sexta-feira, 5 de novembro de 2010

O livro dos dias


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Nem toda palavra é,
aquilo que o dicionário diz,
nem todo pedaço de pedra,
se parece com tijolo ou com pedra de giz.


Avião parece passarinho,
que não sabe bater asa,
passarinho voando longe,
parece borboleta que fugiu de casa.


Borboleta parece flor,
que o vento tirou pra dançar,
flor parece a gente,
pois somos semente do que ainda virá.


A gente parece formiga,
lá de cima do avião,
o céu parece um chão de areia,
parece descanso pra minha oração.


A nuvem parece fumaça,
tem gente que acha que ela é algodão,
algodão as vezes é doce,
mas as vezes nê doce não.


Sonho parece verdade,
quando a gente esquece de acordar,
o dia parece metade,
quando a gente acorda e esquece de levantar.


Eu não pareço meu pai,
nem pareço com meu irmão,
sei que toda mãe é santa,
sei que incerteza traz inspiração.


tem beijo que parece mordida,
tem mordida que parece carinho,
tem carinho que parece briga,
tem briga que aparece pra trazer sorriso.


Tem riso que parece choro,
tem choro que é por alegria,
tem dia que parece noite,
e a tristeza parece poesia.


Tem motivo pra viver de novo,
tem o novo que quer ter motivo,
tem a sede que morre no seio,
nota que fermat quando desafino.


Descobrir o verdadeiro,
sentido das coisas,
é querer saber demais,
teme que isso seja verdade.


E o mundo é perfeito,
quando conseguimos ser,
emocionar com simples palavras,
lidas da bíblica sagrada.

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