segunda-feira, 24 de abril de 2023

Seu nome é Compaixão

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Jesus foi assassinado sem motivo.
A elite religiosa que dominava o templo judeu negociou com os poderes imperiais para o crucificarem.
Jesus ameaçou a religião, jamais o império romano.
Ele veio da Galiléia, uma região remota e sem grande importância para César. 
Sua vida e ensino foi um perigo para os sacerdotes, pois os pobres, marginais e doentes, desde cedo viram que não precisavam do fardo dos fariseus para acessar a Deus.
Ele alcançou procurava a  periferia a encarnar valores dignos. 
Jesus inspirou escravos, destituídos e esquecidos e verem em Deus libertação, nunca algemas. 
Para ele, uma vida alicerçada em solidariedade, justiça, compaixão e bondade representava a chegada do reino de Deus.
Depois de uma tortura cruel o assassinaram na cruz. 
Lucas conta que houve trevas as três da tarde.
Escuridão súbita, que significava mais que um coincidente fenômeno da natureza.
A noite atípica foi sinal de que Deus não autenticava o que acontecia.
A escuridão foi metáfora.
Deus impediu que houvesse luz diante de tamanha sordidez.
O recado foi claro.
Deus nunca pactua com o perverso. 
Não aceito, portanto, a morte de crianças com fome.
Não maquio com teologia o descaso com que os indígenas foram tratados.
Já que abandonei a ideia de que Deus pilota as engrenagens da história a partir de em algum canto do universo ou desde alguma dimensão sobrenatural, repito: não existe morte necessária.
Não há uma glória futura que justifique a tortura de crianças.
O Deus calvinista que suja as mãos para conduzir a história não passa de um ídolo para mim. 
Não concilio a lógica de que Deus, numa espécie de loteria sádica, escolha premiar e maltratar os que quiser.
Não sei conviver com uma divindade discriminatória, que usa de critérios escondidos e inquestionáveis, e elege os seus.
Insisto: Deus não pactuou com os assassinos de Jesus. 
Deus se revolta contra qualquer maldade e interpela homens e mulheres a resisti-la.
O Deus que me inspira, sofre; o Deus que me anima, fez seu tabernáculo entre nós.
Seu nome é Compaixão.


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