sexta-feira, 29 de maio de 2020

Transformando o mundo pela renovação da nossa mente

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A mente, muito mais do que o corpo,
precisa de ser desafiada todos os dias.
Se possível com treinos bi ou tridiários.
Sair da cama sem identificar a razão pela qual acordamos maldispostos,
passar horas a julgar este e aquele sem conhecer verdadeiramente ninguém ou a contestar o emprego que nós próprios escolhemos e ir para a cama enjoados com o dia que tivemos,
são razões mais do que suficientes para nos questionarmos.
Nós precisamos nos renovar, senão iremos ficar para trás.
Precisamos transformar o mundo com a nossa mente, já dizia a Escrita.
Nós nunca podemos nos conformar com esse século, temos que ter as nossas mentes intactas, ter nossas opiniões, percepções.
Ter o dom da palavra para si, porque alguns mentores são rápidos em fazerem isso.
Não podemos ser homens de lata, homens sem pensamentos, homens com as suas mentes fechadas, aceitando serem manipulados, aceitando em levar sempre a isca e o prêmio perfeito que espera entre as prateleiras.
Se você está sendo assim, se você está sendo um débil, um imbecil coletivo, se você está vivendo no seu mundo de Oz, se você está somando de não sei quantos dias assim,
e acreditando que se não for o teu caso é a situação da maioria das pessoas,
resultará indubitavelmente em estados depressivos e de enfermidade precoce.
Não podemos continuar a aceitar a dor sem que façamos nada para a curar e é por isso,
por desejar profundamente o nosso reencontro conosco e com a nossa verdadeira realidade,
que o grito dentro da nossa mente ecoa nessa frase: «HÁ SOLUÇÃO!!!»
E a solução passa por identificarmos o artista que há em nós,
pois treinar a mente é meramente uma arte.
Até se atingir o estatuto de comandante da nossa vida e a tão pretendida velocidade cruzeiro naquele que é o oceano da nossa mente é necessário um altíssimo nível de concentração e criatividade.
Precisas de estar sempre alerta e altamente focado no que a tua mente te sugere para depois,
se ela se armar em esperta,
teres a audácia de criar constantemente subterfúgios aliciantes por forma a baralhá-la.
É aí, nesse momento de maior vulnerabilidade da dita, que se torna fundamental entrares em controlo fazendo dela o que verdadeiramente desejas,
para que, por último, possas usufruir da possibilidade de tirares o maior partido de uma mente bem orientada.

terça-feira, 26 de maio de 2020

Poema sobre os negacionistas

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Não temos podido fazer quase nada, senão o que fazemos.
Somos da geração que foi às ruas pelas diretas já,
somos da geração que elegeu o operário, líder sindical, como presidente, somos da geração que colocou a primeira presidenta no poder, ou seja, a primeira mulher na presidência da República.
Somos da geração que acabou com a dívida externa,
com a mortalidade infantil, com a fome e a sede no Nordeste, com a miséria mais miserável pelo país afora, que tirou o Brasil do mapa da fome da ONU, os maiores fantasmas nacionais de minha infância e adolescência.
Somos da geração que ameaçou a hegemonia do dólar com o BRICS, que criou tecnologia para extração de petróleo destinando seu lucro à educação e à saúde, que colocou negros, indígenas e pobres nas universidades públicas, que finalmente inseriu a respeitabilidade do país no mundo fazendo-o ser ouvido em decisões internacionais.
Mas não conseguimos sustentar o sopro do vendaval
que ajudamos a ventar, não conseguimos fazer a história seguir o curso que muitos antes de nós lutaram para provocar.
Fomos interrompidos, obrigados a recuar, obrigados a ver a peste reinar no país, sem encontrar forças para derrubar-la, vemos o gabinete do ódio, o escritório do crime, o governo miliciano, a presidência perversa, sobretudo, as forças que propiciaram sua chegada até ali.
Hoje estamos a ver o negacionismo de evidências maciças e a geração de controvérsia a partir de tentativas de negar que um consenso exista.
Estamos a ver o negacionismo do Holocausto e o negacionismo da AIDS.
Estamos a ver o negacionismo do vírus atual por causa de motivos políticos e religiosos.
Por causa desses fanáticos religiosos, terraplanistas e teóricos da conspiração.
Muito é terrível e, entre tudo o que é terrível, o mais terrível é o ser humano, que, aterroriza até o terror, barbariza até a barbárie.
O som de nossas vozes deveria trazer um sopro de pensamento a proteger pessoas, animais, rios, cidades, florestas, países, oceanos, continentes, céus,
mundos, submundos, sobremundos, cosmo.
Hoje, entretanto, a vilania governa com seu raquitismo
de pensamento arrojando acelerada e horrivelmente
todos à morte, mostrando que nos iludimos na vida quando nos esquecemos da ameaça dos revezes
que nos mostram todos os impasses dos passos,
todas as não passagens por onde teríamos de passar, mas empacamos atônitos, assombrados, com a vida parecendo engano, com a vida perecendo, só sombra
da morte, nada mais.
As pessoas morrem aos milhares, às dezenas de milhares e não vemos como isso vai acabar.
Sabemos há muito que nada entra de grande na vida mortal sem sofrimento, mas sabemos também da exaustão do sofrimento sem (nem digo algo de grande, mas sem) qualquer alternativa a ele.
Apesar de sempre termos tido nas famílias um tio ou uma tia ou um primo ou uma prima ou um pai ou uma mãe que desejasse a volta da ditadura ou votasse
consecutivamente nos candidatos forjados pela grande mídia como salvadores, como caçadores de marajás, como algozes de adversários políticos tratados, sem provas nem escrúpulos, como corruptos, apesar de sabermos do cruel conservadorismo entranhado nas pessoas,
a verdade é que nem de longe podíamos imaginar
essa reviravolta, esse retrocesso sem fim, o sem fundo do poço que vivemos.
Hoje, a Secretaria Especial de Comunicação Social
do governo utilizou, mais uma vez, em um vídeo,
um slogan nazista: “Só o trabalho, a união e a verdade libertarão o Brasil”. “Arbeit macht frei”, a frase colocada na entrada de Auschwitz e de outros campos de concentração, utilizada, aliás, já no discurso de posse de Temer, o vice-presidente golpista, ao assumir a presidência, quando disse “Não fale em crise, trabalhe”, transformando em seguida a frase em propaganda nacional.
Amanhã não será um dia melhor do que hoje que não é um dia melhor do que ontem, mas estamos aqui, sem descanso, diariamente falando, diariamente gritando, ainda que nossas falas e mesmo nossos gritos não assustem mais ninguém.
Não temos podido fazer quase nada, senão o pouco que ainda conseguimos fazer.
Encho os pulmões e retiro ritmos urbanos do que quer
que me sirva para tentar dizer o nosso tempo eloquente de escassez e excessos, de angústias e desejos, nosso tempo simultaneamente legível e ininteligível.
Estamos tristes, poeta, o mar da história é, de fato, agitado, atravessamos ameaças e guerras.
Estamos tristes, poeta, e impotentes, e frustrados, o pior não é mais um sinal do que poderia vir
a acontecer, ele se encontra no meio de nós, sem que vejamos a possibilidade iminente de seu desmoronamento.
Nosso país está cheio de dores.
Não busquemos autocríticas no momento indevidas nem responsabilidades que no momento
não nos caibam (como se pudéssemos ter evitado
tudo isso!).
Ao longo desses anos, eles se utilizaram de todo poder, desmesurado, de que são capazes.
Sigamos lutando como nos for possível, sigamos lutando com nossas palavras, com nossos afetos, com nossos corpos, mesmo na não audição de nossos gritos.
Sigamos lutando para a poesia não desfalecer diante
do que estamos vivendo, para ela viver ainda mais, para ela dar mais vida, para ela tocar os nervos e o coração de modo a sustentar nossa feroz discordância, nossa revolta convulsiva- mente escrita, para ela testemunhar algo que, tocando o que poderia
ser chamado de verdade, com seu documentário, com seus rabiscos diários, cartas, estudos, anotações, matérias, improvisos, mesmo em seu atropelo e com inúmeras lacunas, escape às notícias falsas e às vozes dos poderosos.
Que se tenha aqui um registro para que se possa, um dia, quem sabe, pelos sintomas narrados, investigar a doença maior do nosso tempo, ganhando antídotos sociais, vacinas políticas, curas históricas de modo que ela, em hipótese alguma, retorne.
Um país que elegeu esse presidente é de todo modo um país doente, um país que produziu a mais letal das doenças terminais.
Ao menos por uma tarde, entretanto, alegremo-nos com o fogo amigo deles.
Talvez não seja tão pouco assim; talvez, nessa guerra entre os diversos agentes dos múltiplos poderes, alguma brecha acabe por se abrir, por onde possa se dar uma disjunção do tempo, uma fratura na continuidade dos fatos, um contrapelo da história, por onde consigamos, mais uma vez, e de novo, romper aquilo que, neste país imenso, desde sempre trabalha, com todo poder, para se impor, mas tenhamos a certeza de que amanhã não será um dia melhor do que hoje, que não é um dia melhor do que ontem.

sexta-feira, 22 de maio de 2020

Somos uma casa

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Todos nós somos uma casa de hóspedes.
Pois toda manhã uma nova chegada.
A alegria, a tristeza, a depressão, o tédio, as avarezas, como visitantes inesperados.
Recebe e entretém a todos mesmo que sejam uma multidão de dores que violentamente varrem a nossa casa e tiram os nossos móveis.
Recebe os sentimentos e ressentimentos, mesmo que sirva para distrair, mesmo que sirva como um passatempo, uma diversão ou um entretenimento.
Ainda assim tratamos os nossos hóspedes honradamente eles podem estar a limpar-te para um novo prazer.
O pensamento escuro, a vergonha, a malícia, encontra-os à porta sorrindo.
Agradecemos a quem vem, porque cada um foi enviado como um guardião do que está por vir.
Somos uma casa edificada, reconstruída sobre conceitos sociais, religiosos e políticos.
Porém, a ideia de aceitação não tem nada a ver com o senso comum de passividade, e sim com a possibilidade de nos aproximarmos da realidade das coisas e dos fenômenos como eles realmente são.
Ou seja, sem interferência de juízos prévios de valor ou expectativas, mantendo uma perspectiva mais ampla, menos reativa.
A partir da aceitação da realidade como ela realmente é, temos condições de tomar decisões mais sábias e conscientes, saindo do automatismo.
Somos uma casa enraizada de problemas pessoais, uma casa onde as paredes familiares precisam de reboco urgentemente.
Pois só assim não nos afundaremos nos problemas, quando ficarmos muito tristes ou paralisados, e nem buscaremos soluções irrealistas, que às vezes pioram a situação, como por exemplo, abuso de álcool para esquecer o problema.
Precisamos nos abrir para à realidade como ela é, mesmo que seja uma multidão de dores que violentamente varrem a nossa casa.
Ao entendermos que a realidade pode se apresentar de várias maneiras, e que muitas delas estão fora de nosso controle, como uma pandemia, um terremoto ou um maremoto, precisamos aprender a conviver melhor com tudo o que se apresenta à nossa casa,
e a possibilidade de sermos mais assertivos, preservando nossa saúde mental.
Somos uma casa, um templo, uma igreja física que ainda não aprendeu abrir as portas para novas possibilidades muitas vezes ocultadas pelos automatismos dos padrões antigos de enxergar ou fazer as coisas.
Somos uma casa saqueada pelos enganos, pelas ilusões, pela invasão de pessoas negacionista, pela escolhas de negar a realidade como forma de escapar de uma verdade desconfortável.
Uma casa apodrecida ou apodrecendo por recusar em aceitar uma realidade empiricamente verificável, sendo essencialmente uma ação que não possui validação de um evento ou experiência histórica.
Somos uma casa aceitando reformas, aceitando sermos vendidas ou alugadas pela manipulação de pessoas que não precisam mais esforçar-se irracionalmente em controlar todas as coisas.
Somos uma casa para ser pintada de projetos, de sonhos, de realizações diárias.
Uma casa para ser ornamentada de paz, alegria, amor, união desde o ventre materno.
Uma casa para tomar mais decisões com base no que vai emergindo na realidade das coisas, e desfrutar de mais momentos de felicidade.
Poderemos claro, fazer planos,
mas não esperaremos que eles se realizem da maneira exata que planejamos, o que é um alívio.


quinta-feira, 21 de maio de 2020

Cálice

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É grande miséria não ter bastante inteligência para falar bem,
nem bastante juízo para se calar.
É preciso lutar contra todos aqueles que
querem o nosso silêncio, que querem arrancar as nossas opiniões, que querem tirar de nós o interesse de conhecer e aprender sobre a verdade.
Eis o princípio de toda a impertinência.
Dizer de uma coisa, modestamente,
que é boa ou que é má,
e as razões por que assim é,
requer bom senso e expressão; é um problema.
É mais cómodo pronunciar,
em tom decisivo,
não importa se prova aquilo que afirma,
que ela é execrável ou que é miraculosa.
Precisamos tirar de nós esse grito preso na garganta, esse silêncio atormentador, essas palavras de liberdade.
Precisamos se afastar desse cálice, transbordado de mentiras e enganos.
Precisamos se livrar das opções que nos deixa para trás, a verdade é que nunca sabemos
onde nos levariam.
Precisamos parar de espera que os outros e as circunstâncias nos empurrem, para depois sentirmos inocentes e impotentes perante o que acontece.
Precisamos decidir e esquece tudo o que se perde com a nossa decisão.
Pois só assim chegaremos a lugares e corações onde o nosso amor faz falta.


quarta-feira, 20 de maio de 2020

O antagonista

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Em lugar comum ouvir  que o melhor do Brasil é o brasileiro,
mas analisando bem,
o Brasil não está tão melhor por causa do brasileiro.
O brasileiro que insiste e persiste em dar um jeito para se beneficiar dos programas sociais aos quais ele não tem direito.
O brasileiro que está pouco se lixando, que está dando de braço para quem está angustiado e sofrendo,
o problema é de quem sofre, não dele.
O brasileiro que em meio a dor e ao sofrimento de inúmeras famílias não se incomoda nem um pouco em fraudar licitações públicas para ganhar mais e mais dinheiro.
O brasileiro que vendo a procura desesperadas das pessoas por determinados itens de prevenção,
vai lá e aumenta o preço do produto abusivamente. Inclua nesse grupo de brasileiros aqueles que revendem gêneros alimentícios,
eles também estão abusando cada vez mais.
O brasileiro que nunca está interessado na educação dos filhos,
mas sempre está preocupado com os benefícios sociais oriundos dos estados e prefeituras por conta das crianças matriculadas na escola.
O que importa para esses brasileiros são as bolsas do governo e não o desenvolvimento intelectual dos filhos.
O brasileiro que está louco para a chegada das próximas eleições para obter um ganho extra,  vendendo o voto para no mínimo três candidatos.
O brasileiro que nunca assume a responsabilidade pelos seus atos,
sempre transfere para os outros a culpa pelo que está acontecendo em sua vida.
O brasileiro que, mesmo não sabendo a veracidade dos fatos,
reproduz assustadoramente qualquer notícia falsa para satisfação do seu ego.
Ele não quer saber se é mentira,
o desejo dele de que seja verdade já é o suficiente.
O brasileiro que idolatra homens,
que espera que estes homens sejam a resposta final, quando na verdade seríamos nós, o povo, a resposta final, humanamente falando, dos nossos problemas.
Não discordo que o povo é a maior riqueza,
o melhor de um país, de uma nação,
mas não fecho os olhos para a verdade dos fatos:
nós brasileiros somos extremamente responsáveis por um sem número das mazelas que nos afligem. Antes da pandemia, muito antes mesmo, o jeito brasileiro, aquele usado para burlar leis,
regras e trazer benefícios, já era uma verdade.
Deixo aqui meu reconhecimento para aqueles brasileiros que se desdobram para levar positividade para os outros, que se esforçam para que a vida seja melhor, menos dura, falo dos médicos comprometidos,
enfermeiros dedicados, agentes de saúde eficientes, professores realmente professores,
agentes públicos de segurança isentos, de você que é honesto e ensina isso aos seus filhos,
de você que mesmo no aperto é incapaz de pegar o que não é seu,
de você que entende o valor da solidariedade e da empatia.
De você que não age em sentido oposto, muito menos ser um opositor,
De você que não é contra alguém ou contra alguma coisa.

segunda-feira, 18 de maio de 2020

A impureza da minha mão Esquerda

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Na alta finança, nos bancos,
nos empresários, no comércio de especulação
nos grandes empreiteiros,
entre os grandes fornecedores,
mesmo no campo da produção propriamente dita,
em ramos cuja vida depende em grande parte de atos governativos,
existem já numerosos indivíduos a interessar-se ativamente pela política dos partidos.
A influência corrosiva da sua ação traz mais duma dificuldade grave à governação pública.
Entretanto, as fraquezas dos sistemas partidários
com os que se intitulam democracias
parlamentares ou partidárias,
quem quer, examinando o funcionamento
efetivo das instituições,
podo constituir três grupos.
O primeiro é daqueles muito raros Estados
em que os partidos pouco numerosos permitem a formação de maiorias homogéneas,
que se sucedem no poder,
sem impedir de agir.
Quando na oposição,
o governo quo governa.
O segundo é o daqueles em que a vida partidária
é tão intensa e intolerante que as mutações governamentais se fazem frequentemente
por meio de revoluções ou golpes de Estado,
no fundo a negação do mesmo princípio em que pretendem apoiar-se.
Há um terceiro grupo em que a parcelação
partidária e a exigência constitucional da maioria parlamentar se conjugam para ter em permanente risco os ministérios, precipitar as demissões,
alongar as crises, paralisar os governos,
condenados à inacção e às fórmulas de compromisso que nem sempre serão as mais convenientes ao interesse nacional.
Assim, uns esperam as eleições; esperançosos, positivados as novas idéias iludidos com candidatos do renovo com os mesmos objetivos.
outros, a revolução; idealizados nos sistemas do passado.
os últimos, as crises,
como possibilidades de governo, porque sempre nesses meios, haverá política.
Ou seja, sempre precisará pobres, sofridos, esperançosos, para que se faça política findada nas chagas, no carma, no julgo desses sofridos eleitores que insistem iludi-se com uma política ficcionada.

sexta-feira, 15 de maio de 2020

A cegueira da razão

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A cegueira que cega cerrando os olhos,
não é a maior cegueira.
Não é um cego deficiente, incapaz de enxergar a sua própria face.
A que cega deixando os olhos abertos,
essa é a mais cega de todas.
É a cegueira da razão, é um indivíduo enxergar fisicamente tudo, entretanto, não enxergar os fatos, as verdades, os feitos, as provas, as interpretações, as corrupções, as heresias destruidoras e os vendilhões do templo.
É a cegueira dos Escribas e Fariseus.
Homens com os olhos abertos e cegos.
Com olhos abertos, porque, como letrados,
liam as Escrituras e entendiam os Profetas;
e cegos, porque vendo cumpridas as profecias,
não viam nem conheciam o profetizado.
É a cegueira dos leitores e eleitores do passado e infelizmente do atual presente.
Uma cegueira do protestantismo e catolicismo, das condições e posições de cada agrupamento político na época.
Uma cegueira que insistentemente reagi em leigos e indivíduos que acham que estão formandos e informados de tudo.
Por isso, vivem o mais do mesmo, vivem a mesma vida, porque cometem os mesmos erros.
Esta mesma cegueira de olhos abertos divide-se em três espécies de cegueira ou, falando medicamente, em cegueira da primeira, da segunda, e da terceira espécie.
Vivem a cegueira do novo testamento, a dos saduceus, especialmente na Judeia, e herodianos, na Galileia.
A cegueira da  oposição, dos fariseus, zelotes, e essênios.
A cegueira dos grupos políticos da época, dos publicanos, dos sacerdotes e o Sinédrio.
E toda essa cegueira vimos nos dias atuais, mudam apenas os trajes, o vocabulário, o jogo de palavras.
Mas as repetições estratégicas para atribuir uma conotação negativa conforme o interesse do interlocutor, continua agindo no nosso meio.
Hoje progressismo não é progresso,
Conservadorismo não é algo ultrapassado e falido.
Na política hoje, a Direita é quem conserva a tradição, a Esquerda é quem vem para fazer a revolução cultural e subverter a sociedade a viverem certamente três espécies de cegueira.
A primeira é de cegos, que vêem e não vêem juntamente; a segunda de cegos que vêem uma coisa por outra; a terceira de cegos que vendo o demais,
só a sua cegueira não vêem.
Pensando assim, fica a pergunta, qual dessas três espécies, tem sido a sua cegueira?.

terça-feira, 12 de maio de 2020

O poema sobre a idolatria política

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Príncipes, Reis, Presidentes e Governadores do mundo:
vedes a ruína dos vossos Reinos,
vedes as aflições e misérias dos povos,
vedes as violências,
vedes as opressões,
vedes os tributos,
vedes as pobrezas,
vedes as fomes,
vedes as guerras,
vedes as mortes,
vedes os cativeiros,
vedes as desigualdades,
vedes os desesperos,
vedes as suas promessas não cumpridas ou vedes apenas a idolatria de um povo que não sabe o que é política.
Vedes a assolação de tudo?.
Ou o vedes ou o não vedes.
Se o vedes como o não minorais?.
E se o não minorais, como o vedes?.
Estais cegos.
Príncipes, Eclesiásticos, grandes, maiores, supremos.
Vedes as calamidades universais e particulares da Igreja, vedes os destroços da Fé, vedes o descaimento da Religião,
vedes o desprezo das Leis Divinas,
vedes o abuso do costumes,
vedes os pecados públicos,
vedes os escândalos,
vedes os sacrilégios,
vedes a falta da doutrina sã,
vedes a condenação e perda de tantas almas,
dentro e fora da Cristandade?.
Ou o vedes ou não o vedes.
Se o vedes, como não o minorais,
e se o não minorais, como vedes?.
Estais cegos.
Ministros da República, da Justiça, da Guerra, do Estado, do Mar, da Terra:
vedes as obrigações que se descarregam sobre vosso cuidado, vedes o peso que carrega sobre vossas consciências,
vedes as desatenções do governo,
vedes as injustiças,
vedes os roubos,
vedes os descaminhos,
vedes os enredos,
vedes as dilações,
vedes os subornos,
vedes as corrupções,
vedes um povo sofrido,
vedes a ignorância que reina,
vedes eleitores que não cobram os seus políticos,
apenas idolatram, defedem, veneram como se fossem deuses da libertação.
Vedes as potências dos grandes e as vexações dos pequenos,
vedes as lágrimas dos pobres,
os clamores e gemidos de todos?.
Ou o vedes ou o não vedes.
Se o vedes, como o não minorais?.
E se o não minorais, como o vedes?.

sábado, 9 de maio de 2020

O mundo pós-pandemia

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Vivíamos em um mundo de desperdício e admiração.
De pobreza e abundância.
Antes de entendermos o retrospecto até 2020, veja,
as pessoas criaram empresas para negociar em todos os países.
Mas elas cresceram e ficaram muito maiores do que poderíamos ter planejado.
As pessoas estavam tão dispersas umas com as outras, nunca paravam para conversarem, respirarem, observarem o semelhante, a natureza, a família e a sua própria saúde.
Sempre tivemos nossos desejos, mas agora tudo ficou tão rápido.
Você pode ter tudo com o que sonhou em um dia e com apenas um clique.
Percebemos que as famílias haviam parado de se falar.
Isso para não dizer que elas nunca tenham se falado.
O equilíbrio entre a vida profissional e o trabalho se rompeu.
As pessoas estavam em um círculo vicioso, todos os dias saem cedo, chegam tarde, não tinha tempo para a sua vida familiar e conjugal.
E os olhos das crianças ficaram mais quadrados, cada uma tinha um telefone, tablet, um vídeo-game para as manterem ocupadas.
Eles filtravam as imperfeições, mas, no meio daquilo, as pessoas se sentiam sozinhas, carentes, tristes, vazias pois estava sempre faltando um pedaço.
E todos os dias o céu ficava mais espesso, até que você não conseguia ver as estrelas.
Então, nós voávamos em aviões para encontrá-las, enquanto que, embaixo, dirigíamos nossos carros.
Dirigíamos o dia inteiro em círculos e esquecemos como correr, como caminha ao ar livre.
Trocamos a grama por medicamentos, encolhemos os parques até que não houvesse mais.
Enchemos o mar de plástico porque nossos resíduos nunca foram tratados.
Até que, todos os dias, quando você ia pescar, você pegava os peixes já embrulhados.
E, enquanto bebíamos, fumavamos e jogávamos, nossos líderes nos ensinaram porque é melhor não perturbar os lobbies, porque é mais conveniente morrer.
Mas, então, em 2020, um novo vírus apareceu.
Os governos reagiram e nos disseram para nos escondermos.
Mas, enquanto todos nós estávamos escondidos, em meio ao medo o tempo todo, as pessoas tiravam o pó de seus instintos.
Elas se lembraram de como sorrir.
Elas começaram a bater palmas para dizer obrigado.
E voltaram a ligar para suas mães.
E, enquanto as chaves do carro acumulavam poeira, as pessoas esperavam ansiosamente por suas corridas a pé.
E, com o céu menos cheio de viajantes, a terra começou a respirar.
E as praias traziam novos animais selvagens que mergulhavam nos mares.
Algumas pessoas começaram a dançar, algumas estavam cantando, outras estavam cozinhando.
Estávamos tão acostumados com as más notícias, mas algumas boas estavam aparecendo.
E, assim, quando encontramos a cura e fomos autorizados a sair, todos nós preferimos o mundo que encontramos em vez daquele que havíamos deixado para trás.
Antigos hábitos se extinguiram e abriram caminho para os novos.
E todo simples ato de bondade passou a ser devidamente feito.

sábado, 2 de maio de 2020

O poema sobre o tempo

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Perder tempo não é como gastar dinheiro.
Se o tempo fosse dinheiro, o dinheiro seria tempo.
Não é.
O tempo vale muito mais do que o dinheiro.
Quando morremos, acaba-se o tempo que tivemos. Quando morremos, o que mais subsiste e insiste é a quantidade de coisas que continuam a existir, apesar de nós.
O nosso tempo de vida é a nossa única fortuna. Temos o tempo que temos.
Depois de ter acabado o nosso tempo, não conseguimos comprar mais.
Quando morreu a minha avó, foi-se com ela todo o tempo que ela tinha para passar conosco.
As coisas dela ficaram para trás.
Sobreviveram.
Eram objetos.
Alguns tinham valor por fazer lembrar o tempo que passaram com ela - a forma de fazer bolo, os relógios - quando ela tinha tempo.
As pessoas dizem "tempo é dinheiro" para apressar quem trabalha.
A única maneira de comprar tempo é de precisar de menos dinheiro para viver, para poder passar menos tempo a ganhá-lo.
E ficar com mais tempo para trabalhar no que dá mais gosto e para ter o luxo indispensável de poder perder tempo, a fazer ninharia e a ser-se indolente.
A ideologia dominante de aproveitar bem o tempo impede-nos de perder esses tempos.
Quando penso na minha avó, todas as minhas saudades são de momentos que perdi com ela.
Uma noite, num dia chuvoso, confessou-me que o único filme de que gostava era " o contador de história"
Todos os outros eram uma perda de tempo. Perdemos a noite inteira a falarmos e a rirmo-nos disso.
E ainda hoje tem graça.

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