sábado, 27 de novembro de 2021

Poema sobre os demônios do Brasil

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Quando os europeus desembarcaram nas Américas, trouxeram na bagagem os seus próprios demônios e não apenas doenças para as quais os nativos não tinham imunidade.
Não são demônios os que vieram com os escravos em seus cultos animistas,
nem os que eram cultuados pelos povos originários.
Os demônios vieram com os que devastaram as civilizações que aqui já estavam, pilhando impérios, aproveitando-se da ingenuidade dos que os consideravam deuses.
Os demônios que aportaram aqui tinham pele alva, sotaque ibérico e costumes estranhos.
Outros demônios chegaram à Índia com os ingleses, na África do Sul com os holandeses, e em tantas outras terras com aqueles que pretendiam conquistá-las e reivindicá-las às coroas que representavam.
Tais castas demoníacas se manifestam nos explorados, mas atuam através dos exploradores.
Não habitam apenas corpos, mas estruturais sociais.
No Brasil atual, eles não estão nas favelas, mas nos palácios, nos condomínios de luxo e em suntuosas catedrais.
Não são como as legiões romanas,
mas se organizam em quadrilhas que assaltam o erário público, que exploram os fiéis com promessas mentirosas,
que promovem o ódio, o preconceito e a intolerância contra a população, as minorias étnicas e os fiéis de religiões de matriz africana, que desqualificam a luta feminista, que desdém dos direitos da classe trabalhadora, que espalham fake news, que tratam seus rebanhos como currais eleitorais, que endossam políticas negacionistas e genocidas em nome da fé, etc.
Aqui seu nome não é legião, é religião.
Não me refiro à religião em seu sentido lato, que provê a religação entre os seres humanos, independentemente de distinções étnicas, sexistas, confessionais ou sociais, fazendo com que nos preocupemos em cuidar dos mais vulneráveis representados pelos órfãos e viúvas.
Refiro-me à religião como instrumento que visa legitimar o poder e os interesses de quem lucra com a exploração.
Portanto, em vez de religião, deveria ser chamada de reLEGIÃO.
Trata-se, portanto, do que o livro de Apocalipse chama de “Grande Babilônia “ que tornou-se morada de todo tipo de demônios.
Os demônios descem do Norte, especialmente do Sul do Norte,
se instalam no Oeste e se espalham.
Depois se juntam numa legião e ocupam Brasília, e governam.
São estes demônios que precisam ser exorcizados do cenário político brasileiro para que finalmente alcancemos a tão sonhada justiça social, tornando-nos, assim, um dos protagonistas na construção da civilização do amor.

Poema sobre o dia de ações de graça

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Neste Dia de Ação de Graças, sejamos gratos em tudo, mas não por tudo.
Há uma diferença enorme entre uma coisa e outra.
Em qualquer circunstância, sejamos gratos nem que seja pelo simples fato de estarmos vivos.
Entretanto, não somos orientados a darmos graças por tudo, como se tudo devesse ser creditado a Deus, inclusive as consequências de nossas próprias escolhas.
Por exemplo: que sentido teria agradecer a Deus por uma tragédia como a pandemia que já ceifou a vida de milhões de pessoas no mundo?.
Seria Ele o responsável por isso?.
E que tal agradecermos a Deus por havermos sobrevivido ao COVID-19, enquanto tantos morreram?.
Isso lhe parece razoável?.
Pois a mim, não.
Eu não disse anteriormente que deveríamos agradecer EM TUDO,
em qualquer circunstância, nem que fosse pelo simples fato de estarmos vivos?.
Mas não quando esta gratidão brota da comparação entre o que nos ocorreu e o que ocorreu a outros.
Não me sinto à vontade para agradecer por ter sido poupado enquanto milhões tiveram suas vidas ceifadas.
Assim como não me sinto à vontade para agradecer por nada que eu tenha conquistado em comparação a quem não teve a mesma sorte que eu.
Tampouco deveria agradecer por possuir virtudes que meu próximo aparentemente não tem.
Foi isso que fez um dos personagens de uma parábola contada por Jesus.
Dois homens subiram ao templo para orar, um religioso fariseu e um publicano odiado pelos judeus por ser aliado de Roma.
"O fariseu, estando em pé, orava consigo desta maneira: Ó Deus, graças te dou, porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros; nem ainda como este publicano.
Jejuo duas vezes na semana e dou os dízimos de tudo quanto possuo.
O publicano, porém, estando em pé, de longe, nem ainda queria levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: Ó Deus, tem misericórdia de mim, pecador!"
Na conclusão da parábola, Jesus afirma que o publicano penitente desceu justificado para sua casa, e não o fariseu "agradecido"; "porque qualquer que a si mesmo se exalta será humilhado, e qualquer que a si mesmo se humilha será exaltado"
À luz deste texto, não me atrevo a agradecer a Deus por ser melhor do que ninguém, nem por ter tido sorte diferente ou por qualquer outra razão que brote da comparação entre mim e o meu próximo. Se mil caíram ao meu lado e dez mil à minha direita, sem que eu tenha sido atingido, agradecerei a Deus pela oportunidade de poder ajudá-los a se levantar.
Se Ele me preparou um banquete na presença dos meus inimigos, agradecerei a Deus o privilégio de poder repartir com eles o meu pão.
Assim, minha gratidão brotará do amor a Deus e ao meu próximo e não da comparação entre mim e quem quer que seja, tampouco da presunção de ser melhor ou estar em situação mais favorável que o meu semelhante.
A todos, um feliz Dia de Ações de Graça.

sexta-feira, 26 de novembro de 2021

Geração do ansiolítico

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O sofrimento é como o pilão do ourives que amassa o ouro no crisol para que as impurezas sejam depuradas, ajuda a nos tornarmos seres humanos melhores, ensina-nos sobre a paciência,
o quebrantamento, faz-nos mais humildes.
A verdade é que crescer dói, amadurecer tem um custo de alma, deixar a infância e a adolescência para adentrar na vida adulta é um salto enorme para qualquer um, mas é totalmente necessário.
Tenho acompanhado os dramas mais comuns da minha geração, ouço as pessoas e partilho de muitas de suas dores e dramas, assusta-me,
contudo, o fato de que cada vez mais elas fogem da dor, evitam o sofrimento, criam atalhos para andar apenas por vias asfaltadas e seguras, desviam de tudo que for acidentado e arenoso.
Somos a geração do ansiolítico, vivemos na sociedade da pílula, precisamos desesperadamente desses amortecedores que atenuam a crueza dos dias, que tornam a existência suportável.
Na verdade, a realidade tem se tornado tão dura que ninguém quer encará-la,
é melhor andar anestesiado do que sóbrio e de cara pro vento.

quinta-feira, 25 de novembro de 2021

Hosana das crianças

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Jesus se aproxima de Jerusalém.
As pessoas O recebem com “ramos de palmeiras, e saíram-lhe ao encontro,
e clamavam: Hosana! Bendito o Rei de Israel que vem em nome do Senhor.”
Chamo atenção para os ramos.
O preço que um ramo paga por sair da árvore é a morte.
Aqueles ramos que serviam de sinalizadores de boas-vindas,
eram uma evidência de morte. 
Para surpresa de todos, Jesus não dá a mínima para aquele oba – oba, para aquela expressão de alegria, felicidade.
Ao invés de entrar no clima de festa,
Ele prefere se dirigir ao templo,
a fim de denunciar a exploração religiosa.
Chegando lá, “os chefes dos sacerdotes e os mestres da lei viram as coisas maravilhosas que Jesus fazia e as crianças gritando no templo: "Hosana ao Filho de Davi", ficaram indignados,
e lhe perguntaram: "Não estás ouvindo o que estas crianças estão dizendo?. "Respondeu Jesus: "Sim, vocês nunca leram: ‘dos lábios das crianças e dos recém-nascidos suscitaste louvor’?".
Repare: assim como na entrada de Jerusalém a multidão gritava “Hosana”, ao chegar no templo Jesus é recebido por crianças que também gritavam: "Hosana." 
O “Hosana” da multidão não chamou a atenção de Jesus, mas o "Hosana" das crianças conseguiu tocar o Seu coração. 
O “Hosana” das crianças é sem ramos!
É fruto da naturalidade e não da superficialidade! 
O “Hosana" da multidão é uma evidência da nossa independência de Deus.
É estribado em performances e na vaidade. 
O "Hosana" das crianças é uma evidência da nossa dependência.
É estribado na Graça, no Descanso e na Simplicidade.
É preciso resgatar a simplicidade da vida, abandonar os rótulos e as performances das pirotecnias religiosas que só visam chamar atenção e alimentar nosso ego. 
A Graça ensina a abandonar as coisas de menino sem deixar de ser criança
Menino gosta de aparecer, criança gosta de ser.
Os Hosanas das crianças a pureza existe, a sinceridade fica nítida e o amor ainda resistir as iniquidades trazida pelo esfriamento da vida.
A pureza dos Hosanas das crianças a vida é bonita e é bonita.
E e por isso, que o Evangelho ensina que maturidade é abandonar as coisas de menino, sem deixar de ser criança. 


terça-feira, 23 de novembro de 2021

Poema sobre o sucesso

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Hoje eu entrei em uma livraria e encontrei nas prateleiras de livros inúmeros títulos sobre sucesso.
"Como alcançar sucesso",
"Sucesso não é acidente",
"Sucesso é ser feliz",
"Sucesso não acontece por acaso",
"7 passos para o Sucesso",
são alguns dos títulos disponíveis.
A maioria oferece um tipo de receita de bolo, com passos e ingredientes necessários para se obter sucesso.
O problema não está na receita em si, mas na definição de sucesso.
O que é "sucesso", afinal?.
Na ótica do mundo, sucesso pode ser considerado êxito profissional,
aquisição de bens de consumo, realização conjugal, etc.
O que seria "sucesso" na ótica divina?.
Qual seria o aferidor usado por Deus para medir nosso sucesso?.
Será que Ele se impressionaria com nossas realizações?.
Poderíamos mensurar o sucesso de alguém pelo carro que dirige?.
No entanto, o carro zero de hoje, será a lata-velha de amanhã.
Não é em vão que se diz que o sucesso é efêmero, fugaz.
Se nossa definição de sucesso se ativer à aquisição de bens, ou mesmo à fama, então tal ditado deve ser confirmado.
A celebridade de hoje, poderá cair no esquecimento amanhã.
O Retiro dos Artistas está cheio de exemplos disso.
Gente que foi sucesso um dia,
e hoje está abandonada até pela família.
Não fosse o belíssimo trabalho realizado por aquela instituição, muitos estariam, não apenas fadados ao esquecimento da população, mas entregues à miséria.
Haveria, então, um sucesso que não fosse passageiro?.
Como poderíamos definir "sucesso"?.
Como Deus mediria nosso sucesso?.
Qual o critério pelo qual alguém é considerado bem-sucedido para Deus?.
Para o mundo, o sucesso é medido por aquilo que conseguimos amealhar,
pelas riquezas que concentramos em nossas mãos.
Para Deus, o sucesso é medido por aquilo que conseguimos distribuir, fazendo com que ações de graça pela nossa vida cheguem constantemente a Ele.
Pouco importa para Deus a marca do carro que dirigimos.
O que importa são as pessoas a quem oferecemos carona,
ou a quem socorremos em nosso veículo.
O que importa não é quantos cômodos há em nossa casa, e sim quantas pessoas temos hospedado nela.
Não importa a grife de nossas roupas, mas aqueles a quem agasalhamos.
Não há oração mais eficaz do que aquela regada de ações de graça.
Quantas pessoas têm se dirigido a Deus em ações de graça pela sua vida?.
Para quantos sua vida representa um dom dos céus?.
A tradição protestante não admite que se faça oração por aqueles que já morreram.
Mas nada nos impede de continuar agradecendo a Deus por alguém que já partiu deste mundo.
Quando leio um bom livro de um autor que viveu séculos atrás, eu louvo a Deus por sua vida, e pelo legado que ele deixou.
Em vez de ficarmos rogando que os irmãos sempre orem por nós, que tal se nos tornarmos motivos de gratidão da parte deles para com Deus?.
Não será preciso pedir.
Eles mesmos, espontaneamente, se lembrarão de nós quando estiverem ante o trono da graça, e agradecerão por nossas vidas.
Que se multiplique o número de ações de graça pela sua vida!.
E quanto mais formos bênção na vida de outros, mais o Senhor terá prazer em manifestar em e através de nós as Suas bênçãos.
Antes de esperar que outros agradeçam a Deus por sua vida, pare um pouco para pensar, e lembre-se daqueles que têm sido bênçãos em sua vida.
Que no DIA DE AÇÕES DE GRAÇA que se avizinha, sejamos motivos de gratidão,
e jamais nos esqueçamos de agradecer a Deus pelos que nos servem de canal de suas bênçãos e provisão.

segunda-feira, 22 de novembro de 2021

Poema sobre o catálogo de erros

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Ter esperança nada mais é do que seguir confiante de que o melhor, eventualmente, se sucederá.
Todavia, há desfechos pelos quais jamais ousaríamos ansiar.
Nem tudo nessa vida é preto no branco.
Há vitórias que são verdadeiros fracassos. 
Esta resposta merece que nos debrucemos um pouco mais sobre ela.
Engana-se quem pensa que todos têm um preço.
Entre as massas facilmente manipuláveis, sempre encontraremos quem tenha valor e jamais permita que sua alma seja etiquetada.
Infelizmente temos que admitir que não são muitos.
Há que se garimpa-los.
Geralmente, estão entre os anônimos, entre os que não venderam suas almas em busca de fama e reconhecimento.
Há quem pense fazer o bem, enquanto faz o mal.
Há quem destile ódio em nome de um amor não correspondido.
Há quem seja movido por vingança, alegando agir por justiça.
Há quem viva uma mentira alegando ser em defesa da verdade.
De fato, só precisamos de uma boa justificativa para sermos cruéis.
E assim, sacrificamos nossa fidelidade no altar da lealdade.
A lealdade visa preservar o interesse do outro, desde que este não se esbarre com o nosso.
A fidelidade leva mais em conta o desejo, a vontade expressada, do que meramente o suposto interesse.
Não basta estar do lado certo da história, defendendo o belo, o justo e o bom.
Nem é suficiente ser zeloso do bem de que adianta fazer o bem sem ser bom?.
De que vale uma generosidade cruel?.
De que vale fazer justiça com as próprias mãos, sem ser realmente justo, ser honesto, sem ser íntegro, ser verdadeiro, sem ser sincero?.
É preciso nos retocar quantas vezes for, é preciso nos revestir aplicando uma nova superfície, é preciso dá uma nova demão para nos livrar dos vestígios do preconceito,
do ódio,
da intolerância,
da ganância,
da prepotência.

domingo, 21 de novembro de 2021

Poema sobre a idolatria do capital

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Enquanto açougues vendem gordura e ossos de boi para consumo de famílias empobrecidas pela crise econômica do país, e pessoas são flagradas invadindo caçambas de lixo atrás de resto de comida, nesta semana, a Bolsa de Valores instalou a estátua do Touro de Ouro no Centro de São Paulo inspirada na Harging Bull, o touro de bronze no coração financeiro do mundo, Wall Street em Nova York.
Uma verdadeiro provocação à dignidade de milhões de brasileiros entregues à miséria.
O que para alguns simboliza a força do mercado financeiro, para outros é um símbolo da fome, da miséria e da exploração do trabalho.
O Harging Bull é o maior símbolo de poder da bolsa de valores de Wall Street e é uma das atrações gratuitas mais visitadas pelo turistas em Nova York.
A escultura de bronze tem se tornado um símbolo do capitalismo americano.
Muitos acreditam que esfregar a mão em seu chifre, focinho ou em seus testículos, atrai sorte, prosperidade e dinheiro.
Turistas esperam horas em filhas gigantescas para tirar fotos agachados apalpando os testículos do touro.
Crendices às parte, o fato é que, para quem conhece um pouco das Escrituras, é impossível não associar o símbolo do capitalismo com o bezerro de ouro confeccionado pelos hebreus enquanto esperavam por Moisés que se demorava no monte para receber das mãos de Deus as tábuas da Lei.
Seria o capitalismo uma espécie de ídolo moderno?.
O momento político em que estamos vivendo tem o mérito de trazer de volta questões ideológicas para o centro das atenções, fomentando discussões acaloradas em torno de quais seriam as atribuições do Estado e os limites de sua atuação.
Distinções antes consideradas superadas voltaram à cena.
Termos que já não inspiravam qualquer ameaça são agora considerados abomináveis por alguns setores mais reacionários da sociedade. 
Nosso maior problema não é o Estado, mas o amor ao dinheiro é que é a raiz de todos os males.
É o capital, tão defendido por eles, que promiscui o Estado. 
Tanto o Estado quanto o Capital têm potencial de se tornarem ídolos.
Mas deles, nenhum é tão voraz quanto o dinheiro.
O amor a ele é a raiz da corrupção.
Quando o Estado se torna na grande prostituta, o Capital é o seu cafetão.
Alguns alegam que o Estado não possui competência para atuar em certas áreas e que a prova disso seria o caos encontrado na saúde, na educação e em tantas outras áreas que deixam a desejar.
Para estes, só haveria uma maneira de resolver o problema: privatização.
Defendem, inclusive, que uma eventual privatização da Petrobrás, por exemplo, reduziria o preço do combustível.
Interessante o argumento.
Porém, a experiência diz outra coisa.
A telefonia foi privatizada e hoje pagamos mais pelo uso do celular que qualquer outro país do mundo. 
Qual a real razão de nossos hospitais e universidades públicas estarem sucateados?.
O que estaria por trás da educação de má qualidade?.
Tomemos como exemplo o SUS que poderia ser considerada uma das maiores conquistas da sociedade brasileira, que já rendeu elogios.
O SUS foi criado para prestar atendimento universal e gratuito,
sem distinção de classe ou categoria profissional.
Obviamente, não interessa aos gestores dos grandes planos de saúde que algo como o SUS garanta atendimento de qualidade a todos.
Quem pagaria uma fortuna a Amil, podendo recorrer à saúde pública,
caso esta oferecesse um serviço de qualidade?.
Nas últimas eleições, os planos de saúde distribuíram R$ 52 milhões em doações para 131 candidaturas de 23 partidos diferentes.
Na hora de votar o orçamento para a saúde pública, a bancada eleita pela máfia dos planos de saúde vai trabalhar arduamente para sabotar qualquer tentativa de melhorar os serviços.
O mesmo ocorre com a educação.
Colégios e Universidades privadas investiram milhões na eleição de representantes para sabotar o ensino público e assim garantir seus lucros galopantes. 
Se quisermos, de fato, que o país mude de rumo, precisamos urgentemente de uma reforma política que inclui o financiamento público das campanhas políticas, acabando de vez com esta orgia que mistura interesses públicos e privados.
Somente assim, voltaremos a ter esperança de que o Estado cumprirá cabalmente seu papel de promover o bem comum em vez de aprofundar o abismo entre classes.

sábado, 20 de novembro de 2021

A consciência que existe em ser negra

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Basta chegar a semana em que se comemora o Dia da Consciência Negra para nos depararmos com inúmeros protestos nas redes sociais.
É extremamente agradável esperar que as coisas sumam ignorando-as, mas chega um tempo em que se torna necessário dizer “Pare! Isso é inaceitável!”.
Interessante ressaltar que nunca vi ninguém protestando no "DIA DAS CRIANÇAS", alegando que somos todos HUMANOS, independentemente da idade. Nunca vi ninguém protestando no "DIA INTERNACIONAL DA MULHER", alegando que independentemente do gênero, somos todos humanos.
Então, não entendo a razão que leva alguns a protestar contra o DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA.
De fato, somos todos humanos, mas nenhuma etnia sofreu tanto nos últimos séculos do que a negra.
Digo, sofreu e ainda sofre nas mãos de outros pertencentes à mesma raça, a humana.
Ao longo da história a consciência de muitos ainda existem em ser negra, ainda existem em ser preconceituosa, ainda existem em negar a sua falta de humanismo.
Não precisamos de um dia dedicado à consciência humana, assim como não precisamos celebrar o Dia do Adulto ou o Dia do Homem, ou mesmo o Dia do Orgulho Hétero 
Os membros que têm sido menos honrados, a esses deveríamos honrar muito mais, enquanto que, os que têm sido prestigiados ao longo da história não teriam necessidade disso.
Isso certamente contribuiria para que não houvesse divisão no corpo, de modo que se corrigisse uma injustiça, e que todos tivessem igual cuidado uns dos outros.
Devemos honrar a quem tem sido desprezado, roubado em sua honra e dignidade, visto que os demais não necessitam disso.
Ou você conhece alguém que deixou de ser empregado por ser branco?.
Ou alguém que teve seu salário reduzido por ser homem?.
Ou foi privado de algum direito por ser hétero?.
Precisamos dar voz aos que não têm voz, tornar visíveis os invisíveis,
honrar os que foram desonrados ao longo do processo histórico, corrigindo assim a injustiça cometida pelas gerações que nos antecederam.

sexta-feira, 19 de novembro de 2021

Poema sobre o ciclo interminável

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Na sociedade do consumo você pode não ter caráter, amor, ou até mesmo saúde, mas se tiver um cartão de crédito, então a mágica pode acontecer,
o problema é que esse tipo de feitiço costuma cobrar muito caro.
A verdade é que o consumo depende da insatisfação humana, da frustração,
do rompimento de todos os limites.
Os grandes marqueteiros exploram justamente isso, não vendem a utilidade ou importância de um produto ou serviço, vendem o quanto você será infeliz se não comprar aquele objeto de desejo que,
não raro, você jamais precisou.
E assim as pessoas vão se empanturrando de coisas, a medida que se esvaziam de valores, e para manter essas tantas coisas funcionando é preciso mais dinheiro, mais trabalho, mais foco, mais tempo, mais vida.
De fato, quanto mais as pessoas se afadigam para possuir coisas que, enfim, lhe trarão felicidade, mas infelizes se tornam, ao ponto de adoecerem e perderem a alegria de viver, e é esse ciclo interminável que mantém o mundo que conhecemos funcionando.


quinta-feira, 18 de novembro de 2021

Poema sobre a meritocracia

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A meritocracia diz que você cresce por mérito e quem não o faz é por preguiça ou descuido.
Em outra instância, sob o lema da justiça, decide-se atacar um povo destituído de condições de defesa, numa desordem política, econômica e ideológica.
E num ângulo bem mais próximo de nossa experiência diária, há aquelas situações em que nos deparamos com uma busca desenfreada por fazer tudo certo, medir os gastos e despesas, sem deixar nada de fora, no âmago por ser justo e correto.
E nesse meio tempo, atropelamos quem nos surja pelo caminho, cegos em nossa integridade, a fim de não nos desviarmos das leis que impusemos a todos os que nos cercam.
São lágrimas que ignoramos, mãos estendidas que não cabem em nossa justiça, um peso que devemos colocar sobre todos, sem ao menos perceber a distinta condição de cada pessoa.
Neste mundo não há espaço para a misericórdia.
Não vivemos numa democracia,
nem lutamos por coisa alguma além de uma vil e cruel meritocracia.
Será que seria o caso de começarmos por medirmos a nós mesmos se não vivemos recompensando somente os fortes, os esforçados, aqueles que atendem às nossas expectativas?.
Será que não seria o caso de olharmos o outro nos olhos antes de batermos o martelo da justiça, determinando um peso igual a todos que, tragicamente virá a massacrar alguns?.
Será que não seria o caso de desmontarmos nossos sistemas de justiça, recompensa e punição, pararmos de ‘dar nome aos bois’ e analisarmos a vida humana acima dos sistemas políticos e econômicos?.
É difícil ao ser humano aceitar a misericórdia, já que para isso é necessário se desarmar, se despir de suas ideologias e justificações, trazer o outro que o desafia no mesmo patamar para ouvi-lo, atender suas necessidades e promover a reconciliação.
Ideias como estas são por demais subversivas, já que não premiam o esforçado, o mais forte, nem o mais justo.
Isso ataca nossa altivez e nos coloca a todos no mesmo nível, sob a mesma condição.
A maior dificuldade em tudo isso é enxergar além dos rótulos,
das ideologias, dos sistemas políticos e econômicos que já estão encrustados em nossa pele, em nosso sangue e em nossa história.
O pensamento que é regido desde a infância pela meritocracia dificilmente sairá ileso caso decida fugir das linhas que limitam sua justiça própria.
Pobre daquelas pessoas, em um país que qualquer mérito próprio é prontamente transferido para instituições, organizações e ideologias.
Agora o exemplo deles é o exemplo de cada teoria,
cada partido,
cada movimento,
cada politica.
A vitória deles é um tapa na cara da direita,
da esquerda,
do machismo,
do feminismo,
da meritocracia... 
cada um usa a vitória deles como se de fato fosse seus.
Assim como deve aos primeiros militares, deve a esquerda pelas politicas de inclusão e pelo fim da meritocracia, deve a direita.
Somos uma coletividade de preguiçosos, vestindo o mérito alheio como se de fato fosse nosso.
Não creio em meritocracia, pois entendo que nem todos desfrutam da mesma oportunidade de crescer, desenvolver-se e produzir.
Uma coisa é não ter oportunidade,
outra é tê-la, mas negligenciá-la.  
Eu creio na esperança de um milagre que ocorre no interior do coração humano, transformando opressores e exploradores em potencial em seres generosos, cheios de amor pelos seus semelhantes. 


terça-feira, 16 de novembro de 2021

Poema sobre o sermão do meio- ambiente

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Se é verdade que esta Terra está destinada à destruição, por que deveríamos nos importar com questões ambientais?.
Qual foi o último sermão que você ouviu acerca da importância de se preservar o meio-ambiente?.
Haveria como evitar um colapso ambiental?.
O homem incivilizado até pode ter passado a vida nos palácios e gasto os pés nas lajes das grandes cidades e mesmo assim, o homem irá morrer nos bosques.
O homem será sepultado por várias camadas de terra infértil, estéril.
O homem regressará a uma terra, um adubo que será capaz de devolver à Terra o que ela nos entregaram enquanto estamos vivos e, através desse processo, criará novas fontes de vida.
O homem que veio da terra, da terra voltará; voltará a ser um pó que o vento leva, voltará a ser um barro esperando ser moldado por um oleiro.
O homem que muita das vezes destruiu á árvore que nos trouxe vida, agora esperar voltar ao início em que ele possa contempla á árvore da vida.
Tudo tem de acabar e a terra,
de tanto ser pisada, tem de gastar-se; porque a imensidão deve acabar por cansar-se desse grão de poeira que faz tanto e perturba a majestade do nada.
Quando os homens virem esse vazio, quando se tiver de deixar a vida pela morte, pela morte que come,
que tem sempre fome,
haverá um riso imenso de desespero.
E tudo explodirá para se desmoronar do nada, e o homem virtuoso amaldiçoará a sua virtude e o vício aplaudirá.
Alguns homens ainda errantes numa terra árida chamar-se-ão; encontrar-se-ão e recuarão horrorizados, aterrorizados consigo próprios, e morrerão.
O que será então o homem, ele que já é mais feroz do que os animais ferozes,
e mais vil do que os répteis?.
O homem dará adeus para os carros deslumbrantes, famas, mundo, palácios, mausoléus, volúpias do crime e delícias da corrupção.
Os palácios, os templos, as pirâmides,
as colunas, mausoléu do rei, caixão do pobre, carcaça do cão, tudo isso ficará à mesma altura, sob a relva da terra.
Então, o mar sem baterá tranquilamente nas praias e irá banhar as suas ondas na cinza ainda fumegante das cidades;
as árvores crescerão, reverdescerão,
e não haverá mão que as quebre e as destrua; os rios correrão nos prados floridos, a natureza será livre, sem homem que a oprima, e esta raça será extinta, porque era maldita desde a infância, era árida, seca que não deu bons frutos por falta de humanidade.

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