domingo, 14 de novembro de 2021

Poema sobre os figurantes da vida

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Talvez nosso maior pecado seja a presunção.
E nossa maior presunção é a de achar que somos mais importantes do que realmente somos na vida de alguém.
Acreditamos que somos protagonistas, quando na maioria das vezes nem somos coadjuvantes,
mas apenas figurantes na vida de alguns. Absolutamente dispensáveis.
O mundo deles seguiria perfeitamente sem nós.
Mas ainda assim, não abrimos mão de nosso papel,
mesmo que tenhamos que nos contentar com os bastidores,
onde nem sequer somos notados.
O importante é saber que a vida é muito mais do que os papéis que nos são negados ou confiados.
Ainda que tenhamos desempenhado algum papel que julgamos importante na vida de alguém,
o mesmo poderá sofrer cortes durante a edição.
Quem sabe nosso nome nem ao menos aparecerá nos créditos finais.
O que nos resta fazer?.
Atuar por amor ou pelo simples prazer de atuar,
em vez de ser pela busca desenfreada por reconhecimento de quem quer que seja.
Precisamos exercer um papel que trate as feridas de ontrem sabendo que a leve e momentânea ardência produz um eterno alívio e frescor.



Desconstrução

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Ora esperanço;
ora todo ranço,
desânimo de esperançar, 
preguiça de acreditar.
E tudo vira nada.
Ora alguma fé;
ora apenas um café,
uma parada; 
ora preciso de uma estrada...
de uma estrada, 
não de um destino.
O sino silencia
na catedral...
o mal... o mau... o mal...
Uma pazada de cal
no rosto...
o gosto.... desgosto...
o vinho... o mosto...
o pós... os nós...
Ora já nem sinto a voz,
e grito...
aflito... conflito...razão...
E querem saber 
quem sou eu na fila do pão,
como se eu soubesse de mim.
O fim... o fundo... o poço...
Não sinto alvoroço 
em mim...
calmaria... preguiça....
premissa...
"maliça" nordestina...
A mina... o mino...
"Somos tantos Severinos
iguais em tudo na vida"...
A lida... o cansaço... o passo...
o compasso...
O que faço
para mudar o mundo?
O fundo... o poço...
o caroço... o osso...
o osso... o osso... o osso...
a fila...
o prato sem feijão...
o bilhão, o trilhão... o congresso...
o senado... o executivo...
o judiciário...
o salário do osso...
o poço...a lama...
o caco... o barraco...
a mansão... a desigualdade...
o deboche... o irmão...
a igreja,
cereja do bolo divino...
O menino que se alimenta de luz...
acabou o cuscuz.... o arroz... 
e o feijão é bandinha,
e a carne é osso...
o sino... o poço... o fundo...
o mundo... o imundo... o desmundo...
O fim... assim...
desmundo...
esmundo...
smundo...
mundo...
undo...
ndo...
do...
o...
FUNDO....

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