segunda-feira, 8 de junho de 2020

Um dia fomos uma Monarquia

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O Brasil acostumou-se a ser um País de salvadores da pátria.
Ou seja, acredita-se naqueles que vem como salvadores, aqueles que vem com soluções imediatas.
Aqueles cujo, sabem trabalhar com as emoções do povo, aqueles que sabem trabalhar com as ilusões daqueles que esperam sempre um país em perfeito estado.
Esses vem com soluções milagrosas, um típico Republicano, um Democrata disfarçado de um Monarca.
Porém todos ou quase todos sabem que não vivemos mas uma Monarquia.
Pois ela acabou-se quando foi proclamada uma República no Brasil.
Hoje o Brasil vive uma crise de instituições,
no qual faz falta o papel do poder moderador,
exercido por um imperador.
Pois a maior parte das nações mais desenvolvidas do mundo tem regimes monárquicos como Inglaterra e Japão.
Desde a proclamação da República no brasil,
tem surgido criminosos altamente organizados e um estado altamente criminoso.
E, esses que descrevo, estão em Brasília de terno e gravata.
Esses que descrevo, estão altamente armados, estão usando canetas esferográfica para roubarem uma nação inteira.
Estão aproveitando que derrubaram o imperador do Brasil, a fim de que todos os golpistas se tornassem reis individuais da República.
Hoje eles insistem em dizer que vivemos num estado democrático de direito,
onde os poderes executivo e legislativo são representativos, eleitos pelo povo.
Dessa forma os parlamentares e os representantes do poder executivo,
os prefeitos, governadores e presidente estão no poder para representar as nossas vontades, para
governar pelos nossos anseios.
Estão no poder para de fato servirem as nossas vontades, que são simples:
Trabalho, condição de vida digna, acesso à cultura, educação, lazer, etc.
Mas se pararmos pra pensar, não é isso que acontece. Somos tratados como servos dos governos,
e os parlamentares acham que estão fazendo um favor pra gente.
Recebem salários absurdos e sempre acham alguma forma de desviar mais dinheiro pras suas contas bancárias,
ou melhor, desviar para a conta de parentes e amigos.
Colocam até as empregadas domésticas e babás nas jogatinas de corrupção mesmo sem saberem.
Durante quatro anos somos abandonados, chamados de vagabundos, depois voltamos a ser adorados, a ser admirados como deuses eleitores.
E, tudo isso, acontece por que o novo regime que lhes deram foi tão nojento para os homens de todos os matizes, que hoje o Brasil perdeu a vergonha e os seus filhos ficaram capachos, para sugar os cofres públicos, desta ou daquela forma.
Hoje a sociedade moderna critica a monarquia absolutistas,
porque a República mutilou com seus livros didáticos, com seus ensinos manipulados,
com seus sistemas e com seu ministério da educação.
No entanto, todos querem uma vida de rei em um Estado repúblicano que quando se aproxima a eleição, democrática no processo eleitoral é Monarquia ao longo de quatro anos.

quinta-feira, 4 de junho de 2020

Poema sobre a imprensa

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Nas grandes corporações da imprensa, existem divisões de tarefas.
As redações e os departamentos comerciais devem ser bastante diferenciados, distantes até.
Algumas das maiores têm até uma pessoa encarregada pelo Estado de defender os direitos dos cidadãos,
recebendo e investigando queixas e denúncias de abuso de poder ou de mau serviço por parte de funcionários ou instituições públicas que teoricamente tem o dever de criticar,
duramente se necessário, deslizes que possam contaminar as notícias por conta do suporte que o patrocínio dá com os anúncios à receita subsidiária dos veículos de imprensa.
Porém as notícias são histriónica e histérica,
separada da normalidade,
que nunca é unívoca ou definidora.
No nosso meio existem dois impulsos de imprensa.
O mais antigo é realçar a surpresa e a indignação.
O mais moderno é notar as ausências e as diferenças, mas investigar e descrever as presenças circundantes, onde e entre as quais ocorrem tanto a novidade como a antiguidade.
No nosso meio existe uma imprensa que se vende ou que se vendeu  como se fosse uma prostituta mais barata.
Uma imprensa que faz a população se revoltar e ao mesmo tempo se calar com o excesso de notícias que uma ou outra rede dá às mazelas das suas concorrentes.
A guerra santa que as emissoras dos bispos e milagreiros travam com outras parecem Guerras Santas e as outras revidam como se fora a Inquisição.
No caso dos jornais e revistas, as vendas despencaram de tal maneira depois do advento da internet, que em alguns casos o desprezível resultado mal paga a distribuição e o retorno do encalhe.
Por enquanto os anúncios estão pagando a conta e esse é um assunto tão longo e difícil que nem os envolvidos sabem como resolver.
O que tem se visto ultimamente é uma vergonhosa chantagem onde cada um bate nas autoridades com a força que acha que tem e quem apanha paga quanto e como acha que vale o silencio desses veículos de imprensa que nada mais são do que estelionatos.
Em alguns desses veículos o editor é o caixa e o caixa é quem faz a pauta.
Não são todos, mas a gente sabe quem e quais são.
No nosso meio existe uma imprensa que foi asfixiada pelo regime militar.
Por isso, não existe, no Brasil, nenhuma imprensa que possa ir a todos os rincões e possa saber exatamente o que está se passando na intimidade do poder.
Não há imprensa nenhum, não há transparência alguma.
No entanto a imprensa tinha que ter liberdade para fiscalizar aquilo que está sendo feito, pois, se aquilo que nós queremos fazer tem que ser para o bem da nação, imprensa tem que ter.
Entretanto libertar uma imprensa atual é escravizar uma nação pela manipulação.
Pois a imprensa já foi um comunicador para o povo, hoje é uma arma para a alienação.
Uma arma de políticos e religiosos, uma arma de empresários e burgueses, uma arma de direitistas, esquerdistas e de um centrão querendo cargos.
E essas teses são claras, eu estou repetindo como sempre fiz, como sempre pensei e observei.
É um absurdo a falta de responsabilidade com que a impressa se comporta atualmente.
É inadmissível essa imprensa que nós temos hoje.
É inaceitável termos uma imprensa fascista, nazista e golpista.
Uma imprensa que têm o poder de persuasão.
Uma imprensa que eu queria entender o por quê de tudo isso.
Uma imprensa que eu queria me fazer entender tudo isso, uma imprensa que me fizesse crer que não haja nenhum pai de família que goste de, às sete horas da noite,
ligar um instrumento, um aparelho de televisão e ver na tela, expostas cenas de lascívia; de luxúria; de lubricidade; de sexo quase explícito; que deformam a personalidade e a formação de seus filhos!.
Eu não acredito que haja nenhum chefe de família lúcido que goste disso.
Eu acredito sim, que exista uma imprensa capaz de fazer tudo isso, com o seu poder de manipulação.

quarta-feira, 3 de junho de 2020

Poema sobre o racismo

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Nós em teoria compreendemos as pessoas,
mas na prática não as suportamos.
Nós em suposições, convivemos uns com os outros,
Mas na realidade de fato, nos odiamos.
discriminamos.
O racismo é uma chaga mundial, ele está implícito, oculto mas pode ser deduzido facilmente.
Há em nosso meio, racistas que negam que não são preconceituosos.
Que negam que a cor é o de menos, porém, na maior parte das vezes só a contragosto lidam com elas,
e tratam sempre de acordo com
o seu próprio ponto de vista.
O negro vivem No racismo, os donos do poder vivem Do racismo. Assim funciona a estrutura.
Assim funciona a descriminação pela pele preta, parda ou mulata.
O racismo está presente em quase tudo e em quase todos.
Nas machinhas de carnaval como aquela cantada todos os anos: " O teu cabelo não nega mulata", ou " Olha a cabeleireira do Zezé, será que ele é?".
E é assim que o racismo é fragmentado no nosso meio.
Sem percebemos, sem entender nada, estamos descriminando alguém com músicas, roupas, cabeleireira etc.
Entretanto, não deveríamos no entanto considerar e tratar as pessoas apenas segundo o nosso ponto de vista,
mas sim considerá-las e tratá-las segundo todos os pontos de vista.
Pois, toda vida importa.
Algumas estão mais em risco do que outras.
Ter mais melanina virou fator de risco.
Racismo é a expressão máxima da ignorância.
É a escuridão mas robusta, é a negação mas doentia do nosso século que vem perpetuando-se, que vem exterminando identidades negras e violando os direitos humanos.
É preciso uma cura para esse vírus, para essa pandemia que está no nosso DNA e na nossa mente.
É preciso de um antibito, uma vacina lental que se opõe a qualquer prática racista, de discriminação e de segregação racial.
Talvez a reeducação social séria o melhor remédio, talvez eu não sei, pensei por pensar, pensei,lidar com elas de uma maneira que pudéssemos dizer que lidámos com elas sem o mínimo preconceito,
por assim dizer, mas isso não é possível porque,
na realidade, alimentamos sempre
preconceitos para com toda a gente.

terça-feira, 2 de junho de 2020

Poema sobre os autoritaristas

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A grande maioria das pessoas já estão tão acostumadas a robotização social de um sistema capitalista a qual se encontram,
que se tornou comum o uso de agressividade gratuita como arma para alimentar sua sensação de superioridade.
Essas pessoas estão a mercê de um poder devastador, capaz de destruir a sua liberdade e as suas próprias opiniões.
Essas pessoas estão sempre buscando o sentido da vida do lado de fora,
seja no autoritarismo ou no materialismo,
como se essas coisas fossem sinônimos de força e poder que viessem a oferecer-lhes certa liberdade,
e acabam por cair na própria armadilha.
Para destruir essa maldição, essa legião, precisamos de uma educação abolicionista, que nos livre dos autoritarismos que nos mantém na dependência de políticos reacionários e de uma elite mesquinha, pensada além da esquerda ou da direita.
Não podemos aceitar interferências em nossas vidas, não podemos aceitar controladores em nossas vidas.
Se alguém alega saber o que é bom para você melhor do que você mesmo, de duas uma: ou é sua mãe.
Que provavelmente sabe mesmo o que é bom para você.
Ou é um tirano politicamente correto,
essa nova raça de déspotas esclarecidos.
Esses que não aceitam serem contrariados, mas contrariam os seus eleitores.
O que as pessoas precisam saber, é que todo governo autoritário tende a diminuir a expressão opositora da comunicação, das artes, da educação e da cultura.
O que as pessoas precisam saber, é que o autoritário quer que as pessoas sejam, ajam e pensem como ele.
Ludicamente respondem ao seu autoritarismo:
"Tudo o que o mestre mandar, faremos todos",
como um brinquedo divertido do tipo marionete ou ainda como bichinhos de estimação que não têm vontade própria.
São indivíduos de personalidade fraca que concordam com tudo o que lhes impõem,
recomendam ou constrangem a aceitar como verdade última.
São indivíduos que se deixam manipular por pessoas que não as respeitam como são,
pelo que pensam, do modo como agem.
Até parece educado fazer a vontade de uma pessoa querida,
mas, no final, toda subordinação terá um resultado amargo,
pois ninguém pode deixar de lado a própria essência.
Uma pessoa não pode deixar de ser o que é por capricho de outra que quer que ela se adeque ao seu estilo de vida e modo de ser.
Num ambiente onde há várias pessoas,
cada pessoa deve manifestar seu jeito de ser de modo que os outros tenham a opção de aceitá-la ou não pelo que ela é,
mas não ser podada por alguém que acredita que os outros não vão gostar do comportamento dela.
O fato de não ter intimidade com pessoas de determinado ambiente não impede ninguém de ser o que é.
Em todo ambiente, as pessoas devem ser o que são em seu modo natural,
e, se outros não gostarem, ela o saberá,
e, com certeza, por si mesma,
como pessoa racional e adulta,
saberá se adaptar ao meio ou até mesmo retirar-se dele se for o caso.
Não cabe, portanto, qualquer repreensão a uma pessoa que sabe que o que está fazendo
"não é nada demais",
apenas uma leve descontração num ambiente que acredita ser familiar,
independentemente da extensão da intimidade que possua com todos visto que ali estão todos em família,
e em família é muito natural que todos estejam muito à vontade, a não ser que isso não seja verdade;
aí, então.

segunda-feira, 1 de junho de 2020

Poema sobre os oportunistas

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O oportunista tira vantagem de sua chantagem mental para alcançar o que quer.
O oportunista aproveita as oportunidades normalmente sem preocupações éticas.
É a oportunidade em pessoa e faz uso da boa vontade ou ingenuidade dos outros para atingir os seus fins lucrativos.
O oportunista está sempre atento no que está acontecendo atualmente para impor seus verdadeiros interesses.
A oportunistas políticos disposto a roubar qualquer coisa: uma vez estocado, até mesmo o vento!
A oportunistas religiosos, diabólico, escravizador e mau caráter, esse mecanismo é instrumento de manipulação especialmente das pessoas que sofrem e estão abatidas pelo peso da sua culpa.
A oportunistas que chegam com promessas de renovo, revelações, curas com feijão da semeadura e água do rio Jordão.
A oportunistas que vivem comparando o Brasil com uma futura Venezuela ou uma Cuba de Comunistas.
Entretanto, o Brasil não precisa ser tornar uma Venezuela ou uma Cuba.
Já estamos em primeiro lugar em Países mais corruptos do mundo.
Contudo, eles estão sempre à altura da ocasião mais favorável, aproveitado-se do momento e fazendo da artimanha a sua arma preferida.
Recorre à mentira como quem respira e faz do ensejo momentâneo a sua oportunidade,
servindo-se da fraqueza dos outros e de sua ingenuidade.
É caprichoso e tem uma necessidade física que o impele à oportunidade.
A oportunidade é uma faculdade comum aos homens pelo qual o espírito se inclina a uma acção.
O oportunista é falso e não tem sentimentos de culpa, quanto a isso e à sua maneira de agir desleal.
É fingido e simulado para além de traidor e não verídico.
Espera a sua presa com tranquilidade assustadora e quando o momento chega,
está sempre em cima dos acontecimentos.
Eles são como leões, lobos em pele de cordeiros, serpentes que rastejam deste o genesis ao apocalipses, escorpiões pontos para envenenar as suas vítimas sem nenhum antibito.
O oportunista é bem-falante e é sabedor de sua “profissão”, como mais ninguém.
É dissimulado e tem boa aparência física,
veste-se bem e sabe esperar pelo seu momento,
que é sempre o mais oportuno.
Aparente e enganoso, tem sempre um sorriso nos lábios e sabe usar de cortesia.
Leva os outros ao engodo prometendo-lhes o que não tem mas fazendo crer que é possuidor daquilo que apregoa.
É suposto e nunca diz a verdade não se afligindo por isso, aliás, tal facto,
deixa-o convencido de sua faceta menos clara e imprópria.
Tira proveito do seu disfarce à semelhança de quem necessita de uma ajuda,
que vem sempre de uma pessoa imprudente e desprevenida,
que vai no conto do vigário, inocentemente e sem malícia.
O oportunista é esperto e sagaz compreendendo a sua oportunidade assim que esta se lhe depara.
Estuda os movimentos dos outros com perspicácia e nunca deixa fugir a sua vitima, estando de sobrolho.
O único esforço de que dispõe é o estar atento ao que se passa à sua volta,
qual abutre a rondar o cadáver.
É um ladrão de sonhos por excelência,
e goza do seu estatuto oculto para trazer as pessoas ao prejuízo.
O oportunista causa danos irreparáveis dos quais é difícil de sair.
Há os que perdem tudo, indo na conversa do oportunista,
que se congratula pela sua esperteza e agudeza de espírito.
Oferece as pessoas ao sacrifício como num ritual religioso.
É prudente e age em conformidade.
Nunca se põe em causa nem à sua vida,
usando da difamação para se livrar de algum imprevisto… vitimizando-se.
Sujeita as outras pessoas à tirania de seu carácter improvável.
É um criminoso altamente qualificado e faz jus disso mesmo para atingir os seus fins lucrativos.
O oportunista anda sempre sozinho, sentado nalguma explanada,
a observar atentamente as suas vítimas, que nunca desconfiam de nada, entregando-se à benesse do oportunista,
que cuida bem do incauto.
O oportunista leva vantagem de sua esperteza e inteligência,
perante os demais.
Não concebe a derrota como uma coisa possível de acontecer.

sexta-feira, 29 de maio de 2020

Transformando o mundo pela renovação da nossa mente

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A mente, muito mais do que o corpo,
precisa de ser desafiada todos os dias.
Se possível com treinos bi ou tridiários.
Sair da cama sem identificar a razão pela qual acordamos maldispostos,
passar horas a julgar este e aquele sem conhecer verdadeiramente ninguém ou a contestar o emprego que nós próprios escolhemos e ir para a cama enjoados com o dia que tivemos,
são razões mais do que suficientes para nos questionarmos.
Nós precisamos nos renovar, senão iremos ficar para trás.
Precisamos transformar o mundo com a nossa mente, já dizia a Escrita.
Nós nunca podemos nos conformar com esse século, temos que ter as nossas mentes intactas, ter nossas opiniões, percepções.
Ter o dom da palavra para si, porque alguns mentores são rápidos em fazerem isso.
Não podemos ser homens de lata, homens sem pensamentos, homens com as suas mentes fechadas, aceitando serem manipulados, aceitando em levar sempre a isca e o prêmio perfeito que espera entre as prateleiras.
Se você está sendo assim, se você está sendo um débil, um imbecil coletivo, se você está vivendo no seu mundo de Oz, se você está somando de não sei quantos dias assim,
e acreditando que se não for o teu caso é a situação da maioria das pessoas,
resultará indubitavelmente em estados depressivos e de enfermidade precoce.
Não podemos continuar a aceitar a dor sem que façamos nada para a curar e é por isso,
por desejar profundamente o nosso reencontro conosco e com a nossa verdadeira realidade,
que o grito dentro da nossa mente ecoa nessa frase: «HÁ SOLUÇÃO!!!»
E a solução passa por identificarmos o artista que há em nós,
pois treinar a mente é meramente uma arte.
Até se atingir o estatuto de comandante da nossa vida e a tão pretendida velocidade cruzeiro naquele que é o oceano da nossa mente é necessário um altíssimo nível de concentração e criatividade.
Precisas de estar sempre alerta e altamente focado no que a tua mente te sugere para depois,
se ela se armar em esperta,
teres a audácia de criar constantemente subterfúgios aliciantes por forma a baralhá-la.
É aí, nesse momento de maior vulnerabilidade da dita, que se torna fundamental entrares em controlo fazendo dela o que verdadeiramente desejas,
para que, por último, possas usufruir da possibilidade de tirares o maior partido de uma mente bem orientada.

terça-feira, 26 de maio de 2020

Poema sobre os negacionistas

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Não temos podido fazer quase nada, senão o que fazemos.
Somos da geração que foi às ruas pelas diretas já,
somos da geração que elegeu o operário, líder sindical, como presidente, somos da geração que colocou a primeira presidenta no poder, ou seja, a primeira mulher na presidência da República.
Somos da geração que acabou com a dívida externa,
com a mortalidade infantil, com a fome e a sede no Nordeste, com a miséria mais miserável pelo país afora, que tirou o Brasil do mapa da fome da ONU, os maiores fantasmas nacionais de minha infância e adolescência.
Somos da geração que ameaçou a hegemonia do dólar com o BRICS, que criou tecnologia para extração de petróleo destinando seu lucro à educação e à saúde, que colocou negros, indígenas e pobres nas universidades públicas, que finalmente inseriu a respeitabilidade do país no mundo fazendo-o ser ouvido em decisões internacionais.
Mas não conseguimos sustentar o sopro do vendaval
que ajudamos a ventar, não conseguimos fazer a história seguir o curso que muitos antes de nós lutaram para provocar.
Fomos interrompidos, obrigados a recuar, obrigados a ver a peste reinar no país, sem encontrar forças para derrubar-la, vemos o gabinete do ódio, o escritório do crime, o governo miliciano, a presidência perversa, sobretudo, as forças que propiciaram sua chegada até ali.
Hoje estamos a ver o negacionismo de evidências maciças e a geração de controvérsia a partir de tentativas de negar que um consenso exista.
Estamos a ver o negacionismo do Holocausto e o negacionismo da AIDS.
Estamos a ver o negacionismo do vírus atual por causa de motivos políticos e religiosos.
Por causa desses fanáticos religiosos, terraplanistas e teóricos da conspiração.
Muito é terrível e, entre tudo o que é terrível, o mais terrível é o ser humano, que, aterroriza até o terror, barbariza até a barbárie.
O som de nossas vozes deveria trazer um sopro de pensamento a proteger pessoas, animais, rios, cidades, florestas, países, oceanos, continentes, céus,
mundos, submundos, sobremundos, cosmo.
Hoje, entretanto, a vilania governa com seu raquitismo
de pensamento arrojando acelerada e horrivelmente
todos à morte, mostrando que nos iludimos na vida quando nos esquecemos da ameaça dos revezes
que nos mostram todos os impasses dos passos,
todas as não passagens por onde teríamos de passar, mas empacamos atônitos, assombrados, com a vida parecendo engano, com a vida perecendo, só sombra
da morte, nada mais.
As pessoas morrem aos milhares, às dezenas de milhares e não vemos como isso vai acabar.
Sabemos há muito que nada entra de grande na vida mortal sem sofrimento, mas sabemos também da exaustão do sofrimento sem (nem digo algo de grande, mas sem) qualquer alternativa a ele.
Apesar de sempre termos tido nas famílias um tio ou uma tia ou um primo ou uma prima ou um pai ou uma mãe que desejasse a volta da ditadura ou votasse
consecutivamente nos candidatos forjados pela grande mídia como salvadores, como caçadores de marajás, como algozes de adversários políticos tratados, sem provas nem escrúpulos, como corruptos, apesar de sabermos do cruel conservadorismo entranhado nas pessoas,
a verdade é que nem de longe podíamos imaginar
essa reviravolta, esse retrocesso sem fim, o sem fundo do poço que vivemos.
Hoje, a Secretaria Especial de Comunicação Social
do governo utilizou, mais uma vez, em um vídeo,
um slogan nazista: “Só o trabalho, a união e a verdade libertarão o Brasil”. “Arbeit macht frei”, a frase colocada na entrada de Auschwitz e de outros campos de concentração, utilizada, aliás, já no discurso de posse de Temer, o vice-presidente golpista, ao assumir a presidência, quando disse “Não fale em crise, trabalhe”, transformando em seguida a frase em propaganda nacional.
Amanhã não será um dia melhor do que hoje que não é um dia melhor do que ontem, mas estamos aqui, sem descanso, diariamente falando, diariamente gritando, ainda que nossas falas e mesmo nossos gritos não assustem mais ninguém.
Não temos podido fazer quase nada, senão o pouco que ainda conseguimos fazer.
Encho os pulmões e retiro ritmos urbanos do que quer
que me sirva para tentar dizer o nosso tempo eloquente de escassez e excessos, de angústias e desejos, nosso tempo simultaneamente legível e ininteligível.
Estamos tristes, poeta, o mar da história é, de fato, agitado, atravessamos ameaças e guerras.
Estamos tristes, poeta, e impotentes, e frustrados, o pior não é mais um sinal do que poderia vir
a acontecer, ele se encontra no meio de nós, sem que vejamos a possibilidade iminente de seu desmoronamento.
Nosso país está cheio de dores.
Não busquemos autocríticas no momento indevidas nem responsabilidades que no momento
não nos caibam (como se pudéssemos ter evitado
tudo isso!).
Ao longo desses anos, eles se utilizaram de todo poder, desmesurado, de que são capazes.
Sigamos lutando como nos for possível, sigamos lutando com nossas palavras, com nossos afetos, com nossos corpos, mesmo na não audição de nossos gritos.
Sigamos lutando para a poesia não desfalecer diante
do que estamos vivendo, para ela viver ainda mais, para ela dar mais vida, para ela tocar os nervos e o coração de modo a sustentar nossa feroz discordância, nossa revolta convulsiva- mente escrita, para ela testemunhar algo que, tocando o que poderia
ser chamado de verdade, com seu documentário, com seus rabiscos diários, cartas, estudos, anotações, matérias, improvisos, mesmo em seu atropelo e com inúmeras lacunas, escape às notícias falsas e às vozes dos poderosos.
Que se tenha aqui um registro para que se possa, um dia, quem sabe, pelos sintomas narrados, investigar a doença maior do nosso tempo, ganhando antídotos sociais, vacinas políticas, curas históricas de modo que ela, em hipótese alguma, retorne.
Um país que elegeu esse presidente é de todo modo um país doente, um país que produziu a mais letal das doenças terminais.
Ao menos por uma tarde, entretanto, alegremo-nos com o fogo amigo deles.
Talvez não seja tão pouco assim; talvez, nessa guerra entre os diversos agentes dos múltiplos poderes, alguma brecha acabe por se abrir, por onde possa se dar uma disjunção do tempo, uma fratura na continuidade dos fatos, um contrapelo da história, por onde consigamos, mais uma vez, e de novo, romper aquilo que, neste país imenso, desde sempre trabalha, com todo poder, para se impor, mas tenhamos a certeza de que amanhã não será um dia melhor do que hoje, que não é um dia melhor do que ontem.

sexta-feira, 22 de maio de 2020

Somos uma casa

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Todos nós somos uma casa de hóspedes.
Pois toda manhã uma nova chegada.
A alegria, a tristeza, a depressão, o tédio, as avarezas, como visitantes inesperados.
Recebe e entretém a todos mesmo que sejam uma multidão de dores que violentamente varrem a nossa casa e tiram os nossos móveis.
Recebe os sentimentos e ressentimentos, mesmo que sirva para distrair, mesmo que sirva como um passatempo, uma diversão ou um entretenimento.
Ainda assim tratamos os nossos hóspedes honradamente eles podem estar a limpar-te para um novo prazer.
O pensamento escuro, a vergonha, a malícia, encontra-os à porta sorrindo.
Agradecemos a quem vem, porque cada um foi enviado como um guardião do que está por vir.
Somos uma casa edificada, reconstruída sobre conceitos sociais, religiosos e políticos.
Porém, a ideia de aceitação não tem nada a ver com o senso comum de passividade, e sim com a possibilidade de nos aproximarmos da realidade das coisas e dos fenômenos como eles realmente são.
Ou seja, sem interferência de juízos prévios de valor ou expectativas, mantendo uma perspectiva mais ampla, menos reativa.
A partir da aceitação da realidade como ela realmente é, temos condições de tomar decisões mais sábias e conscientes, saindo do automatismo.
Somos uma casa enraizada de problemas pessoais, uma casa onde as paredes familiares precisam de reboco urgentemente.
Pois só assim não nos afundaremos nos problemas, quando ficarmos muito tristes ou paralisados, e nem buscaremos soluções irrealistas, que às vezes pioram a situação, como por exemplo, abuso de álcool para esquecer o problema.
Precisamos nos abrir para à realidade como ela é, mesmo que seja uma multidão de dores que violentamente varrem a nossa casa.
Ao entendermos que a realidade pode se apresentar de várias maneiras, e que muitas delas estão fora de nosso controle, como uma pandemia, um terremoto ou um maremoto, precisamos aprender a conviver melhor com tudo o que se apresenta à nossa casa,
e a possibilidade de sermos mais assertivos, preservando nossa saúde mental.
Somos uma casa, um templo, uma igreja física que ainda não aprendeu abrir as portas para novas possibilidades muitas vezes ocultadas pelos automatismos dos padrões antigos de enxergar ou fazer as coisas.
Somos uma casa saqueada pelos enganos, pelas ilusões, pela invasão de pessoas negacionista, pela escolhas de negar a realidade como forma de escapar de uma verdade desconfortável.
Uma casa apodrecida ou apodrecendo por recusar em aceitar uma realidade empiricamente verificável, sendo essencialmente uma ação que não possui validação de um evento ou experiência histórica.
Somos uma casa aceitando reformas, aceitando sermos vendidas ou alugadas pela manipulação de pessoas que não precisam mais esforçar-se irracionalmente em controlar todas as coisas.
Somos uma casa para ser pintada de projetos, de sonhos, de realizações diárias.
Uma casa para ser ornamentada de paz, alegria, amor, união desde o ventre materno.
Uma casa para tomar mais decisões com base no que vai emergindo na realidade das coisas, e desfrutar de mais momentos de felicidade.
Poderemos claro, fazer planos,
mas não esperaremos que eles se realizem da maneira exata que planejamos, o que é um alívio.


quinta-feira, 21 de maio de 2020

Cálice

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É grande miséria não ter bastante inteligência para falar bem,
nem bastante juízo para se calar.
É preciso lutar contra todos aqueles que
querem o nosso silêncio, que querem arrancar as nossas opiniões, que querem tirar de nós o interesse de conhecer e aprender sobre a verdade.
Eis o princípio de toda a impertinência.
Dizer de uma coisa, modestamente,
que é boa ou que é má,
e as razões por que assim é,
requer bom senso e expressão; é um problema.
É mais cómodo pronunciar,
em tom decisivo,
não importa se prova aquilo que afirma,
que ela é execrável ou que é miraculosa.
Precisamos tirar de nós esse grito preso na garganta, esse silêncio atormentador, essas palavras de liberdade.
Precisamos se afastar desse cálice, transbordado de mentiras e enganos.
Precisamos se livrar das opções que nos deixa para trás, a verdade é que nunca sabemos
onde nos levariam.
Precisamos parar de espera que os outros e as circunstâncias nos empurrem, para depois sentirmos inocentes e impotentes perante o que acontece.
Precisamos decidir e esquece tudo o que se perde com a nossa decisão.
Pois só assim chegaremos a lugares e corações onde o nosso amor faz falta.


quarta-feira, 20 de maio de 2020

O antagonista

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Em lugar comum ouvir  que o melhor do Brasil é o brasileiro,
mas analisando bem,
o Brasil não está tão melhor por causa do brasileiro.
O brasileiro que insiste e persiste em dar um jeito para se beneficiar dos programas sociais aos quais ele não tem direito.
O brasileiro que está pouco se lixando, que está dando de braço para quem está angustiado e sofrendo,
o problema é de quem sofre, não dele.
O brasileiro que em meio a dor e ao sofrimento de inúmeras famílias não se incomoda nem um pouco em fraudar licitações públicas para ganhar mais e mais dinheiro.
O brasileiro que vendo a procura desesperadas das pessoas por determinados itens de prevenção,
vai lá e aumenta o preço do produto abusivamente. Inclua nesse grupo de brasileiros aqueles que revendem gêneros alimentícios,
eles também estão abusando cada vez mais.
O brasileiro que nunca está interessado na educação dos filhos,
mas sempre está preocupado com os benefícios sociais oriundos dos estados e prefeituras por conta das crianças matriculadas na escola.
O que importa para esses brasileiros são as bolsas do governo e não o desenvolvimento intelectual dos filhos.
O brasileiro que está louco para a chegada das próximas eleições para obter um ganho extra,  vendendo o voto para no mínimo três candidatos.
O brasileiro que nunca assume a responsabilidade pelos seus atos,
sempre transfere para os outros a culpa pelo que está acontecendo em sua vida.
O brasileiro que, mesmo não sabendo a veracidade dos fatos,
reproduz assustadoramente qualquer notícia falsa para satisfação do seu ego.
Ele não quer saber se é mentira,
o desejo dele de que seja verdade já é o suficiente.
O brasileiro que idolatra homens,
que espera que estes homens sejam a resposta final, quando na verdade seríamos nós, o povo, a resposta final, humanamente falando, dos nossos problemas.
Não discordo que o povo é a maior riqueza,
o melhor de um país, de uma nação,
mas não fecho os olhos para a verdade dos fatos:
nós brasileiros somos extremamente responsáveis por um sem número das mazelas que nos afligem. Antes da pandemia, muito antes mesmo, o jeito brasileiro, aquele usado para burlar leis,
regras e trazer benefícios, já era uma verdade.
Deixo aqui meu reconhecimento para aqueles brasileiros que se desdobram para levar positividade para os outros, que se esforçam para que a vida seja melhor, menos dura, falo dos médicos comprometidos,
enfermeiros dedicados, agentes de saúde eficientes, professores realmente professores,
agentes públicos de segurança isentos, de você que é honesto e ensina isso aos seus filhos,
de você que mesmo no aperto é incapaz de pegar o que não é seu,
de você que entende o valor da solidariedade e da empatia.
De você que não age em sentido oposto, muito menos ser um opositor,
De você que não é contra alguém ou contra alguma coisa.

segunda-feira, 18 de maio de 2020

A impureza da minha mão Esquerda

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Na alta finança, nos bancos,
nos empresários, no comércio de especulação
nos grandes empreiteiros,
entre os grandes fornecedores,
mesmo no campo da produção propriamente dita,
em ramos cuja vida depende em grande parte de atos governativos,
existem já numerosos indivíduos a interessar-se ativamente pela política dos partidos.
A influência corrosiva da sua ação traz mais duma dificuldade grave à governação pública.
Entretanto, as fraquezas dos sistemas partidários
com os que se intitulam democracias
parlamentares ou partidárias,
quem quer, examinando o funcionamento
efetivo das instituições,
podo constituir três grupos.
O primeiro é daqueles muito raros Estados
em que os partidos pouco numerosos permitem a formação de maiorias homogéneas,
que se sucedem no poder,
sem impedir de agir.
Quando na oposição,
o governo quo governa.
O segundo é o daqueles em que a vida partidária
é tão intensa e intolerante que as mutações governamentais se fazem frequentemente
por meio de revoluções ou golpes de Estado,
no fundo a negação do mesmo princípio em que pretendem apoiar-se.
Há um terceiro grupo em que a parcelação
partidária e a exigência constitucional da maioria parlamentar se conjugam para ter em permanente risco os ministérios, precipitar as demissões,
alongar as crises, paralisar os governos,
condenados à inacção e às fórmulas de compromisso que nem sempre serão as mais convenientes ao interesse nacional.
Assim, uns esperam as eleições; esperançosos, positivados as novas idéias iludidos com candidatos do renovo com os mesmos objetivos.
outros, a revolução; idealizados nos sistemas do passado.
os últimos, as crises,
como possibilidades de governo, porque sempre nesses meios, haverá política.
Ou seja, sempre precisará pobres, sofridos, esperançosos, para que se faça política findada nas chagas, no carma, no julgo desses sofridos eleitores que insistem iludi-se com uma política ficcionada.

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