sexta-feira, 15 de outubro de 2021

Poema sobre o velho odre da religião

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Em muito pouco tempo, a inteligência artificial será capaz de produzir mensagens extraordinárias, você comprará um software e o instalará em um dispositivo qualquer e ele lhe dará mensagens temáticas ou expositivas, com referências cruzadas, no grego,
no hebraico, introdução, conclusão, tópicos.
Mas só tem uma coisa que a inteligência artificial será incapaz de fazer: colocar o Espírito do Evangelho no texto.
Mesmo com toda sua capacidade,
o produto final ainda será letra morta e vazia, irretocável na arquitetura,
mas empobrecida do poder do qual será vinho, mas sem mosto e ainda estará no velho odre da religião.
E por que digo isso?.
Porque não foram os teólogos de Jerusalém que disseram a Herodes do nascimento de Jesus, mas os sábios do Oriente, porque não foram os escribas do templo que discerniram a Jesus,
mas a velha profetiza Ana, esquecida e desprezada, porque não foram os membros do Sinédrio que entenderam a mensagem do Reino, mas os pescadores da Galileia, porque não foi um doutor da Lei Nicodemos que compreendeu o que era nascer de novo, mas os pequeninos.
A mensagem do Evangelho não carrega sabedoria humana, por isso a máquina não poderá reproduzi-la, é um tesouro em vasos de barro, só se discerne espiritualmente, por isso essa geração está como está, cercada de mestres tocando flautas nas ruas, mas cega do discernimento do amor, da verdade e da justiça.


quinta-feira, 14 de outubro de 2021

Resumo da série Round

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Imagine que você esteja devendo até o último fio de cabelo sem a menor condição de pagar.
De repente, alguém lhe convida a participar de um jogo em que o prêmio não apenas pagaria sua dívida, mas lhe tornaria uma pessoa rica.
O que você faria?.
Pois este é, basicamente o argumento de Round 6, série sul-coreana original da Netflix.
Tudo começa com uma abordagem numa estação de metrô.
Um desconhecido lhe propõe um jogo aparentemente inofensivo.
Você tem que escolher entre dois pequenos envelopes, um de cor azul, outro vermelho.
Depois, como num jogo de bafo, ambos jogam suas cartas-envelopes na ansiedade de virá-las.
Quando você ganha, o desconhecido lhe dá uma quantia em dinheiro.
Mas quando perde, você recebe uma tapa do rosto.
No início, você se mostra relutante.
Afinal, quem quer se esbofeteado?.
Mas depois, você conclui que vale a pena, visto que está endividado, e qualquer prêmio em dinheiro lhe ajudaria.
O que você não sabe é que aquele estranho bem vestido é um recrutador, e que você está passando por uma triagem para participar de algo muito mais violento, porém, promissor.
Com sua curiosidade instigada, você aceita participar do desafio.
Ao chegar em uma ilha misteriosa para a qual você é levado inconsciente, você se depara com centenas de pessoas que passaram pelo mesmo processo, e que, à sua semelhança, estão desesperadas com suas dívidas.
O ambiente é lúdico, cheio de cores, nada ameaçador; e os jogos são inspirados em clássicas brincadeiras infantis.
Porém, somente depois de aceitarem participar, você e os demais são informados de que os perdedores não sairão vivos.
A partir daí, o que deveria ser um jogo motivado exclusivamente pela ganância, passa a ser também motivado pelo instinto de sobrevivência.  
A cada pessoa que morre, o pote de dinheiro, um cofre transparente gigante em forma de porco, vai enchendo mais e mais.
O valor total do prêmio é de bilhões, equivalente a mais de 200 milhões de reais. 
Inicialmente, a única coisa assustadora são as pessoas vestidas com um uniforme rosa choque que trazem em suas máscaras formas geométricas.
Os que trazem o círculo são os operários que trabalham na organização das tarefas.
Os que trazem os triângulos são os soldados responsáveis por manter a ordem e executar os perdedores.
Os que trazem o quadrado são os supervisores.
Há ainda uma figura mascarada misteriosa que controla tudo dos bastidores.
Além dos chamados VIP’s que só surgem nos últimos episódios, com máscaras luxuosas, que assistem de camarote o desfecho dos jogos, apostando alto nos jogadores de sua preferência. 
As cenas são horripilantes.
Alguns acusam a série de estimular a violência e de conter gatilhos perigosos para quem tem pensamentos suicidas.
De fato, a série não deveria ser vista por quem tem a mente fraca, muito menos por crianças ou adolescentes.
Mas isso não tira da série os seus méritos, provocando-nos reflexões sobre a ambiguidade da natureza humana e sua condição existencial.  
Não há mocinhos ou bandidos.
Todos são capazes de atitudes louváveis ou reprováveis.
Nem mesmo o personagem que poderíamos considerar como protagonista da trama escapa a isso.
Em nome da sobrevivência, ele é capaz de trapacear. 
Eu diria que a série é um tapa na cara de quem se arroga um poço de virtudes.
Ela expõe de maneira explícita as bases sobre as quais a sociedade capitalista está alicerçada.
Pergunto-me que papéis estariam sendo representados pelos homens uniformizados.
Quem são os operários que garantem a manutenção do sistema?.
Quem são os soldados responsáveis pela manutenção da ordem?.
Quem são os supervisores?.
Qual tem sido o seu papel no jogo?.
Seríamos os operários que trabalham para lubrificar as engrenagens da máquina social?.
O sistema nos uniformizou.
Roubou-nos a identidade.
Transformou-nos em meros prontuários.
Nossas mortes não passam de baixas.
Nossa dor e sofrimento viraram espetáculo para quem assiste divertindo-se às nossas custas. 
Enquanto isso, as pessoas almejam chegar em novos patamares nesta pirâmide, deixando de ser operários para ser soldados. 
Nosso discurso só faz estimular a ganância, sem perceber o quanto isso alimenta o monstro prestes a nos devorar. 
Qualquer expediente é válido, desde que alimente a esperança do prêmio.
Porém o custo é altíssimo.
Custa a vida de quem amamos.
Custa a nossa própria existência. 
Quantos ainda terão que morrer para que um projeto de poder avance em sua vontade genocida?.
Que efeitos colaterais estamos dispostos a enfrentar para que cheguemos ao topo da pirâmide?.
Engana-se quem pensa que somos VIP's.
Somos meros peões neste tabuleiro cheio de bispos, reis e rainhas.
Alguém precisa emperrar esta máquina mortífera antes que seja tarde demais.
O que leva pessoas a arriscarem tudo por dinheiro?.
Quais os valores da vida?.
O que seria, de fato, felicidade?.
Como controlar as pessoas por meio da ambição delas?.
Se é verdade que o mundo é frágil, ansioso e incompreensível, está obra, com certeza, oferecem uma chance de esboçar  uma narrativa em meio ao caos atual.
Estaríamos todos vivendo o jogo coreano de Round 6?.

quarta-feira, 13 de outubro de 2021

Poema sobre a crise existencial da vida

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O seu jeito de viver é melhor do que o dos outros, a sua ideologia política é a melhor, a sua religião é a correta, os seus valores são os certos, as suas crenças são as verdadeiras, será mesmo?.
Baseado em que?.
No que alguém disse?.
No que você recebeu como herança familiar?.
No que está escrito em um livro sagrado.
No que você sente e seu sentimento é infalível?.
Como você pode dizer que sua apropriação é superior a apropriação de todos os demais?.
Precisamos refletir sobre os tempos onde a inversão de valores,
o egocentrismo,
o respeito e a questão do certo e errado diante da sociedade, a qual o indivíduo vive, estão em conflitos.
Estamos vivendo uma crise existencial da vida, onde pressupusemos uma sensação de perda do sentido e o constante questionamento sobre a própria existência.
Essa sensação nos traz uma enorme angústia, que pode até desencadear ansiedade e atrapalhar o convívio social.
Uns querem ser vistos pelo que possuem, outros não cobiçam conquistar seus objetivos e sim subtrair de quem lutou para conseguir o que possue.
Principalmente a juventude, mas não somente, vive em função dos outros e não se si mesmo, vivem uma luta constante pela felicidade, que está por vezes a seu lado.
Ostentam coisas sem o real valor.
Não respeitam limites éticos e morais da sociedade ondem vivem. 
Quem são os culpados?.
Difícil definir com certeza!.
Mas tem influência direta, no meu ponto de vista, que se deve a falta de orientação dos pais, de uma educação religiosa seja qual for, de uma educação de qualidade e sim, em muitos casos, da formação de caráter, onde voltamos a questão aos pais ausentes que, para compensar as faltas, dão presentes físicos e esquecem do carinho, amor, orientação e atenção.

terça-feira, 12 de outubro de 2021

Qualquer coisa que te sirva

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As pessoas mais interessantes que eu conheci na minha vida eram pessoas viciada em viver o agora, que esquece a ofensa com facilidade e descarta perdas inesperada com resignação.
Pessoas assim colhem o melhor da vida, são sensíveis a detalhes, a cores, a cheiros, a momentos, não represam abraços, não economizam elogios, tiram tudo que possuem do tesouro do coração e lançam como semeadura no chão da vida.
Eles não gostam de coisas arrumadas, prescrições, deixam o rio fluir,
vão tecendo as roupas enquanto caminham, não são apegados a coisas, não fazem muita conta, não guardam o que não tem proveito, abrem sorrisos com facilidade e choram à toa com coisas banais.
Mas eu também encontrei um outro grupo de indivíduos que são objetivas, concentradas, sempre de olho na concorrência, na oportunidade, no resultado.
Esses são os calculistas, o que fazem previsões, os que se preocupam com o futuro, com as comodidades, com o celeiro cheio de coisas, ainda que vazia esteja a alma.
Gente que não pensa muito, apenas faz,
é meio-humano-meio-máquina, agenda na mão, celular ligado, redes sociais atualizadas, estão conectados até mesmo enquanto dormem.
Percebi que pessoas assim quase sempre prosperam, alcançam posições, aparecem bem acompanhados em postagens sociais, vivem com os confortos que a tecnologia pode oferecer e com as seguranças que uma conta corrente pode prover, são filhos do pragmatismo, da razão, descartam aquilo que enrugou pelo uso e já se laçam a novas conquistas, novos resultados.
Se você me perguntar o que é melhor, seja lá o que for, terei grande dificuldade em lhe dizer, porque a experiência de viver é única, e cada um fará o seu próprio caminho debaixo do sol, as vezes eu sei o que é melhor para mim, mas tenho receios em dizer o que é melhor para você.
Então, o que tenho a lhe falar é que você seja o que for que venhas a escolher,
que seja seu, que seja inteiro, que seja verdade e que te faça bem.

domingo, 10 de outubro de 2021

Contágio

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O Brasil ultrapassou a marca de 600 mil mortos por Covid.
Meus mais sinceros sentimentos a todos que perderam entes queridos.
A este número tão triste se somam perdas e econômicas também enormes.
Somando-se a queda do PIB, os efeitos negativos  do aumento do endividamento, os custos com saúde e a perda de produção por sequelas e falecimentos, estima-se que as perdas econômicas cheguem a equivalentes a mais da metade do que se produz no país anualmente.
Triste saber que um gerenciamento mais competente desta crise poderia ter reduzido muito tanto as perdas humanas quanto econômicas desta tragédia.
Mortes e perdas econômicas eram inevitáveis, mas não nestas proporções.
O Brasil tem menos de 3% da população global, mas teve 13% das mortes causadas pela doença até aqui.
A boa notícia em meio a algo tão triste é que, com a aceleração do ritmo da vacinação, as mortes pela doença despencaram para o menor ritmo em 11 meses e continuam em queda.
Com isso, a reabertura da economia vem se acelerando.
Tomara que o percentual de brasileiros que opte por não se vacinar seja baixo para que esta trajetória não seja revertida e a saúde de todos e da economia seja preservada.
Caso contrário, podemos ainda ver uma nova aceleração dos números da pandemia e sermos forçados, mais uma vez, a paralizar a economia, como já aconteceu em Israel e em regiões dos EUA onde muitos não quiseram tomar a vacina, principalmente se não exigirmos um passaporte de vacinação para atividades com grandes aglomerações.

sábado, 9 de outubro de 2021

Poema sobre a energia solar

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Existe um outro custo-benefício, outro custo de oportunidade, que pode ser aproveitado.
Trata-se da energia solar, essa é 10 vezes mais barata do que as tradicionais.
As duas matrizes devem ser incentivadas e instaladas por pequenos, médios e grandes consumidores.
Gigantes como a Shell já estão investindo nessa direção.
São energias mais seguras e sustentáveis, mesmo não sendo estáveis; ou seja, mesmo que nem todo dia seja dia de ventos ou de raios solares.
Não cabe mais o Brasil continuar dependendo de caríssimas hidrelétricas e termelétricas, que representam acima de 80 por cento da geração no país.
Menos mal que, em 2020, a energia solar já respondeu por quase 35 por cento da capacidade adicionada ao sistema elétrico.
Muito bom que, em 2021, a energia solar também siga avançando, custando cada vez menos, se tornando aliada na conta de luz e na carteira de dinheiro.
Em outras palavras, vale lembrar aquele comercial dos tempos da boa e velha Rádio Relógio: Depois do sol, quem ilumina o seu lar é… a energia solar.

sexta-feira, 8 de outubro de 2021

Eu fico com a pureza da resposta das crianças

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Recriançar-se é voltar a enxergar o mundo como uma imensa área de recreação.
Tudo passa a ser ressignificado.
Criança brinca.
Adulto trabalha.
Ambos transpiram com o que fazem.
A diferença é que o que a criança faz é meramente por prazer, enquanto o adulto encara o trabalho geralmente como dever.
É a busca pela criança que se perdeu dentro de si que faz com que o adulto se entregue a uma busca desenfreada por prazer, seja pelo uso de entorpecentes, pela prática sexual, pelo jogo, e até pelo trabalho quando se torna vício. 
Para o adulto, o mundo perdeu sua magia.
As cores que tingem a vida se desbotaram.
Aos poucos, a vida vai se tornando num tédio insuportável.
Ele já nem lembra qual foi a última vez em que fez algo pela primeira vez.
Para a criança, tudo é novo, tudo é descoberta.
Recriançar-se, portanto, é redescobrir o aspecto lúdico da vida.
É romper com a rotina, surpreendendo a retina.
É permitir que as coisas simples do cotidiano se revistam de um significado extraordinário.
Quando um adulto redescobre o prazer de ser criança, o trabalho se torna numa grande brincadeira.
Não que perca a seriedade, mas deixa de ser visto como castigo.
O processo passa a ter mais importância do que o resultado.
A satisfação independe da gratificação econômica, que passa a ser visto apenas como um reforço positivo. 
Até o sexo recobra sua natureza lúdica.
A pressão se dissolve.
O intercurso sexual é como brincar numa gangorra, onde os parceiros se alternam para dar e receber prazer reciprocamente.
Ou como brincar de balanço, desejando impulsionar seu parceiro a alcançar as alturas.
Portanto, recriançar-se não é tornar-se inconsequente, ingênuo, sem noção do perigo que nos rodeia.
Somos crianças que cresceram, que entendem os mecanismos deste mundo.
Todavia, quando baixamos o programa da maturidade, nosso antivírus identificou um programa malicioso, e o colocou de quarentena.
Um dia ele será totalmente erradicado. 
É a malícia que trava nossa máquina, deixando nosso sistema inoperante.
Submeter-se à sua nefasta influência equivale a sabotar a própria existência.
Desprovidos de malícia, a vida recobra seu encantamento original. 
Lamentavelmente, a maioria parece adotar uma visão de mundo inversa.
Tornamo-nos adultos na malícia, e crianções no entendimento.
Jesus disse que se não voltarmos a ser crianças, experimentando o que ele chama de “nascer de novo”, não estaremos habilitados nem a ver, tampouco a entrar no reino de Deus. 
Adultos são sempre barrados no baile do reino.
A senha que libera sua entrada é o novo nascimento, que nada mais é do que recriançar-se.
A partir daí, qualquer programa roda com leveza e a vida passa a fluir naturalmente. 

quinta-feira, 7 de outubro de 2021

A Tua Graça me basta

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A graça pressupõe nossa total inabilidade de alcançar a perfeição.
Não há como abraçar a graciosa disposição divina em nos receber como filhos sem que admitamos quão frágeis e errantes somos.
A graça só basta para quem não se basta.
A graça só banca quem reconhece sua bancarrota.
A graça só cobre quem não encobre de ninguém a sua humanidade.
A graça só encontra liga em nossa fraqueza. 
Enquanto insistirmos numa espiritualidade performática,
não experimentaremos o real sentido da Graça.
Enquanto não nos dispusermos a estendê-la aos demais, sem “poréns”, nem cláusulas ocultas,
não a conheceremos em sua radicalidade e visceralidade. 
Graça que é graça não recorre a expedientes moralistas.
Graça que é graça não sabota a existência de ninguém.
Mesmo quando o que julgávamos que fossem nossos mais louváveis acertos se revelam como nossos mais trágicos erros, a graça não nos abandona. 
Apesar de não nos remover os espinhos alojados em nossa carne, a graça nos capacita a suporta-los com resiliência.
Sem a graça nossa existência seria insuportável.

quarta-feira, 6 de outubro de 2021

Poema sobre o apagão das redes sociais

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Ficou claro que a vida sem as redes sociais é praticamente inviável mas não impossível.
Impossível mesmo é a vida sem água, sem energia elétrica e sem o meio ambiente preservado.
Por isso, diante do choque de não ter os meios, os canais e as mensagens por algumas horas, pode-se imaginar o impacto de não ter produtos,
serviços ou condições essenciais por alguns meses.
Não dá pra gente prever a pane digital que vai nos fazer recuar aos tempos da Internet discada.
No entanto, cabe a gente tomar as atitudes certas para mudar hábitos que causam desperdícios.
Essa é a reflexão que vale a pena ouvir de novo já tendo sido sugerida aqui.
O apagão das redes nos convida ou nos convoca a saber usar com inteligência as coisas, o dinheiro e o planeta.
No Brasil, a questão hoje, e sempre,
é o uso racional da água e da energia.
Isso porque chegamos a um ponto em que a racionalidade é fundamental para evitar o racionamento.
A propósito: as bolsas caíram, mas no caso da nossa Bovespa, queda de 2,2 por cento, a culpa não foi só das redes sociais, foi também das contas fiscais.

terça-feira, 5 de outubro de 2021

4 de Outubro de 2021

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Na primeira semana de outubro,
por algumas horas as redes sociais pararam de funcionar.
As tribos não conseguiram mandar seus sinais de fumaça.
As pessoas não mandaram áudios de comunicações.
Vídeos não carregavam no grupo da família do WhatsApp.
As conversações não foram resolvidas via WI-FI.
Os links e dislikes não foram possível usar durante algumas horas. 
Negócios não foram fechados,
fotos e emojis não chegaram,
memes não voaram nas nuvens e tudo estava imerso em uma nova perspectiva.
Por algumas horas, pessoas se distanciaram do Facebook e do Instagram para aproxima-se do amigo e do cônjuge.
Houve casos de pessoas conversando entre si e olhando aquele  por-do-sol do dia atípico sem postagens,
alguns pela primeira vez.
Houve relatos de pessoas sem dores de cabeça, vista cansadas, pálpebras desgastadas.
Há notícias de melhoria da saúde mental e um novo equilíbrio.
Houve pessoas sorrindo pessoalmente sem usar carinhas de risos, de choro ou de raiva.
Naquela tarde estranha, a dependência revelou-se forte e o poder concedido a meia dúzia de pessoas foi desnudado.
Fala-se de encontros reais, olhares de verdade e, até,  do surgimento de novas amizades concretas.
Foi um estranho dia de outubro no qual, tendo quebrado sua rotina-prisão,
as pessoas começaram a perceber uma humanidade possível com carne, osso e alma.
No dia seguinte, as redes voltaram a funcionar.
No fundo da consciência de cada uma e de cada um restou a memória daquela tarde atípica.
“E se a vida voltasse a ser real?”, perguntaram pessoas variadas.
A resposta era incerta pois o problema tinha sido resolvido e ninguém mais tinha problemas...
Bom dia mundo normal!.

sábado, 2 de outubro de 2021

Tempo de conversão

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Tempo de igreja e vivência espiritual não são, necessariamente, coisas que andam juntas.
Na verdade, pelo contrário, na maioria dos casos, encontro gente com muita quilometragem de igreja que não possui uma fé compatível com o que o escritor de Hebreus chama: “tempo decorrido da conversão”.
De fato, estou acostumado a lidar com gigantes profissionais e pigmeus espirituais, pessoas que não possuem o mínimo da consciência do Evangelho, gente sem densidade de vida, sem musculatura espiritual.
Olhando cuidadosamente, torna-se possível perceber que essa gente foi gerada numa fábrica de bonecos, onde lhes foi implantado na mente um chip doutrinal, um conjunto de regras de penitências físicas e uma porção de conteúdos mínimos, e via de regra incorretos, sobre as doutrinas básicas das Escrituras.
Existindo sob estas perspectivas, a vivência me mostra que o destino do sujeito se projeta para, ao menos, essas duas realidades.
A pessoa fica cínica, tendo a mente cauterizada e o coração espantoso,
e passa a ser um fariseus moderno, falando sem agir, escondendo medos e pulsões, vivendo um personagem.
A pessoa se torna um ser em profunda agonia de alma porque não consegue fazer funcionar a equação oferecida pela igreja, um indivíduo existindo em meio a uma fratura existencial.
Por um lado, quer fazer coisas boas,
mas pelo outro vê o monstro dentro de si requerer tudo o que possa satisfazer a carne.

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