sábado, 2 de outubro de 2021

Tempo de conversão

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Tempo de igreja e vivência espiritual não são, necessariamente, coisas que andam juntas.
Na verdade, pelo contrário, na maioria dos casos, encontro gente com muita quilometragem de igreja que não possui uma fé compatível com o que o escritor de Hebreus chama: “tempo decorrido da conversão”.
De fato, estou acostumado a lidar com gigantes profissionais e pigmeus espirituais, pessoas que não possuem o mínimo da consciência do Evangelho, gente sem densidade de vida, sem musculatura espiritual.
Olhando cuidadosamente, torna-se possível perceber que essa gente foi gerada numa fábrica de bonecos, onde lhes foi implantado na mente um chip doutrinal, um conjunto de regras de penitências físicas e uma porção de conteúdos mínimos, e via de regra incorretos, sobre as doutrinas básicas das Escrituras.
Existindo sob estas perspectivas, a vivência me mostra que o destino do sujeito se projeta para, ao menos, essas duas realidades.
A pessoa fica cínica, tendo a mente cauterizada e o coração espantoso,
e passa a ser um fariseus moderno, falando sem agir, escondendo medos e pulsões, vivendo um personagem.
A pessoa se torna um ser em profunda agonia de alma porque não consegue fazer funcionar a equação oferecida pela igreja, um indivíduo existindo em meio a uma fratura existencial.
Por um lado, quer fazer coisas boas,
mas pelo outro vê o monstro dentro de si requerer tudo o que possa satisfazer a carne.

quinta-feira, 30 de setembro de 2021

Um exemplo de liderança

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Independente do resultado das urnas,
o fim da Era Angela Merkel, na Alemanha, é um marco de 16 anos de crescimento econômico.
A chanceler deixa o poder entregando o país ainda mais rico e mais influente.
À frente da maior economia da Europa, Merkel começou sua trajetória cumprindo uma agenda de reformas para diminuir o tamanho do Estado sem diminuir a relevância do Estado.
Ela tinha consciência desse desafio graças às suas origens, na Alemanha Oriental.
Veio detrás da Cortina de Ferro, de regime comunista e de família luterana.
Conservadora de passado e de partido, Merkel sabia bem como era importante privatizar setores da economia sem desestatizar a essência da política.
Pegou o desemprego em 12 por cento e, já no ano seguinte, o derrubou para 9.
Conduziu a Alemanha por uma longa e duradoura temporada de estabilidade, prosperidade e desenvolvimento sustentável.
O resto é história, ora sob aplausos,
ora sob protestos, mas sempre com final feliz.
Querida no país como “A Mãe da Nação”, se tornou líder mundial defendendo a consolidação democrática.
Angela Merkel se despede do poder, deixando um legado valioso de moderação, conciliação e negociação.
Como ela mesma diz: para sucesso na política e na economia, “não desprezem o diálogo”.

domingo, 26 de setembro de 2021

Poema sobre o êxodo silencioso dos haitianos na América Latina

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O processo de deportação de migrantes haitianos da fronteira entre Estados Unidos e México, iniciado no último final de semana, está preocupando as Nações, uma vez que dois terços dessas pessoas são mulheres e crianças
O Haiti sofre com uma tripla tragédia envolvendo a pandemia de COVID-19, violência urbana e desastres naturais como o terremoto seguido por uma tempestade que atingiram o país no mês passado, intensificando a mais recente onda de imigração. 
Dois terços dos migrantes haitianos expulsos recentemente da fronteira entre Estados Unidos e México são mulheres e crianças incluindo recém-nascidos com necessidades específicas e imediatas.
O Haiti é o país mais pobre do hemisfério ocidental e há muito tempo é atormentado pela pobreza, tensão civil e instabilidade política e econômica.
Crianças e famílias estão sendo mandadas de volta sem a proteção adequada, elas estão se tornando ainda mais vulneráveis à violência, pobreza e deslocamento.
A Migração é um direito humano.
No entanto, as fronteiras são imaginárias, elas são uma demarcação de espaço criada a partir de conceitos humanos. 
Por isso, é impossível ver um povo sendo discriminado e expulso de um país, como acontece agora com os haitianos nos Estados Unidos, sem nos indignarmos. Devemos nos lembrar que nós somos descendentes de alguém que um dia também migrou. 
Mais ainda, a nós, não há como não nos solidarizarmos com os refugiados e imigrantes porque somos herdeiros de um povo migrante e de um Deus que se fez gente e foi refugiado no Egito.
Por isso é imoral que determinado povo seja excluído e discriminado.
Haitianos vivem entre a pobreza, o terror e as catástrofes.
Agora são vítimas de deportações em massa. 
É a trajetória de um povo violentamente castigado, que também tem seus sonhos roubados. 
São estrangeiros que ninguém acolhem.

quinta-feira, 23 de setembro de 2021

Poema sobre a Pós-verdade .

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A Pós-verdade é um sentido de palavras já existentes na língua que pode ser resumido como a ideia de que algo que aparenta ser verdade é mais importante que a própria verdade.
A busca pela verdade verdadeira é relegada a um segundo plano.
Tal interpretação do sentido das palavras da realidade ganhou ainda mais expressão em teorias da discórdia e percepção.
Conceitos clássicos consagrados acerca da verdade, da informação e do domínio dos fatos agora são ressignificados.
O pensamento cartesiano representado pela frase “penso, logo existo” foi substituído por “acredito, logo estou certo”.
No fundo, pós-verdade é apenas uma palavra politicamente correta para a nossa velha e conhecida mentira.
É a mentira abrindo mão da pretensão de ser considerada verdade para ter apenas a aparência da verdade.
Afinal, na Era em que vivemos, aparência é tudo.
Entre uma verdade que pareça mentira e uma mentira que pareça verdade, a gente sempre prefere a segunda.
A mentira tem muitos ardis para conquistar adeptos, inclusive usar a verdade como trampolim.
Destruir a credibilidade do outro para que ninguém o procure para ouvi-lo, e, assim, sua versão prevaleça.
Este é um ardil muito usado por quem teme ser pego na mentira.
E quando funciona, faz com que a mentira espalhada pareça ter tamanha consistência que sua durabilidade se estenda indefinidamente.
Uma mentira que já poderia ter sido desmascarada, segue sua carreira enganando cada vez mais pessoas.
Tudo por conta deste ardil criminoso que vacina as pessoas contra a outra parte.
Há pessoas que são tão ardilosas que são capazes de convencer às outras de que viram o que não viram, ou de que não viram o que viram.
Se disserem que algo é azul, sendo este vermelho, falam com tanta convicção que o outro acaba por admitir que são os seus próprios sentidos que o estão enganando.
Nem todo suborno é feito com dinheiro.
Há chantagens emocionais que interferem em nossa percepção dos fatos.
Como não acreditar em uma mentira dita com lágrimas nos olhos?.
Uma gota de verdade diluída numa caixa d’água de mentiras é o antídoto perfeito para nos vacinar contra a verdade.
Se pudéssemos prever o estrago a médio e longo prazo que uma mentira pode causar, jamais nos permitiríamos divulga-la, mesmo que isso nos rendesse algum benefício momentâneo.
Há, em geral, dois caminhos adotados pela mentira para barrar uma verdade que precisa ser espalhada.
O primeiro deles é tentar descredibilizar o portador da verdade.
Atenta-se contra a sua honra.
Procura-se desmoralizá-lo a qualquer preço, de modo que todos se recusem a ouvi-lo. 
O segundo caminho adotado pela mentira é atacar a verdade em si, e não o seu portador.
Alguns são capazes até de afirmar que anuncia tais verdades, mas aplicam golpes furiosos contra as suas ideias.
Espero encontrar poucas pessoas que não se venderam, nem se renderam aos ardis dos que se arrogam formadores de opinião e detentores do copyright da verdade.

segunda-feira, 20 de setembro de 2021

Poema sobre os preconceitos no mercado de trabalho

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No Brasil temos uma cultura de que as coisas só mudam quando somos obrigados a pagar algum tipo de multa.
Nosso povo ainda não aprendeu que a verdade, a transparência, a correção,
a honestidade, o serviço justo, são valores que fazem toda a diferença numa sociedade minimamente civilizada.
Mas quando essa sociedade toma consciência de que ela tem o poder de ser moderadora desses valores, que ela pode exigir que políticos e políticas sejam demandados para que o que é certo seja feito, então as coisas começam a mudar.
Não precisa depredar lojas, uma barbárie não pode ser compensada com outra,
há mecanismos na democracia capazes de punir pessoas e empresas pelo mal cometido, além da própria lei civil e do código penal, a lei do mercado, que impõe sansões àqueles que prestam um ato de deslealdade, um serviço mal prestado, um desserviço à população.
Quando as empresas perceberem que sua marca não pode estar associada a racismo, homofobia, machismo, idade, local de moradia, raça ou etnia, estilo e condição social, peso, faculdade que frequentaram, gênero, religião ou crença e toda e qualquer ideologia que vulnere  direitos sociais, elas vão se reposicionar, a perda com a associação da marca a uma dessas questões é muito maior do que a implantação de práticas e programas que reforcem os valores que a sociedade deseja que sejam observados.
Nós temos os mecanismos para mudar o jogo, só precisamos saber usá-los.

domingo, 19 de setembro de 2021

Poema sobre o perdão

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Perdoar pra se sentir bem, não é perdoar.
Só é perdão, quando o perdão visa livrar o outro do peso da culpa.
Perdoe por misericórdia, não por amor próprio.
Deus não nos perdoou pra se sentir bem, ele nos perdoou por amor,
e trouxe plena reconciliação.
O ato de perdoar, muitas vezes é trajado de superioridade sobre o outro.
Nossa maldade é sutil, pode estar escondida nos gestos mais piedosos.
A prática do perdão sem amor pode ser uma forma de se apoderar do outro.
Uma maneira de ter o ofensor em nossas mãos.
Perdoar significa um estado de paz sempre que nos lembramos dela,
falarem dela ou, eventualmente, se trocarmos olhares com ela.
Existe pessoas que  afirmam que perdoa também cansa!.
No entanto, pergunte a Deus se ele cansou de lhe perdoar?.
Você acha que Ele se tornou vingativo e intolerante?.
Perdoar não nos faz fraco ou covarde,
Mas nos faz forte, nos faz livre e tolerantes.
A vingança só dura um instante, e o perdão dura uma eternidade.
Por isso o perdão é a chave que liberta quem errou, só nos basta uma gota de bondade.
Há redenção desde a fundação do mundo, para todo sempre!.

sábado, 18 de setembro de 2021

Além do bem e do mal

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Em nenhum outro momento da história humana a sociedade esteve tão doente quanto em nosso tempo e, paradoxalmente, em nenhuma outra situação se teve tanta medicina, tantos medicamentos e tanta tecnologia para melhora a existência das pessoas.
O que está acontecendo, então?.
Por que não evoluímos nesse sentido?.
Levamos o homem a Lua, mas não conseguimos levá-lo a fazer a viagem para dentro de si mesmo,
fundimos o átomo, mas não conseguimos romper com os mecanismos que produzem miséria e fome, criamos supercomputadores e inteligência artificial, mas estamos, de forma estúpida, destruindo o ecossistema que mantém o planeta vivo.
Tenho sido testemunha de que a sociedade contemporânea é uma terra devastada, um lugar de ruínas emocionais, de gente dilaceradas de alma, de anoréxicos de consciência e coração.
Adolescentes estão se suicidando, mulheres se sentem esmagadas em meio a rotinas de trabalho profissionais que atuam em situações extremas, como médicos, policiais e motoristas, sofrem corriqueiramente com síndromes, crianças estão tendo crises de pânicos nas favelas.
Os males sociais não têm preconceito, nem de classe, nem de cor, não exclui religiosos ou ateus, ricos ou pobres, todos estão sendo molestados por pulsões de morte, visitados por angústias e medo, tornamo-nos a sociedade da pílula, precisamos de algo que amorteça a realidade para podermos por o pé do lado de fora do apartamento de tal forma a encarar a rotina perversa dos dias.

 

sexta-feira, 17 de setembro de 2021

Memórias póstumas

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No Brasil de hoje, não há espaço para os meios termos.
Radicalizar é preciso, quanto mais duro melhor, quanto mais doido, mais sóbrio parecerá a vista de muitos.
Estamos vivendo no tempo dos excessos, das polarizações, não há mediação de nada, melhor tocar fogo e torcer para que exploda.
A Terra seria herdada pelos mansos e pacificadores, mas a lógica humana apregoa que conquistadores nunca levantam bandeiras de paz,
eles fazem do ódio sua arma e respiram ameaças e truculências.
A maldade explícita tornou-se artigo de luxo, é desejada por parte da sociedade que elegeu para si estravagantes para se expressar, gente de osso sem carne ou coração, revestidos com a pele do desamor, vociferam mentiras sinceras.
Bem da verdade, estamos na boca do lixo, somos o resultado último do entulho de sonhos frustrados, bebemos com sofreguidão o esgoto que sai da boca de políticos perversos e comemos na mesa da calamidade planos traçados com requintes de crueldade.
O Brasil está entregue a si mesmo, nossos heróis são fantasmas do passado, soterrados em memórias póstumas, não há vozes nas ruas,
nem consciência nas mentes, emudeceram os que poderiam nos dizer algo, ou trazer esperança para olhos cansados, calou-se a sensatez,
o trágico está no comando da tripulação e o lúgubre agora é agudeza de espírito.

quarta-feira, 15 de setembro de 2021

Poema sobre a crise hídrica

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A crise ou a escassez não é um problema apenas de 2021.
É também um risco para 2022 e 2023.
Um risco que exige atenções e preocupações não só do Ministério das Minas e Energia.
Se cabe aos técnicos tomarem as medidas necessárias para tentar restabelecer a normalidade,
cabe aos brasileiros tomarem as atitudes certas para mudar hábitos que causam desperdícios.
Claro que os usuários não são culpados pela falta de chuva, nem responsáveis pela gestão do sistema elétrico.
Porém, infelizmente, não é mais essa a questão.
A questão é que nem os governos,
nem os consumidores não aprenderam nada na outra crise, aquela do apagão de 20 anos atrás.
A questão é novamente de educação financeira, ou seja, saber usar as coisas, o dinheiro, o planeta, com inteligência.
A questão hoje, e sempre, é o uso racional da água e da energia independente da tarifa extra de 14 reais na conta de luz.
Enfim, chegamos a um ponto em que a racionalidade será fundamental para evitar o racionamento.
Trata-se agora da racionalidade de cada um contra o racionamento para todos.

sábado, 11 de setembro de 2021

Poema sobre o dinheiro do Brasil

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Quando o assunto for a análise política da atual conjuntura do Brasil.
Os donos do dinheiro estão pensando o quê?.
Os banqueiros, os industriais e os fazendeiros querem o quê?.
Como o agronegócio tem se comportado?.
A REPÚBLICA nunca foi pública, nunca foi a coisa do povo, nunca foi o governo do povo e para o povo, ela é o maior de todos os empreendimentos privados e como todo bom empreendimento, ela tem que gerar lucros para os seus donos.
Eu sei que existem muitos que temem a força e o poder das armas, é algo que nunca e em hipótese alguma devemos desconsiderar, mas antes das armas, pelo menos nos negócios da República, vem o dinheiro e é o capital quem determina os rumos da empresa chamada Brasil.
Já se perguntou quem são os parceiros comerciais do Brasil e como eles estão vendo as coisas?.
Já se perguntou se quem ganha muito dinheiro com a estrutura posta, está disposto a mudar o rumo das coisas?. Então, faça algumas perguntas a si e busque pesquisar sobre os donos da República, veja para onde eles estão inclinados.
Ampliar o raio de visão e análise os fatos.

sexta-feira, 10 de setembro de 2021

Poema sobre as manifestações

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Dentre todas as imagens divulgadas nas redes, uma em especial me chamou a atenção.
Uma pessoa em situação de rua dormia a relento enquanto os manifestantes vestidos de verde a amarelo passavam alheios ao seu estado de miséria e fome.
Sacerdotes e levitas seguiam em sua marcha, robotizados e anestesiados como zumbis que incessantemente repetiam: “Vai ser gigante”, enquanto toda uma população de miseráveis cresce assustadoramente em sua marcha silenciosa pelas ruas dos grandes centros urbanos.  
A única razão pelas qual as manifestações foram gigantes se deve ao empenho colossal da igreja evangélica e de seus líderes.
Ninguém ali está preocupado com a fome, com a supressão de direitos,
com as pautas sociais emergenciais, com a falta de vacina, com a corrupção.
Vergonhosamente, pastores chegaram a posar para fotos ao lado do Queiroz. 
A multidão sem máscara, lixando-se para a ameaça da variante Delta, num surto coletivo, gritava o nome de seu mito, como se estivesse diante do próprio Messias. 
Bolsonaro, sem se dar por rogado, assumiu para si a condição de divindade ao se arrogar detentor de atributos divinos como a onipresença.
Nenhum dos pastores que lotavam o palanque ao seu lado sequer sentiu vergonha ante as ameaças proferidas contra a democracia, acompanhadas de versos bíblicos descontextualizados disparados a esmo. 

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