sexta-feira, 1 de abril de 2011

Amnésia


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Estou em transe,
na busca distante,
do que não existe mais.
Seja um sopro de vida,
no consolo da morte,
na planície de Marte,
ou na paixão de Vénus.
No silêncio te escuto,
nas sombras do mundo,
ou nas frases,
que alguém já escreveu.
Sou eu,
que desenho o pecado,
e entrego beatificado,
em tuas mãos.
Sou eu,
que quebro a cabeça,
me atirando no abismo,
pra salvar teu coração.
Sou eu,
que engulo o choro,
disfarço o soluço,
e protejo teu nome.
Sou eu,
que arrasto meus pés,
apagando as pegadas,
sem saber mais,
quem tu és.
Sou eu,
que vejo TV,
mudo de canal,
mas sempre encontro você.
E onde me encontro?
Não sei,
Definitivamente talvez,
sem o labirinto de teus lábios,
a paz do teu abraço,
e a velhice ao teu lado.
Construimos nosso sonho,
e acordei chorando,
numa cama vazia,
com a indiferença de teus atos,
e uma lápide,
com meu nome.
Ainda me consome,
tua amnésia,
em disfarces nobres,
aparências refinadas,
num conto de fadas,
onde você vendeu sua alma.
Mas eu não tenho preço,
e reconheço,
que tudo está perdido.
Vou me entregar à loucura,
pra não lembrar sempre,
que tua forma mais pura,
se rende,
e não mais voltará.

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