidade está vivendo uma verdadeira revolução tecnológica,
a cada segundo a obsolescência mostra sua cara, o novo perde espaço para o novíssimo em fração de segundos.
Só o que não muda é a nossa boa e velha mentalidade (mesquinhez, ingratidão,preconceitos),
agimos como se o outro fosse mais um objeto,
mais um bem adquirido que se torna obsoleto diante de novas necessidades impostas pela lei do consumo.
Tornamo-nos a cada dia altamente tecnológicos e  menos humanos.
Espero que possamos redescobrir o bom e velho ubuntu ou a nossa verdadeira humanidade para os outros.
Pois sou o que sou pelo que nós somos, um ser, só é um ser, através de outro ser.

Poema sobre o dilema das redes

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O Dilema das Redes mostra como as plataformas digitais manipulam bilhões de pessoas por meio de desinformação e notícias falsas; como funciona a indústria da teoria da conspiração,
da polarização, do negacionismo e do ódio.
Não se trata mais de manipular só os desejos dos consumidores,
como fazem os publicitários; se trata agora de manipular as emoções e as consciências dos eleitores,
um crime cibernético já a serviço dos políticos.
O risco maior é que os interesses dos políticos, populistas ou ditadores são muito mais perigosos do que as intenções dos publicitários.
Eles sempre existiram, mas essa nova forma de controle “psicodigital” ocorre hoje em escala híper acelerada e ultra monumental.
Criadores das próprias redes aparecem no documentário fazendo espécies de delações premiadas, em que confessam ataques globais contra a democracia,
o estado de direito e as liberdades de imprensa, expressão ou opinião.
Tudo isso com o consentimento dos próprios usuários, chamados assim por serem comparados a viciados em drogas.
A certa altura, um deles diz que espalhar fake news é muito fácil porque, para a maioria das pessoas, a verdade é muito chata, e isso é verdade, mas isso só é verdade para quem a própria vida é muita chata.
Falam de ferramentas configuradas para desestabilizar e destruir o equilíbrio normal das sociedades.
Falam de um “mercado” que negocia o futuro das pessoas.
O problema é que as pessoas que aceitam esse abuso só fazem piorar o futuro daquelas que não querem esse abuso, daquelas que não querem ser “mercadorias”.

quarta-feira, 23 de setembro de 2020

Poema sobre a gestão política

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Um bom governo precisa de um bom gestor,
porque um bom gestor não depende só de dinheiro.
Às vezes, o dinheiro é que depende de um bom gestor.
Porém, em mãos erradas, quanto mais dinheiro,
muito pior o resultado.
Entretanto, desconfie de candidatos que fizerem promessas de que vão gastar mais em saúde, educação e segurança.
Contudo, nem sempre saúde, educação
e segurança são assuntos que se resolvem com mais dinheiro,
com mais gastos, muito menos assuntos que podem ser rebaixados a bandeiras políticas,
nem banalizados em campanhas oportunistas.
Saúde, educação e segurança são qualificações obrigatórias no currículo de um bom gestor,
aquele que é capaz de administrar com dignidade e responsabilidade na vida real, e não somente na propaganda eleitoral. São coisas que dependem de equilíbrio econômico, financeiro e fiscal.
Ou seja, dependem de um bom gestor.
Já está comprovado que não adianta gastar mais dinheiro em saúde, educação e segurança para termos melhores hospitais, escolas, quartéis ou delegacias.
O que temos que melhorar é a gestão,
o que só é possível quando se tem um bom gestor.
É melhorando a gestão que nós podemos melhorar todo o resto, talvez tudo junto.
Enfim, não se deixe enganar, mais uma vez, por políticos velhos de guerra.
Esses só estão interessados na saúde deles, na educação dos filhos deles e na segurança de parentes ou amigos deles.

terça-feira, 22 de setembro de 2020

Se eu fosse candidato

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Se eu fosse candidato a prefeito,
eu olharia nos olhos dos eleitores,
bem dentro dos olhos, e diria o seguinte:
“Você não me conhece.
E isso é bom”.
É bom, porque, se você reparar,
todos os outros que você já conhece ou já estiveram na cadeia,
ou podem estar na cadeia, ou, quem sabe,
estarão na cadeia.
Você também já conhece aqueles que nunca estiveram,
nunca estão ou nunca estarão na cadeia,
muitas vezes, graças a ótimos advogados,
em alguns casos pagos com o dinheiro dos impostos, convertido em dinheiro das propinas.
“Você não me conhece.
E isso é bom”.
É bom, porque você pode não ganhar nada votando em mim.
Mas você pode já saber o que vai perder votando nos outros, que você já conhece.
Os outros vão continuar falando em: mudar o Rio,  mudar o Brasil, mudar o mundo, mudar a política,  acabar com a corrupção, acabar com a impunidade, eu sou do povo, eu sou o mais honesto, eu sou o salvador da pátria…
Enfim, vão continuar falando tudo isso,
como se todos eles não fossem parte dos problemas que todos eles criaram e nunca solucionaram.
Se eu fosse candidato a prefeito,
eu olharia nos olhos dos eleitores, bem dentro dos olhos, e diria o seguinte: Votem em ideias novas,
em nomes novos.
Repito: nem que seja para cometer erros novos.
Os erros velhos já estão ricos e milionários às suas custas, rindo nas suas costas.
Felizmente, eu não sou candidato!.

segunda-feira, 21 de setembro de 2020

Poemas sobre os mesmos eleitores

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A lista de candidatos a prefeito do Rio está praticamente definida.
E, como sempre, a primeira reação dos cariocas é achar que “não tem em quem votar”.
Essa impressão se dá até entre pessoas bem informadas,
mas cansadas de ver os eleitos envolvidos em corrupção.
Eu já disse que a ideia de que “não tem em quem votar” é preguiçosa e perigosa, porque acaba induzindo o eleitor a se fixar somente nos nomes já conhecidos.
Os mesmos nomes que geram a frustração e a saturação que aumentam a sensação de que “não tem em quem votar”.
Entra ano, sai ano, isso se repete em prejuízo dos novos nomes, alguns bons nomes.
Muitas vezes o problema não é a falta de bons candidatos, mas sim a falta de bons eleitores.
Ou seja, o Rio vive como se houvesse os mesmos eleitores em todas as eleições.
O Rio precisa de pessoas dispostas a buscar e cobrar soluções,
em vez de votar como quem escolhe um número na rifa.
A verdade é que sempre tem em quem votar.
A gente já jogou fora a chance de eleger grandes mulheres e grandes homens, que só foram rejeitados porque, no Brasil,
as pessoas acham que candidato tem que ser quase tão famoso como o Cristo Redentor,
ainda que o sujeito não passe de um Judas Iscariotes.
À primeira vista, a relação de candidatos no Rio não é mesmo animadora,
mas vai ficar pior se os eleitores permitirem que, de novo,
o segundo turno nos coloque à beira de dois abismos; entre políticos que já sabemos do que são capazes e políticos que já sabemos do que são incapazes…
Da minha parte, nada de velhos espantalhos.
Eu sigo firme e fiel à Lei Malan:
Se for pra errar, que sejam… erros novos.

quinta-feira, 17 de setembro de 2020

Poema sobre o renda Brasil

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O programa Renda Brasil não faz mais parte dos planos,
nem do sonhos, do presidente, porque o Renda Brasil não cabia no Orçamento da União,
do mesmo modo que um elefante não cabe numa caixa de fósforo.
O Renda Brasil era uma urgência legítima num país marcado pela chaga da desigualdade,
uma chaga que se revelou ainda mais dramática em meio à pandemia do coronavírus.
Insistir no Renda Brasil nas condições improvisadas e insustentáveis em que vinham sendo discutidas seria um erro não resolveria a tragédia da extrema pobreza e agravaria a precariedade das contas públicas.
Com a economia ainda em fase de lenta recuperação,
essa precariedade fiscal é justamente a mãe de todas as nossas tragédias nacionais.
Além da extrema pobreza,
nossas tragédias também incluem a extrema falta de empregos para milhões de famílias,
a extrema falta de investimentos públicos ou privados e a extrema carga tributária sobre pessoas físicas ou jurídicas.
O presidente proibiu que se fale em Renda Brasil às custas do salário mínimo, do seguro-desemprego e dos benefícios da Previdência.
Sabe-se que ele não quer mais ouvir propostas que só sacrificam trabalhadores, aposentados e pobres em geral.
O que não se sabe é por que o presidente também desistiu do Renda Brasil,
até o final do seu governo.
Já que seria bem interessante um debate em torno da contribuição de banqueiros, empreiteiros e políticos.

quarta-feira, 16 de setembro de 2020

Poema sobre a reforma do judiciário

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A Justiça não pode e não deve tomar decisões dando ouvidos a conversas de botequim, nem a palpites de salão de beleza.
Mas a Justiça também não pode e não deve tomar decisões com base na influência política desse ou daquele investigado, indiciado, acusado ou réu.
Com todo o respeito que merecem os nossos egrégios tribunais,
é fundamental a Justiça tomar decisões mais coerentes e menos divergentes, principalmente dentro das mesmas instâncias.
Em vez disso, é com frequência que a sociedade vê sentenças extremamente opostas dentro de um mesmo TJ,
de um mesmo TRF, do mesmo STJ ou do mesmo STF.
Isso quando se sabe que os mesmos tribunais estão se baseando nas mesmas leis.
No Supremo, o caso mais estranho foi a revisão-anulação intempestiva da prisão em segunda instância.
Uma pauta que, pelo menos nas ruas,
nas praças ou nas cidades, ninguém pediu, com resultado que ninguém gostou.
Tudo bem que o cidadão comum é leigo, mas o cidadão comum não é pária,
a ponto de ver interesses públicos ou sociais simplesmente desconsiderados e descartados.
É muito estranho, por exemplo,
um ministro do STJ mandar prender de manhã e outro do STF mandar soltar de tarde,
sob teses e entendimentos separados por um abismo de contradições e subjetividades,
até mesmo quando se trata de causa objetiva.
Isso só seria possível se eles estivessem num show de calouros,
onde cada um julga quem quiser como quiser.
Mas eu prefiro acreditar que o judiciário brasileiro não é um programa de auditório, e que, em vez disso,
além de reforma administrativa, previdenciária e tributária,
o Brasil precisa também de uma reforma judiciária.

terça-feira, 15 de setembro de 2020

Poema sobre a reforma administrativa

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Assim como a reforma da Previdência ficou um pouco aquém,
a reforma administrativa também não vai além.
Isso porque a proposta de reforma administrativa em discussão em Brasília não ataca os superprivilégios das elites do funcionalismo.
Não ataca nem os supersalários,
nem as superférias, de juízes,
promotores, procuradores,
parlamentares e uma enxurrada de efeitos especiais nos contracheques.
Esses efeitos especiais, em cascata,
vinculam e turbinam comissões,
gratificações, verbas indenizatórias e uma infinidade de penduricalhos considerados ilegais ou imorais.
Antigos ou novos, servidores públicos em geral não têm supersalários, nem superférias.
Técnicos do INSS e da maioria dos outros órgãos da Administração Pública Federal não têm supersalários, nem superférias.
Professores, merendeiras, médicos,
enfermeiras, policiais, bombeiros, garis,
não têm supersalários, nem superférias.
O que se espera de uma reforma administrativa, claro, é mais eficiência da máquina pública,
hoje sustentada com porções bilionárias,
porções tiradas dos impostos de muitos,
impostos pagos em benefícios de poucos.
Mais do que um compromisso de gestão e um ato de vontade política, qualquer reforma tem que ser um ato de coragem… amplo, irrestrito e transparente.
Nenhuma reforma fará, literalmente,
justiça se deixar de fora o Judiciário.
Se a Justiça é para todos, a reforma administrativa também tem que ser para todos,
incluindo o Judiciário.

quinta-feira, 10 de setembro de 2020

Epitáfio

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A partir de hoje, os Três Poderes da República passam a ser ocupados por autoridades que tiveram carreiras construídas no Rio de Janeiro.
Luiz Fux no Supremo.
Rodrigo Maia na Câmara.
E Jair Bolsonaro na Presidência.
Nada que compense o nosso estado de calamidade, com um histórico de 5 ex-governadores presos;
5 conselheiros do Tribunal de Contas presos;
e desembargadores do Tribunal de Justiça presos ou afastados.
Um currículo desse não se forja apenas com mestrados ou doutorados em vulgaridades e imoralidades.
Um currículo desse se constrói também às custas do descaso,
do desinteresse e do analfabetismo político de gerações de indigentes eleitorais,
tanto nas altas sociedades quanto nas bases das comunidades.
Há os que roubam milhões.
Há os milhões que aceitam migalhas.
Esse ciclo medonho vem desde antes dos nossos tempos de Garotinhos… desde antes dos tempos de Cabral…
Com agravante, hoje, de que a direita e a esquerda já provaram não estar à altura de qualquer operação de resgate ou missão de reconstrução.
Afinal, não se pode encontrar solução nas mesmas cabeças que criaram os problemas.
E não haverá solução enquanto as mazelas do Estado estiverem assentadas sobre milícias de policiais de um lado e ralés de intelectuais de outro.
Seja em Ipanema na Baixada,
não sai de moda a ideia de que ninguém é inocente: nem os políticos, nem os eleitores.
Em 2016, o então juiz Sergio Moro, mandou pra cadeia o outro Sergio: enxergando o Rio refém de uma quadrilha.
Nas palavras de Moro: “uma versão criminosa de governantes ricos e governados pobres”.
Parecia uma sentença, mas era um epitáfio!.

terça-feira, 8 de setembro de 2020

Poema sobre a liberdade de expressão

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Liberdade de expressão deveria servir hoje apenas para conciliar ideias, aproximar percepções e estimular conscienciatização,
mesmo que não resulte em consenso, mas pelo menos em divergência educada.
Liberdade de expressão não pode servir para proteger injúria, calúnia, difamação, notícias falsas, ataques à honra, atentados à reputação ou ameaças de morte.
Liberdade de expressão não pode servir para patrocinar ódio, rancor, racismo, homofobia, preconceito e discriminação.
Liberdade de expressão não é liberdade de desinformação em massa,
com fins destrutivos, hediondos e medonhos.
Liberdade de expressão não existe para linchar, eliminar, cancelar,
nem exterminar quem pensa diferente.
Liberdade de expressão não pode servir para validar o absolutismo,
o obscurantismo, o negacionismo.
Não se pode negociar com o negacionismo.
Não se pode dialogar com a leviandade, não se pode dar voz a mentiras.
É incrível que quase 200 anos depois o Brasil ainda não tenha declarado independência de tudo isso,
de tanta e tamanha incivilidade.
Em 1822, nos livramos do Império Português.
Em 2020, precisamos nos livrar dos Impropérios da Insensatez,
precisamos nos melhorar como Nação!.

A democracia não é perfeita

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Mais de 500 anos depois,
o Brasil ainda não aprendeu com os renascentistas que “os erros deixam de ser perigosos quando é permitido corrigi-los ou contradizê-los livremente”.
O Renascimento da Nossa Incivilidade não gera emprego, só gera medo.
A República da Nossa Insensatez não consegue entender nunca que:
Não dá pra ter um Supremo que julgue exatamente como a gente quer ou como todos querem.
Não dá pra ter um Congresso que legisle exatamente como a gente quer ou como todos querem.
Não dá pra ter uma imprensa que publique exatamente o que a gente quer ou o que todos querem.
Por isso não dá pra ter uma democracia exatamente como a gente quer ou como todos querem.
Eu já isso disse que a democracia não é perfeita… 
assim como nenhuma mulher é perfeita, nenhum homem é perfeito.
A democracia não é perfeita,
mas a alternativa é o totalitarismo,
o absolutismo, o obscurantismo.
No totalitarismo, o Estado pode, por exemplo, invadir a casa do vizinho a qualquer hora do dia ou da noite, sem mandado judicial.
E pode levar para destino incerto, por motivos injustos,
a esposa do vizinho, a filha do vizinho,
a mãe do vizinho…
Dito assim, imagina se, em vez da casa do vizinho,
o Estado invadisse a sua casa e levasse a sua esposa a sua filha ou a sua mãe. Imaginou?.
Agora, tente dormir em paz…

segunda-feira, 7 de setembro de 2020

Poema sobre a independência do Brasil

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Agora em setembro, costuma-se lembrar
da independência do Brasil que outrora foi motivo para o povo comemorar.
Lá no século XIX com Dom Pedro brilhantemente a proclamar "Independência ou morte!"
para o povo ao seu redor aplaudir e concordar.
Mas na verdade a história se distorce com o tempo, prova disso é que a nossa independência já foi comemorada num dia que não o 7 de setembro.
Quando se fala em 12 de outubro, costumamos lembrar do dia de Nossa Senhora e do dia das crianças, com os brinquedos fascinantes com os quais todas querem brincar.
Mas num ano diferente esse mesmo 12 de outubro, foi quando o nosso país  
foi proclamado independente.
Pouca gente sabe disso e também pouca gente se importa.
Hoje o que se transmite pelo Brasil, no estado em que se esteja,
são slogans como "Brasil: um país de todos, Pátria amada Brasil, o Brasil não pode parar, Brasil acima de tudo", e diante disso, o meu desejo é...
que assim seja.

sexta-feira, 4 de setembro de 2020

Os políticos e a imprensa marrom

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Políticos de direita ou de esquerda discordam na forma, mas, mesmo negando, concordam no conteúdo.
E não é por acaso que os dois lados sempre concordam que a imprensa é uma coisa ruim.
Especialmente quando os governos deles são ruins.
Agora, se os dois lados dizem que a imprensa é ruim, qual dos dois está errado e qual dos dois está mentindo?
Se imprensa ruim é aquela que não dá trégua a políticos ruins, então a imprensa é boa para os eleitores, trabalhadores, consumidores e contribuintes,
mesmo quando eles nem sabem disso.
É a imprensa que vigia, avisa e alerta sobre políticos ruins, aqueles que não fazem coisas boas com o dinheiro dos impostos, o dinheiro que você paga para as administrações municipais, estaduais e federal.
O que se espera de políticos e governos não é que contratem pessoas para fazer ou desfazer o trabalho da imprensa,
escancarando de maneira criminosa desvio de função pública e sabotagem ao direito à informação.
O que se espera de políticos e governos é que, a serviço de interesses comuns, sociais e econômicos, suas gestões sejam transparentes e eficientes.
Não há imprensa no mundo capaz de desmentir ou denegrir administrações exemplares, como as que fez o ex-governador do Espírito Santo.
Esse mérito é cristalino e comprovado a menos que hoje em dia a verdade e os fatos não sejam mais suficientes.
Enfim, até uma criança de 6 anos é capaz de entender por que políticos ruins não gostam da imprensa,
a menos que a criança já tenha nascido, também, desonesta.

quinta-feira, 3 de setembro de 2020

Poema sobre a nota de 200

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A nova cédula de 200 reais, que está entrando em 
circulação,
é um luxo num país onde poucos brasileiros conhecem de perto a nota de 100.
Para se ter ideia, guardadas as proporções econômicas,
até nos EUA se discute se a cédula de 100 dólares não deveria ser extinta.
Uma das justificativas para a cédula de 200 no Brasil é que, durante a pandemia, aumentaram os saques e a tendência de as pessoas acumularem dinheiro em casa.
Isso, segundo o Banco Central, gerou aumento expressivo de demanda pelo papel-moeda.
Outro motivo seria a necessidade de pagar o auxílio emergencial, que os beneficiários de menor renda preferem retirar em espécie.
O problema é que os beneficiários de menor renda são evidentemente os que têm maior dificuldade de passar adiante notas de maior valor.
E o estranho é que a opção por distribuir mais dinheiro impresso ocorre quando, justamente,
o sistema financeiro investe pesado no dinheiro digital por meio de operações digitais.
As mesmas operações digitais que, de tão volumosas, motivaram o governo a tentar criar um novo imposto digital.
Até os camelôs e donos de botequim sabem que custa “mais caro” fabricar cédulas de 5, 10 ou 20 reais.
Mas é inegável que, para o brasileiro comum, a circulação desses valores menores é mais urgente e necessária do que lançar uma nota de 200.
Assim como é inegável que cédulas maiores costumam facilitar muito a vida de quem precisa movimentar:
dinheiro à vista, à margem do sistema financeiro, longe do setor tributário,
fora do alcance de investigações.
A nova cédula de 200 chega com grande valor, mas na hora errada para as pessoas erradas.

terça-feira, 1 de setembro de 2020

Analfabetismo opcional

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Não tem como não culpar grande parte dos eleitores pela sucessão de governadores que tomam de assalto o Rio de Janeiro.
Esse é um país onde novela e futebol detêm mais atenção e promove mais discussão do que os atores ou os jogadores engravatados nos gabinetes de Brasília e do Rio.
Eu também gosto de novela quando é boa e gosto de futebol mesmo quando é ruim.
Mas é possível ver a novela e assistir ao futebol sem ser negligente por vocação ou cúmplice por omissão.
O que acontece na política  em Brasília em geral e no Rio em particular, é obra e graça e desgraça de quem acha que “é assim mesmo”, que “todo mundo faz”, que “eles não vão mudar”…
É claro que eles não vão mudar se os eleitores não mudarem, e não mudarem com eles.
A gente já teve a chance de votar em grandes mulheres e grandes homens.
Mulheres e homens que foram rejeitados porque, no Brasil, os eleitores acham que candidato tem que ser quase tão famoso como Jesus Cristo, mesmo que o sujeito não passe de um Judas pedindo voto.
Tem sim em quem votar!.
O que não tem é ninguém empenhado em vigiar as páginas de política com a mesma dedicação e disposição com que devoram as páginas de esportes e as colunas de fofoca.
Os políticos sabem disso, vivem disso,
se alimentam disso e se aproveitam disso.
Os políticos se aproveitam de eleitores que não se importam com política.
E quem paga são aqueles que se importam!.
Não se trata aqui de um analfabetismo político ou funcional.
Se trata de um analfabetismo opcional.
Aquele em que a pessoa “escolhe” se omitir.


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