sexta-feira, 1 de abril de 2011

Somente Seu Coração



.

Entre folhas caídas,
cães dormentes
e horizonte deserto,
eu sobrevivo.
Me sinto disperso,
sem a fluência das palavras,
atitudes ousadas
ou respostas pra tudo.
Estou mudo,
por mera conveniência,
por não encontrar importância
em meus frágeis pensamentos.
Estou apenas renascendo
sem nunca ter morrido,
a ser amado
sem sentir teu abraço
e a curar sozinho
minhas profundas feridas.
Encaro a vida
sem a soberba da sabedoria,
mas com a euforia
da ignorância.
Fico de pé com elegância,
transformando o ódio
em perseverança
e redescobrindo a confiança
no teu amor secreto,
declarado em poucos versos
mas que fazem,
em mim,
toda a diferença.
Por isso,
ainda sinto
tua presença.
Guiando minha mão,
tocando minha alma
e desejando me encontrar
quando voltar a ouvir
somente seu coração.

Em mim


.


Estou sentindo sua falta...
seja na água que me refresca,
na imensidão das avenidas,
no silêncio das paredes...
no ruído da chuva,
no cântico da saudade,
no verbo intransigente,
na esquina da vaidade,
no gosto da maçã,
na textura da seda...
no vazio das minhas ideias,
na loucura dos meus sonhos,
na insensatez da lógica,
na precisão do inesperado,
no mergulho além das nuvens...
na rotina de meus atos,
no brilho dos meus olhos,
na intensidade dos meus desejos,
na velocidade dos pensamentos,
nos gestos das árvores...
no abraço dos ventos,
no voo das folhas,
na queda dos segundos,
na variante das curvas,
no desaparecimento das virtudes...
Está impressa em minha vida,
como o sangue em minhas veias,
as rugas em meu rosto,
o tempo que nos separa...
Estarás em mim... sempre

Hoje o dia não tem solar


.


Me deixar,
ser seu,
escravo encoberto,
ou pouco dissimulado,
para oculta meu,
amor nobre.
Me deixar,
fazer,
morada no seu corpo,
em forma da relação,
radiada pelo sol,
que se levanto,
mas tarde com medo,
de nos ferir na,
varada da nossa casa.
Me deixar,
viver esse amor,
balancioso e violento,
para validar certos atos.
Me deixar.
pronunciar separadamente,
as letras das palavras,
que descrever afirmando,
que estou apaixonado por você,
Me deixar,
te dá comida na boca,
por puro conhecimento ou algum desejo,
Me deixar,
eu não me deixar de ter medo,
de amar e arrisca e de fazer,
o que é nosso dever.

História sem fim


.


Eu me lembro de você,
como uma música,
que não pode ser,
ouvida até o fim.
Lembro das nossas noites,
quando ouço o baixo.
E vejo o seu sorriso,
num solo de guitarra.
O som me envolvendo,
como se fosse você ao meu lado.
mas ao mesmo tempo nuvens escuras,
nos cobriam.
Fomos um para o outro.
Chuva que se transforma,
em tempestade...
Lembrança de um,
sonho ao acordar...
Às vezes, tento,
me convencer
que você foi pra mim
apenas uma história,
sem fim.

O Amor em Você


.


Sei que parece estranho,
eu dizer que te amo,
quando tudo deu errado,
falharam nossos planos,
perdemos para os medos,
e os enganos,
confundiram nossas certezas.
Sei que tua indiferença,
e uma desesperada defesa,
do teu castelo de cartas,
que no vento mais sutil,
cairá.
O que é aparência,
não possui a essência,
da fusão das almas,
da colisão dos sonhos,
mesmo na mais dura,
realidade.
Sei que parece insanidade,
minha resistência,
mas minha insistência,
é que não aprendi a desistir,
da minha própria existência.
Pois eu te amo,
não importa a distância,
o preço,
o fardo,
se está sozinha,
ou em outros braços,
se ainda chora,
por cansaço,
pelo tortuoso caminho,
que decidiu percorrer.
Te amo,
pela minha loucura,
de não me corromper,
ao que seria mais fácil,
te esquecer,
te deixar de lado,
e não cumprir,
minha promessa.
Você é lua,
estrela,
galáxia,
a vida mais bela,
em evolução,
a menina mais linda,
da multidão,
que só eu consigo ver,
mesmo na cegueira do dia,
e na melancolia da noite.
Estou morrendo,
a cada segundo,
e te entrego meu mundo,
em forma de amor,
que estará contigo,
aonde você,
for,
mesmo se não for,
mais você.

Amnésia


.


Estou em transe,
na busca distante,
do que não existe mais.
Seja um sopro de vida,
no consolo da morte,
na planície de Marte,
ou na paixão de Vénus.
No silêncio te escuto,
nas sombras do mundo,
ou nas frases,
que alguém já escreveu.
Sou eu,
que desenho o pecado,
e entrego beatificado,
em tuas mãos.
Sou eu,
que quebro a cabeça,
me atirando no abismo,
pra salvar teu coração.
Sou eu,
que engulo o choro,
disfarço o soluço,
e protejo teu nome.
Sou eu,
que arrasto meus pés,
apagando as pegadas,
sem saber mais,
quem tu és.
Sou eu,
que vejo TV,
mudo de canal,
mas sempre encontro você.
E onde me encontro?
Não sei,
Definitivamente talvez,
sem o labirinto de teus lábios,
a paz do teu abraço,
e a velhice ao teu lado.
Construimos nosso sonho,
e acordei chorando,
numa cama vazia,
com a indiferença de teus atos,
e uma lápide,
com meu nome.
Ainda me consome,
tua amnésia,
em disfarces nobres,
aparências refinadas,
num conto de fadas,
onde você vendeu sua alma.
Mas eu não tenho preço,
e reconheço,
que tudo está perdido.
Vou me entregar à loucura,
pra não lembrar sempre,
que tua forma mais pura,
se rende,
e não mais voltará.

Sobreposição


.


Te desejo
além da vontade.
Te desejo
por necessidade
de minha boca
falar teu idioma,
de meu corpo
exalar teu cheiro
e de minha alma
fundir em teu gozo.
Te desejo
como criança que chora
sem teu colo,
como cão que uiva
sem seu dono
ou enfermidade
sem tua cura.
Te desejo
de forma pura,
na brandura de um abraço,
ou no intenso pecado,
como animal bravio,
que após o cio,
se torna brando.
Te desejo,
em disfarce ou transparência,
clandestino ou legalmente,
de forma nobre ou indecente,
paciente ou intransigente.
Não me importa,
se é errado ou certo,
justo ou incorreto,
se estou cego
ou vejo além de você.
Ainda assim,
te desejo,
encontrando em tuas formas,
a resposta
que sobrepõe
todos os medos.

Meias Palavras


.


Não vou disfarçar,
passar a mão pelo cabelo,
me esconder em gestos
que não me pertencem.
Te desejo
sem meias palavras,
de corpo inteiro,
pois não posso controlar
o incêndio
que teu olhar
provoca em mim.
Preciso
do teu riso
pra alegrar meu dia,
pra qualquer fantasia
ser real.
Qualquer paisagem
se torna fútil
sem tua imagem,
qualquer caminho
se torna escuro
sem tua luz
e qualquer prazer
sem tuas curvas
é mera miragem.
Quero brincar
com tua menina,
quero amar
a tua mulher
e dividir
a tua velhice
com as lembranças
que construiremos
juntos.
Então,
não vou fugir.
Estarei aqui,
te admirando,
entre tolices e enganos,
e te desejando
cada vez mais.

Absolvição


.


Sinto tua falta
na palavra solta,
na ausência do acento,
na frase abreviada
que termina
antes de encontrar
um sentido.
Tudo parece
um crime sem bandido,
uma viagem sem objetivos,
uma paisagem sem tuas cores
onde o homem,
antes confiante,
se torna menino,
carente do teu abraço.
Queria saber o que faço.
Se te esqueço
ou te amarro.
Se te busco
ou me perco.
Se meu coração está certo
e o destino está errado.
Sei que é insano
fazer qualquer plano
sem teu sorriso no horizonte.
Só sei que te desejo,
mais que a eternidade do ontem
e a necessidade de hoje,
mas tropeço em mim mesmo
e nos pecados
que só teu amor
poderá me absolver.

Esquina dos Amores


.


Oi, como está?
Passei aqui por passar,
pra ver se seu olhar
se ilumina ao me ver.
Foi meio sem querer,
procurei a porta aberta,
espiei a luz na janela,
pra ver se te encontrava.
Eu pensava em outras coisas,
recriando novas formas,
de conviver com a solidão.
Mas, meu coração,
um romântico incorrigível,
sempre achou possível,
viver de amor.
Ele se acha muito macho,
pensa que é de aço,
e que suporta qualquer dor.
Depois fica em pedaços,
lamurioso, calado,
achando que o mundo,
está acabado.
Mas ele renasce,
pois qualquer tempestade,
sempre vai embora.
Vou ficar aqui fora,
seguindo meu caminho,
colhendo meus espinhos,
pra te deixar flores.
Pois, como a estrada é longa,
nada me assombra,
se nos cruzarmos,
na esquina dos amores.

Coisas naturais( leite da vaca)

 

.

Te vejo,
fechando,
a abertura quase sempre,
envidraçada de um telhado,
por onde entra a claridade,
intensa e fulgor,
fazer-se dia,
tornar-se inteligível,
neste espaço em que há,
vegetação no campo,
no bosque ou mata.
Te vejo,
de cor pouco encarregada,
bebendo vinho palhate,
nessa qualidade do que,
é claro ou inteligível.
Te vejo,
nessa transparência limada,
que fulgor numa,
luz viva que se vê bem,
e não deixa de ver bem.
Te vejo,
jogando pedras na fonte do rei.
Te vejo,
tirando o leite da vaca,
pela claridade da nossa casa,
exercendo a mesma profissão,
procurando um lugar aonde a gente pra se alimentar.
Te vejo,
cuidando dos pássaros da gaiola,
e com muito entusiasmo,
vou encontrar pedaços,
de madeira para queimar.
Te vejo,
colhendo os grãos de lentilha,
bastando à calma de Ribeirão,
para ser tudo seu,
e eu nada não.
Te vejo,
consolando coisas,
que suaviza,
nesse tempo de viver,
para vasculhar a terra,
até o mar próprio de lenimento.
Te vejo,
como pensamento que se,
conserva na memória,
pela qualidade da nossa geração.
Te vejo,
na parte traseira do barco,
que serve para lhe,
dar direção,
para saber tudo,
o que era para saber.
Te vejo,
como tudo começou,
pelo seu cansaço,
mais que o cão,
cansado de estrada, meu amor,
pela facilidade da nossa geração.

Solsticios e equinócios


.

Fui tomar atitude,
é ela me enjoou,
em silêncio a sua face,
pra observar o sol,
passando pelo equador,
tornando ou dias iguais,
ás da noite, em toda a terra,
para conversa sobre assuntos heróicos,
que tornou-se inteligível,
uma coisa obscura ou difícil,
para achar uma mulher,
entre mil almas,
mas não a acharia,
porque te destruiriam,
por viver andando,
debaixo do sol livremente,
que depois te deixariam sem peias,
calada, nesse tempo de falar.

Silêncio de Outono


.


Silêncio de em minha sombra,
no silêncio de outono,
no vazio de minha cama,
procuro tua companhia.
É uma breve nostalgia
de sentir minha falta,
de brincar com teu riso,
de ouvir tua voz
ecoar meu nome
de forma melodiosa.
Me encontro relativo,
num tempo escondido
que os relógios desconhecem.
Estou na fronteira do acaso,
no resgate do abraço
que não é mais meu.
E sem você,
perdi teu reino
e me tornei plebeu,
em terras distantes,
olhares estranhos,
com pés descalços
e coração em prantos.
Hoje, desconheço o idioma
e fico calado.
Pois o mundo não tem
a mesma beleza
sem você
ao meu lado Silêncio de Outono.

Bailarina o cisne negro


.


Até quando amarei,
a simplicidade,
das suas palavras,
havendo quem desse atenção.


Até quando seus lábios estranhos,
agustirá o favos de mel,
e o seu paladar conservará,
este macio azeite.


Até quando não te verei,
dançando nos gestos,
e movimentos das bailarinas,
lijoeando de modo servil.


Até quando não fazeres,
um poema que se compõe,
de três oitavos ou três décimas,
narrativas que reproduz tradições.


Até quando cismares insistentemente,
que você é um cisne negro,
bailando sobre as pontas dos pés,
ouvindo essa músicas celebrante.


Até quando sentirei exagero,
receio ou despeito de que,
certos afetos alheios não,
sejam exclusivamente para nós.


Até quando entenderei teu coração,
que deixou de caminha na sinceridade,
para deixar o até quando,
ser houver aperto e angustia da sua própria falsidade.

prefiro a companhia fiel da solidão, do que uma mera infiel relação...

1º De Abril


.

Queria bebe a águas,
da tua cisterna,
e das correntes do teu poço,
para rever as tuas fontes.


E descobrir de madrugadas,
o fruto da mentira,
que desinclinar o nosso coração,
no entendimento a quem quer bem.


Queria que os homens violentos,
adquirem a verdade,
sem matar alguém sem razão,
por não ter feito mal.


Adquirir a verdade é o principal,
pois a verdade sim,
é tudo o que possuis,
para temos o bom senso.


Não queria dizer mentiras,
mesmo sabendo que a mentira é salvação,
não queria apresentar como verdadeiro o que é falso,
mesmo sabendo que a verdade é que assombra.


Pois todas as palavras da minha boca,
preferem a verdade genuína,
a mercê da esperança demorada,
que enfraquece meu coração.


Bem-aventurados os homens que falam a verdade: Pois a verdade tais como são, mas a mentira tais como não.

Findo amor


.

Querida mulher nobre,
da danceteria,
passos cadenciados.


Há pouco anos estava,
dançando com você,
nesta danceteria.


Hoje porém, estou inconformado,
por não mover o corpo,
seguindo as regras da dança.


Noutro tempo eu era,
o homem que se veste,
com apuro de esmero.


Queria te encontrar para vivemos,
o conjunto de fatos,
supostamente fatais.


Sem ter receio dos lugares,
que se reserva os designará,
algumas outras coisas.


Apenas quero voltar naquele tempo,
que os tempos não levaram,
e reviver a dança e tudo o que ficou.

Postagens mais lidas