segunda-feira, 7 de junho de 2021

O ensaio sobre as argumentações

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Não sou psicólogo, mas tenho quase certeza que a psicologia explica essa necessidade absurda que algumas pessoas têm demonstrado de querer falar a mesma coisa a todo momento, independente do que se esteja conversando ou do silêncio reinante. 
É normal e extremamente saudável o entusiasmo, a vibração com um determinado assunto.
Imagine indicar um filme ou  um livro para alguém, mas sem a devida empolgação, sem brilho nos olhos, certamente essa indicação vai cair no vazio, ficará claro que não é tão boa assim, pode até ser excelente, mas a comunicação foi péssima.
A necessidade de comunicar bem, sem interferências, sem ruídos, com vigor e entusiasmo, mas também com limite, respeitando o direito do outro, o espaço do outro.
Lamentavelmente, cada hora que passa fica mais evidente que algumas pessoas estão extremamente limitadas,
vivendo num universo onde só cabe um assunto e uma única verdade,
nada pode sair disso e o pior é que eles vêem isso em toda parte, em todo lugar, mesmo quando não se tem nada além do vazio.
Faço parte de alguns grupos nas redes sociais que são livres, sem regras e assuntos determinados,
mas existem aqueles que a todo momento ficam iguais a um disco arranhado.
Ou seja, são repetitivos, mas estão sempre se pensando o máximo, acreditam que estão arrebentando.
Fora das redes sociais, também vemos isso, tenho amigos que não importa o que se esteja conversando, eles sempre dão um jeito de inserir o mesmo assunto, uma autoafirmação acompanhada do desejo de convencer os outros a verem o mundo como eles estão vendo, aquela história de nós somos os melhores e todos os que vieram antes ou estão de fora do nosso círculo não prestam.
Já falei e vou repetir, entendo e aceito que as pessoas falem do que acreditam, é natural querer que outros acreditem também.
Não podemos transformar o diálogo em monólogo, as conversas em palestras,
os amigos em platéia.
Existe um limite pra tudo, às pessoas tem o direito delas de não querer ouvir ou falar sobre certas questões.
Agora, se você não consegue se controlar, pense que mesmo sem dizer uma palavra, você diz muita coisa, pego emprestado, neste momento, um conceito religioso que trata os seus fiéis como cartas que os homens lerão,
ou seja, seu silêncio pode ser o maior discurso de todos, exatamente porque sua prática diária diz tudo o que as pessoas precisam saber.

quinta-feira, 3 de junho de 2021

Poema sobre os alienígenas

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Às vezes o alienígena é você,
as pessoas estão no mundo delas e é você quem insiste em entrar e viver nesse mundo. 
Um sonhador é o alienígena no mundo dos que não sonham.
Um pacifista é o alienígena no mundo dos que querem a guerra.
Um vencedor é o alienígena no mundo dos derrotados.
Um empreendedor é o alienígena no mundo dos acomodados.
Um vegetariano é o alienígena no mundo dos carnívoros.
Um pensador é o alienígena no mundo dos alienados.
Um corajoso é o alienígena no mundo dos covardes.
Um diferente é o alienígena no mundo dos iguais.
Um desbravador é o alienígena no mundo de quem quer viver na caverna.
Um amante é o alienígena no mundo dos que odeiam a tudo e a todos.
Um ser humano é o alienígena no mundo dos que perderam a humanidade.
Alienígenas, alienados ou alinhados?. Tanto faz, o que importa é viver em paz, com amor e não ser mais um monótono desnecessário.

terça-feira, 1 de junho de 2021

Poema sobre a fragilidade da economia

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Mais três fatos novos alertam para a fragilidade da democracia brasileira.
Um deles é o episódio da Polícia Civil do Rio que estabeleceu cinco anos de sigilo sobre suas operações.
O outro é o caso da repressão policial a cidadãos do Recife que se manifestavam contra o governo federal.
E o último é o ato de indisciplina militar do general Pazuello, ainda hoje sob análise do Alto Comando do Exército.
Os três fatos têm em comum agentes da área de segurança dando sinais de ruptura, confronto e desobediência perante normas vigentes,
regras elementares e, sobretudo, princípios constitucionais.
Quem não se importa com a pobre democracia deveria, pelo menos, se importar com a pobre economia, e se importar com milhões de brasileiros que dependem dela.
Sim, porque um país fora da lei não se ajuda no sentido de atrair negócios, contratos, investimentos, empreendimentos e oportunidades. Essas coisas capazes de gerar emprego e renda a famílias desesperadas.
Um país fora da lei não oferece segurança, estabilidade e previsibilidade aos gestores de fundos globais.
Esses gestores e seus fundos estão buscando ambientes convidativos a bilhões e bilhões de dólares.
Um país fora da lei condena trabalhadores fora do mercado,
condena cidadãos fora da dignidade, condena brasileiros fora do desenvolvimento.
Enfim, um país fora da lei não tem salvação.

quinta-feira, 27 de maio de 2021

Poema sobre o vírus do fanatismo

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O vírus do fanatismo segue contaminando políticos e eleitores.
Ninguém mais defende ideias,
ninguém mais discute propostas, ninguém mais busca soluções.
Todo mundo virou defensor de uma causa, em geral de uma causa partidária, ideológica, hipócrita e cínica.
Milhares passaram a se orgulhar de crenças absolutas, certezas histéricas e convicções totalitárias.
O pior é ter que atravessar as vias expressas da insensatez.
E, antes de atravessar, ter que olhar para os dois lados e ver pessoas insultando, como se não fossem parte do problema.
Uma fração ou facção relevante da humanidade perdeu a humanidade,
e está orgulhosa de ter se tornado imoral ou amoral.
A vulgaridade não se envergonha, a irresponsabilidade é abominável.
Essa gente age como se estivesse hipnotizada.
Essa gente não se importa com histórias contadas por idiotas, com a vida cheia de som e fúria, sem sentido algum.
Essa gente só se importa em seguir em transe aqueles que serão seus malfeitores e seus algozes.
Essa gente só olha para o abismo, sem saber que um dia o abismo olhará para todas elas.

Poema sobre o século dos genocídios

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Se a olharmos de perto, a humanidade, talvez passaremos a pensar nos mortos do Uganda,
de Angola,
da Bósnia,
do Burundi,
do Sudão,
do Brasil, de toda a parte, de todos os lugares,  há montanhas de mortos.
Mortos de fome,
mortos de miséria,
mortos fuzilados,
mortos de vírus,
degolados,
queimados,
massacrados.
Quantos milhões de pessoas terão acabado assim neste maldito século que está prestes a acabar?.
Por favor, alguém que me faça estas contas, dêem-me um número que sirva para medir, só aproximadamente, a estupidez e a maldade humana.
E, já que estão com a mão na calculadora, não se esqueçam de incluir na contagem as crianças assassinadas a tiro e a sangue-frio.
Só não me venham com conclusões!.
A única conclusão é morrer.
Sem dúvida, mas não desta maneira.

quarta-feira, 26 de maio de 2021

Poema sobre a construção social da subcidadania

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O homem é um estranho no mundo que criou.
O homem não sabe organizar este mundo para ele, porque não dispõem de um conhecimento positivo da sua própria natureza.
O avanço das ciências das coisas em relação às dos seres vivos é um dos acontecimentos mais trágicos da história da humanidade.
O meio construído pela nossa inteligência e pelas nossas intenções não se ajusta às nossas dimensões nem à nossa forma.
Não nos serve.
Sentimo-nos infelizes.
Degeneramos moralmente e mentalmente.
São precisamente os grupos e as nações em que a civilização industrial atingiu o apogeu que mais enfraquecem.
Neles, o retorno à barbárie é mais rápido. Permanecem sem defesa perante o meio adverso que a ciência lhes forneceu.
Na verdade, a nossa civilização, criou condições em que, por razões que não conhecemos exatamente, tornou a própria vida impossível.
A inquietação e a infelicidade dos habitantes da nova cidade têm origem nas instituições políticas, económicas e sociais, mas sobretudo na sua própria degradação.
São vítimas do atraso das ciências da vida em relação às da matéria.

sábado, 22 de maio de 2021

Espaço de publicidade

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Na época da transformação ou passagem de coisas,
fatos,
pessoas,
crenças e instituições, que estavam sob o domínio religioso, para o regime leigo,
a publicidade substituiu por vezes os melancólicos, pregadores da chamada idade das trevas, entusiasmados por recordar que por baixo de um par de seios está um esqueleto destinado a desfazer-se em pó.
A publicidade presta-se igualmente, e é justo que assim seja, a dissipar com advertências e outros prazeres.
O espectador que está a ver na televisão um filme policial, um drama sentimental ou uma reportagem é interrompido porque está prestes a descobrir o assassino, por outras histórias que surgir na tela sobre o qual imagens são projetada.
As sequências povoadas por mulheres magníficas que suam,
transpiram,
cheiram mal,
perdem líquidos através das partes mais delicadas,
têm cabelo oleoso e mau hálito nas bocas convidativas à vista, mas evidentemente repelentes ao olfato.
Dramas que, por sorte, têm um rápido e feliz, desfecho, pois na tela surgem de imediato loções, óleos, sprays e cremes.
Aqueles corpos reflorescem, voltam a seduzir e a ser convidativos e, logo depois, o espectador volta a seguir o seu filme policial.
Dramas de final feliz, mas por pouco tempo.
Ao passo que a fé, inaudível, proclama a carne e lhe promete uma ressurreição definitiva, o espectador diante da televisão é imediatamente interrompido, uma vez mais, e aqueles corpos não só femininos mas também, ainda que em menor escala, masculinos, como impõe a igualdade de género estão novamente suados,
húmidos,
vergonhosamente molhados, malcheirosos.
Porém, é preciso reconhecer que a publicidade televisiva, se por um lado é com certeza uma aflição que dá descanso de quem só quer ver um programa, por outro é também uma espécie de grande pregadora da universalidade dos mistérios medievais em que toda a beleza, riqueza e poder acabam por se reduzir a pó.
Se não fossem as empresas que produzem desodorantes,
cremes rejuvenescedores, depiladores e shampoos.
Quem se lembraria ainda de que está destinado ao pó?.

sexta-feira, 21 de maio de 2021

A vulnerabilidade da mulher na sociedade

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Temos na sociedade o ódio ou aversão às mulheres.
Temos hoje manifestações de diversas formas em relação as mulheres.
A misoginia que tem-se hoje, pode se manifestar através da objetificação,
da depreciação,
do descrédito e dos vários tipos de violência contra a mulher,
seja física,
moral,
sexual,
patrimonial ou psicologicamente.
A misoginia é cultural e pode ser observada no linguajar comum,
quando se denomina o homem sexualmente ativo de garanhão, leão e tigrão,
e a mulher de galinha, vaca e piranha. 
A misoginia aparece na Bíblia,
no Corão,
nos textos clássicos,
nas leis antigas que sempre colocavam a mulher numa situação inferior e até responsável pelo pecado do homem.
O nono mandamento condena cobiçar à mulher do próximo,
a casa,
o servo,
o boi,
o jumento,
todos em patamar idêntico.
A Bíblia foi escrita por homens, em grande parte para os homens e as contribuições das mulheres estão espalhadas escassamente em suas páginas.
Os discursos que apresentam a mulher como sexo frágil são mentirosos.
Pois as mulheres resistem muito mais as doenças, são mais saudáveis,
vivem mais e são maioria da população.
Inverdade que as mulheres não são aliadas entre si, e que são intelectualmente e racionalmente inferiores, dados desmentem pela presença maciça nas faculdades,
sempre em número superior aos homens, e em todos os cursos.
Sociedades acreditam que só o homem garante a continuidade da família e em algumas, como a chinesa ou árabe, crianças de sexo feminino foram dizimadas, simplesmente por nascerem mulheres ou por se considerar os filhos homens mais aptos a cuidar dos pais na velhice.
E em países africanos ainda se extirpa clitóris das mulheres, para que não sintam prazer.
Homem e mulher são convenções culturais e representam um discurso conservador, o mesmo discurso que garante que a mulher foi estuprada devido a suas vestes.
Entretanto, vestes não estupra, quem estupra é o homem que foi educado num ambiente misógino.
Machismo é tão tóxico que atinge os lares e toda a sociedade,
e ironiza o homem que compartilha com a mulher os cuidados com a casa e os filhos, não levando em conta que isso não é auxílio e sim cooperação mútua,
e que filho é projeto comum.
Mulher é elogiada esteticamente e raramente por seu profissionalismo,
e apesar de representar maioria absoluta, poucas ocupam altas funções nas empresas, cargos políticos, reitorias, ministérios e para elas são idealizadas funções mais maternais como magistério e enfermagem.
A base da singularidade do feminino está assentada na consciência masculina que elaborou grande parte da representação das mulheres.
Temas ligados ao corpo feminino,
como o aborto, foram legislados por homens, e pior, homens com voto formal de celibato.

quarta-feira, 19 de maio de 2021

O Fracasso com o País

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Temos filas para vacina,
filas para a Coronavac,
filas para a Astrazeneca,
filas de espera pela Pfizer,
pela Oxford e pela Sputnik.
Ninguém faz fila pela cloroquina, invermectina ou tratamento precoce.
Mesmo assim, a CPI da Covid perde tempo com negacionistas,
em vez de exaltar os cientistas,
em vez de atestar a vitória e o valor da ciência e do conhecimento científico.
Há tempo de parar de convocar a ignorância e a ineficiência,
e passar a convidar a especialização,
que ainda pode nos salvar.
O general Pazuello, atração de hoje da CPI, já provou ser incapaz de dar alguma contribuição relevante ao país.
A CPI precisar focar em quem é relevante.
Ninguém aguenta mais tanta incompetência, mesmo que seja a pretexto de castigá-la.
O que o país precisa agora é de vacina e vacinação.
O castigo dos incompetentes já está dado pelos fatos e será dado pela História.
Eles fracassaram com a verdade, fracassaram com a urgência, fracassaram com o país.
Podem até continuar contando as mentiras que quiserem.
Mas, graças à ciência, todas as mentiras serão vacinadas.

terça-feira, 18 de maio de 2021

Votar ou vetar

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A polarização não é voto obrigatório.
A polarização se impõe com o pressuposto de que "ninguém presta".
Mas a ideia de que “ninguém presta” em geral vem de quem se acha acima do Bem e do Mal.
O problema é que quem se acha acima do Bem e do Mal, muitas vezes, é mais perigoso do que a ideia de que “ninguém presta”.
A ideia de que “ninguém presta” só presta para os interessados na polarização.
Claro que as pessoas podem votar no Lula ou podem votar no Bolsonaro,
se preferirem; as pessoas só não devem se sentir forçadas a votar “contra” o Lula ou forçadas a votar “contra” o Bolsonaro.
A ideia de democracia é dar o direito de votar, e não de vetar.
Votar é apostar numa esperança.
Vetar é a rendição a um desespero.
Ninguém é obrigado a votar contra a sua vontade apenas para tentar vetar a vontade do outro.
Ninguém precisa entrar e sair de eleições sendo obrigado a votar no menos ruim a fim de vetar o pior.
Dê-se ao direito de cometer erros novos e de não atestar e endossar erros velhos, erros dos outros.

segunda-feira, 17 de maio de 2021

Protagonismo da mulher na sociedade

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Há um ciúmes do marido quando a esposa usa uma veste curta ou que o desagrada por algum motivo,
do chefe quando a empregada não se submete as suas constantes investidas,
dos homens em uma danceteria,
quando uma ou mais mulheres,
não cedem as suas cantadas baratas,
da filha mulher que muitas das vezes é violentada pelo pai e os irmãos homens, da moradora de uma comunidade que não tem onde morar e como abandonar o companheiro agressivo e sai cedo para trabalhar a fim de garantir o seu pão de cada dia e dos seus filhos menores impúberes. 
É a dor de uma mãe de família que apanha calada do marido, rotineiramente, para os filhos não ouvirem.
As dores que vão do abalo psicológico à agressão: pontapés, socos, tapas, facadas, muitas das vezes levando a morte.
É o sofrimento intenso de uma mulher ao não entender o porquê daquele tratamento do companheiro ou ex companheiro, chefe, pai, irmão ou até mesmo terceiros.
É a diminuição da mulher perante o homem, o suprassumo do machismo ao induzir que o sexo feminino está designado para as tarefas de casa,
para cuidar do marido e dos filhos, onde o sexo “frágil” não consegue abrir um vidro, carregar uma bolsa mais pesada e sempre será mais sensível do que o sexo masculino em tudo.
Chegando ao ápice do horror: a morte brutal de mulheres pelo simples fato de pertencer ao sexo feminino.
É o grito expresso do ódio contra as mulheres.
É o protagonismo da mulher na sociedade.
É a vulnerabilidade da mulher solteira que vive sem família, ou tendo de sustentar a família sem as facilidades legais para prover ao seu sustento e ao sustento dos seus.
É a sujeição da mulher casada, uma coluna da família, base indispensável duma obra de reconstrução moral.
Nos países ou nos lugares onde a mulher casada concorre com o trabalho do homem nas fábricas, nas oficinas,
nos escritórios, nas profissões liberais a instituição da família, pela qual nos batemos como pedra fundamental duma sociedade bem organizada, ameaça ruína.
Deixemos, portanto, o homem a lutar com a vida no exterior, na rua.
E a mulher a defendê-la, a trazê-la nos seus braços, no interior da casa.
Pois os dois tem um papel mais belo, e mais útil.

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