quarta-feira, 24 de abril de 2019

A praga da corrupção

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O País do Peru acabou de dar ao grande Brasil uma enorme lição de civilidade e virilidade democrática.
Eu afirmo que o suicídio do ex-presidente do Peru, Alan Garcia,
apanhado pela nossa Lava Jato,
me causou uma ponta de inveja.
Não de inveja por ele ter se matado,
mas sim de inveja por ele,
ao ter se matado,
ter reconhecido que não tinha chance alguma diante das leis,
das instituições e dos cidadãos do Peru.
Como é sabido por todo mundo,
não existe um país na face da Terra que não tenha corrupção.
A diferença é como cada país lida com a corrupção e tolera a impunidade.
No Brasil, por exemplo, os corruptos zombam da impunidade, zombando das leis,
das instituições e dos cidadãos.
Mas é importante frisar que eles só fazem isso porque aqui as leis,
as instituições e os cidadãos aceitam se colocar no papel de inúteis,
irrelevantes e otários.
Muitas vezes as leis,
as instituições e os cidadãos são até cúmplices dos corruptos porque,
em nome de uma resignação inexplicável e de uma preguiça detestável,
não mudam suas atitudes pacatas,
passivas ou permissivas.
É graças a essa resignação e a essa preguiça que os corruptos brasileiros elevaram a impunidade ao status de obra de arte,
obra prima, sem similar em lugar algum do planeta.
No Brasil, nós temos o Da Vinci da corrupção, o Michelangelo da corrupção, o Van Gogh da corrupção e, claro, o Picasso da corrupção.
Nós não temos nenhum Prêmio Nobel, por exemplo, mas certamente nós temos vários prêmios desse porte na corrupção e na impunidade.
Daí que não cabe o país se orgulhar da praga da corrupção,
como uma arte que nos distingue.
Cabe o país se revoltar contra a praga da impunidade, como uma arte que nos insulta.
Ou fazemos isso, ou vamos continuar todos cúmplices das nossas desgraças.

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