sexta-feira, 17 de setembro de 2021

Memórias póstumas

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No Brasil de hoje, não há espaço para os meios termos.
Radicalizar é preciso, quanto mais duro melhor, quanto mais doido, mais sóbrio parecerá a vista de muitos.
Estamos vivendo no tempo dos excessos, das polarizações, não há mediação de nada, melhor tocar fogo e torcer para que exploda.
A Terra seria herdada pelos mansos e pacificadores, mas a lógica humana apregoa que conquistadores nunca levantam bandeiras de paz,
eles fazem do ódio sua arma e respiram ameaças e truculências.
A maldade explícita tornou-se artigo de luxo, é desejada por parte da sociedade que elegeu para si estravagantes para se expressar, gente de osso sem carne ou coração, revestidos com a pele do desamor, vociferam mentiras sinceras.
Bem da verdade, estamos na boca do lixo, somos o resultado último do entulho de sonhos frustrados, bebemos com sofreguidão o esgoto que sai da boca de políticos perversos e comemos na mesa da calamidade planos traçados com requintes de crueldade.
O Brasil está entregue a si mesmo, nossos heróis são fantasmas do passado, soterrados em memórias póstumas, não há vozes nas ruas,
nem consciência nas mentes, emudeceram os que poderiam nos dizer algo, ou trazer esperança para olhos cansados, calou-se a sensatez,
o trágico está no comando da tripulação e o lúgubre agora é agudeza de espírito.

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