domingo, 31 de outubro de 2021

Poema sobre a reforma protestante e o dia das bruxas

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Lutero foi o primeiro a pôr fogo nas bruxas num contexto de crescente perseguição contra as heresias no século XVI. 
Entretanto, Lutero não foi o único.
Outros reformadores colocaram lenha nesta fogueira que queimou, em toda Europa protestante, milhares de pessoas, a maioria mulheres.
Entre os séculos 16, 17 e 18, fervilhava as acusações de heresias e bruxaria.
Mas, por que eram as mulheres as mais acusadas?.
Na sociedade profundamente religiosa da época, as mulheres ocupavam uma posição definida pela Igreja, de esposa e mãe. 
O papel único das mulheres era criar filhos e administrar a vida doméstica baseada na submissão cristã.
E, de acordo a interpretação bíblica patriarcal, tanto católica quanto protestante, as mulheres, o gênero feminino, era o mais desejado a ser atraído pelo demônio.
Essa foi a base para a acusação da heresia da bruxaria.
A heresia da bruxaria era tudo que ameaçava o controle do poder e do ensino da Igreja.
Quando as mulheres saíam do papel estabelecido pela norma cristã, acabavam se tornando alvos da acusação da heresia da bruxaria.
Ter poucos filhos, não ter filhos, desejar romper com o padrão social compulsório de esposa e mãe, era sinal de que algo estava fora do lugar, o que resultava em acusação de bruxaria. 
Além disso, as mulheres que demonstravam ter algum tipo de poder e conhecimento, eram alvos certos de acusação.
A caças às bruxas aconteceram como mecanismo de autoproteção do poder religioso.
Tudo que não era controlável era considerado heresia e merecia ser exterminado. 
Portanto, o 31 de outubro que marca, ao mesmo tempo o dia da reforma protestante e o Dia das Bruxas, nos faz lembrar que as fogueiras religiosas continuam acesas, ateando fogo contra as mulheres que desafiam esta sociedade terrivelmente religiosa. Portanto, falar das mulheres e a Reforma Protestante é falar também das bruxas e das fogueiras religiosas que continuam acesas.
As mulheres que eram vistas como cultas e inteligentes, que tinha uma marca de nascença.
Mulheres que eram muito habilidosas.
Mulheres que tinham uma forte conexão com a natureza era adjetivada como bruxas ou hereges. 
Qualquer mulher estava em risco de serem queimadas nos anos 1600.
Mulheres eram jogadas na água e se podiam flutuar, eram culpadas e executadas.
Se elas afundassem e se afogassem, eram inocentes.
São 504 anos da Reforma e milhares de bruxas mortas, perseguidas, silenciadas, demonizadas, queimadas.
Não foram as bruxas que queimaram.
Foram mulheres.
Quem eram as bruxas?.
Eram mulheres.
Não as mulheres virtuosas que a igreja fabrica, domina e depois beatifica e canoniza.
Bruxas são as que questionam, que pensam, que contestam, que não têm interesse no papel de santas.
O rótulo de bruxa foi fundamental para a manutenção do sistema patriarcal.
Hoje, as igrejas protestantes, assim como as católicas, já não queimam as bruxas, apenas silenciam, demonizam, chamam de endemoninhadas, desequilibradas, frágeis, e negam-lhes o sacerdócio, lugar que permanece potencialmente masculino, preservado através de teologias e hermenêuticas sofisticadas, mas que não se sustentam biblicamente.
Por uma nova reforma protestante que liberte e empodere as “bruxas”, que reconheça como lugar legítimo para elas também os púlpitos e os espaços teológicos.
Medo eu tenho é da Reforma.
Com as bruxas, sempre me entendi.


Poema sobre o Superman

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Deparei-me hoje cedo com inúmeras postagens em que o superman aparece aos beijos com a mulher-maravilha.
Noutra imagem, pode-se vê-lo ao lado de sua esposa com seu filho nos braços.
Tais postagens têm como objetivo manifestar apoio ao jogador de vôlei que foi desligado de seu clube após uma postagem considerada homofóbica em que criticou a imagem de um novo superman aparecendo beijando um rapaz.
Relutei para não fazer qualquer consideração, visto que, sinceramente, acho que deveria ser uma questão superada.
Será que ninguém percebeu que o novo superman apresentado como bissexual é filho do superman hétero?.
O Superman  é fruto de uma geração conservadora, que viveu a segunda guerra mundial, a efervescência do capitalismo, a derrocada do sistema econômico norte-americano, superganância, que mandou para a guerra jovens que nunca saíram de suas cidades, este foi o cenário de criação do Superman.
Política sempre foi um dos detalhes mais importantes na criação de um super-herói, e hoje não é diferente.
O clamor daquela geração resultou na criação de um ser alienígena, idêntico aos humanos, podendo passar totalmente desapercebido.
Os Estados Unidos precisavam de um herói, a ficção deu conta disto.
Apresentaram vários deles àquela geração, mas o Superman é visto por muitos como o primeiro, ele reúne em si tudo o que aquela geração esperava de um herói, poucos sabem que no seu lançamento, seu perfil era rude, agressivo, e combatia o crime de forma pouco ortodoxa, usava a força sem pensar nas consequências, isto me parece refletir os anseios e os devaneios daquela sociedade, daquela geração, por alguém que tivesse poder para subjugar seus inimigos sem sofrer prejuízos, e sem se importar com o prejuízo causado a outros, o sonho americano em primeiro lugar, esta era a vibração para ser o herói daquela geração, e que gestou o querido alien, este machão vem de Krypton para Smallville, através das páginas, e se torna o super-herói mais conhecido do planeta, mesmo de quem não curte ou o universo os editores instituiram um código de conduta para seus personagens, isto lapidou o Superman,
o fez como o conhecemos hoje,
o perfeito cavalheiro americano na pele de Clark Kent, e o defensor dos fracos e oprimidos, sob a capa de Superman, vale a pena mencionar que ainda o Superman era um vilão!.
Seus criadores fizeram várias alterações no personagem até que ele se tornasse o deus kryptoniano mais humano e querido dos gibis.
A mesma geração que o criou rude, o refinou, e desde então Clark Kent, o Superman é o mesmo, casou-se com a jornalista Lois Lane, e não se descobriu gay.
A geração Cristopher não consegue conceber a ideia de ter um filho com orientação sexual não- tradicional, e nem que isto ganhe representatividade nas gerações dos comerciais de TV com cowboys e motoqueiros fumando cigarro, tem de ser respeitada, e a atual geração não.
Jesus era o algoz dos romanos, e até dos religiosos que dominavam nos templos da época, sepulcros caiados.
Jesus surgiu entre as minorias, e que abraçou a causa dos necessitados, aborrecendo os poderosos que livrou a mulher adúltera da morte desdenhando dos falsos escrúpulos de seu povo, curando o escravo sexual de um centurião, sem questionar sua sexualidade, contrariando o moralismo de uma geração apóstata, comendo na casa de publicanos com fama de ladrões, subvertendo a ética, este é o super-homem para todas as gerações, este deveria ser o único no qual lançamos nossas ansiedades.
O Superman chegou cheio de poder, humanos não lhe causam dor, e foi aperfeiçoado pelos seus roteiristas,
mas Cristo foi aperfeiçoado pela dor.
O Superman mudou seu perfil para agradar e manter seus leitores, já Cristo nunca mudou sua essência e por isso até perder seguidores.
Falíveis como somos, acabamos por desejar referenciais humanos, e até fictícios, para satisfazer nossa carência por quem poderá nos defender?.
A geração que abraçou o Superman, não abraça seu filho bissexual, ele precisa ser a cópia fiel para alcançar pertencimento neste mundo, a geração do Superman tradicional recebeu um alienígena,
mas não recebe seu filho por causa de sua orientação sexual, mesmo que ele tenha os mesmos poderes de seu pai.
Jesus também não foi bem recebido,
não tinha o arquétipo desejado por aquela geração, a cada novo ciclo percebemos que velhos erros se repetem.
Até quando uma geração rejeitará sua sucessora por causa de suas peculiaridades?.
É preferível um reino de soldados de chumbo, produzidos em série?.
O amor que uniu o alienígena e uma humana, e todos acharam lindo, não parece estar disponível se o filho desta união não for heterossexual, parece um amor bem exclusivista, este não é o amor de Deus.
Não é mais importante as pessoas se preocuparem com os brasileiros que passam fome, com os mais de seiscentos mil mortos.
Não é mais humano as pessoas se perguntarem porque está havendo pessoas pegando ossos para poderem comer do que se preocupar com a orientação sexual do super man.
Fico imaginando a fragilidade da heterossexualidade das pessoas, a ponto delas se preocuparem e precisar se pronunciar sobre a orientação sexual do super man.
Preocupação com a orientação sexual de um gibi hoje é mais importante do que se preocupar com á atual situação do país.
Publicações em quadrinhos é mais urgente do que uma nova notícia de uma pessoa que morreu de fome.
Publicações de personagens fictícios de gibis ou mangás hoje, é mais importante do que pessoas de carne e ossos que pulsar sangue, que respirar a própria vida.

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