sábado, 4 de dezembro de 2021

Poema sobre Maria na ótica protestante

.




Será complicado para um discípulo entender a devoção mariana.
E a coisa se complica ainda mais ao deparar-se com a multiplicidade de Marias.
Afinal, quantas mães teve Jesus?.
No México, ela aparece com feições indígenas a um índio asteca,
sendo chamada de “Nossa Senhora de Guadalupe”.
No Brasil, sua imagem com feições negras é encontrada por pescadores e recebe o nome de “Nossa Senhora da Conceição Aparecida”.
Em Portugal, ela surge como “Nossa Senhora de Fátima”, cuja aparição teria sido testemunhada por três crianças.
Em nenhum dos casos, ela foi vista por sacerdotes ou nobres.
Sem entrar no mérito dogmático, percebo uma busca que julgo autêntica por uma fé engajada e radicada no contexto cultural em que emerge.
Essas múltiplas facetas de Maria visa atender ao anseio de rebelar-se contra os padrões vigentes.
Uma Maria negra desafia o flagrante racismo de uma era escravagista.
Uma Maria indígena confronta os vergonhosos interesses dos conquistadores espanhóis.
Não preciso endossar uma devoção popular para compreendê-la enquanto fenômeno social e psicológico.
As diversas aparições místicas podem ser vistas como projeções do inconsciente coletivo; o que, diga-se de passagem, não diminui em nada a sua importância.
Mas de onde o inconsciente coletivo buscou material para dar a Maria as características que lhe são atribuídas?.
Por que surge negra no Brasil e índia no México?.
Ao longo dos séculos, o inconsciente coletivo foi acumulando informações via tradição, bem como anseios e fantasias que, ao se mesclarem, produziram as múltiplas Marias, além de uma considerável diversidade de Cristos: Nosso Senhor do Bonfim, Nosso Senhor dos Passos, etc.
Assim como em Israel, Deus era chamado de Iavé Jireh, Iavé Shamá, Iavé Tsedikenu, etc.
Obviamente, há um único Cristo, que por Sua vez, nasceu de uma única e bendita virgem.
A tradição protestante não endossa qualquer devoção que não seja dirigida exclusivamente ao Deus.
Todavia, como profetizou o anjo que a visitou, Maria deveria ser honrada por todas as gerações.
Não faz sentido adorar ao Filho, negando-se a honrar à Sua bem-aventurada Mãe.
E a melhor maneira de honrá-la é submetendo-se a seu Filho, bem como destacando suas inegáveis virtudes, dentre as quais, a humildade e a obediência.
Jesus é o único caminho que nos leva a Deus.
Maria foi o caminho tomado por Deus para vir ao encontro dos homens.
O desprezo protestante a Maria é uma reação grotesca e exacerbada à devoção que se presta a ela.
Deveríamos, antes, optar por uma postura idônea e equilibrada.
E ainda que não comunguemos com sua devoção por parte de nossos irmãos católicos, que possamos respeitá-la e buscar compreender o contexto de onde emerge. 
No fundo, todos somos marianos, pois nos submetemos à instrução que ela deu aos serventes em Caná da Galileia: “Fazei tudo o que Ele vos disser”.
O mesmo Jesus que obedeceu a divindade materna, o  pedido da mãe, para realizar seu primeiro prodígio milagroso público: a transformação da água em vinho, é o mesmo Jesus que, finalizado em sua missão de corpo  terrestre na cruz, delegou a humanidade inteira a Ela, representada na figura do mais jovem discípulo que ele muito amava, com a seguinte solicitação: "MÃE eis aí teu filho.
FILHO eis aí tua mãe!.
Maria nunca foi  propriedade da igreja católica, que historicamente perseguiu, abusou e até matou todas as pessoas que viram as manifestações de Maria ou de Jesus.
Curiosamente os Cristos manifestaram-se de forma sobrenatural para pessoas cuja devoção genuína representavam tudo o que os poderes constituídos da Terra sempre desprezaram.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2021

Poema sobre o Dezembro

.




E, quando menos se espera,
já é dezembro, já é quase Natal.
Pragas,
guerras,
rebeliões,
revoluções.
Tudo vem, 
Tudo vai,
Tudo passa
Tudo desaparece.
Nada é para sempre,
nem mesmo uma crise política, econômica ou sanitária.
A quebra da Bolsa em 1929 não foi para sempre.
O choque do petróleo nos anos 70 não foi para sempre.
O estouro da bolha imobiliária nos Estados Unidos, em 2008, não foi para sempre.
Assim como a pandemia e suas variantes não serão para sempre.
Enfim, não se pode esquecer que a gente não vai ter crise para sempre.
Não se trata de minimizar as tragédias, que são coisas inclementes e implacáveis.
Mas se trata de lembrar que até tragédias deixam lições, que não podem ser desperdiçadas.
Se trata de lembrar que é preciso se preparar para o que vem depois.
Houve perda de produtividade aqui e ali, mas também houve ganho de criatividade lá e cá.
Muitas empresas quebraram,
muitos negócios seguiram e novos mercados surgiram.
Esse é o ponto.
Estar pronto para aquilo que segue, aquilo que surge ou aquilo ressurge.
Estar preparado para o recomeço,
a reinvenção,
a revigoração,
a regeneração.
Ou seja, quando menos esperamos a primavera chegará, mesmo que ninguém mais saiba seu nome,
nem acredite no calendário,
nem possua jardim para recebê-la.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2021

O próximo e o outro

.




O próximo a gente ama
O outro a gente descarta
O próximo a gente cuida
O outro a gente maltrata
O próximo eu enxergo como igual
O outro é igual a um animal
O próximo tem alma e coração
O outro não tem nada de mais
O próximo, você convida
O outro, você obriga
O próximo é elogiado
O outro é sempre zombado
O próximo tem valor
O outro tem preço
O próximo recebe incentivo
O outro é desestimulado
O próximo pode sonhar
O outro vive no pesadelo
Quem é o próximo?.
Quem é o outro?.
A resposta está no dia a dia seu moço.
Observe o Brasil
Preste muita atenção
O outro só é próximo:
Da dor.
Do sofrimento.
Do descaso.
Do desrespeito.
Do medo.
Da miséria.
Da violência.
Do gueto.
Se você não acredita, dê uma olhada nas estatísticas.

terça-feira, 30 de novembro de 2021

Quem acredita sempre alcança

.




Somos muito mais encorajados a crer na faceta do Deus que faz, do que na faceta do Deus que espera, nutrimos a ideia de que o melhor atendimento é sempre o imediato, queremos que Deus faça já,
o que tem de ser feito, esperar nunca soa como uma boa resposta para nós.
Na carta Aos Romanos percebemos uma relação entre a paciência e onipotência divina, onde Deus, apesar de ser onipotente, também é paciente,
isto mostra que deter todo poder,
não significa ter que fazer, e muito menos imediatamente, definitivamente, Deus não está preocupado em agir rapidamente, para demonstrar o quanto é poderoso, esperar também é uma ação praticada por Deus.
Imagina Deus esperando algo acontecer.
Ele esperou Jesus ser gerado no ventre de Maria, esperou que ele pudesse sair pregando as boas-novas do reino de Deus, esperou que ele surpreendesse a muitos com manifestações milagrosas, nunca antes vistas, até que chegasse à cruz, e então, Jesus pudesse dizer "Está consumado", para recebê-lo no mais alto e sublime trono, se Deus quisesse, poder não lhe faltaria para fazer tudo em um estalar de dedos.
Mas Ele determina o que há de ser,
e aguarda o tempo daquilo que precisa de tempo para que seja, ainda que ele mesmo trabalhe para que isso aconteça, Deus sendo eterno não deixou de ser paciente, mesmo não dependendo do tempo, e podendo subjugá-lo e utilizá-lo como queira.
Quem nunca se beneficiou da paciência divina?.
Se não fosse esta paciência, que se dispõe a esperar até que entendamos que esperar faz parte de muitos processos, para que a excelência da obra não seja comprometida, esta mesma paciência comporta o tempo para o nosso arrependimento, aprendizado entre tantas outras aplicações.
Pense em uma gravidez, por melhor que seja ter um filho nos braços, adiantar o processo causaria um aborto, por isso o tempo de gestação precisa ser respeitado, bem como em tudo na vida,
a pouca paciência ou, a falta dela, pode pôr tudo a perder, mesmo o que é bom, estando fora do seu tempo, pode ser muito ruim.
O que fazer enquanto se espera?.
Como não se desesperar na espera?.
Há uma consolação baseada naquele que é a palavra, o verbo vivo, Cristo, receber sua palavra e guardá-la é encontrar consolação.
Nem sempre as respostas consolam,
as vezes pode nos deixar ainda mais ansiosos, ou até decepcionados, e tristes, sendo então a melhor atitude, esperar, mas vale enfatizar que esta espera deve ser à luz da bíblia, buscando nela a tração necessária para chegarmos ao momento da manifestação do poder de Deus, segundo sua sabedoria.
A junção de paciência e consolação das escrituras, resultam em esperança, tem esperança quem tem paciência, espera serenamente quem encontra a consolação das escrituras.
O desespero por sua vez, é a ausência da esperança, trocando em miúdos,
o desespero aponta falhas na paciência
ou na busca pela consolação das escrituras, estas duas coisas precisam andar juntas, é impossível que uma balança aponte equilibrio, se uma de suas bandejas estiver faltando, então, até que Deus se manifeste em nossa causa, nos ocupemos em buscar a paciência e a consolação das escrituras, de modo que jamais nos falte esperança.

segunda-feira, 29 de novembro de 2021

Os propósitos se atraem

.




A relação amorosa é como uma dança.
A primeira coisa a ser considerada quando se começa a dançar é a música.
Os passos precisam estar no compasso do ritmo. 
Assim é o relacionamento a dois: tem que ser na mesma trilha sonora.
Isto é, ambos precisam estar sentimentalmente sintonizados.
Só que não basta dançar a mesma música, é preciso acompanhar os passos do amor.
Acompanhar os passos do amor é entender que o amor é um gerúndio. 
Ele não é um instante, exige uma ação constante para não perder o outro de vista.
Aliás, não perder o outro de vista é também uma qualidade importante durante uma dança.
É preciso saber administrar o espaço.
Quando um dá um passo à frente,
o outro dá um passo atrás,
num indo e vindo infinito. 
Dançar também é a arte de promover o encontro.
Não apenas o encontro de corpos,
mas também de almas,
de sentimento,
de propósito.
Para isso, o salão precisa ter alguma luz. 
Se as luzes estiverem todas apagadas,
os dançarinos correm o risco de se colidirem.
O amor é o holofote que ilumina o salão da vida, promovendo encontros,
e não colisões.
Tenham Fé neste amor!.
A Fé no amor gera fidelidade.
É isso que fará vocês promoverem o encontro de propósito.
Pois, os propósitos se atraem!.
Não são os opostos, são os dispostos a viver os propósitos com compromisso no dia a dia.
Amar é entender o tempo do outro.
É quando preciso fazer-se de inverno no verão e de verão no inverno.
Refrescar no calor e aquecer no frio.
É sendo subversivo que o amor mantém tudo vivo.

domingo, 28 de novembro de 2021

Vale tudo

.




Vale Mariana,
Vale Brumadinho,
Vale 300 corpos
sob a lama,
Vale a chama
na floresta,
Vale a indenização não paga,
Vale a lama cruzando a estrada,
Vale o garimpo no Madeira,
Vale uma comunidade inteira
sob a lama da Vale.
"Privatiza que melhora".
E a Vale é privatizada. 
A morte é privatizada.
Os garimpos são particulares.
O Brasil sob os olhares
assustados do mundo.
O imundo.
O vagabundo.
O submundo.
A farsa.
A balsa,
o mercúrio,
a morte no rio:
na água, 
no peixe.
O deputado arregado, 
o vereador, 
o prefeito,
o governador,
o senador,
o juiz,
o procurador,
o desembargador,
o padre,
o pastor,
o presidente,
a autoridade ambiental.
O mal estabelecido aqui.
O garimpeiro
que é caçador de javali:
60 armas
para armar uma milícia.
A Polícia Federal
e a Marinha
a serviço do crime,
por omissão
ou por proteção 
ao criminoso, 
que descaradamente
avisa, de novo, 
sobre uma suposta operação.
Padrão militar.
"Vale tudo,
Vale o que quiser,
Só não vale mexer com os grandes,
não vale mexer com ricos.
Com os menos favorecidos vale tudo, triste a vida desses não VALER nada.

 

sábado, 27 de novembro de 2021

Poema sobre os demônios do Brasil

.





Quando os europeus desembarcaram nas Américas, trouxeram na bagagem os seus próprios demônios e não apenas doenças para as quais os nativos não tinham imunidade.
Não são demônios os que vieram com os escravos em seus cultos animistas,
nem os que eram cultuados pelos povos originários.
Os demônios vieram com os que devastaram as civilizações que aqui já estavam, pilhando impérios, aproveitando-se da ingenuidade dos que os consideravam deuses.
Os demônios que aportaram aqui tinham pele alva, sotaque ibérico e costumes estranhos.
Outros demônios chegaram à Índia com os ingleses, na África do Sul com os holandeses, e em tantas outras terras com aqueles que pretendiam conquistá-las e reivindicá-las às coroas que representavam.
Tais castas demoníacas se manifestam nos explorados, mas atuam através dos exploradores.
Não habitam apenas corpos, mas estruturais sociais.
No Brasil atual, eles não estão nas favelas, mas nos palácios, nos condomínios de luxo e em suntuosas catedrais.
Não são como as legiões romanas,
mas se organizam em quadrilhas que assaltam o erário público, que exploram os fiéis com promessas mentirosas,
que promovem o ódio, o preconceito e a intolerância contra a população, as minorias étnicas e os fiéis de religiões de matriz africana, que desqualificam a luta feminista, que desdém dos direitos da classe trabalhadora, que espalham fake news, que tratam seus rebanhos como currais eleitorais, que endossam políticas negacionistas e genocidas em nome da fé, etc.
Aqui seu nome não é legião, é religião.
Não me refiro à religião em seu sentido lato, que provê a religação entre os seres humanos, independentemente de distinções étnicas, sexistas, confessionais ou sociais, fazendo com que nos preocupemos em cuidar dos mais vulneráveis representados pelos órfãos e viúvas.
Refiro-me à religião como instrumento que visa legitimar o poder e os interesses de quem lucra com a exploração.
Portanto, em vez de religião, deveria ser chamada de reLEGIÃO.
Trata-se, portanto, do que o livro de Apocalipse chama de “Grande Babilônia “ que tornou-se morada de todo tipo de demônios.
Os demônios descem do Norte, especialmente do Sul do Norte,
se instalam no Oeste e se espalham.
Depois se juntam numa legião e ocupam Brasília, e governam.
São estes demônios que precisam ser exorcizados do cenário político brasileiro para que finalmente alcancemos a tão sonhada justiça social, tornando-nos, assim, um dos protagonistas na construção da civilização do amor.

Poema sobre o dia de ações de graça

.




Neste Dia de Ação de Graças, sejamos gratos em tudo, mas não por tudo.
Há uma diferença enorme entre uma coisa e outra.
Em qualquer circunstância, sejamos gratos nem que seja pelo simples fato de estarmos vivos.
Entretanto, não somos orientados a darmos graças por tudo, como se tudo devesse ser creditado a Deus, inclusive as consequências de nossas próprias escolhas.
Por exemplo: que sentido teria agradecer a Deus por uma tragédia como a pandemia que já ceifou a vida de milhões de pessoas no mundo?.
Seria Ele o responsável por isso?.
E que tal agradecermos a Deus por havermos sobrevivido ao COVID-19, enquanto tantos morreram?.
Isso lhe parece razoável?.
Pois a mim, não.
Eu não disse anteriormente que deveríamos agradecer EM TUDO,
em qualquer circunstância, nem que fosse pelo simples fato de estarmos vivos?.
Mas não quando esta gratidão brota da comparação entre o que nos ocorreu e o que ocorreu a outros.
Não me sinto à vontade para agradecer por ter sido poupado enquanto milhões tiveram suas vidas ceifadas.
Assim como não me sinto à vontade para agradecer por nada que eu tenha conquistado em comparação a quem não teve a mesma sorte que eu.
Tampouco deveria agradecer por possuir virtudes que meu próximo aparentemente não tem.
Foi isso que fez um dos personagens de uma parábola contada por Jesus.
Dois homens subiram ao templo para orar, um religioso fariseu e um publicano odiado pelos judeus por ser aliado de Roma.
"O fariseu, estando em pé, orava consigo desta maneira: Ó Deus, graças te dou, porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros; nem ainda como este publicano.
Jejuo duas vezes na semana e dou os dízimos de tudo quanto possuo.
O publicano, porém, estando em pé, de longe, nem ainda queria levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: Ó Deus, tem misericórdia de mim, pecador!"
Na conclusão da parábola, Jesus afirma que o publicano penitente desceu justificado para sua casa, e não o fariseu "agradecido"; "porque qualquer que a si mesmo se exalta será humilhado, e qualquer que a si mesmo se humilha será exaltado"
À luz deste texto, não me atrevo a agradecer a Deus por ser melhor do que ninguém, nem por ter tido sorte diferente ou por qualquer outra razão que brote da comparação entre mim e o meu próximo. Se mil caíram ao meu lado e dez mil à minha direita, sem que eu tenha sido atingido, agradecerei a Deus pela oportunidade de poder ajudá-los a se levantar.
Se Ele me preparou um banquete na presença dos meus inimigos, agradecerei a Deus o privilégio de poder repartir com eles o meu pão.
Assim, minha gratidão brotará do amor a Deus e ao meu próximo e não da comparação entre mim e quem quer que seja, tampouco da presunção de ser melhor ou estar em situação mais favorável que o meu semelhante.
A todos, um feliz Dia de Ações de Graça.

sexta-feira, 26 de novembro de 2021

Geração do ansiolítico

.




O sofrimento é como o pilão do ourives que amassa o ouro no crisol para que as impurezas sejam depuradas, ajuda a nos tornarmos seres humanos melhores, ensina-nos sobre a paciência,
o quebrantamento, faz-nos mais humildes.
A verdade é que crescer dói, amadurecer tem um custo de alma, deixar a infância e a adolescência para adentrar na vida adulta é um salto enorme para qualquer um, mas é totalmente necessário.
Tenho acompanhado os dramas mais comuns da minha geração, ouço as pessoas e partilho de muitas de suas dores e dramas, assusta-me,
contudo, o fato de que cada vez mais elas fogem da dor, evitam o sofrimento, criam atalhos para andar apenas por vias asfaltadas e seguras, desviam de tudo que for acidentado e arenoso.
Somos a geração do ansiolítico, vivemos na sociedade da pílula, precisamos desesperadamente desses amortecedores que atenuam a crueza dos dias, que tornam a existência suportável.
Na verdade, a realidade tem se tornado tão dura que ninguém quer encará-la,
é melhor andar anestesiado do que sóbrio e de cara pro vento.

quinta-feira, 25 de novembro de 2021

Hosana das crianças

.



Jesus se aproxima de Jerusalém.
As pessoas O recebem com “ramos de palmeiras, e saíram-lhe ao encontro,
e clamavam: Hosana! Bendito o Rei de Israel que vem em nome do Senhor.”
Chamo atenção para os ramos.
O preço que um ramo paga por sair da árvore é a morte.
Aqueles ramos que serviam de sinalizadores de boas-vindas,
eram uma evidência de morte. 
Para surpresa de todos, Jesus não dá a mínima para aquele oba – oba, para aquela expressão de alegria, felicidade.
Ao invés de entrar no clima de festa,
Ele prefere se dirigir ao templo,
a fim de denunciar a exploração religiosa.
Chegando lá, “os chefes dos sacerdotes e os mestres da lei viram as coisas maravilhosas que Jesus fazia e as crianças gritando no templo: "Hosana ao Filho de Davi", ficaram indignados,
e lhe perguntaram: "Não estás ouvindo o que estas crianças estão dizendo?. "Respondeu Jesus: "Sim, vocês nunca leram: ‘dos lábios das crianças e dos recém-nascidos suscitaste louvor’?".
Repare: assim como na entrada de Jerusalém a multidão gritava “Hosana”, ao chegar no templo Jesus é recebido por crianças que também gritavam: "Hosana." 
O “Hosana” da multidão não chamou a atenção de Jesus, mas o "Hosana" das crianças conseguiu tocar o Seu coração. 
O “Hosana” das crianças é sem ramos!
É fruto da naturalidade e não da superficialidade! 
O “Hosana" da multidão é uma evidência da nossa independência de Deus.
É estribado em performances e na vaidade. 
O "Hosana" das crianças é uma evidência da nossa dependência.
É estribado na Graça, no Descanso e na Simplicidade.
É preciso resgatar a simplicidade da vida, abandonar os rótulos e as performances das pirotecnias religiosas que só visam chamar atenção e alimentar nosso ego. 
A Graça ensina a abandonar as coisas de menino sem deixar de ser criança
Menino gosta de aparecer, criança gosta de ser.
Os Hosanas das crianças a pureza existe, a sinceridade fica nítida e o amor ainda resistir as iniquidades trazida pelo esfriamento da vida.
A pureza dos Hosanas das crianças a vida é bonita e é bonita.
E e por isso, que o Evangelho ensina que maturidade é abandonar as coisas de menino, sem deixar de ser criança. 


terça-feira, 23 de novembro de 2021

Poema sobre o sucesso

.





Hoje eu entrei em uma livraria e encontrei nas prateleiras de livros inúmeros títulos sobre sucesso.
"Como alcançar sucesso",
"Sucesso não é acidente",
"Sucesso é ser feliz",
"Sucesso não acontece por acaso",
"7 passos para o Sucesso",
são alguns dos títulos disponíveis.
A maioria oferece um tipo de receita de bolo, com passos e ingredientes necessários para se obter sucesso.
O problema não está na receita em si, mas na definição de sucesso.
O que é "sucesso", afinal?.
Na ótica do mundo, sucesso pode ser considerado êxito profissional,
aquisição de bens de consumo, realização conjugal, etc.
O que seria "sucesso" na ótica divina?.
Qual seria o aferidor usado por Deus para medir nosso sucesso?.
Será que Ele se impressionaria com nossas realizações?.
Poderíamos mensurar o sucesso de alguém pelo carro que dirige?.
No entanto, o carro zero de hoje, será a lata-velha de amanhã.
Não é em vão que se diz que o sucesso é efêmero, fugaz.
Se nossa definição de sucesso se ativer à aquisição de bens, ou mesmo à fama, então tal ditado deve ser confirmado.
A celebridade de hoje, poderá cair no esquecimento amanhã.
O Retiro dos Artistas está cheio de exemplos disso.
Gente que foi sucesso um dia,
e hoje está abandonada até pela família.
Não fosse o belíssimo trabalho realizado por aquela instituição, muitos estariam, não apenas fadados ao esquecimento da população, mas entregues à miséria.
Haveria, então, um sucesso que não fosse passageiro?.
Como poderíamos definir "sucesso"?.
Como Deus mediria nosso sucesso?.
Qual o critério pelo qual alguém é considerado bem-sucedido para Deus?.
Para o mundo, o sucesso é medido por aquilo que conseguimos amealhar,
pelas riquezas que concentramos em nossas mãos.
Para Deus, o sucesso é medido por aquilo que conseguimos distribuir, fazendo com que ações de graça pela nossa vida cheguem constantemente a Ele.
Pouco importa para Deus a marca do carro que dirigimos.
O que importa são as pessoas a quem oferecemos carona,
ou a quem socorremos em nosso veículo.
O que importa não é quantos cômodos há em nossa casa, e sim quantas pessoas temos hospedado nela.
Não importa a grife de nossas roupas, mas aqueles a quem agasalhamos.
Não há oração mais eficaz do que aquela regada de ações de graça.
Quantas pessoas têm se dirigido a Deus em ações de graça pela sua vida?.
Para quantos sua vida representa um dom dos céus?.
A tradição protestante não admite que se faça oração por aqueles que já morreram.
Mas nada nos impede de continuar agradecendo a Deus por alguém que já partiu deste mundo.
Quando leio um bom livro de um autor que viveu séculos atrás, eu louvo a Deus por sua vida, e pelo legado que ele deixou.
Em vez de ficarmos rogando que os irmãos sempre orem por nós, que tal se nos tornarmos motivos de gratidão da parte deles para com Deus?.
Não será preciso pedir.
Eles mesmos, espontaneamente, se lembrarão de nós quando estiverem ante o trono da graça, e agradecerão por nossas vidas.
Que se multiplique o número de ações de graça pela sua vida!.
E quanto mais formos bênção na vida de outros, mais o Senhor terá prazer em manifestar em e através de nós as Suas bênçãos.
Antes de esperar que outros agradeçam a Deus por sua vida, pare um pouco para pensar, e lembre-se daqueles que têm sido bênçãos em sua vida.
Que no DIA DE AÇÕES DE GRAÇA que se avizinha, sejamos motivos de gratidão,
e jamais nos esqueçamos de agradecer a Deus pelos que nos servem de canal de suas bênçãos e provisão.

Postagens mais lidas