segunda-feira, 22 de outubro de 2018

A crise

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O pânico chegou no Brasil, não mais que um déjà vu, já vi, uma reprise, que veio pra mudar as nossas vidas, mas os que teimam temem sempre a crise.
Então, em reações surrealistas, culpando as minorias oprimidas, surgirão mil profetas fatalistas e uma legião de suicidas.
Pessoas perderão os seus empregos e o mercado, coitado, temo que não suporte, porque no triste mundo dos apegos, deixar de possuir já é a morte.
O monstro mostrará suas feições, mas alguns terão plena consciência de que a falência é de instituições, e que não nos atinge em nossa essência.
A crise irá roer as estruturas das duras engrenagens do problema e a Natureza, em suas vestes puras, dirá quão duro e doce é o seu sistema.
O mundo todo será nosso lar e quem se der à vida por inteiro não pode acreditar que é por dinheiro que a parte boa tem que se acabar.
Nos sentiremos bem nos desarmando, a mando de uma onda que há no ar, e quem se ama seguirá amando, mas quem odeia aprenderá amar.
Foi a falta de solidariedade que fez no Brasil 27,7 milhões de desempregados  ou trabalhando menos do que poderiam ou gostariam.
São eles tão-somente o efeito mais visível da crise de um sistema para o qual as pessoas não passam de produtores a todo o momento dispensáveis e de consumidores obrigados a consumir mais do que necessitam?.
O Brasil, estimulada a viver na irresponsabilidade, é um comboio, sem freios, onde uns passageiros se divertem e os restantes sonham com isso.
Ao longo da linha vão-se sucedendo os sinais de alarme, mas nenhum dos condutores pergunta aos outros e a si mesmo «Aonde vamos?.»

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