sábado, 7 de setembro de 2024

Um Brasil em Gaza

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Eu nasci sob escombros, dormi ao som de bombardeios , explorei os subterrâneos e cativei os meus desejos.
Há em meu peito ferido uma parte de Gaza que arde e flameja sorrindo ao mesmo tempo que sara.
Ouvi tiros ao acordar, ouvi gritos antes de dormir.
Eu vi o sol ao deitar esqueci da lua quando me vi.
Há cem olhos em Gaza que me observam sem eu os ver.
Há mil bocas em Gaza que hoje não tem o que comer.
Senti o peso do concreto, senti a poeira em meus pulmões.
Em minha casa o céu é o teto agarrei o ar com as minhas mãos.
Dormi ao som dos bombardeios, dormi ao som dos gritos abafados
Vi a noite se transformar em dia com bolas de fogo incendiando o mar a chuva branca queimou a pele.
Não vejo estrelas por aqui o céu se tornou meu horizonte sob o cárcere aberto eu resisti.
Não há mais olhos em Gaza, não há mais bocas famintas para alimentar, não há sonhos incontestáveis, não há mais ar para respirar.
Embora eu tente eu não consigo; não consigo desacreditar.
Eu acredito no que vejo e o que vejo não dá para ignorar.
Enquanto dormia milhares morriam, enquanto dançava milhares choravam, enquanto sorria milhares sentiam a dor do ódio e da raiva de Gaza.
Há um Brasil em Gaza que não me deixa esquecer.
O sonho de uma menina que não pode viver para o ter.
Há um Brasil em Gaza  sob os escombros de Rafah,  sob o cerco da morte do terror e da sorte.
Há um Brasil em Gaza  que não é escrito com Z, que conhece a guerra  e desde de criança  é  ensinado a combater caso queira viver.
Há um Brasil em Gaza que conhece a dor e a miséria, a sede e a fome  e uma vida sem tréguas.
Há um Brasil em Gaza que perdeu a vida antes de nascer, que viveu para ver seus filhos morrer, que morreu sem ter aonde se esconder.
Há um Brasil em Gaza que grita de dor na escuridão, que sonha com bombardeios mas não tem medo do trovão.
Mas há um Brasil em Gaza daqueles que no útero resistem, daqueles que perto da morte insistem.
E teimosos que são não desistem que não tem medo, não tem medo de morrer.
Se a vida é a única coisa que lhes resta o caminho da vida é lutar para sobreviver.
Há um Brasil em Gaza que enfrenta a fome e a dor, que encontra na guerra o calor.
E só sente frio quando a vida se esvai.
Há um Brasil em Gaza de olhos semicerrados com a Shemagh no rosto e com o fuzil sob túneis e buracos.
Há dois Brasis e há milhares de Gazas, há uma Gaza no Brasil na vida de cada favelado que tem no sangue marcado, que o teu destino não é ser mais um executado.
Há uma Gaza no Brasil que ensina desde cedo a não aceitar, que injustiça se cobra em vida, e não vamos morrer sem o troco dar 
Israel, Imperialismo.
Senhores da guerra conhecerão o inferno e viverão nele seus últimos dias, sentirão na pele a fúria de gerações que serão vingadas.
Sentirão o ódio encarnado em cada criança oprimida.
Gaza enterrará seus últimos filhos, a Jihad é luta e também vingança.
E em cada Gaza no mundo brotarão os combatentes mais aguerridos.
Em cada menina palestina virá a fúria que te arrancarão as entranhas.
Não é para ser bonito, não é para ter métrica 
Os poemas escritos por Gaza são odes à guerra sagrada pela liberdade eterna.
Não é para ser um gemido, tampouco somente um grito que de Gaza a luta e a resistência.
Arranque os grilhões de cada oprimido.

quarta-feira, 14 de agosto de 2024

Poema sobre uma breve história

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Abraão saiu de Ur dos Caldeus a fim de herdar uma terra.
Peregrinou sobre essa tal terra décadas e décadas, comprou pedaços dela, mas não a viu sob seu poder jamais.
Nem tampouco seu filho Isaque a viu como status de propriedade, exceto pela fé; e os netos de Abraão, Jacó e Esaú, também jamais viram a “terra da promessa” como uma promessa que para eles se cumprira.
Foi somente depois de 430 anos de cativeiro no Egito dos grandes faraós, que o povo de Abraão, os Hebreus, pela primeira vez tentou herdar no braço a terra que Deus dera a Abraão pela fé.
Todavia, foi apenas no tempo do rei Davi e de seu filho Salomão que os filhos de Israel tiveram pela primeira vez o real domínio da “terra da promessa” feita a Abraão.
No entanto, durou pouco, pois, com a morte de Salomão, os próprios filhos de Israel se separaram, dividindo-se em dois reinos: o do Norte e o do Sul, o último com sede em Jerusalém.
Ambos os reinos pecaram muito contra Deus e contra a vida, e, por isso, a seu tempo, foram levados para cativeiro.
É, no entanto, o cativeiro do reino Sul de Israel, o reino de Judá, com sede em Jerusalém, que ganha importância vital na narrativa bíblica, pois, entre outras coisas, o reino do Norte, no cativeiro que experimentou, acabou se diluindo e perdendo a identidade cultural, genética e espiritual, segundo os critérios religiosos dos “filhos de Israel”.
Depois de 70 anos em cativeiro na Babilônia os filhos de Israel do reino Sul, da tribo de Judá, receberam permissão para voltar à sua terra,
à Jerusalém, e reconstruírem a cidade que fora destruída.
Eles o fizeram, mas, depois do exílio em Babilônia, jamais de fato foram soberanos sobre a terra, tendo sempre que estar sob alguma forma de vigilância ou domínio ou mesmo de convivência perigosa.
Estiveram sob o domínio grego Ptolomeu e Seleuco durante dois séculos.
Revoltaram-se e conseguiram quase 100 anos de independência angustiada, quando da Revolta dos Macabeus.
Entretanto, os Romanos chegaram, e, com eles, o domínio de muitas bestas.
Foi nesse tempo que Herodes, o Grande, se apoderou da terra e do reino em Israel.
Naqueles dias a terra já começava a ser chamada de Palestina.
Foi nesse período que Jesus nasceu.
Assim, pode-se dizer que a vida física de Jesus aconteceu sob o domínio Romano.
Israel tinha liberdade para habitar e governar os aspectos morais e religiosos do país, da terra de Israel, ou, Palestina, como preferiam chamar os Romanos.
Os Romanos, assim como os gregos antes deles, preferiam chamar a terra de Israel de Palestina, a fim de não dar status tão particular à nação de Israel, pois, era politicamente melhor para os Romanos chamarem a terra por um nome e a nação por outro, diminuindo assim a força da identidade daquele povo, cuja força de identidade nem os Romanos e nem nenhum outro povo na história da civilização jamais possuiu tão fortemente.
A terra dos filhos de Israel fora antes chamada de Terra de Canaã,
em razão de que ali viviam antes os cananeus e povos de cultura semelhante à deles.
Depois se tornou apenas Israel.
Os gregos já chamavam a terra pelo nome Palestina.
Mas foram os Romanos os que consagraram o termo ligado àquela região.
O nome Palestina decorre do nome da região sul de Israel, onde hoje é a Faixa de Gaza, e que é assim chamada em razão dos Filisteus que ali viveram anos, conforme as narrativas bíblicas.
Ora, o nome original era Philistia, que, com o tempo, virou Philistin, e, depois, Palestina.
No ano 70 depois do nascimento de Jesus a cidade de Jerusalém foi destruída, conforme a predição de Jesus, e também conforme Ele os judeus foram dispersos para todas as nações da Terra.
Quase dois mil anos passaram desde então, e, durante esse longo lapso de tempo histórico, os filhos de Israel jamais deixaram de ter judeus morando e vivendo na Palestina.
Além disso, os Samaritanos, que são os remanescentes do reino Norte de Israel, também jamais deixaram de viver na região da Samaria, hoje Cisjordânia.
Israel, no entanto, passou a ser apenas um nome da Bíblia, para os Ocidentais e para o mundo em geral, sendo que havia gente que pensava que Jerusalém nem mais existia,
e isto até bem pouco tempo atrás, tamanha era a força da suposta realidade de que o Israel da Bíblia acabara, tendo sobrado apenas os chamados judeus; e esses como cidadãos errantes do mundo,
uma espécie de ciganos de elite do Planeta.
Israel nunca teve vida fácil.
Desde Abraão que a existência é dura para Israel.
Da destruição de Jerusalém pelos Romanos até hoje.
No ano 68, isto é, apenas cerca de 40 anos depois de Jesus ter dito as palavras acerca da destruição de Jerusalém e a dispersão dos Judeus, o general romano Tito foi enviado com as suas tropas para controlar uma rebelião judaica nacionalista.
Após dois anos de cerco, os romanos entraram na cidade e dizimaram a população.
A fúria dos romanos, certamente provocada pela resistência judaica, foi de tal ordem que incendiaram praticamente a cidade inteira, incluindo o Templo.
Cumpriu-se literalmente a profecia de Jesus: não ficou «pedra sobre pedra».
Os judeus sobreviventes foram vendidos como escravos e o povo em geral foi disperso por muito lugares.
A partir do ano 70, Israel deixou de existir como nação com um território próprio.
Os judeus espalharam-se por muitas nações, procurando sobreviver em condições de grande adversidade.
Ao longo de séculos, foram constantemente e irracionalmente perseguidos.
Nas fogueiras e nas prisões do Santo Ofício, milhares pereceram às mãos da Inquisição.
Os países da ex-União Soviética perseguiram, prenderam e mataram muitos judeus.
Ora, todos nos lembramos da famosa «solução final» de Hitler nos campos de concentração nazistas, onde seis milhões de judeus foram aniquilados, numa operação macabra de morte que ainda hoje continua a chocar as nossas consciências.
Após a destruição de Jerusalém no ano 70 de nossa era, os romanos ergueram uma nova cidade  chamada Aelia Capitolina sobre suas ruínas.
Os judeus eram proibidos de entrar no seu antigo lugar de culto.
No século 4º, a Terra de Israel fazia parte do Império Bizantino; Jerusalém tornara-se um cidade cristã, e legiões de peregrinos vinham visitar os locais relacionados ao advento do cristianismo.
Os árabes muçulmanos, comandados pelo califa Omar, conquistaram Jerusalém em 683 e construíram o Domo da Rocha no lugar do primeiro e segundo Templos. Os judeus tinham novamente permissão para viver na cidade, administrada durante os quatro séculos seguintes pelos califas muçulmanos, desde suas capitais em Damasco, Cairo e Bagdá.
Jurando libertar Jerusalém do Islã,
os Cruzados e seus exércitos partiram da Europa em 1096.
A conquista da cidade foi acompanhada pelo massacre de seus habitantes judeus e muçulmanos.
Durante quase um século, Jerusalém foi a capital do Reino Latino da Terra Santa.
Saladino, Muçulmano do Curdistão, conquistou Jerusalém em 1187 e permitiu o retorno dos judeus à cidade.
Os quase quatro séculos de domínio muçulmano foram marcados por negligência: a população da cidade minguou e as muralhas se arruinaram.
Somente no início do domínio turco otomano, no princípio do século 16, Jerusalém recuperou parte de seu antigo esplendor.
No século 19, com o enfraquecimento do poder otomano e o despertar do interesse europeu pela Terra Santa, o atraso medieval cedeu diante do progresso ocidental. Jerusalém expandiu-se, e por volta de 1840, o número de habitantes havia aumentado consideravelmente, sendo que mais da metade eram judeus.
No fim da 1ª Guerra Mundial (1917), o general inglês Allenby aceitou a rendição da cidade por parte do prefeito de Jerusalém, finalizando o domínio otomano.
Durante os 30 anos seguintes, a cidade foi a sede administrativa do mandato britânico.
Durante esta época, o povoado estagnado e abandonado transformou-se em cidade florescente.
Na atualidade a cidade de Jerusalém tem sido palco de inúmeras disputas entre as três maiores religiões que ali se instalaram: judaísmo, cristianismo e islamismo!.
Esta disputa é feita palmo a palmo, pois as três religiões reivindicam os locais sagrados de Jerusalém.
Os judeus dizem ter direito à cidade, pois ela sempre foi a capital do Estado de Israel, e foi sempre ali que seus antepassados viveram, foi ali que os profetas entregaram as palavras ditas pelo Eterno à nação, etc...
Os árabes dizem ter direito à cidade, pois quando os judeus foram dispersos pelo mundo no ano 70 d.C., eles então se apossaram da cidade e do país e reivindicam então sua posse.
Os cristãos da mesma forma, pois durante os períodos de conquistas, eles passaram por Jerusalém e ali estabeleceram marcos históricos presentes até a atualidade na cidade.
Eles edificaram igrejas católicas e afirmam que a cidade é seu patrimônio, pois Jesus Cristo considerado por eles o fundador do cristianismo viveu, padeceu, morreu e ressuscitou ali!.
A controvérsia está longe de ser decidida e percebemos que desde sempre existiu uma pressão dos países considerados como "potências" mundiais para que haja tolerância em Jerusalém!.
Jerusalém é tida como "Cidade Universal", reclamada para tornar-se o catalisador mundial das religiões!.
Ora, nos últimos dois mil anos, além de todas as lutas e perseguições anteriores, os judeus, filhos de Israel, sofreram mais do que qualquer outro povo na história humana.
Nunca um povo experimentou e sobreviveu a tanta ira espalhada pela Terra!.
Depois do “Holocausto”, termo hoje abominável aos “politicamente corretos” da mídia e da intelectualidade, os judeus receberam permissão da ONU para voltarem à Palestina, mas apenas para tentarem a vida lá; numa terra que depois de ter tido todos os tipos de ocupantes e de ocupação, agora, depois de 1948, estava sob o domínio Inglês e Jordaniano, com supremacia do status religioso dos Islâmicos, desde que os Cruzados perderam a “Terra Santa” de vez para os Mulçumanos no inicio do 2º Milênio desta era.
Os judeus já vinham comprando terras na região desde muito antes da ONU decidir mandá-los de volta para lá, para a sua terra, a terra de seus pais, da qual haviam saído não por livre vontade, mas por deportação, no ano 70 desta era.
A terra estava quase que completamente abandonada.
Era pântano para todo lado, com muita doença; e, no Norte, na Galileia, muita era a malaria que atacava a todos os que ali obrigados a viver; e que lá não viam nada de bom.
Jerusalém só interessava em razão de sua importância religiosa para os Islâmicos também, mas, na pratica,
a terra toda estava em estado de avançada desertificação, ou, então, entulhada de pedras ou tomada pelos pântanos.
Os judeus chegaram estabelecendo Kibutz.
Comunidades agrícolas e comunistas na gestão de tudo.
Receberam mão de obra de outros judeus que logo começaram a afluir para a terra de seus pais.
Não demorou e os Kibbutzs começaram a ser atacados pelos árabes islâmicos, tanto Palestinos, quanto Egípcios, Sírios e Jordanianos.
Trabalhavam com uma mão e empunham a arma na outra.
Anos e anos a fio.
Então, depois de muitas guerras contra essas forças, Israel tomou parte da cidade de Jerusalém.
Foi a Guerra da Independência, mas o status da cidade de Jerusalém foi mantido, com a supremacia dos Islâmicos sobre a área mais sagrada da terra: a Monte do Tempo; onde estão as Mesquitas de Omar e El Aksa.
Depois os Egípcios atacaram na chamada Guerra dos Seis dias,
mas foram vencidos, não tendo tipo a cidade do Cairo tomada pelos exércitos de Israel por pedido encarecido da ONU.
Então, no inicio da década de 70,
os Sírios e os Egípcios atacaram outra vez de surpresa, só que agora no Dia do Perdão dos Judeus.
Outra vez, quase depois de vencidos, Israel virou a guerra, e, ao Norte, empurrou os Sírios de volta, e, ao sul, desbaratou os Egípcios.
Outra vez a cidade do Cairo, no Egito, tanto quanto Damasco, na Síria,
não foram tomadas em razão de encarecidos pedidos da ONU.
Israel, todavia, depois de ter sido invadido oficialmente duas vezes,
e, centenas de vezes alvejado por torpedos Sírios, lançados de sobre as Colinas de Golan, decidiu não mais devolver Golan aos Sírios, pois,
de cima das colinas eles atacavam sistematicamente, durante anos e anos.
Com a supremacia definida de Israel na região, definitivamente estabelecida de 1974 para frente, reinou um período de certa tranqüilidade alguns anos.
Arafat, no entanto, praticava sistematicamente o terrorismo, sempre na intenção de provocar um levante na terra.
Quando vejo os ataques de Israel em resposta aos ataques do Hamas, sinto muita dor pelos inocentes Palestinos.
Vejo-os sofrendo como os inocentes moradores de uma favela do Rio, tomada por traficantes, em guerra com forças do Estado, e, usando o povo como escudo para o enfrentamento.
Ora, internamente os Palestinos estão mais divididos do que a mídia anuncia.
De fato, o que vejo é perverso em todos os sentidos.
É perverso porque os inocentes Palestinos estão sendo usados covardemente pelo Hamas.
É perverso porque as autoridades de Israel estão exagerando em muito na medida da resposta.
Perverso porque não há solução na cessação de nada, pois, o Hamas não cessa nada nunca.
Perverso porque a estratégia do Hamas é fazer o que está fazendo a fim de por o mundo em grande ira contra Israel.
Perverso porque não se divulga nada com isenção, e, em não se fazendo, apenas aumenta-se o ódio reinante e as reações de ambos os lados.
O fato é que Israel é atraidor de Ira!.
Ira entre os povos!.
E que Ira é essa?.
Ora, além de que Israel é o povo cultural e geneticamente mais uniforme do Ocidente da Terra, é também o povo que mais contribuiu proporcionalmente para tudo o que o mundo chama avanço e genialidade cultural, artística, intelectual, filosófica e cientifica.
Os próprios Árabes, primo-irmãos dos Judeus, nem de longe lograram a homogeneidade que os de Israel conseguiram, e, muitos menos, tiveram ou têm o avanço de consciência que os judeus possuem.
O terrorismo Árabe-Palestino ou Árabe qualquer coisa, não dá chance à paz.
Quem pode negociar com seqüestradores?.
Quem pode negociar com terroristas?.
Quem pode negociar com quem joga um jogo para o mundo e outro para dentro?.
Quem pode negociar com quem ganho o Nobel da paz para fora, para o mundo, e, ao mesmo tempo, incentiva o terrorismo?.
Quem pode negociar com quem diz que o único negócio é extinção total do "inimigo judeu"?.
Assim, com toda razão Israel ataca, e, fica sem razão por atacar atingindo os civis, mas não tem alternativa, pois, não fazendo o que faz,
não agüentara as pressões internas.
Ao mesmo tempo em que fazendo o que está fazendo, atrai a Ira do mundo contra si mesmo, o que, no caso de Israel é um perigo, posto que por razões que nem as pessoas compreendem, os filhos de Israel existem sob a Ira da inveja e do desconforto espiritual dos povos.
Israel é objeto de todas as iras.
E é assim porque Israel é um elemento profético da existência humana!.
Quem lê, entenda!.
 
 

sábado, 10 de agosto de 2024

Tragédia em Vinhedo

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Vejo sangue no ar,
vejo às residentes de oncologia deixarem  a saudade e lembranças de duas jovens médicas que partiram cedo demais.
Vejo um policial e  uma fisicultorista começarem a saga até o destino com uma bandeira dos Estados Unidos. 
Vejo um programador dedicado e elogiado por todos os colegas.
Vejo uma passageira jovem e feliz,  vejo uma comissária de bordo, apaixonada pela aviação e pela excelência em bem atender, encantar e ir além das expectativas.
Vejo um árbitro de judô gentil e cortês que tinha o respeito e admiração de todos que puderam conviver com ele.
Vejo um morador de Jacareí e um casal de idosos que morava em Guaratinguetá.
Vejo quatro empresários cearenses e um representante comercial que morava em Maceió. 
Vejo o comandante do avião palmeirense, excelente aviador.
Vejo uma professora da Universidade Federal do Paraná, vejo uma nutricionista que foi tirar um tempo  para pensar nas coisas boas e no seu objetivo.
Vejo uma advogada, vejo um homem movido por dois grandes amores.
Vejo pessoas que levavam uma flor.
Vejo mãos e pernas de pessoas arremessadas na explosão.
Vejo corpos irreconhecíveis identificados pelo Grande Reconhecedor.
Vejo sangue no ar, vejo chuva de sangue caindo nas nuvens batizadas pelo sangue de pessoa sonhadoras.
Vejo a  médica belíssima, no seu último atendimento mais rápida porque vem sem vida.
Vejo três pessoas caindo rápidas, enfunadas, como se dançassem ainda.
Vejo uma pessoa abraçada com o seu cônjuge  pensando ser o seu  paraquedas.
Vejo chuva de lágrimas e de sangue em Vinhedo, e há vinhádegos amargas por todos os lados. 


quinta-feira, 1 de agosto de 2024

Poema sobre a guerra no Oriente Médio

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A guerra sempre tem o mesmo pai, mãe e motivações
O que está acontecendo em Israel é um conflito que começou há mais de 4.000 anos atrás entre duas mulheres; Sara, mulher de Abraão, incapaz de ter filhos, e Hagar, que era sua concubina.
Sara, mulher de Abraão, incapaz de conceber filhos, pediu à sua escrava Hagar que se deitasse com seu marido Abraão e se tornasse sua concubina.
Como resultado, Hagar deu à luz um filho chamado Ismael.
Após algum tempo, Sara, já idosa, surpreendentemente deu à luz a um filho, Isaac.
Esse acontecimento marcou o início do conflito entre Sara e Hagar, sendo Sara, mãe dos judeus dos israelenses, como são chamados depois que voltaram para sua terra natal.
Esse conflito enraizado na antiguidade envolve os árabes, pois Ismael é considerado o ancestral de todos os povos árabes.
O que isso tem a ver com os conflitos que a ANF retrata?.
Pode projetar algum tipo de paz ou solução?.
A resposta está no fato de que as guerras, sejam elas grandes e internacionais, ou menores e localizadas, como as que ocorrem em favelas e diversas comunidades, são frutos da cobiça.
Não importa se o que está por trás são questões sociais, econômicas ou políticas,
é a cobiça que é a mãe de todas as guerras.
São pessoas tomadas por vontades, desejos e ambições particulares que fazem os conflitos se estabelecerem.
Eles lutam por um lugar no mundo que lhes assegure domínio, dinheiro e poder.
Enquanto isso, tanto em Israel quanto na sua comunidade, a grande maioria não está querendo saber de guerra, nem de embate.
Tanto em Israel, entre judeus e palestinos, quanto na sua comunidade, em conflitos entre tráfico e milicianos.
Com um agravante que algumas invasões policiais frequentemente trabalham para o lado que lhes convém, de acordo com cada negociação.
Em Israel é assim também,
os interventores de fora do país, como os Estados Unidos, organizações como a ONU ou a Liga Árabe, só agravam os conflitos. Como aconteceu recentemente, com o fornecimento de armas pelo Irã ao grupo terrorista Hamas, em Gaza, através do Hezbollah, no Líbano.
Em resumo, os agentes externos muitas vezes contribuem para a escalada desses conflitos, complicando ainda mais o mapa e a arquitetura das guerras.
O que está acontecendo no Oriente Médio não é tão diferente do que está acontecendo fora da sua casa.



terça-feira, 11 de junho de 2024

Poema sobre o jardim secreto de cada um

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Nesta era em que tudo é fabricado, em que nada é natural, em que nada é puro; em que os primeiros beijos se trocam por redes sociais, se fala por Whatsapp  e os ditos encontros românticos acontecem no cinema, entre um balde de pipocas e um copo de coca-cola, nesta era, que já não é minha, já não é tua, já nem é nossa; deixa-me falar-te de um Jardim secreto da minha alma onde colho buquês de estrelas amarrados por brilhantes raios de luar.
Deixa-me falar-te de um poema de amor.
Um poema que eu quero voltar a escrever sem reticencias, sem pontos de interrogação.
Apenas com letras do alfabeto do coração, com caneta de tinta incolor que carece de brilho, de relevo dizendo que todos nós temos um jardim secreto em nossa existência.
Às vezes colhemos rosas e às vezes espinhos.
Deixa-me falar-te do jardim secreto de pessoas que têm o controle de seus sentimentos e ao relacionar-se afetivamente com alguém; permite que o outro adentre e ocupe certos espaços em seu coração e em sua vida. 
Deixa-me falar-te de pessoas que só teremos acesso em seus corações quando conseguimos um martelo e um torno.
Deixa-me falar-te de pessoas que pode nos guia por um caminho aonde existe ternura no ar, onde tudo que quisemos ou precisamos sempre vai ficar milhões de quilômetros de distância.




segunda-feira, 3 de junho de 2024

És o mais bonito dos planetas

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A natureza é generosa para conosco pois nos oferece tudo o que precisamos para viver.
Mas nós, em contrapartida,
a consideramos como um objeto qualquer, entregue ao nosso bel-prazer, sem nenhum sentido de responsabilidade pela sua preservação nem lhe damos alguma retribuição.
Ao contrario, tratamo-la com violência, depredamo-la, arrancando tudo o que podemos dela para nosso benefício.
E ainda a transformamos numa imensa lixeira de nossos dejetos.
Nós não conhecemos sua natureza e sua história.
Somos analfabetos e ignorantes da história que se realizou nos nossos lugares no percurso de milhares e milhares de anos.
O lixo que jogamos no chão pode não falar, mas ele comunica uma mensagem importante sobre nossas atitudes e valores.
Não nos preocupamos em conhecer a flora e a fauna, as montanhas,
os rios, as paisagens, as pessoas significativas que ai viveram, artistas, poetas, governantes, sábios e construtores.
Temos que saber que a terra é um grande ser do universo, de infinitas faces, de infinitas formas de vida, de infinitas histórias e aventuras; hoje  com teu corpo doído e sofrido, com teu sangue corrompido e manchado, com tua pele machucada e queimada.
Ainda persistes em acolher bem o teu filho predador que é também predador de si próprio.
Hoje é nosso dever assumirmos contigo o compromisso de te cuidar, de te recuperar, de te regenerar a começar pela própria regeneração humana.
A humanidade está cega pelas promessas das modernas ciências do saber que reconhecem, timidamente, a sua pequenez.
E é por teu amor incondicional que transcende a compreensão humana, que assumimos o compromisso de gritar por ti clamando alteridade,
caridade, amorosidade, respeito.
Terra.
És o mais bonito dos planetas.
A ti pedimos perdão pela nossa insensatez.
Assumimos hoje de forma individual e global, o compromisso de resgatar a consciência integral para que cada ação nossa colabore, para o nascimento de uma nova humanidade que te respeite, que te honre, que te ame verdadeiramente.
Somos, em grande parte, ainda devedores do espírito científico moderno que identifica a realidade com seus aspectos  meramente materiais e mecanicistas sem incluir nela, a vida, a consciência e a comunhão íntima com as coisas que os poetas, músicos e artistas nos evocam em suas magníficas obras.
O universo e a natureza possuem história.
Ela está sendo contada pelas estrelas, pela terra, pelo afloramento e elevação das montanhas, pelos animais, pelas florestas e pelos rios.
Nossa tarefa é saber escutar e interpretar as mensagens que eles nos mandam.
Os povos originários sabiam captar cada movimento das nuvens, o sentido dos ventos e sabiam quando vinham ou não trombas d’água. 
Estamos pagando alto preço pelo nosso descaso e pela dizimação da mata atlântica que equilibrava o regime das chuvas.
O que se impõe agora é escutar a natureza e fazer obras preventivas que respeitem o modo de ser  de cada encosta, de cada vale e de cada rio.
Só controlamos a natureza na medida em que lhe obedecemos e soubermos escutar suas mensagens e ler seus sinais.
Caso contrário  teremos que contar com tragédias fatais evitáveis.

sábado, 25 de maio de 2024

Estão te maltratando por dinheiro

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Nas planícies do Planalto Central,
Ergue-se uma cidade monumental,
Brasília, símbolo de modernidade,
mas também destruição, infeliz verdade.
O cerrado, bioma único e raro,
é  vítima de um mal tão bizarro,
os incêndios consomem a terra,
e com eles, vão as riquezas da serra.
A natureza é mãe e protetora,
mas o homem, seu filho, é o oposto, senhora,
traz a destruição por onde passa,
e sem pensar, sua vida em fogo arrasa.
Mas há aqueles que lutam,
que entendem a urgência e não se acovardam,
defensores do meio ambiente,
que dedicam suas vidas a proteção com veemência.
São os guardiões da natureza,
que combatem o fogo com coragem e destreza,
são como uma luz em meio às chamas,
Que lutam pela proteção sem descanso e sem drama.
É preciso valorizar a vida,
e lutar para que a destruição seja contida,
proteger o meio ambiente é proteger a si mesmo,
é  garantir um futuro sem dor e tormento.
Brasília, cidade grandiosa,
Deve ser exemplo de defesa vigorosa, não permitir que o fogo vença o cerrado,
mas sim, que a vida seja preservada e honrada.
A natureza é um tesouro inestimável, que devemos proteger com amor incomparável,
e assim, garantir a vida,
com a proteção da terra, nossa fonte de alegria.

quinta-feira, 23 de maio de 2024

A natureza está falando

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Temos o dom e a inteligência dada pelo criador para nos desenvolver em todos os sentidos.
Somos dotados de inteligência e capacidade para fazermos grandes obras, grandes eventos, grandes realizações.
Construímos civilizações, mudamos o mundo.
Homem altivo, raça superior sobre todas as outras, dono da verdade sobre todas as outras.
Senhores do mundo.
Infelizmente tudo isto é verdade,
mas o que tivemos de fazer para alcançar tão alto posto neste mundo.
Somos humanos com certeza, superiores aos ditos animais irracionais, isto posto por nós mesmo.
Vangloriamos de nossa raça ser superior, mas o que temos de tão especial assim?.
Apesar de construir grandes coisas, destruímos tudo ao seu redor,
não respeitamos nada, ganância, poder, dinheiro, tudo conta nesta hora.
Menos o respeito ao próprio planeta que habitamos.
Somos destruidores ao extremo com nosso ambiente, não valorizamos a natureza, fazemos pouco caso das necessidades de recuperação de imensas áreas degradadas pelo próprio homem.
A terra sangra, é rasgada, é explorada, tudo é tirada dela sem respeito e sem qualquer cuidado com seu futuro.
Total falta de entendimento que este mundo também tem sua cota de esgotamento.
Quantas belezas naturais destruídas em nome do progresso, quantas espécies de animais simplesmente extinguidas pela ganância humana. Somos totalmente alienados com nossa própria casa.
A degradação e o mal uso de recursos e áreas as vezes cobra seu preço em vidas humanas,
quantas mortes poderiam ser evitadas se houvesse respeito ao próprio meio ambiente que estas pessoas vivem.
O homem acha que domina a natureza, sendo que ele é apenas mais um elo neste grande mistério em que estamos vivendo.
A terra é a nossa mãe, o mar é o nosso chão o verde é a nossa luz.
Pela nossa capacidade e inteligência, quando vamos entender que a preservação, o respeito a natureza se faz necessário até mesmo para nossa própria sobrevivência.
Muito se fez e faz, muitos estão tendo a consciência e o despertar para este dilema de nossa sociedade, mas muitos ainda estão cegos pelo dinheiro, pela ganância,
por diversos interesses muitos deles escusos e mal intencionados.
Que tenhamos a vontade de mudar e entender que dependemos desta mesma natureza que destruímos para nossa própria existência como humanos neste mundo.
Que nossa inteligência e capacidade seja revertida para que tenhamos um mundo melhor junto com toda esta natureza exuberante que foi dada como casa e lar.

terça-feira, 21 de maio de 2024

O homem como natureza e espírito

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O verdadeiro homem é o homem selvagem, que se relaciona com a natureza como ela é e como ela sempre foi. 
Assim que o homem aguça a sua inteligência, desenvolve as suas ideias, maquinar em segredo a sua execução  e a forma ou adquire novas necessidades, a natureza opõe-se aos seus desígnios em toda a linha.
Opondo aos seus desígnios só lhe resta violentá-la, continuamente.
No entanto a natureza, pelo seu lado, também não fica quieta.
Se o homem suspende por momentos o trabalho que se impusera, a natureza torna-se de novo dominadora, invade-o, devora-o, destrói ou desfigura a sua obra temporária.
Que importam às estações, ao curso dos astros, dos rios e dos ventos e tantas outras maravilhas da arte?.
Um tremor de terra ou a lava de um vulcão reduzem-nos a nada;
os pássaros farão os seus ninhos nas suas ruínas; os animais selvagens irão buscar os ossos dos construtores aos seus túmulos levemente abertos. 
Tudo o que o homem constrói é, como ele, passageiro, temporário, transitório; o tempo derruba os edifícios, os templos e às catedrais, atulha os canais, apaga o saber  e até o nome das nações.
Mas o homem está longe de receber a súmula dos conhecimentos acumulados pelos séculos que o precederam e se aperfeiçoa algumas dessas invenções no que diz respeito a outras fica bastante atrás dos seus próprios inventores; um grande número dessas invenções chega mesmo a perder-se.
Determinada invenção, suprimindo ou diminuindo o trabalho e o esforço, enfraqueceu a dose de paciência necessária para suportar as contrariedades ou a energia que temos de dar provas para as vencer.
O homem vai buscar à natureza venenos como o tabaco para dele fazer instrumento de prazer grosseiros, sendo castigado com a perda da energia e o embrutecimento.
Nações inteiras vivem hoje como párias, devido ao uso imoderado destes estimulantes ou dos licores fortes.
O enfraquecimento geral, que é provavelmente o resultado do progresso dos prazeres, arrasta uma rápida decadência, o esquecimento do que fora a tradição conservadora ou o ponto de honra de uma nação.
É numa situação como esta que se torna difícil resistir aos invasores.
Há sempre um povo qualquer  sedento por seu turno de prazeres, pura e simplesmente bárbaro, ou que conserva ainda qualquer mérito ou espírito de iniciativa disposto a aproveitar-se dos despojos dos povos degenerados.
Esta catástrofe, facilmente previsível, torna-se por vezes uma espécie de rejuvenescimento para o povo conquistado.
É um pouco o que sucede com a tempestade que purifica o ar depois de o ter convulsionado; esse turbilhão parece trazer novos germes ao solo gasto e de tudo isto pode ser que nasça uma nova civilização, serão no entanto necessários séculos para que floresçam de novo as doces artes, que acabarão por abrandar os costumes e os corromper de novo, ritmando essas ternas alternativas da grandeza e de miséria em que transparece tanto a fraqueza humana como o poder singular do seu espírito que, segundo os antigos, regia o destino de um indivíduo, de um lugar ou que se suponhava um elemento da natureza, ou inspirava as artes, as paixões, os vícios etc.

segunda-feira, 20 de maio de 2024

Poema sobre o segredo da vida

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O segredo da vida é amar, abdicar de si em favor de um outro.
Vencer egoísmos e medos com a convicção de que dar-se nunca é um excesso nem uma cobardia.
O segredo da vida é perder-se para se encontrar.
Entregar-se para se receber.
É aparecer, sair de si até ao ponto de se poder ver bem diante dos próprios olhos.
O segredo da vida é vivê-la tal como ela é na essência.
Ser mais vida na vida de outro alguém.
Cuidar da existência do outro com a sua.
Dar a vida é ser outro.
O segredo da vida é ser um sorriso apenas com um olhar.
É oferecer lágrimas a quem já perdeu as suas.
Ser um silêncio onde há paz e uma melodia que revela que o melhor do mundo repousa em nós à espera de nós.
O segredo da vida é reconhecer a beleza que há neste mundo.
No outro e no mundo do outro.
É contribuir para o equilíbrio e ficar em harmonia com tudo e com cada coisa, compreendendo que a verdadeira alegria é a coisa mais séria da vida.
O segredo da vida é guardar-se para o momento oportuno, sabendo que pode tardar, muito.
O segredo da vida é não contar lutas, sofrimentos e perdas quando chega o tempo de se dar.
O segredo da vida é reconhecer que ela não é nossa.
Que nos foi oferecida, e que se nada fizemos para a merecer antes, podemos sempre fazê-lo, agora.
O segredo da vida é ser silêncio e ser simples.
Não é estar presente.
É ser presente.
O segredo da vida é entregar umas mãos puras, ainda que vazias.
O segredo da vida é não querer as pessoas e as coisas para as usar e deitar fora, mas para cuidar delas, apesar de tudo o que lhes possa suceder.
O segredo da vida é criar alegria noutro coração, desprezando sempre as injúrias de quem nada faz senão tentar desfazer os outros.
O segredo da vida é saber que é maior o contentamento de ter para dar do que o desassossego de esperar pelo que os outros possam trazer.
O segredo da vida é abrir os braços e deixar o espírito sair ser um vento que envolve, protege e eleva o outro até ao céu.
O segredo da vida é ser a origem do que não tem fim.
O segredo da vida é ficar sem nada senão com esta vontade de ser Amor porque todos sabem que o amor é o único caminho.
O segredo da vida é desfrutar a passagem do tempo mas já que estamos a caminho nós também podemos desfrutar do passeio.

domingo, 19 de maio de 2024

Poema sobre o Rio Grande do Sul

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Não ouve os desabrigados pela enchente nem o lamento dos flagelados transmitidos pelas mídias sociais pelas TVs e jornais. Não sabe o número exato de mortes nem identifica se a força das águas é castigo divino, destino ou má-sorte. Quem escreve poemas sente a água no pescoço e a escuridão da rua que virou rio penetrou poros, nuca, mãos, dedos rosto encharcou a alma sem alvoroço abriu um buraco no coração da fundura de um poço. Quem escreve poemas não tem essa visão de grandeza vista de uma espaçonave um satélite que voa sobre o planeta azul mandando imagens reais do cataclismo climático no Rio Grande do Sul. Quem escreve poemas não vê as coisas do alto. Ao contrário quem escreve poemas vai direto ao coração da pessoa sondar se ela tem vontade em construir em si mesma a dor de alguém que perdeu casa, carro, roçado tia, tio, primo, cunhado tudo o que tem e mesmo assim na ausência dá a volta por cima agradece à vida por sua querência. Quem escreve poema empresta eletricidade à casa em escuridão que à mercê do tempo ficou exposta aos projetos do homem em seu sonhos de ambição. Quem escreve poemas não tem a exatidão do estrategista do engenheiro urbanista ou empresário do agronegócio que projetaram fartura e glória econômica ao estado e ao sócio. Quem escreve poemas usa a palavra como um motor que salva cavalo, gente, cachorro ressalta o trabalho, do soldado, bombeiro, o herói da Defesa Civil que prestam socorro e de forma sutil, oferecem amor. Quem escreve poemas em nome de uma causa maior não procura culpados ou responsáveis por uma tragédia mas se ajoelha rente ao chão e transforma galões de água sacos de arroz, farinha e açúcar em poderosa oração. Quem escreve poemas bah, tchê tem coração de guri chora pelo Rio Grande do Sul, de Manaus ao Recife, do Oiapoque, do Beriva ao Chui.

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