segunda-feira, 1 de novembro de 2021

O paralelo entre as gerações

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Não é difícil perceber que algumas pessoas agem como se quisessem eternizar o seu próprio tempo, e o de sua geração, com sua moda, sua música, seu vocabulário, seus hábitos.
Há que se respeitar o que tem valor para as gerações que nos antecederam,
até porquê, vamos desejar este mesmo respeito mais adiante, mas este respeito precisa ser mútuo, as gerações mais longínquas entre si precisam entender que uma pavimenta o caminho para a outra e, assim a vida segue seu curso,
é a evolução natural da vida, nenhuma geração é absoluta, por mais cultura que tenha produzido, por mais sabedoria que tenha adquirido, por mais feliz que tenha sido.
Nenhuma delas é referência absoluta sobre todas as outras passadas ou futuras mas, todas contribuem com o todo, todas deixam algo na existência, seja um legado bom ou ruim.
Ao longo do tempo a percepção de bons caminhos muda e, isto não necessariamente é um desvio, as vezes,
a contramão é a melhor rota a seguir, principalmente para evitar as violações existenciais.
Muitas gerações seguiram seu curso, umas mais bem-sucedidas que outras, então, aprendamos com erros dos outros e com os nossos mas, lembrando que corrigir caminhos não é perpetuar gerações, ou extinguir as que afloram com a sede característica de todo recém-nascido, mostrar o caminho entre as pedras, este é o papel das gerações maduras, desbravar novos rumos é a responsabilidade da geração atual e,
as gerações vindouras darão continuidade ao ciclo.
Em se tratando de gerações a única coisa absoluta é a necessidade de movimento, de continuidade, e não de perpetuação de uma era sobre todas as outras.
O reino de Deus é composto de todas as gerações, como o mar que não se enche mas, está sempre pronto para receber os que vêm a ele.

domingo, 31 de outubro de 2021

Poema sobre a reforma protestante e o dia das bruxas

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Lutero foi o primeiro a pôr fogo nas bruxas num contexto de crescente perseguição contra as heresias no século XVI. 
Entretanto, Lutero não foi o único.
Outros reformadores colocaram lenha nesta fogueira que queimou, em toda Europa protestante, milhares de pessoas, a maioria mulheres.
Entre os séculos 16, 17 e 18, fervilhava as acusações de heresias e bruxaria.
Mas, por que eram as mulheres as mais acusadas?.
Na sociedade profundamente religiosa da época, as mulheres ocupavam uma posição definida pela Igreja, de esposa e mãe. 
O papel único das mulheres era criar filhos e administrar a vida doméstica baseada na submissão cristã.
E, de acordo a interpretação bíblica patriarcal, tanto católica quanto protestante, as mulheres, o gênero feminino, era o mais desejado a ser atraído pelo demônio.
Essa foi a base para a acusação da heresia da bruxaria.
A heresia da bruxaria era tudo que ameaçava o controle do poder e do ensino da Igreja.
Quando as mulheres saíam do papel estabelecido pela norma cristã, acabavam se tornando alvos da acusação da heresia da bruxaria.
Ter poucos filhos, não ter filhos, desejar romper com o padrão social compulsório de esposa e mãe, era sinal de que algo estava fora do lugar, o que resultava em acusação de bruxaria. 
Além disso, as mulheres que demonstravam ter algum tipo de poder e conhecimento, eram alvos certos de acusação.
A caças às bruxas aconteceram como mecanismo de autoproteção do poder religioso.
Tudo que não era controlável era considerado heresia e merecia ser exterminado. 
Portanto, o 31 de outubro que marca, ao mesmo tempo o dia da reforma protestante e o Dia das Bruxas, nos faz lembrar que as fogueiras religiosas continuam acesas, ateando fogo contra as mulheres que desafiam esta sociedade terrivelmente religiosa. Portanto, falar das mulheres e a Reforma Protestante é falar também das bruxas e das fogueiras religiosas que continuam acesas.
As mulheres que eram vistas como cultas e inteligentes, que tinha uma marca de nascença.
Mulheres que eram muito habilidosas.
Mulheres que tinham uma forte conexão com a natureza era adjetivada como bruxas ou hereges. 
Qualquer mulher estava em risco de serem queimadas nos anos 1600.
Mulheres eram jogadas na água e se podiam flutuar, eram culpadas e executadas.
Se elas afundassem e se afogassem, eram inocentes.
São 504 anos da Reforma e milhares de bruxas mortas, perseguidas, silenciadas, demonizadas, queimadas.
Não foram as bruxas que queimaram.
Foram mulheres.
Quem eram as bruxas?.
Eram mulheres.
Não as mulheres virtuosas que a igreja fabrica, domina e depois beatifica e canoniza.
Bruxas são as que questionam, que pensam, que contestam, que não têm interesse no papel de santas.
O rótulo de bruxa foi fundamental para a manutenção do sistema patriarcal.
Hoje, as igrejas protestantes, assim como as católicas, já não queimam as bruxas, apenas silenciam, demonizam, chamam de endemoninhadas, desequilibradas, frágeis, e negam-lhes o sacerdócio, lugar que permanece potencialmente masculino, preservado através de teologias e hermenêuticas sofisticadas, mas que não se sustentam biblicamente.
Por uma nova reforma protestante que liberte e empodere as “bruxas”, que reconheça como lugar legítimo para elas também os púlpitos e os espaços teológicos.
Medo eu tenho é da Reforma.
Com as bruxas, sempre me entendi.


Poema sobre o Superman

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Deparei-me hoje cedo com inúmeras postagens em que o superman aparece aos beijos com a mulher-maravilha.
Noutra imagem, pode-se vê-lo ao lado de sua esposa com seu filho nos braços.
Tais postagens têm como objetivo manifestar apoio ao jogador de vôlei que foi desligado de seu clube após uma postagem considerada homofóbica em que criticou a imagem de um novo superman aparecendo beijando um rapaz.
Relutei para não fazer qualquer consideração, visto que, sinceramente, acho que deveria ser uma questão superada.
Será que ninguém percebeu que o novo superman apresentado como bissexual é filho do superman hétero?.
O Superman  é fruto de uma geração conservadora, que viveu a segunda guerra mundial, a efervescência do capitalismo, a derrocada do sistema econômico norte-americano, superganância, que mandou para a guerra jovens que nunca saíram de suas cidades, este foi o cenário de criação do Superman.
Política sempre foi um dos detalhes mais importantes na criação de um super-herói, e hoje não é diferente.
O clamor daquela geração resultou na criação de um ser alienígena, idêntico aos humanos, podendo passar totalmente desapercebido.
Os Estados Unidos precisavam de um herói, a ficção deu conta disto.
Apresentaram vários deles àquela geração, mas o Superman é visto por muitos como o primeiro, ele reúne em si tudo o que aquela geração esperava de um herói, poucos sabem que no seu lançamento, seu perfil era rude, agressivo, e combatia o crime de forma pouco ortodoxa, usava a força sem pensar nas consequências, isto me parece refletir os anseios e os devaneios daquela sociedade, daquela geração, por alguém que tivesse poder para subjugar seus inimigos sem sofrer prejuízos, e sem se importar com o prejuízo causado a outros, o sonho americano em primeiro lugar, esta era a vibração para ser o herói daquela geração, e que gestou o querido alien, este machão vem de Krypton para Smallville, através das páginas, e se torna o super-herói mais conhecido do planeta, mesmo de quem não curte ou o universo os editores instituiram um código de conduta para seus personagens, isto lapidou o Superman,
o fez como o conhecemos hoje,
o perfeito cavalheiro americano na pele de Clark Kent, e o defensor dos fracos e oprimidos, sob a capa de Superman, vale a pena mencionar que ainda o Superman era um vilão!.
Seus criadores fizeram várias alterações no personagem até que ele se tornasse o deus kryptoniano mais humano e querido dos gibis.
A mesma geração que o criou rude, o refinou, e desde então Clark Kent, o Superman é o mesmo, casou-se com a jornalista Lois Lane, e não se descobriu gay.
A geração Cristopher não consegue conceber a ideia de ter um filho com orientação sexual não- tradicional, e nem que isto ganhe representatividade nas gerações dos comerciais de TV com cowboys e motoqueiros fumando cigarro, tem de ser respeitada, e a atual geração não.
Jesus era o algoz dos romanos, e até dos religiosos que dominavam nos templos da época, sepulcros caiados.
Jesus surgiu entre as minorias, e que abraçou a causa dos necessitados, aborrecendo os poderosos que livrou a mulher adúltera da morte desdenhando dos falsos escrúpulos de seu povo, curando o escravo sexual de um centurião, sem questionar sua sexualidade, contrariando o moralismo de uma geração apóstata, comendo na casa de publicanos com fama de ladrões, subvertendo a ética, este é o super-homem para todas as gerações, este deveria ser o único no qual lançamos nossas ansiedades.
O Superman chegou cheio de poder, humanos não lhe causam dor, e foi aperfeiçoado pelos seus roteiristas,
mas Cristo foi aperfeiçoado pela dor.
O Superman mudou seu perfil para agradar e manter seus leitores, já Cristo nunca mudou sua essência e por isso até perder seguidores.
Falíveis como somos, acabamos por desejar referenciais humanos, e até fictícios, para satisfazer nossa carência por quem poderá nos defender?.
A geração que abraçou o Superman, não abraça seu filho bissexual, ele precisa ser a cópia fiel para alcançar pertencimento neste mundo, a geração do Superman tradicional recebeu um alienígena,
mas não recebe seu filho por causa de sua orientação sexual, mesmo que ele tenha os mesmos poderes de seu pai.
Jesus também não foi bem recebido,
não tinha o arquétipo desejado por aquela geração, a cada novo ciclo percebemos que velhos erros se repetem.
Até quando uma geração rejeitará sua sucessora por causa de suas peculiaridades?.
É preferível um reino de soldados de chumbo, produzidos em série?.
O amor que uniu o alienígena e uma humana, e todos acharam lindo, não parece estar disponível se o filho desta união não for heterossexual, parece um amor bem exclusivista, este não é o amor de Deus.
Não é mais importante as pessoas se preocuparem com os brasileiros que passam fome, com os mais de seiscentos mil mortos.
Não é mais humano as pessoas se perguntarem porque está havendo pessoas pegando ossos para poderem comer do que se preocupar com a orientação sexual do super man.
Fico imaginando a fragilidade da heterossexualidade das pessoas, a ponto delas se preocuparem e precisar se pronunciar sobre a orientação sexual do super man.
Preocupação com a orientação sexual de um gibi hoje é mais importante do que se preocupar com á atual situação do país.
Publicações em quadrinhos é mais urgente do que uma nova notícia de uma pessoa que morreu de fome.
Publicações de personagens fictícios de gibis ou mangás hoje, é mais importante do que pessoas de carne e ossos que pulsar sangue, que respirar a própria vida.

sábado, 30 de outubro de 2021

Poema sobre as notas da fome

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A fome é indecente para quem sente, no entanto, vamos comemorar os recordes da colheita.
A fome é uma forma de violência contra o mais fraco.
A fome é uma arma de guerra, mas o programa mundial de alimentos não pode edificar a paz sozinho.
A fome é uma tragédia planetária que são usadas em crises prolongadas, mas com manipulação mais sutil dos mercados, do comércio e de ajuda do que com ataques diretos.
A terra é perfeita para a produção, para exportação de tudo o que se produz.
As pessoas já falavam de meninos se alimentando de luz.
Agora definiram o destino: a morte lenta.
Nosso povo já não aguenta mais saber o preço do quilograma da carne. 
Morrer não é opção, mas viver é uma necessidade.
Matar uma nação que mais produz é um comportamento que denota ausência de coragem.
Se alimentar de luz ficou caro também.
Miséria, toneladas de grãos, nosso povo de mãos atadas, de barriga vazia, olhos sem expressão.
No lixão, a fome supera gênero e cor:
homem, mulher,
branco, preto,
nenhum direito 
à alimentação.
E para não impactar: insegurança alimentar e não FOME.
Muda-se o nome, mas não se combate o bicho que corrói a barriga do nosso povo,
não se modifica o setor agrário.
Como é difícil ser fazendeiro,
empresário!.
Fácil é ser povo.
Fácil é colocar o país, de novo, no mapa da fome, para enriquecer o agro,  
que é tech,
que é pop,
que é tudo,
que torna mudo quem deveria ter voz.
Enquanto não for nós subindo no caminhão para catar lixo e garantir o almoço, não será o fundo do poço, a praga, a peste.
A seca só incomoda quando chega ao Sul e ao Sudeste. 
No Centro, no Norte, no Nordeste, é normal.
A fome acontece apenas com quem não tem fé.
Quem colhe o café não consegue beber;
o leite que o operário ordenha
é só para o filho do fazendeiro;
a menina do caixa não tem dinheiro,
o açougueiro não pode comer carne, 
o operário não pode se aproximar
quando a obra que fez termina. 
O escravo da mina
morre sem ter um grama de ouro
ou mesmo salário.
O repositor de Hortifruti não consegue ter legumes, frutas e hortaliças dentro da sua própria casa.
O vendedor de calçados não consegue ter dinheiro para comprar tênis para os seus próprios filhos.
A vendedora de roupas não consegue mas vê a sua própria filha com a mesma roupa rasgada.
O vendedor de eletrônicas não consegue comprar a sua própria televisão.
O frentista não consegue encher o tanque de gasolina do seu próprio carro.
É difícil demais ser empresário no Brasil.
É difícil demais ser feliz ontem, porque ontem já se foi.
Também não conseguem ser feliz amanhã, porque amanhã ainda será.
Num tempo onde “ser feliz” se tornou uma tirania do existir, encontro com pessoas que esqueceram de viver para se entregarem, não raras vezes de forma louca, a uma busca por um tipo felicidade que jamais poderá ser encontrada.
Você é feliz?.
Se você é feliz, o que é ser feliz para você?.

sexta-feira, 29 de outubro de 2021

O Zahir

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Posso dizer talvez que a maior vergonha do cristianismo foi ter deixado ideologias políticas lhe roubarem a bandeira da igualdade, da causa dos oprimidos e sobrecarregados.
Pois se as pautas sobre racismo,
homofobia,
xenofobia,
machismo,
desigualdade são atribuídas a partidos políticos, isso prova o fracasso do cristianismo como religião, que deveria ser a principal e insubstituível referência nesses temas, já que supostamente se trata de seguidores de Jesus, aquele que ficou conhecido como beberrão, amigo de pecadores, que andava com os cansados e sobrecarregados à margem da sociedade.
Por isso, se as marcas de Jesus não são as marcas da igreja, tal igreja não é a igreja de Jesus.
Pois as marcas de Jesus é o amor com as pessoas no coletivo.
É a tolerância, o respeito, a igualdade, a fraternidade a paz de espírito.
O Jesus é este que dá pão a quem tem fome e não atira palavras ou pedras de acusações.
O Jesus é este que congregava onde houvesse pessoas.
Mas quando ia ao templo era só para advertir aqueles trajados de púrpura,
aqueles que arrotavam santidade, aqueles que eram intocáveis por se acharem beatos diante dos cegos, surdos, coxos, leprosos, paralíticos.   
O Jesus é este que ama e recebe às pessoas de forma humilde, por isso é um educador popular.
O Jesus é este que está no interior ou no invisível, que consiste nas intenções e pensamentos das pessoas que fica guardado nos corações dos indivíduos.
O Jesus é este que uma vez tocado ou visto, jamais é esquecido e vai ocupando nosso pensamento, até nos levar à ama como Ele nos amou.
O Jesus é este que contava como meio de vida prática em parábolas usando da cultura como forma de transformação da sociedade.
O Jesus é fraterno, igualitário, solidário e contra o sistema.
Ele é assim e foi morto pelo sistema
Ele era contra o acúmulo de riquezas,
seu lema era dividir com cada um conforme suas necessidades.
Ele era alegre, celebrava, multiplicava vinho, alimentos e dividia com todos.
Ele dançava, cantava não era invejoso.
Ele não tem dupla personalidade, por isso Ele é o mesmo de sempre.
Se a ideia que você tem de Jesus não condiz com o que ele é,
você pode ter passado a vida toda adorando a um falso cristo.
Criamos cristos de acordo com as lentes que ganhamos no contexto religioso que vivemos.
Esses são os falsos cristos que Jesus nos alertou.
Falsos cristos são falsas ideias sobre Cristo.
Homens que aparecem se dizendo Cristo, são meras distrações.

quinta-feira, 28 de outubro de 2021

Você da Silva

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Você sempre terá críticos.
É impossível agradar todo mundo.
Seja coerente com você isso é suficiente.
Há pessoas que desejam partir da sua vida.
Todos são livres, inclusive você.
Não segure ninguém.
Todas as coisas importantes da sua vida não são coisas.                
Reflita e siga em frente com as ideias que tiver achado relevantes.
Tenha sua identidade decidida,
tenha a sua identificação resolvida,
tenha o seu sobrenome atuante por mais que se chame, Silva.
Permita-se um presente hoje que seja você mesma.
Não é um fracasso estar triste.
Há momentos complexos na nossa vida.
Nossa paz pode ser quebrada além da nossa capacidade de restaurá-la de forma rápida.
Bateu o desalento?.
Faz parte da vida.
Analise a origem e não evite o sentimento, apenas aprenda e entenda-se.
Converse com alguém de confiança.
Busque uma pessoa amiga ou alguém da área de saúde mental.
Pedi ajuda nos faz bem reconhecer a nossa fragilidade
Leia.
Medite.
Tome um bom chá.
Respire.
Siga.
Você pode estar triste, porém, você não é a tristeza.
A frustração prova que você espera algo melhor do mundo e da sua vida e ainda não conseguiu.
Aqui está um bom começo de reação.
A esperança de um momento mais agradável.
E não se esqueça que chorar não é defeito de caráter.
Recomece.
Reescreva.
Reacenda.
Eu entendo que alguns de vocês postem suas conquistas pequenas ou grandes alegrias publicamente e preservem seus fracassos e tristezas para compartilhar com os mais próximos.
Só  não entendo que forjem uma felicidade irreal e ideal em um clic. 
Você sabe da história que carrega,
o que pensa
os sonhos que tem,
as lágrimas que não derrama,
o que é capaz de lhe tirar o sono,
o que faz a alegria nascer,
quem faz toda a diferença.
Cada um de vocês sabem o que mais adoraria ganhar de presente, a medida do empenho para chegar até aqui.
Vocês podem fazer loucuras por amor.
Mas até onde vocês iriam por amor?.
Vocês abririam mão por amor?.
A que ponto vocês chegariam por amor?.
Quanta dor vocês suportariam por amor?.
Que salto vocês dariam por amor?.
Que dogma vocês questionariam por amor?.
O que vocês perdoariam por amor?.
Que canção vocês comporiam por amor?.
Em que mar vocês navegariam por amor?.
Vocês precisam saber que o amor está acima de regras e códigos e que dentre outros sentimentos, se destaca entre os pródigos.
Abre vias e caminhos, nos coloca além dos palácios.
Pois sua luz e seu calor eternizam o que se ama.

quarta-feira, 27 de outubro de 2021

Teto sem paredes

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As tarifas de energia elétrica estão 25 por cento mais caras neste ano.
A gasolina acumula alta de 73 por cento, e o diesel 65 por cento.
Ontem entraram em vigor aumentos de 7 por cento na gasolina e 9 por cento no diesel.
Isso significa mais combustível no IPCA e na taxa Selic.
No cenário externo, ainda se refazendo da pandemia, o petróleo aumento porque a demanda continua colidindo na restrição de oferta, causando um desarranjo nos preços internacionais.
Temos incertezas e inseguranças relacionadas às contas públicas,
ao orçamento da União e ao novo programa assistencial, além da crise hídrica na qual o Brasil morre de sede e seca em frente ao mar.
Com á abertura no teto de gastos,
o país fica mais descoberto,
sem recurso para se proteger desse temporal de inflação.
Quando a gente fala em fragilizar o teto dos gastos no ano que vem,
a gente fala de um juro neutro mais alto, consequentemente o Banco Central vai ter que subir esse juros e isso vai impactar no bolso dos mais pobres,
com uma inflação também mais salgada.
Tudo isso é muito insatisfatório para empresários, trabalhadores e desempregados que dependem e evidenciam com a esperada recuperação.
Enquanto isso, em Brasília, seguem intocáveis 20 bilhões em emendas parlamentares e fundos partidários.
Fortuna que os políticos poderão gastar praticamente sem mecanismo de controle, praticamente sem teto.


terça-feira, 26 de outubro de 2021

Poema sobre os Barrabás dos povos controlados

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O primeiro plebiscito da história, quando Pilatos pergunta ao povo se quer o ladrão ou Jesus, o povo democraticamente grita “Barrabás, Barrabás”.
O grito da multidão não é sinônimo do poder do povo.
E nem da justiça, e nem da ética.
Ou seja, nem sempre a melhor escolha vai estar nas mãos do povo.
Nem sempre o povo saberá usar o poder de escolha ao seu favor.
Quando passo á analisar como Jesus se comportou na sociedade de seu tempo, vejo que nem todas as coisas são claras.
As vezes encontro obstáculos para colocar certas questões em ordem.
Nesse momento, eu abordo a questão da atitude política de Jesus interrogando os Evangelhos a partir das minhas preocupações, a partir das minhas interrogações e também o Evangelho, me interroga e me interpele.
Faço uma interpelação mútua entre nossa situação, o Evangelho e o pensamento político de Jesus.
Se desligamos Cristo do seu mundo social, produzimos um mito.
É impossível aplicar as palavras e os exemplos de Jesus para hoje sem levar em conta o mundo dele; o contexto sócio-político, as estruturas vividas por ele.
A sociedade em que Jesus viveu deve ser analisada a partir da economia, das relações de produção.
Em termos econômicos era uma sociedade pré-capitalista e agrícola.
Cristo considera a riqueza de uma maneira muito negativa, porque vê que a propriedade da terra está muito concentrada em um grupo burguês.
Por isso, a riqueza é um ídolo que faz concorrência com Deus.
No tempo de Jesus, o Estado é o que chamamos hoje de teocrático.
Ou seja, um Estado re­ligioso.
A constituição, as leis são a Bíblia,
os cinco primeiros livros chamados Pentateuco.
Ela é a constituição, o código penal,
o código civil.
Quando os juízes vão julgar alguém, eles interpretam e aplicam as regras da Bíblia.
O sumo sacerdote é o dirigente político da nação.
Qualquer comportamento religioso, nesta situação, e um comportamento político.
Não havia divisão, política de um lado, religião de outro.
Hoje nós temos uma divisão institucional entre Igreja e governo.
Naquela época a Igreja judaica era a sede do poder político, e o sumo sacerdote,
o governante da nação.
É muito importante entender que religião e política eram uma coisa só e qualquer comportamento blasfemo, irreligioso, era subversivo.
Quando Cristo cura em dia de sá­bado e não observa as tradições, ele está ten­do um comportamento subversivo, antipolítico.
Só levando isso em consideração é que entende­mos o quanto Cristo era de oposição.
A classe alta era composta pelos funcionários, pelos detentores do Estado: Sumo Sacerdote, Sinédrio e Estado romano,
O rei Herodes, o governador Poncios Pilatos e a Corte, esse era o primeiro pólo da classe rica, o se­gundo polo da classe rica era constituído pelos proprietários de terra, pelos latifundiários.
Os anciãos eram famílias tradicionais, donas de terras.
Tinham os grandes comerciantes do mercado importador e exportador, do mercado atacadista, sobretudo de Jerusalém.
A classe intermediária era constituída pelos pequenos agricultores, pequenos comerciantes e profissionais liberais,
que, naquele tempo, eram os escribas e os fariseus.
Os escribas não eram ricos.
Eram uma classe intermediária que estava em ascensão, com a hegemonia da sociedade.
Nessa posição havia a classe do baixo clero, os sacerdotes do templo e os levitas, que giravam em torno de  milhares de pessoas.
O povo era muito fragmentado, tanto que o Evangelho diz "multidão".
O povo era uma massa de gente, sem maior coesão interna, sem espírito de classe.
No meio do povo existia toda a sorte de trabalhadores.
Eram artesãos do interior, diaristas, arrendatários rurais, escravos, criados,
e também existia toda a sorte de marginalizados.
Leprosos eram os últimos dos últimos, doentes,
mendigos,
órfãos,
viúvas,
estropiados e possessos.
Chamavam de possessos as pessoas que, por causa de suas condições sociais, ficavam loucas.
Isso mostra o nível a que estava reduzido o povo, o grau de deterioração das condições de vida.
Havia filhos de pessoas adúltera ou de um estrangeiro ou de um samaritano que não tinha muita consideração.
Os fariseus e os escribas controlavam a interpretação da Bíblia.
Eles estavam subindo na sociedade e adquirindo bas­tante postos no Sinédrio, dentro do governo Judeu.
O partido era formado pelos intelectuais do templo, pelos advogados, teólogos. 
Seus partidários se concentravam em torno da Sinagoga, porque ali era o lugar em que se lia a Lei de Deus, era a liturgia da palavra.
Eles dominavam porque eram os únicos que sabiam ler e interpretar a Lei Bíblica.
Tinham a hegemonia, no sentido de que detinham a direção moral e intelectual.
Os  Zelotas era um partido radical, que rompe definitivamente com os romanos e adota a prática da guerrilha, da violência ar­mada.
Eles visavam destruir a estrutura política romana e também o poder judaico 
Para entender como é que Jesus se posiciona diante dos revolucionários,
é necessário lembrar que esse partido tem um projeto nacio­nalista na cabeça.
Além da independência da Palestina, ele querem unir um projeto expansionista, imperialista.
Eles querem colocar o judeu no centro e sobre todos os outros povos, e criar um império mundial judeu.
O César judeu seria uma espécie de César-Moises, César Bíblico que dominasse o mundo, já que isso estava nas profecias da Bíblia.
No projeto dos zelotas havia também a restauração de teocracia, do rei santo, muito parecido com Davi.
Cristo dessacraliza o poder político, não pensa em poder religioso, teocrático.
Deste ponto de vista, há diferença entre Cristo e os revolucionários zelotas.
Existiam ainda outros partidos de significação menor, como os essenios,
os heroditas e outros, e tinha também o povo sem organizações populares de base e que estava mais sob a dominação dos saduceus e dos fariseus.
A Lei era uma espécie de força que impedia toda a criatividade, toda força, exuberância.
Esse legalismo, mantido sobretudo pelos escribas, pelos doutores da Lei, era extremamente funcional.
Servia para acobertar as iniquidades do regime e manter o povo do­minado.
O legalismo não era um desvio puramente moral ou religioso.
Tinha uma função também política.
A Lei era tão rigidamente aplicada para pode manter o povo submetido, o conhecimento dos doutores da Lei se baseava em uma espécie de conhecimento se ereto, ou seja, somente eles sabiam ler e interpretar a Lei.
E isto era feito com um vocabulário complicado, difícil, de modo que deixavam o povo confuso e crente de que eles entendiam os mistérios de Deus. Assim o povo entre­gava sua liberdade nas mãos dos fariseus, dos doutores da Lei.
Só desse modo compreendemos as violentas investidas de Cristo contra os Escribas e os Fariseus.
Eles realmente sequestrava as chaves da casa da ciência.
O povo imaginava o Messias do tamanho de seu desejo e de suas necessidades.
Ou seja, o Messias seria um grande benfeitor que viria trazer pão, saúde, libertação de todas as opressões.
O povo esperava o Messias realmente material e a espera era feita de uma maneira urgente, delirante, de uma hora para outra.
Havia uma expectativa incrível de um salvador, libertador, e se investiam sobre as pessoas que apareciam com uma certa perspectiva de libertação.
Jesus vivia na companhia dos pobres, dos oprimidos.
Sua base social eram os oprimidos e marginalizados daquela sociedade.
Os seus primeiros milagres foram curas de pessoal muito marginalizadas.
A tradição dizia para ser afastar dos pobres, dos pecadores, porque eram malditos.
A condição de vida dos pobres lhes impediam de praticar a Lei.
Portanto, concluía-se que eram pecadores.
Cristo se aproxima, defendendo os pequenos.
Ele era do partido dos pobres,
dos oprimidos.
Cristo tinha  uma atitude critica frente aos poderosos.
O conflito entre Jesus e os di­rigentes do povo atravessa os Evangelhos de ponta a ponta.
Jesus ataca diretamente os Escribas, Fariseus, os Sumo Sacerdotes e os Saduceus, expulsa os vendilhões do Templo, e declara que o Templo vai acabar.
O Templo significa o sistema da época.
Amaldiçoa também a figueira, símbolo do sistema Judaico.
Uma semana depois era levado ao tribunal, e condenado a morte na cruz.
Jesus não tinha programa político definido, como o tinham os Zelotes,
os Saduceus e os Fariseus.
Temos as palavras de perdão, de não violência.
Jesus anda em companhia dos fiscais,
se relaciona com os romanos e resiste à tentação do poder, o que não ocorria aos Zelotes.
Ele não queria revelar sua identidade messiânica para não provocar atitudes de sublevação no meio do povo, pois achava que isto iria ser um suicídio.
Jesus não era um ser alienado, indiferente.
Jesus foi contra o poder de dominação.
E se guardava o poder merssiânico, era porque o povo fazia uma idéia mística do Messias.
Uma idéia mágica de um Messias milagreiro, demagógico, paternalista, portanto uma idéia libertadora e autêntica.
Cristo teve uma atuação política verdadeira, mas a nível profética.
Foi um revolucionário profético.
A sua grande idéia é a do Reino de Deus, que é um projeto radical.
No fundo, a raiz da proposta de Cristo e, na verdade, profética.
Mas ele tinha implicações e efeitos claramente político.
Essa proposta leva-o a atacar o Templo, o cérebro central da exploração do sistema.
Porque era profética, a sua proposta tinha uma implicação política.
E os efeitos disso também são políticos.
Vemos que Cristo é perseguido continuamente durante toda sua vida pública ele; é julgado por dois tribunais pelo religioso onde foi declarado blasfemo; pelo romano, onde foi condenado exatamente como Messias, como revolucionário.
E basta olharmos o crucifixos para nos darmos conta de que esse símbolo da nossa fé é um símbolo originariamente político.
Embora não vise diretamente derrubar o poder ou propor um modelo alternativo,
a nossa pastoral tem uma dimensão política.
E da mesma forma que confundiram Jesus com os Zelotes, hoje também se confunde e se condena a Igreja como comunista, como subversiva.
Entendemos a maneira de Jesus se com portar no seu templo da mesma forma que entendemos a maneira da Igreja,
os bispos e as comunidades se comportarem na sociedade de hoje.
Embora a raiz, em ambos os casos, seja de fé Evangélica e porque é de fé Evangélica, os frutos, as consequências são e não podem deixar de ser políticas.
O comportamento histórico concreto de Jesus e o comportamento que a Igreja, os pastores e as comunida­des seguem ainda hoje, com as mes­mas implicações que ele teve.
Devemos entender os limites de Jesus, porque são os limites de seu tempo. Jesus era uma pessoa historicamente limitada.
Não era um homem de século II, pós-marxista.
Ele tem uma consciência política também limitada pelas condições do seu tempo.
E as condições concretas de sua época limitavam o poder e a capacidade do povo.
Ou seja, era impossível organizar o povo de tal maneira que ele pudesse obter o poder e exercê-lo de maneira adequada.
Mesmo que Cristo tivesse na cabeça um projeto revolucionário de conquista do poder e de organização de uma sociedade alternativa, não havia condições históricas para que isso fosse desenvolvido.
A gente tem de ver que Jesus era um homem do século I.
Ele não e um Lula ou um Bolsonaro de hoje.
O Lula e o Bolsonaro são o que são por causa da sociedade do século XXI, e da sociedade idólatra.
Ou seja, a gente é também a sociedade onde a gente vive.
Então Jesus era limitado pelas possibilidades políticas daquele tempo.
Era uma limitação do mundo dele.
Outro dado importante, é que Jesus não podia ser tudo ao mesmo tempo.
Ou era profeta, ou revolucionário Zelote.
Ou seria Messias po­lítico ou Messias pobre, sofredor como o povo.
Jesus escolheu o caminho profético.
Dessa forma não se pode argumentar porque Jesus no participou da política diretamente.
Tem gente que trabalha na pastoral e tem gente que trabalha no Sindicato,
outros trabalhos no partido.
Aliás, essa e uma questão que se coloca atualmente para os líde­res de comunidade.
Muitos têm possibilidade de participar de partidos, mas já assumiram a responsabilidade de participar da pastoral.
Surge uma questão concreta, que é a de não ter tempo de participar dos dois.
Esse é um problema concreto, prático, e não de princípios.
Se Cristo viesse hoje, quem sabe se ele não entraria para um partido político.
Por que não vemos de entender que ele viveu em uma situação, com possibilidades pessoais e biográficas muito limitadas.
E nós que vivemos numa sociedade que se politiza e se organiza cada vez mais, devemos entender isso.
Devemos também, a meu ver, traduzir em termos políticos as propostas do Evangelho de Jesus.
As vezes o Evangelho tem propostas limitadas a nível individual, como por exemplo, o bom samaritano que se curva diante do despojado para ajudá-lo.
Devemos fazer uma tradução política disto; porque essa é a nossa mentalidade.
O amor ao próximo não é amor ao outro, individual, é o amor às massas humanas, as classes inteiras.
Quem são os ricos e os pobres Lázaros?.
O pobre Lázaro são os favelados,
os operários da periferia.
São as massas oprimidas e exploradas.
Não são Maria, João, pessoas individuais.
São massas inteiras.
Vivemos em uma sociedade de massas, constituída em classes muito diferente daquela em que Jesus viveu, onde a relação era a dominante.
Assim a pratica política direta vista por nós nos partidos, nos sindicatos,
pode ser um modo nobre de ser discípulo, de seguir a Jesus Cristo e imíta-lo de maneira criativa.
Não devemos ver Jesus apenas no passado, há dois mil anos, mas devemos vê-lo vivo, ressuscitado fazendo política através dos movimentos históricos,
dos grupos sociais dos cristãos e nâo-cristãos.
Por enquanto, o povo prefere vê-lo apenas no passado, quando democraticamente grita "mito, mito".
São os Barrabás solto pelos gritos de pseudo pressão de uma plateia rancorosa, atiçada para pedir reeleição.

segunda-feira, 25 de outubro de 2021

Poema sobre o ciclo da vida

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Tantas vezes ficamos tristes e cabisbaixos quando alguma coisa se encerra em nossa vida, seja um emprego, experiências alegres e tristes que marcaram nossa vida com aprendizados vividas e necessárias a nossa evolução.
Na vida temos fases boas, felizes, assim como momentos tristes de dificuldades, vividos e superados que passaram por nós, permitindo chegar ao término de mais uma etapa vencida em nossa trajetória terrena.
Na vida nós podemos construí-la, aperfeiçoando os nossos valores sempre e entender que o crescimento é possível com decisões e ações permanentes.
Ou ficar invejando os outros, criticando e atacar tudo e todos, exibindo sua dor ressentida ao mundo.
É preciso saber que nem sempre caminharemos entre flores, sorrisos de alegria, olhos brilhantes e felicidade estampada na face assinalando os nossos dias; muitas vezes o desânimo nos açoita a alma, fraquejamos e sentimos vontade de desistir.
No entanto, o importante é que ultrapassamos barreiras, criamos forças e, apesar dos obstáculos, aqui estamos prontos para receber o que se aproxima com mais fé, esperança e amor no coração.
Portanto ao invés de reclamar como muita gente faz, nos lembrássemos de agradecer pela infinidade de bênçãos que nos são concedidas, inclusive pela maravilhosa dádiva da vida e mais uma vez a oportunidade que nos é outorgada de chegar ao fechamento desse ciclo que se encerra.
A grande pedida é procurar, na medida do possível, esquecer o que passou e não foi bom, observando onde devemos melhorar, aprendendo com os erros cometidos, sempre e cada vez mais dispostos a pautar nossas vidas pela prática da verdade, do amor e do bem.
Agradecemos pela vida, pela sublime oportunidade que me foi concedida de renascer nessa existência e em muitas outras que ainda virão, pelas dores enfrentadas que resultaram em preciosos aprendizados para o meu espírito ainda tão imperfeito.
Se as lágrimas foram abundantes,
os sorrisos compensaram os momentos menos felizes; se o brilho dos meus olhos, algumas vezes, esmaeceu pela ingratidão, desamor e turbulências inerentes à existência de todo ser humano, foi recuperado ao contemplar a imponência refletida na grandeza das suas obras.
Gratidão pela saúde, pelo teto que generosamente me abriga,
pelo pão do corpo e do espírito que nunca me faltou,
pelas vestes que cobrem meu corpo,
pela família que me deu e que tanto amo, pelos amigos que são poucos.
Gratidão por iluminar a minha caminhada terrena, pela proteção e direcionamento, ensinando-me caridosamente a amar e perdoar incondicionalmente.

sábado, 23 de outubro de 2021

Cristianismo puro e simples

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Eu não acredito em um evangelho que reata o relacionamento entre Deus e o homem, mas não promove relações sociais justas, simétricas e equitativas.
As hastes da Cruz apontam para o fato de que Deus tenha o propósito de promover a reconciliação tanto entre a Divindade e a humanidade quanto entre todos os homens, desfazendo as distinções que os segregam.
Se Seu propósito fosse apenas reconciliar-se com os homens, Cristo teria morrido em um poste, não numa cruz. 
Eu não acredito que Deus só pertence aos evangélicos, e que para ser d'Ele precisa se tornar evangélico.
Até quando essas pessoas não vão entender que Deus não é evangélico.
Eu não me intitulo evangélico, cristão ou crente, eu me esforço para ser discípulo amando, respeitando, convivendo, praticando, perdoando, relevando, aprendendo, reaprendendo a ser discípulo d'Ele.
Cristo não morreu enforcado, o que pode indicar que a espiritualidade proposta no Evangelho não é asfixiante, como a que temos visto promovida por alguns segmentos cristãos. 
Ele não morreu decapitado, o que parece indicar que Sua proposta não inclui privar-nos da razão.
Não se trata de um suicídio intelectual.
Ninguém deve perder a cabeça por abraçar o Evangelho.
Pelo contrário, a genuína espiritualidade cristã reconcilia a cabeça e o coração,
a razão e as emoções, apaziguando o ser. 
Eu não acredito em um evangelho que nos livra do inferno, mas que, ao invés de nos tornar agentes pacificadores, equipa-nos de argumentos que só servem para infernizar a vida dos outros.
Eu não acredito em um evangelho que não produza transformações sociais profundas, de modo que passemos a enxergar a todos à nossa volta, como seres humanos feitos à imagem e semelhança de Deus, e que, portanto, devem ser respeitados em suas escolhas. 
Eu não acredito que sendo de uma denominação me tornará superior, me tornará melhor, me tornará perfeito aos demais aqueles que estão desigrejados.
Eu não acredito em um evangelho que só enxerga a graça como um meio de chegar-nos a Deus, mas sonega esta mesma graça para amedrontar o abismo que nos separa uns dos outros, fomentando preconceitos e estimulando a segregação.
Eu acredito sim, que precisamos fazer o que for de justiça e equidade para os nossos semelhantes, sabendo que também tendes um Senhor nos céus.
Eu acredito sim, que precisamos andar com sabedoria para com os que estão de fora, remindo o tempo para que às nossas palavras seja sempre agradável, temperada com sal, para que possamos saber responder a cada um.
Eu acredito sim, no Evangelho puro e simples que ensinou-me que eu não preciso de povo, eu preciso de gente.

sexta-feira, 22 de outubro de 2021

Expressões da pobreza do Brasil

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Perdoe-me por reescrever mais uma vez soube a cena chocante da cidade de Fortaleza, um dos grandes polos do nordeste brasileiro e uma das maiores metrópoles do país.
Uma foto, uma imagem e uma filmagem me revela um caminhão de lixo sendo, literalmente, atacado por moradores da periferia que buscavam restos de comida.
Famintos, desempregados,
vitimados por uma política perversa e por uma sociedade que se dessensibilizou com a tragédia humana, eles catavam avidamente, para por na mesa dos filhos, aquilo que a classe média e rica joga fora.
Tão chocante quanto essa cena são os milhares de políticos do Brasil, com seus gabinetes abastados, inertes a dor e ao desespero de uma população que é explorada por promessas de campanha em troca de votos novos seminovos e usados.
Sim, o político, em sua esmagadora maioria, é cúmplice deste projeto de morte ancorado por uma economia debilitada e uma necropolítica que pasma o mundo inteiro.
Exportamos alimentos para a Europa, Ásia e América, batemos sucessivos recordes no setor agrícola, um dos poucos a dar resultados a décadas, enquanto isso, o prato de nossa gente fica vazio assim como, também, vazia está a alma das pessoas, pois é impossível que uma sociedade consciente e desenvolvida tivesse tamanho descaso com um mal tão avassalador.
É preciso urgentemente encontrar uma solução, é preciso analisar o fenômeno social com as lentes da história humana, buscando encontrar alternativas e avivar consciências adormecidas para o drama de existir neste tempo.

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