quinta-feira, 22 de junho de 2023

Só nos resta aprender

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Menos alianças com poderosos,
mais cuidado dos desamparados.
Menos formalismos,
mais gestos de generosidade e amor.
Menos confissões religiosas,
mais reconciliações.
Menos pedidos de graças,
mais ações de graças.
Menos crenças infantilizantes,
mais fé madura.
Menos midiatização,
mais relacionamentos.
Menos imaturidade,
mais responsabilidade.
Menos condenação,
mais convivência.
Menos fundamentalismo,
mais diálogo.
Menos doutrinação,
mais discipulado.
Menos regras,
mais escolhas de vida.
Menos moralismo,
mais humanidade.
Menos falacias,
mais proclamação.
Menos aparência,
mais essência.
Menos estruturas,
mais pessoas.
Menos prédios,
mais ambientes.
Menos religião,
mais evangelho.
Menos correria,
mais presença.
Menos cursos,
mais percursos.
Menos medo,
mais esperança.
Menos eu,
mais nós.
Antes Cristo do que eu.
Refletir na palavra até refletir a palavra.

quarta-feira, 21 de junho de 2023

Amar sem saber que se ama

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Amar é o Encontro na sua melhor expressão.
O encontro de duas presenças sem intermediações de porquês e para quês.
Amor é quando a presença é mais presença; quando os corpos estão expostos um diante do outro,
a ponto de se tocarem, afetarem, amarem, compadecerem, acolherem.
Amar é da cultura de presença.
Quem ama, ama sem sentido e significações.
Ama porque ama, por desejo de presença, pelo apelo do outro.
Quem ama não ama porque é obrigado, obedecendo a um Deus, livro ou lei.
Expressões como amar o próximo em Deus, por Deus, são expressões enganadoras e equívocas.
Aquele que dá o pão a um infeliz esfomeado por amor de Deus não será agradecido por Cristo.
Já teve o seu salário nesse único pensamento.
Cristo agradece àqueles que não sabiam a quem davam de comer.
A chance do encontro com Deus é por essa via do amor generoso, sem sentido e significações, sem porquês e para quês.
Jesus conta uma história fictícia que usa o recurso de falar dos fins dos tempos, onde um rei recebe as pessoas dizendo “vinde, benditos do meu pai, porque estive com fome e me deram de comer, estive com sede e me deram de beber, estive nu e vocês me vestiram,
estive preso e foram me visitar...”.
Então essas pessoas perguntam admiradas 'quando isso aconteceu?”.
Ao que responde o rei “todas as vezes que vocês fizeram isso a um dos meus pequeninos era a mim que faziam”.
Para conhecermos a Deus precisamos de um saber que é um não saber, é amar.
As pessoas da história que Jesus contou nem sabiam que sabiam; nem sabiam que Jesus estava presente nos carentes; eles conheceram a Deus pela via do amor e nem sabiam.
Provaram Deus sem se dar conta.
“Deus estava lá e eu nem sabia;
eu nem cataloguei, eu nem dei um sentido; Deus estava lá e eu nem conhecia!”.
É que conhecer a Deus é assim, pela via do amor e não de uma verdade, dogma, doutrina.
Conhecer a Deus não é um saber de Deus, mas amar.
É assim que leio 1 João “quem ama é nascido de Deus e conhece a Deus, pois Deus é amor”.
Conhecer a Deus é um saber que vai além da produção de sentido,
do exercício do pensamento cartesiano; um saber que é pela via de toda e qualquer maneira de amar; que é pura presença, corpo, nervo e carne.
Conhecer a Deus é um saber que é um não saber.
Conhecer a Deus é mais que um saber; conhecer a Deus é um sabor. 
comer um fruto é saber-lhe o sentido.
Amar o próximo é saber de Deus!.
Antes eu te conhecia de ouvir falar,
mas agora te conheço porque caminho ao seu lado.

segunda-feira, 19 de junho de 2023

Poema sobre o mundo

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Embora eu já tenha falado muito sobre o que seja o conceito de mundo no Evangelho, muita gente continua a perguntar o que é o mundo?.
O mundo é tudo o que Deus não fez
e que, tendo sido criado pelo homem, exista em antagonismo à vontade de Deus.
O mundo não é feito de coisas concretas, mas de conceitos,
valores e idéias, os quais se materializam em coisas, embora as coisas não sejam o mundo;
pois o mundo é feito das idéias que se fazem simbolizar ou valorar nas coisas.
O mundo também é feito das distorções dos sentimentos.
O mundo é puro sentimento perverso.
O mundo é a insegurança que encolhe a pessoa ou que a faz partir para a guerra.
O mundo é cobiça.
O mundo é vaidade.
O mundo é trama e desconfiança.
O mundo é ilusão de importância sobre os demais.
O mundo é poder do homem sobre tudo.
O mundo é mentira e desfaçatez.
O mundo é medo que faz matar ou morrer.
O mundo é superabundância para uns e fome para o vizinho.
O mundo é instante.
O mundo é culto aos sentidos.
O mundo é culto ao prazer.
O mundo é aparência, é forma, é estética ou é feiúra.
O mundo é feito de reis e de escravos.
O mundo é macho contra fêmea.
O mundo é mãe sem amor.
O mundo é pai sem calor.
O mundo é egoísmo feito direito.
O mundo sou eu e você não é nada.
O mundo é morte.
Por isso se diz que o mundo jaz no maligno!.
O mundo não são pássaros,
nem rios, nem oceanos,
nem montanhas, nem estrelas,
nem planetas, nem coisa alguma que Deus fez.
O mundo é a criação do homem e do fruto da Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal.
Assim, saiba: o mundo é o que os nossos pensamentos produzem.
O mundo sou eu, o mundo é você,
o mundo é a humanidade, a qual poderia também ser chamada de humundanidade.
Espero que você tenha se beneficiado por esta simplificação.
Nele, em Quem aprendemos que se alguém amar o mundo o amor do Pai não está em tal pessoa.

 

domingo, 18 de junho de 2023

O mar salgado da iniquidade

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O reino celestial, está nos Evangelhos, tem características infantis.
Hoje, deve fazer parte da fé a fragilidade do bebê que dependeu dos braços da mãe, Maria, e das decisões do pai, José.
Esvaziado, frágil e carente, Deus se revelou à humanidade num barracão.
Talvez nessa revelação repouse a mais alvissareira mensagem do cristianismo: Deus abraça a humanidade em sua pequenez.
Desde cedo, no desterro do Egito, Jesus se viu diante de olhos suspeitosos: “por que essa família, que não fala nossa língua, veio pra cá?”.
Mais tarde, ele criticado dentro de casa: “nosso irmão de acha!”.
Por fim, foi caçado e morto por sacerdotes e políticos promíscuos.
Nele, foras da lei e gente empobrecida, sabe como Deus, partilha nosso abandono.
No que sofreu, Jesus se tornou o patrono dos desgraçados, dos sem-teto, amigo dos fora da lei, do que foi exilado ou banido, dos que se proibiu ou se censurou.
Ele é o ânimo dos que se desgastam pela justiça; o aceno de esperança para os que nadam contra a correnteza.
Nele reside a promessa de que o bem semeado no mar salgado da iniquidade há de florescer como ipês.


sábado, 17 de junho de 2023

A minha namorada

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A minha namorada 
tem um jeito namorada de ser.
E eu gosto de viver
cada instante com ela:
sensível, 
inteligente,
independente,
bela.
Uma vida inteira
parece pouco
para estar com ela.
Minha namorada
é fera
e sensibilidade. 
Há felicidade
no sorriso dela
e me contagia.
Era uma vez um dia
que nunca termina. 
Destino?.
Sina?.
Amor.
Eu sou porque ela é.
"A mina de fé" 
me paraísa, 
me sorrisa, 
me feliza,
se eterniza em  mim.
A "mina de fé"
é começo sem fim,
eternidade sem começo. 
E eu moro no mesmo endereço
da "mina de fé".

Termino a amanhã

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Termino a manhã me sentindo como quem abriu caixas proibidas, desengaiolou aves silvestres,
rompeu lacres enferrujados.
Termino a manhã com a sensação de que me tornei menos necessário, menos essencial, mais supérfluo sensação de dever cumprido.
Termino a manhã precisando do resguardo da mulher que pariu (doei-me até doer).
Arranquei das entranhas o que achei que deveria dizer.
Vou passar o resto do dia remoendo, repensando, pois devo vestir a carapuça do que falo antes de todos.
Olho a vida por retrovisores porque desejo melhor entendê-la.
Encaro a existência encarando-a de frente porque não quero perder o fascínio do porvir.
Evidente que jamais encontrarei o equilíbrio certo.
No passado, posso sucumbir a um saudosismo melancólico.
No futuro, posso me aventurar tresloucadamente ao incerto.
Como não acredito que minha história tem um sentido único e que não aportarei a um lugar já determinado, vivo como um farol na colina que ilumina em todas as direções por girar, sem parar, em torno de si.

sexta-feira, 16 de junho de 2023

Poema sobre o Deus personalizado

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As expressões do homem são reflexos de suas experiências e interpretações, enraizadas em uma compreensão primitiva de Deus.
Desde a queda, a natureza humana tem se corrompido profundamente.
Se observarmos atentamente,
a relação entre Deus e o homem no Velho Testamento se desenvolve progressivamente, avançando em consciência até culminar em Jesus Cristo.
Podemos imaginar a história da humanidade como a jornada de um filho, em que inicialmente agimos com rigidez, de acordo com sua capacidade de compreensão e dentro de sua infantilidade.
Conforme evoluímos, a relação se transforma e amadurece até atingir a plenitude dos tempos, como uma fase adulta.
O Pai sempre se manifestou como Jesus.
Deus nunca mudou.
Quem sofreu alterações fomos nós, seres humanos.
Ora, eu posso compreender o Rei Davi pedir ao Senhor para destruir seus adversários, e dou a ele um salvo conduto pelo fato dele viver num mundo quase selvagem, numa sociedade sanguinária, onde a lei que imperava era a do mais forte, do mais valente.
Mas essa teologia da guerra se acaba em Jesus, que era manso e humilde de coração, que mandava dar ao adversário não só a capa, como também a túnica.
Por isso é a Jesus, e não a Davi, a quem eu sigo, o Rei de Israel não sabia como era Deus e, por isso, tinha tanto sangue nas mãos, mas eu sei, e sei porque Jesus me revelou como é o Pai.
"Felipe, quem vê a mim, vê o Pai...
Me diga sinceramente: você pode imaginar Jesus dizendo:
"Senhor, põe um câncer na garganta de Caifás, torna Pilatos tetraplégico e faz com que Judas fique leproso"?.
Não pode, porque Jesus não afrontou o Sumo-Sacerdote, silenciou diante do Governador romano e não negou a Ceia a Judas.




quinta-feira, 15 de junho de 2023

O evangelho é transubstanciação do amor

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Antes de ser uma bênção,
o evangelho é compromisso com os valores do reino de Deus e com a justiça.
Antes de ser promessa de tempos melhores, o evangelho é chamado ao perigo.
Antes de ser apelo à satisfação individual, o evangelho transborda a ideia imediatista de comer e beber.
Antes de ser descanso, o evangelho expõe a perseguição.
A partir da boa notícia, e evangelho faz nascer um compromisso.
A partir da percepção de uma redenção o evangelho vem com um mandado.
A partir da adoção na família celestial, brota uma responsabilidade com  mundo.
Davi amou Jônatas e traduziu seu amor em lealdade.
Rute amou Noemi e traduziu seu amor em fidelidade.
Eliseu amou Elias e traduziu seu amor em compromisso.
Maria amou Jesus e concretizou seu amor em perfume.
Timóteo amou Paulo e foi seu companheiro e consolidou seu amor até o fim.
O evangelho é celebração e mudança de uma substância noutra.
O evangelho é transubstanciação do amor.
O evangelho é para ser vivido e não para ser pregado.
Sem amor, a mais eloquente pregação soa como o badalo de um sino.
Sem amor a mais pura fé não passa de magia. 
Sem amor juras de paixão se repetem feito palavras sequenciadas,mas sem sentido.
“Filhinhos, amemo-nos uns aos outros…”

terça-feira, 13 de junho de 2023

Nada nos separará do amor de Cristo

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Porque sou uma pessoa como você,
que sorriem,
que choram,
que sofrem,
que levantam cedo para trabalhar,
que têm problemas para resolver,
não sou infalível perfeito e etc.
Porque sou brasileiro e não desisto nunca!.
Acredito em dias melhores,
em um mundo melhor,
convencido por Cristo de que esta é a vontade de Deus, embora ainda vivo em um mundo em crise.
Então qual é a "vantagem"?.
É que não preciso lutar para ser anjo, semi-deuse, ou adotar nenhuma alienação, e sim, contar com a graça de Deus, para ser um ser humano melhor do que eu mesmo, a cada dia, para Deus e para o meu próximo.
E todas as demais coisas Cristo acrescenta à Seu modo amoroso, e perfeito.
Hoje eu sei que estou bem certo de que nem morte nem vida, nem anjos nem principados, nem coisas do presente nem do porvir.
Nem poderes nem alturas nem profundidade.
Nem qualquer outra criatura poderá nos separar do amor de Deus
Que está em Jesus Cristo, nosso senhor.







segunda-feira, 12 de junho de 2023

Poema sobre a religião pura e imaculada

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Ainda tem muita gente que se acha no direito de eleger alguns pro céu,
e como se não bastasse,
ainda condenam em nome de uma teologia, doutrina, e até mesmo em nome de Deus, outras tantas para o  inferno.
Gente assim assume o lugar de Deus na terra, são adeptos de uma "vâ doutrina"
que não tem valor algum contra a sensualidade por exemplo.
Tem aparência de sabedoria, mas pratica a mais idiota de todas as religiões, fazem cultos de si mesmos,  pois são de uma falsa humildade,
o coração deles é uma " terra seca ", são asceticamente rigorosos, mas quando se deparam com o que mais cobiçam,  são rapidamente tragados pelas suas volúpias, desejos, pulsões e paixões. 
Pra Jesus e o evangelho, religião boa, pura, verdadeira é aquela que Tiago o também filho de José e Maria declara: " religião imaculada" é aquela que ampara o necessitado, não o condena, não o julga, pois sabem que é próprio Deus quem separará o joio do trigo.
Religião verdadeira é aquela que abraça a causa do desvalido, do marginalizado, do órfão, da viúva, e principalmente, não se contamina com esse mundo.
Que mundo?.
Você poderia me perguntar. 
E eu lhe diria: o mundo sistema,
um mundo corrompido aonde o amor vai esfriando no coração de quase todos.
Um mundo aonde tudo é permitido, aonde vale tudo, quando se trata das minhas vontades.
Um mundo cão, sim, pois tal mundo jaz no maligno.
O mundo que Deus propõe é um outro diametralmente oposto deste.
A proposta da religião  não confere com a do evangelho, enquanto uma propõe um puritanismo ascético, ou outro no entanto, aponta que o caminho que leva à Deus, passa pelo próximo, e esse caminho é uma " terra santa ",
ao colocar-mos ali os nossos pés, devemos lembrar que aquele lugar/coração é lugar de toda devoção,
de todo culto, de toda reverência.
Aí está a verdadeira religião,
um mundo totalmente novo, proposto pelo evangelho, um mundo aonde Ele mesmo enxugará dos olhos toda lágrima.
Um mundo em que toda dor será por enquanto mas sobretudo,
um mundo aonde Ele é Senhor,  Consolador e Salvador da sua própria vida.

sábado, 10 de junho de 2023

Justiça

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Em nome da verdade,
o maior compromisso de um país deve ser com a solidariedade.
Em nome do progresso, deve imperar a compaixão, nunca a eficiência por si só.
Não há futuro para qualquer regime direita ou esquerda que se esmera em competência e não promove uma justa distribuição de sua riqueza.
Chorar com os que choram, antes de ser virtude cristã, é imperativo humano.
A grandeza e futuro de um povo não consistem na capacidade de gerar um produto interno bruto invejável.
Perguntemos sempre pelo número de escolas de arte que esse povo constrói, de pessoas que leem poesia,
de políticas de Estado que incluem os menos favorecidos, de instituições que preservam as florestas, rios e praias,
de iniciativas que cuidam dos idosos,
de igrejas que pregam respeito aos diferentes e de abrigos em que refugiados da miséria e da guerra acham hospitalidade.
“Nem só de pão vivem as pessoas…”.


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