sábado, 1 de abril de 2023

Poema sobre a encarnação do Verbo

.





No princípio era o evangelho e o evangelho era Cristo e Cristo falava de vida. 
Ele veio para todos, mas nem todos o aceitaram 
mas todos quantos o aceitaram
foram adotados como filhos de Deus e eles creram na loucura do evangelho e Cristo lhes deu vida, esperança e amor.
E lhes deu do seu Espírito.
E lhes prometeu a cidadania no reino de Deus
Todos os grandes eram pequenos todos os ricos eram pobres e todos se amavam e esperavam o novo reino.
Mas o evangelho virou religião e a religião assentou-se nos tronos e os tronos prometiam poder.
A religião veio para o Estado, mas nem todos a aceitaram.
Mas a todos quantos a aceitaram, deu-lhes o poder sobre as almas dos homens e o Estado agarrou a loucura da religião oficial.
E os tronos lhe deram dinheiro,
poder e fama.
E lhes mesclou o espírito. 
E lhes prometeu todos os reinos do mundo todos os ambiciosos se ajoelharam 
todos os grandes beijaram a mão mas os pequenos resistiram.
E guardaram o evangelho de Cristo.
Depois o evangelho virou ciência e a ciência ocupou as academias e as academias prometeram a luz da razão. 
Ela veio para os eruditos, mas nem todos a aceitaram mas a todos quantos a aceitaram
deu-lhes a ilusão de saber e os eruditos tentaram prender a fé e a academia lhes deu títulos, cátedras e anéis e lhes confundiu o espírito e lhes prometeu o domínio de Deus.
Então os eruditos perderam a fé muitos doutores perderam o caminho mas os filhos contemplaram o mistério e continuaram na esperança do novo reino.
Depois o evangelho virou império e o império converteu a religião e a religião serviu o império. 
Ele veio para controlar, mas nem todos se submeteram mas a todos quantos se submeteram
deu-lhes a coroa e cetro. 
E os imperadores se tornaram deuses e os deuses se tornaram imperadores e lhes inflou o espírito e lhes prometeu o supremo poder.
Então o império matou a fé e muitos morreram com ele mas os humildes da terra aguardavam um novo reino.
E evangelho foi levado à guerra e encheu o mundo de armas e por ele se derramou muito sangue. 
A guerra veio para os heróis, mas nem todos a aceitaram mas a todos quantos a aceitaram 
deu-lhes escudos, batalhões e dor.
E os cruzados impuseram a fé e encheram a terra de cruzes. 
E se lhes amargou o espírito. 
E julgaram implantar a 'pax religioni'.
Muitos guerreiros viraram pastores e muitos pastores se tornaram guerreiros mas os pacificadores resistiram e amaram a mansidão do novo reino
O evangelho também foi tribunal e o tribunal julgou deuses e homens condenaram corpos e almas. 
O julgamento caiu sobre todos mas nem todos o aceitaram e todos quantos não aceitaram foram julgados, queimados e apedrejados.
E o tribunal inquisitório deu plenos poderes e os constituiu juízes dos deuses. 
E lhes corrompeu o espírito. 
E quiseram julgar até Deus.
Muitos foram excluídos da fé mas os justos perdoavam porque haviam sido perdoados e aguardavam o reino.
Então, o evangelho virou cultura, e a cultura se espalhou pelo mundo. 
E a cristandade definia a cultura veio para os europeus, mas o novo mundo a recebeu e a todos quantos a receberam 
deu-lhes a primazia da escolha.
E a cultura virou moda. 
E lhes deu ideias, arte e espaço. 
E liberou todos os espíritos e lhes criou seu próprio Deus. 
A cristandade prosperou.
E quiseram recriar o paraíso. 
Mas os simples continuaram crendo na simplicidade do reino de Deus. 
E fizeram do evangelho dinheiro e o dinheiro comprou o evangelho e o evangelho deu lucro.
Veio para atender os mercadores, mas alguns temeram.
Mas a todos quantos o aceitaram 
deu-lhes o mercado. 
E muitos gostaram do dinheiro e lhes deu marcas, audiência e poder e entristeceram o Espírito e cobravam pelo reino de Deus. 
Muitos foram feridos e escandalizados.
E a fé se tornou produto, lucro e negócio. 
Mas os filhos de Deus não aderiram.
Porque esperavam o reino que vem.
No princípio era o evangelho e o evangelho era o próprio Cristo e Ele se fez homem e habitou entre nós e vimos a sua formosura, formosura como do próprio Deus. 
Cheio de graça e verdade. 
Mas a verdade perturba.
E a graça ofende.
Mas todos quantos recebem ainda são adotados na família de Deus. 
O evangelho é tão somente evangelho vida de Deus na fraqueza humana.
Porventura, quando vier o reino haverá esperança?.
Que haja, Senhor, esperança dos mansos da terra.
No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus encarnado em Jesus para reconciliar o mundo.
A encarnação de Deus nos conecta de volta a ele, pois ao vivenciar tudo que vivenciamos, ele se torna um de nós.
E quando apenas um de nós vive sem pecado, então todos nós somos santificados.
Quando Deus se encarna e vive na pele o que nós vivemos, ele une terra e céu.
Na Cruz Deus está dizendo que o perdão já existe desde a fundação do mundo, e de Graça.


sexta-feira, 31 de março de 2023

31 de Março

.





O que aconteceu no 31 DE MARÇO DE 1964, foi um golpe de Estado.
Não foi uma revolução.
O que parte das ruas é revolução.
O que parte de quartéis é golpe de Estado.
Nunca é demais lembrar que a igreja evangélica brasileira apoiou o golpe, defendeu a tortura, defendeu torturadores.
Dias depois do golpe, o JORNAL BATISTA publicou um editorial em que dizia: "Os acontecimentos político-militares de 31 de março e 1° de abril, que culminaram com o afastamento do Presidente da República, vieram, inegavelmente, desafogar a nação,  porque estávamos vivendo um clima pesado de provocações, de ameaças, de agitações, que nos roubavam o mínimo de tranquilidade necessária  para poder trabalhar  e progredir.
Necessária, inclusive, para a pregação do evangelho.
Nas edições seguintes, para legitimar o golpe, o JORNAL BATISTA passou a demonizar o presidente João Goulart.
O Jornal Batista tornou-se porta-voz, órgão de imprensa da ditadura.
Na edição de 31 de março de 1964,
o jornal O ESTANDARTE, da Igreja PRESBITERIANA Independente do Brasil, publicou o seguinte editorial
"O país tem novo presidente.
Nesta altura podemos afirmar que há governo nesta terra.
Temos um homem de autoridade  e austeridade para dirigir o leme do grande barco.
No mesmo dia, o jornal O BRASIL PRESBITERIANO, da IGREJA PRESBITERIANA DO BRASIL, publicava: "O Brasil, ilustre Marechal,  odeia o comunismo.
Na certeza imbatível de que a justiça exalta as nações e de que o pecado é o opróbrio dos povos, hipotecamos, Senhor Presidente, respeitosa e patrioticamente, enorme soma de confiança em seu governo."
Em 1972,  sob o AI-5, o jornal O MENSAGEIRO DA PAZ, da Assembleia de Deus, publica: "Coisa significativa e elogiável ainda mais é o interesse que hoje evidencia o Governo brasileiro em favor da juventude brasileira,  envidando  esforços orientativos e repressivos  às práticas más, de modo a ter o Brasil um futuro mais livre, tendo seus filhos ainda mais sãos de mente e de costumes."
Em 1974, quando o general Ernesto Geisel, um dos mais assassinos, membro da Igreja Luterana, assume a presidência, com direito a discurso do presidente da Igreja Luterana, o jornal presbiteriano publica: "Como vemos, Deus tem colocado seus servos em posição de destaque em nosso país." 
Na posse do Marechal Castelo Branco,
o Gabinete Geral da Igreja Metodista envia um telegrama ao novo presidente golpista, publicado anos depois no jornal O EXPOSITOR CRISTÃO:
"No ensejo de sua posse na presidência do Brasil, desejamos à Vossa Excelência  as abundantes bênçãos de Deus para um governo de compreensão, paz e progresso. 
Em todos os anos da ditadura militar no Brasil, pastores, esposas de pastores, filhos, protegidos, foram nomeados para cargos importantes nos governos, com destaque para batistas e presbiterianos.

O sacerdócio de Jesus

.






No Velho Testamento, o sacerdote tinha tantos paramentos em suas vestes que ficava difícil fazer outra coisa que não o ofício do sagrado.
Era algo para o diferenciar dos demais, para impor respeito e admiração,
para destacar e sublinhar seu ofício.
Mas no sacerdócio de Jesus,
segundo a ordem de Melquizedeque,
a pompa foi deixada de lado,
as vestes extasiantes e os adornos foram trocados pela simplicidade,
pela humildade e pelo serviço,
não tinha como identificar Jesus em meio a um ajuntamento de pessoas, por isso Judas o beijou para que os soldados pudessem prendê-lo.
Sim, o requinte de Jesus era amar,
sua sofisticação estava em seus gestos, no acolhimento do caído, no abraço do leproso, no perdão da prostituta,
ele não era homem de cerimônias,
não tinha a empáfia de Herodes nem as vestes de Caifás, vestia-se de justiça e misericórdia.
Deus é escandaloso,
ele choca pela forma de nos mostrar que o que importa não aparece,
está no armário do coração,
e é nessa dimensão onde somos visitados pelo Espírito, para que nossas motivações possam ser provadas.
Creia: quanto mais alguém é de Deus, mas se humilhará, quanto mais tiver comunhão com Deus, mais desejará não estar em evidência, quanto mais se alimentar do Evangelho,
mais dirá “Convém que ele cresça e que eu diminua”.

quarta-feira, 29 de março de 2023

Poema sobre o ataque na escola

.






O menino de 13 anos anunciou no Twitter: tomara que eu consiga algum "kill"
Ele coloca a máscara que representa os neonazi's e invade a escola armado com uma faca.
Mata uma professora de 71 anos e tenta matar mais.
Depois do ocorrido, autoridades afirmam a urgência em armar professores.
Poucos conseguem discernir que a violência está aí.
Ela não nasce da facada,
mas da sociedade que cria ambientes violentos, de exclusão, de desprezo,
de morte.
Ao invés de enfrentarmos a lógica do olho por olho, do armamentismo, criando espaços de pacificação, ambientes de acolhimento,
escuta e partilha, nossa solução é mais armas, para num darwinismo atual, fazer valer a lei do mais forte.
Salve-se quem puder!.
Como em tudo imitamos os Estados Unidos, nosso conservadorismo a la WASP fez surgir por aqui fenômenos de violência tão comuns como os de lá. Ontem, houve mais uma chacina numa escola para crianças de até 12 anos.
6 pessoas foram mortas.
4 criancinhas!.
O acesso às armas lá é ainda mais fácil que aqui, já que os conservadores defendem com sangue a segunda emenda que afirma a liberdade de todo cidadão americano ter armas para sua própria defesa.
Alguns parecem que se "defendem" assim, entrando em escolas e abrindo fogo contra quem estiver ao alcance. 
A escola foi fundada pela Covenant Presbyterian Church, uma igreja que pertence a uma confissão conservadora, conhecida pela defesa do armamentismo.
Até quando criaremos os nossos próprios monstros?.
Porque insistimos na irracionalidade de pagar o mal com o mal?.
A nossa sede por vingança nos matará a todos.
Até quando apoiaremos a violência como solução para a paz?.
Não dá.
Nossas crianças estão crescendo num mundo que aplaude antecipadamente quem se propõe a matar.
A solução contra esse vírus da violência não é armar a população, nunca foi.
É ensinar a amar, por meio da educação, formar consciência,
propor um novo jeito de ver a vida,
uma outra espiritualidade.
Não mata só quem puxa o gatilho.
Mata quem é indiferente. 
Criamos a Escola da morte.
Não é de estranhar que o ódio sempre é manifestado em ambientes do ensino?.
A nossa sociedade ensina a matar porque é mais fácil que ensinar a pensar.

terça-feira, 28 de março de 2023

Motivos das guerras nacionalistas

.







Eu não gosto de guerras.
Exceto os fabricantes de armas e os governantes doentes que querem demonstrar poder, quem mais deve gostar?.
Uma coisa que sempre me chamou muito a atenção nas guerras  é a motivação delas.
Fico pensando sobre quantas guerras existiram em nome de Deus;
sobre quantas guerras foram motivadas pela religião, por alguma religião,
em especial a campeã de guerras,
o Cristianismo, que tem, inclusive, inspirado no Judaísmo, um Deus bélico, a quem chamam de "Senhor dos Exércitos", "Varão de Guerra", "General", "Capitão" etc.
Vamos pensar na Bíblia, o livro sagrado cristão.
Quantas guerras aconteceram motivadas pela Bíblia?.
Ora, o nacionalismo doentio, como o conhecemos, tem sua origem narrada na Bíblia, a partir de um povo auto-declarado escolhido.
Só aí, quantas guerras foram legitimadas, dos escolhidos contra os descartados?.
O racismo, como o conhecemos, tem seu fortalecimento lá na Bíblia, como, por exemplo, no casamento de Moisés (hebreu egípcio) com uma mulher cuxita (preta).
Observem a reação dos hebreus no episódio.
Pela nacionalidade ou pela cor?.
Uma não hebreia e preta.
Quantas guerras motivadas por nacionalismos estúpidos, tipo o hebreu/judeu/israelense?.
E quantas motivadas pela cor da pele de um povo e de outro?.
No Velho Testamento, a própria divindade estabelece as regras para a escravidão, preferencialmente de povos não escolhidos.
Não segue o nosso Deus.
Escraviza.
Não nasceu em nosso território.
Escraviza.
Nasceu em nosso território, mas traiu a nossa fé.
Escraviza.
O protestante Estados Unidos promove suas guerras a partir dos mesmos princípios das guerras do Israel do Velho Testamento: nossa comida pode acabar nos próximos anos.
Vamos invadir o vizinho, lá tem leite e mel.
Nosso petróleo pode acabar nos próximos anos.
Vamos livrar países produtores de petróleo de seus terríveis ditadores.
O princípio da invasão do Iraque, para citar um exemplo, foi o mesmo da invasão de Canaã: o povo é pecador;
é idólatra, porque não seguem o nosso Deus; e tem um território rico em petróleo, leite, mel.
Deus está nos dando esse território.
A covardia contra a Venezuela não é por causa de seu suposto ditador, mas por causa de seu petróleo.
Princípio da invasão covarde de Canaã, de Jericó.
Tudo na conta de Deus.
As cruzadas, as jihads, o monopólio de uma religião, os três monoteísmos e seus deuses verdadeiros, guerras. Faltou comida para o povo escolhido... 
Guerra.
Faltou petróleo para o povo que protege o povo escolhido...
Guerra.
O território do povo escolhido ficou pequeno para a população...
Guerra.
A guerra contra a  Ucrânia é objeto de satisfação da Igreja Cristã Ortodoxa Russa.
A invasão do Iraque, do Afeganistão e tantas outras invasões norte-americanas são objetos da satisfação das Santas Madres Igrejas Protestantes Norte-americanas.
A igreja evangélica brasileira apoiaria uma invasão israelense ao nosso território, se Israel fosse nosso vizinho e tivesse a fim dos nossos recursos.
É o povo escolhido.
A igreja evangélica brasileira seria a prostituta Raabe, que ajudou os hebreus na invasão de Jericó.
As bandeiras de Israel dentro de templos evangélicos brasileiros confirmam isso.
Os cristãos brasileiros (evangélicos e católicos) não enxergam a Palestina e seu povo, pelo menos não como território e povo.
Enxergam como inimigo a ser combatido.
Em quantas guerras, em todo o planeta, os Cristianismos estiveram envolvidos direta ou indiretamente?.
Quantas guerras existiram pelos livros: Torá, Bíblia, Alcorão?.
Quem tem os livros domina.
Quem tem os livros não aceita os que não estão nos livros.
Quem tem o livro não é apenas dono do livro.
É dono também do Deus do livro.
Sem a Torá, a Bíblia e o Alcorão,
quantas guerras teriam sido evitadas?.
Alguém sabe em quantas guerras um dos três livros pôs fim?.
Os dois Deuses dos três monoteísmos são Senhores dos Exércitos,
Varões de Guerra.
Eu não gosto de guerras.
Nem de cristianismos sem Cristo e sem cruz.
Nem de deuses exterminadores de não-escolhidos.
Não estar do lado dos vencedores, como diria Darcy, me faz gente.
"Os escolhidos prosperam", ensinava Calvino e seus discípulos.
Eu vivo de  ser escritor.
Que sorte a minha!.

segunda-feira, 27 de março de 2023

Poema sobre o amor nas igrejas

.




Ainda que eu seja católico e comungue todos os dias, 
se não tiver amor...
E ainda que seja protestante, 
creia no ‘sola fide’, sola scriptura, sola Christus, 
sola gratia, soli Deo gloria, 
se não tiver amor...
E ainda que seja um evangélico, 
não fume, nem beba,
não diga palavrão ou pule carnaval, 
se não tiver amor, nada disso me aproveitaria.
E até mesmo se for pentecostal, 
que fale línguas estranhas e tenha poder para expulsar  ‘demônios’, 
se não tiver amor, seria completamente inútil...
O amor aceita as diferenças, 
é bondoso para com todos; 
o amor não tem orgulho da sua igreja; 
o amor não despreza os outros cultos, 
não zomba dos ateus.
O amor não busca apenas os interesses da sua denominação, 
não faz guerra religiosa, 
não se irrita com as ofensas, 
não suspeita o mal do ‘irmão’. 
O amor não mente, nem divulga boatos... 
mesmo contra seus inimigos, 
(Pois o amor não tem inimigos.)
O amor busca a verdade,
a verdade em amor. 
O amor tem força para sofrer infinitamente, 
Dá voto de confiança a todos,
Espera o bem de todos,
Pode suportar o desprezo de todos. 
O amor nunca falha, mas as igrejas sim; 
Elas são todas imperfeitas,
sabem apenas em parte. 
Embora cada qual pense que sabe a verdade toda.
Quando vier o reino de Deus,
então não haverá mais igreja.
Mas, enquanto o Reino não vem, 
que haja paciência, tolerância,
serviço e muito amor...
Porque quando vier o reino de Deus, 
apenas o perfeito amor permanecerá.

sexta-feira, 24 de março de 2023

Poema sobre a submissão da mulher ao homem. .

.





Nos dias de Jesus, as mulheres e as crianças eram a base da pirâmide social.
As mulheres assistiam às reuniões da sinagogas em uma ambiente apartado só para ela.
Até seus filhos eram considerados capazes de participar das reuniões, mas elas não!.
Apenas os meninos judeus recebiam a educação da Torá,
as meninas não!.
Os homens judeus oravam todo dia: ‘Graças te dou, ó Deus, porque não me fizeste mulher!’.
Um rabino dizia que preferia queimar a Torá um supremo sacrilégio do que ensiná-la a uma mulher!.
Aí vem Jesus e ensinou as mulheres!.
Curou muitas mulheres!.
Tocou mulheres!.
E se deixou tocar por elas!.
Protegeu mulheres!.
Teve muitas discípulas mulheres!.
E, após a ressurreição, apareceu primeiro a uma mulher!.
E repreendeu seus discípulos, porque não creram no testemunho dela.
Portanto, Jesus é o fundamento e a pedra final o horizonte do ‘reino de Deus’.
Os apóstolos representam os primeiros construtores, aqueles que ‘iniciaram’ a prática do projeto de Jesus.
Mas eles não são o projeto final, apenas os pioneiros, aqueles que lançaram a primeira camada sobre o fundamento que é Cristo.
Eles foram até onde lhes foi possível, pois estavam condicionados por sua cultura assim como nós também estamos.
Quanto aos relacionamentos interpessoais familiares e sociais somos chamados a realizar o projeto do reino de Deus, antecipando, já, no presente, o modelo de Jesus.
Para isso, teremos de superar nossos condicionamentos culturais olhando para o horizonte do reino de Deus que virá.

terça-feira, 21 de março de 2023

Poema sobre o cabeça da mulher

.






‘O homem é o cabeça da mulher’, ‘cabeça do lar’, etc.
Esse neologismo tem história!.
Então vamos começar do começo!.
Bem, todo mundo sabe o que é a ‘cabeça’, mesmo porque precisa ter ‘cabeça’ para saber o que é ‘cabeça’!.
Mas essa palavra também é usada no sentido figurado, com o significado de ‘líder’, chefe’.
Portanto, dizer que ‘o marido é o cabeça da mulher’ significa que ele é o líder da mulher, certo?!.
Errado!.
Muita calma nessa hora!.
Se não a gente pode acabar destruindo uma doutrina central da fé cristã!.
Na mesma frase em que a Bíblia diz que ‘o homem é a cabeça da mulher’, também diz que ‘Deus é a cabeça de Cristo’ e que ‘Cristo é a cabeça do homem’!.
Se a palavra ‘cabeça’ aqui significa ‘líder’, então temos uma hierarquia: Deus -> Cristo -> homem -> mulher!.
Você acabou de destruir a doutrina da Trindade, segundo a qual Deus é Tri-Uno!’.
Mas será que em grego, o sentido figurado de cabeça’ é ‘líder’?.
Eis a questão: em sentido figurado, ‘kephale’ não significa ‘líder’,
mas ‘fonte’.
Portanto, a melhor interpretação da frase acima é: ‘Deus é a fonte de Cristo, Cristo é a fonte do homem e o homem é a fonte da mulher’. 
E por que cargas d’água o homem seria a ‘fonte’ da mulher?.
Porque o contexto da frase é a criação da mulher a partir do homem!.
Porém, logo em seguida, o autor diz que isso vale apenas para Adão e Eva, porque todos os outros homens nascem de mulher!.
Portanto, a mulher é a fonte do homem!.
Como conclui: ‘Assim, em Cristo,
nem o homem é sem a mulher,
nem a mulher sem o homem.
Porque, como a mulher provém do homem, assim também o homem provém da mulher, mas tudo vem de Deus’. 





domingo, 19 de março de 2023

Poema sobre a melhor parte

.






Há no meio dos neo-religiosos um estigma contra Maria, não a mãe de Jesus, mas a irmã de Marta e Lazaro, de Betânia, amigos de Jesus,
na casa de quem ele costumava se hospedar a caminho de Jerusalém. 
O estigma se baseia numa passagem de Lucas, em que Marta reclama a Jesus porque Maria está ouvindo-o e não a ajuda nos serviços domésticos
Jesus responde: ‘Marta, Marta, estás ansiosa e afadigada com muitas coisas, mas uma só é necessária; Maria escolheu a boa parte,
a qual não lhe será tirada’.
Os neo-religiosos usam esse texto para criticar Maria, que não cuidava dos serviços da casa, junto com sua irmã.  
Os neo-religiosos propõem uma ‘divisão sexista do trabalho’, segundo a qual o marido deve ser o provedor da família e a esposa a dona de casa, mãe, cozinheira, passadeira, lavadeira.
Mas, o problema aqui é sobre o direito da mulher à escola.
Maria estava ocupando um lugar ‘proibido’ naquela cultura o de ser discípula de um rabino judeu.
Imagina uma mulher na companhia de homens naquela época?.
Jesus lhe reconheceu esse direito ao ensino como a melhor parte.
É impossível mensurar o escândalo de ensinar mulheres no séc. I da nossa era!.
Os rabinos consideravam uma vergonha se dirigir a uma mulher!.
Mas para Jesus, o lugar de mulher é onde ela quiser!.
Essa Maria foi uma ‘Malala’ palestina. 
Marta reprovou Maria porque ainda não se livrara do estigma,
como quem diz: ‘Maria, lugar de mulher é aqui na cozinha, no fogão, no tanque, lavando, passando varrendo, servindo o homem e não na escola de um homem!’.
Ao que Jesus responde: ‘Marta, Marta!.
Você ainda não entendeu: a melhor parte é ser livre.
Livre do patriarcalismo, da submissão, das correntes, da inferioridade, das hierarquias, das leis de Moisés que apedrejava as mulheres quase todo sempre. 
Maria se libertou e, uma vez livre, ninguém poderá tirar isso dela!’.
Entenderam, ‘Martas’ e ‘Amélias’?.
Se vocês não assumirem seu lugar na sociedade, nunca sairão da cozinha!.
Mas se saírem, ninguém nunca mais poderá dominá-las novamente!.

quinta-feira, 16 de março de 2023

Como somos maus

.






Fiquei a manhã refletindo sobre nossa maldade.
Como o ser humano tem uma capacidade de produzir o mal contra seu semelhante.
Nossos preconceitos são notícia e parece que ficou bonito ser tolo.
As alunas que humilham uma colega de classe por ela ser mais velha,
o aluno que presenteia com uma esponja de aço uma professora negra, um deputado de peruca em zombaria com mulheres no país que mais mata mulheres no mundo.
Nossa maldade nasce no coração.
Vivemos em uma sociedade que virou uma escola da maldade.
Somos ensinados a vencer a qualquer preço, a valorizar coisas e não pessoas, a buscar lucro sobre a vida, a explorar e derrubar tudo ou todo que estive em nosso caminho.
No sul, vimos assustados o trabalho escravo que opera nas vinícolas.
Em São Paulo, bolivianos são explorados assim diariamente por grandes marcas de roupas. Fechamos a janela para a criança faminta e enchemos os viadutos de pedras, em aporofobia, para que nossos irmãos em situação de rua não tenham lugar.
Como somos maus!
Tudo começa com uma gotinha de indiferença, vai crescendo.
A ira vira raiva que vira ódio.
Se não formos vencidos pelo amor para o nosso próprio bem,
logo a gente está exaltando bombas atômicas.
Como quem fabrica armas, precisa fabricar inimigos e fortalecer a violência pois sem inimigo e violência não faz sentido se armar.
Somos induzidos diariamente a nos proteger de nossos iguais.
Nossas comunidades de fé precisam se tornar escolas de bondade.
É um desafio, já que também nossa religiosidade foi cooptada para a manutenção do status quo.
Se nós somos capazes de testar nossa psicopatia escolhendo vítimas para matá-las, e se invertermos a lógica?.
E se nos juntarmos para testar nossa empatia escolhendo gente para dar vida?.
Que tal testar sua capacidade de se compadecer?.
Você teria coragem de testar sua bondade em favor de alguém?.
Já pensou que louco seria!.

quarta-feira, 15 de março de 2023

Hermenêutica

.





Nosso povo tem uma dificuldade extrema de interpretar textos simples e atuais.
Ainda assim, muitos e muitas se arvoram intérpretes inquestionáveis de textos antigos, como a Bíblia, principalmente a Bíblia.
Salvo exceções, os textos são escritos para serem entendidos facilmente pelos leitores da época do escritor.
Isso não se aplica aos textos dos deuses e das deusas das universidades que escrevem mais para ostentarem que para serem entendidos, utilizando uma língua estranha ao povo chamada academiquês.
Mas fora isso, os textos são produzidos para serem entendidos.
Os leitores da época tendem a entender com facilidade e os de épocas distantes tendem a apresentar dificuldades,  necessitando de pesquisas, de outras leituras.
Diante do fragmento "e todos ficamos aprisionados em nossas casas, enquanto o vírus e o verme circulavam livremente", qualquer um de nós que vivemos a pandemia do coronavirus, no Brasil, entenderemos imediatamente do que o autor está falando e de cara entendemos qual é o  vírus e quem é o verme.
Leitores que tenham acesso a esse fragmento daqui a uns 50, 100 ou mais anos precisarão pesquisar sobre quem escreveu, de onde escreveu e quando escreveu.
Somente assim poderá entender.
No caso dos leitores estudiosos da Bíblia, livro com uns 2000 anos, vão precisar do auxílio de uma disciplina estudada nos seminários chamada HERMENÊUTICA.






Postagens mais lidas