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Enquanto açougues vendem gordura e ossos de boi para consumo de famílias empobrecidas pela crise econômica do país, e pessoas são flagradas invadindo caçambas de lixo atrás de resto de comida, nesta semana, a Bolsa de Valores instalou a estátua do Touro de Ouro no Centro de São Paulo inspirada na Harging Bull, o touro de bronze no coração financeiro do mundo, Wall Street em Nova York.
Uma verdadeiro provocação à dignidade de milhões de brasileiros entregues à miséria.
O que para alguns simboliza a força do mercado financeiro, para outros é um símbolo da fome, da miséria e da exploração do trabalho.
O Harging Bull é o maior símbolo de poder da bolsa de valores de Wall Street e é uma das atrações gratuitas mais visitadas pelo turistas em Nova York.
A escultura de bronze tem se tornado um símbolo do capitalismo americano.
Muitos acreditam que esfregar a mão em seu chifre, focinho ou em seus testículos, atrai sorte, prosperidade e dinheiro.
Turistas esperam horas em filhas gigantescas para tirar fotos agachados apalpando os testículos do touro.
Crendices às parte, o fato é que, para quem conhece um pouco das Escrituras, é impossível não associar o símbolo do capitalismo com o bezerro de ouro confeccionado pelos hebreus enquanto esperavam por Moisés que se demorava no monte para receber das mãos de Deus as tábuas da Lei.
Seria o capitalismo uma espécie de ídolo moderno?.
O momento político em que estamos vivendo tem o mérito de trazer de volta questões ideológicas para o centro das atenções, fomentando discussões acaloradas em torno de quais seriam as atribuições do Estado e os limites de sua atuação.
Distinções antes consideradas superadas voltaram à cena.
Termos que já não inspiravam qualquer ameaça são agora considerados abomináveis por alguns setores mais reacionários da sociedade.
Nosso maior problema não é o Estado, mas o amor ao dinheiro é que é a raiz de todos os males.
É o capital, tão defendido por eles, que promiscui o Estado.
Tanto o Estado quanto o Capital têm potencial de se tornarem ídolos.
Mas deles, nenhum é tão voraz quanto o dinheiro.
O amor a ele é a raiz da corrupção.
Quando o Estado se torna na grande prostituta, o Capital é o seu cafetão.
Alguns alegam que o Estado não possui competência para atuar em certas áreas e que a prova disso seria o caos encontrado na saúde, na educação e em tantas outras áreas que deixam a desejar.
Para estes, só haveria uma maneira de resolver o problema: privatização.
Defendem, inclusive, que uma eventual privatização da Petrobrás, por exemplo, reduziria o preço do combustível.
Interessante o argumento.
Porém, a experiência diz outra coisa.
A telefonia foi privatizada e hoje pagamos mais pelo uso do celular que qualquer outro país do mundo.
Qual a real razão de nossos hospitais e universidades públicas estarem sucateados?.
O que estaria por trás da educação de má qualidade?.
Tomemos como exemplo o SUS que poderia ser considerada uma das maiores conquistas da sociedade brasileira, que já rendeu elogios.
O SUS foi criado para prestar atendimento universal e gratuito,
sem distinção de classe ou categoria profissional.
Obviamente, não interessa aos gestores dos grandes planos de saúde que algo como o SUS garanta atendimento de qualidade a todos.
Quem pagaria uma fortuna a Amil, podendo recorrer à saúde pública,
caso esta oferecesse um serviço de qualidade?.
Nas últimas eleições, os planos de saúde distribuíram R$ 52 milhões em doações para 131 candidaturas de 23 partidos diferentes.
Na hora de votar o orçamento para a saúde pública, a bancada eleita pela máfia dos planos de saúde vai trabalhar arduamente para sabotar qualquer tentativa de melhorar os serviços.
O mesmo ocorre com a educação.
Colégios e Universidades privadas investiram milhões na eleição de representantes para sabotar o ensino público e assim garantir seus lucros galopantes.
Se quisermos, de fato, que o país mude de rumo, precisamos urgentemente de uma reforma política que inclui o financiamento público das campanhas políticas, acabando de vez com esta orgia que mistura interesses públicos e privados.
Somente assim, voltaremos a ter esperança de que o Estado cumprirá cabalmente seu papel de promover o bem comum em vez de aprofundar o abismo entre classes.
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