quinta-feira, 23 de julho de 2020

Poema sobre uma nova CPMF .

.




Eu sempre descrevo que o Brasil virou o Suicidão dos Contribuintes, um país onde pagamos impostos da Suíça e recebemos benefícios do Sudão.
Por isso eu entendo que qualquer mudança que tire o Suicidão do nosso mapa e do nosso bolso deve ser bem-vinda.
A ideia de aprovar de um novo imposto sobre operações financeiras,
por exemplo, não é ruim em si, nem em tese.
Desde que se levem em conta princípios fundamentais para o melhor aproveitamento dessa escolha.
Um desses princípios vai além dos esforços de facilitar ou simplificar os tributos.
Ninguém é contra que o sistema seja facilitado ou simplificado, mas o que se deve buscar é que o sistema seja compreendido, no sentido de que os contribuintes possam saber o quê estão pagando e para quê estão pagando.
Outro princípio é o da possibilidade de se tirar poderes e prerrogativas do atual manicômio tributário, do atual pinel de arrecadação.
Esse manicômio ou pinel comporta hoje o seguinte recorde de patologias,
do qual só o sistema financeiro é beneficiário e parasitário.
Desde a Constituição de 1988,
o Brasil já editou e publicou quase 5 milhões e meio de textos normativos, de leis, regras, portarias, decretos, atos declaratórios, instruções normativas, medidas provisórias e emendas constitucionais.
A substituição de tudo isso por soluções compensatórias, que acrescentem também o princípio da eliminação de vários outros tributos, me parece bastante razoável.
A favor desse pragmatismo, o erro que não se pode cometer é o erro de não se promover uma comunicação estratégica, capaz de esclarecer de forma transparente e inteligente as vantagens da incidência e da eficiência de se substituir aqui ou eliminar ali.
Não se pode deixar que paixões e tolices impeçam que a sociedade seja objetivamente e devidamente esclarecida sobre o que se está buscando.
Não se pode deixar que enganações e desinformações imperem, a mau exemplo do que se vê em todo o país na luta inglória contra a Covid-19.
As confusões envolvendo o novo coronavírus não devem se repetir em confusões sobre uma nova CPMF.
Não se trata disso, porque afinal é mais do que isso!.



Poema sobre os nossos verdadeiros horrores .

.



O clima de ódio, raiva, rancor, intolerância e beligerância está jogando brasileiros contra brasileiros nas cordas,
na lona ou na lama.
Políticos de pileque e de palanque criaram um ambiente de hostilidade insuportável, de tal forma que agora todo mundo é xiita, nazista, fascista, terrorista e genocida, mesmo que quase ninguém conheça o peso, a carga, o sentido ou a história dessas palavras.
Trata-se de termos e tempos específicos, cheios de significados e significantes também específicos; termos que ganharam os nossos tempos, cotidianos e lugares, onde deveriam prevalecer as boas práticas e os bons modos, pautados pelos bons e velhos “por favor”, “com licença” ou “muito obrigado”.
O Brasil é um país amaldiçoado por muitas desgraças, mas desgraças que não se enquadram nos horrores do nazismo, fascismo ou genocídio; não nos horrores que se viram nas duas Guerras Mundiais; no Camboja dos anos 70; na Bósnia dos anos 90; na Ruanda da mesma década; e nas diáporas ou migrações de refugiados mais recentes.
Nossos horrores existem, claro, e nós os conhecemos como fome, desemprego, desigualdade e extrema miséria; tudo patrocinado pela extrema corrupção, extrema impunidade e extrema incompetência, tanto de políticos quanto de eleitores.
Nesse momento, por exemplo, Congresso, governo, governadores e brasileiros trocam tapas e pontapés pelo uso ou não de máscaras nas ruas,
nos bares, nas igrejas e nos shoppings.
Parece uma briga pelo nosso bem,
mas não passa de uma briga que só mascara todos os nossos males,
que são: falta de hospitais, leitos, testes, respiradores e profissionais de saúde devidamente remunerados.
Fato é que, com ou sem máscara,
com ou sem vacina, jamais estaremos protegidos da extrema corrupção,
da extrema impunidade e da extrema incompetência.
Esses, sim, os nossos verdadeiros horrores.

Postagens mais lidas