terça-feira, 23 de novembro de 2021

Poema sobre o sucesso

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Hoje eu entrei em uma livraria e encontrei nas prateleiras de livros inúmeros títulos sobre sucesso.
"Como alcançar sucesso",
"Sucesso não é acidente",
"Sucesso é ser feliz",
"Sucesso não acontece por acaso",
"7 passos para o Sucesso",
são alguns dos títulos disponíveis.
A maioria oferece um tipo de receita de bolo, com passos e ingredientes necessários para se obter sucesso.
O problema não está na receita em si, mas na definição de sucesso.
O que é "sucesso", afinal?.
Na ótica do mundo, sucesso pode ser considerado êxito profissional,
aquisição de bens de consumo, realização conjugal, etc.
O que seria "sucesso" na ótica divina?.
Qual seria o aferidor usado por Deus para medir nosso sucesso?.
Será que Ele se impressionaria com nossas realizações?.
Poderíamos mensurar o sucesso de alguém pelo carro que dirige?.
No entanto, o carro zero de hoje, será a lata-velha de amanhã.
Não é em vão que se diz que o sucesso é efêmero, fugaz.
Se nossa definição de sucesso se ativer à aquisição de bens, ou mesmo à fama, então tal ditado deve ser confirmado.
A celebridade de hoje, poderá cair no esquecimento amanhã.
O Retiro dos Artistas está cheio de exemplos disso.
Gente que foi sucesso um dia,
e hoje está abandonada até pela família.
Não fosse o belíssimo trabalho realizado por aquela instituição, muitos estariam, não apenas fadados ao esquecimento da população, mas entregues à miséria.
Haveria, então, um sucesso que não fosse passageiro?.
Como poderíamos definir "sucesso"?.
Como Deus mediria nosso sucesso?.
Qual o critério pelo qual alguém é considerado bem-sucedido para Deus?.
Para o mundo, o sucesso é medido por aquilo que conseguimos amealhar,
pelas riquezas que concentramos em nossas mãos.
Para Deus, o sucesso é medido por aquilo que conseguimos distribuir, fazendo com que ações de graça pela nossa vida cheguem constantemente a Ele.
Pouco importa para Deus a marca do carro que dirigimos.
O que importa são as pessoas a quem oferecemos carona,
ou a quem socorremos em nosso veículo.
O que importa não é quantos cômodos há em nossa casa, e sim quantas pessoas temos hospedado nela.
Não importa a grife de nossas roupas, mas aqueles a quem agasalhamos.
Não há oração mais eficaz do que aquela regada de ações de graça.
Quantas pessoas têm se dirigido a Deus em ações de graça pela sua vida?.
Para quantos sua vida representa um dom dos céus?.
A tradição protestante não admite que se faça oração por aqueles que já morreram.
Mas nada nos impede de continuar agradecendo a Deus por alguém que já partiu deste mundo.
Quando leio um bom livro de um autor que viveu séculos atrás, eu louvo a Deus por sua vida, e pelo legado que ele deixou.
Em vez de ficarmos rogando que os irmãos sempre orem por nós, que tal se nos tornarmos motivos de gratidão da parte deles para com Deus?.
Não será preciso pedir.
Eles mesmos, espontaneamente, se lembrarão de nós quando estiverem ante o trono da graça, e agradecerão por nossas vidas.
Que se multiplique o número de ações de graça pela sua vida!.
E quanto mais formos bênção na vida de outros, mais o Senhor terá prazer em manifestar em e através de nós as Suas bênçãos.
Antes de esperar que outros agradeçam a Deus por sua vida, pare um pouco para pensar, e lembre-se daqueles que têm sido bênçãos em sua vida.
Que no DIA DE AÇÕES DE GRAÇA que se avizinha, sejamos motivos de gratidão,
e jamais nos esqueçamos de agradecer a Deus pelos que nos servem de canal de suas bênçãos e provisão.

segunda-feira, 22 de novembro de 2021

Poema sobre o catálogo de erros

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Ter esperança nada mais é do que seguir confiante de que o melhor, eventualmente, se sucederá.
Todavia, há desfechos pelos quais jamais ousaríamos ansiar.
Nem tudo nessa vida é preto no branco.
Há vitórias que são verdadeiros fracassos. 
Esta resposta merece que nos debrucemos um pouco mais sobre ela.
Engana-se quem pensa que todos têm um preço.
Entre as massas facilmente manipuláveis, sempre encontraremos quem tenha valor e jamais permita que sua alma seja etiquetada.
Infelizmente temos que admitir que não são muitos.
Há que se garimpa-los.
Geralmente, estão entre os anônimos, entre os que não venderam suas almas em busca de fama e reconhecimento.
Há quem pense fazer o bem, enquanto faz o mal.
Há quem destile ódio em nome de um amor não correspondido.
Há quem seja movido por vingança, alegando agir por justiça.
Há quem viva uma mentira alegando ser em defesa da verdade.
De fato, só precisamos de uma boa justificativa para sermos cruéis.
E assim, sacrificamos nossa fidelidade no altar da lealdade.
A lealdade visa preservar o interesse do outro, desde que este não se esbarre com o nosso.
A fidelidade leva mais em conta o desejo, a vontade expressada, do que meramente o suposto interesse.
Não basta estar do lado certo da história, defendendo o belo, o justo e o bom.
Nem é suficiente ser zeloso do bem de que adianta fazer o bem sem ser bom?.
De que vale uma generosidade cruel?.
De que vale fazer justiça com as próprias mãos, sem ser realmente justo, ser honesto, sem ser íntegro, ser verdadeiro, sem ser sincero?.
É preciso nos retocar quantas vezes for, é preciso nos revestir aplicando uma nova superfície, é preciso dá uma nova demão para nos livrar dos vestígios do preconceito,
do ódio,
da intolerância,
da ganância,
da prepotência.

domingo, 21 de novembro de 2021

Poema sobre a idolatria do capital

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Enquanto açougues vendem gordura e ossos de boi para consumo de famílias empobrecidas pela crise econômica do país, e pessoas são flagradas invadindo caçambas de lixo atrás de resto de comida, nesta semana, a Bolsa de Valores instalou a estátua do Touro de Ouro no Centro de São Paulo inspirada na Harging Bull, o touro de bronze no coração financeiro do mundo, Wall Street em Nova York.
Uma verdadeiro provocação à dignidade de milhões de brasileiros entregues à miséria.
O que para alguns simboliza a força do mercado financeiro, para outros é um símbolo da fome, da miséria e da exploração do trabalho.
O Harging Bull é o maior símbolo de poder da bolsa de valores de Wall Street e é uma das atrações gratuitas mais visitadas pelo turistas em Nova York.
A escultura de bronze tem se tornado um símbolo do capitalismo americano.
Muitos acreditam que esfregar a mão em seu chifre, focinho ou em seus testículos, atrai sorte, prosperidade e dinheiro.
Turistas esperam horas em filhas gigantescas para tirar fotos agachados apalpando os testículos do touro.
Crendices às parte, o fato é que, para quem conhece um pouco das Escrituras, é impossível não associar o símbolo do capitalismo com o bezerro de ouro confeccionado pelos hebreus enquanto esperavam por Moisés que se demorava no monte para receber das mãos de Deus as tábuas da Lei.
Seria o capitalismo uma espécie de ídolo moderno?.
O momento político em que estamos vivendo tem o mérito de trazer de volta questões ideológicas para o centro das atenções, fomentando discussões acaloradas em torno de quais seriam as atribuições do Estado e os limites de sua atuação.
Distinções antes consideradas superadas voltaram à cena.
Termos que já não inspiravam qualquer ameaça são agora considerados abomináveis por alguns setores mais reacionários da sociedade. 
Nosso maior problema não é o Estado, mas o amor ao dinheiro é que é a raiz de todos os males.
É o capital, tão defendido por eles, que promiscui o Estado. 
Tanto o Estado quanto o Capital têm potencial de se tornarem ídolos.
Mas deles, nenhum é tão voraz quanto o dinheiro.
O amor a ele é a raiz da corrupção.
Quando o Estado se torna na grande prostituta, o Capital é o seu cafetão.
Alguns alegam que o Estado não possui competência para atuar em certas áreas e que a prova disso seria o caos encontrado na saúde, na educação e em tantas outras áreas que deixam a desejar.
Para estes, só haveria uma maneira de resolver o problema: privatização.
Defendem, inclusive, que uma eventual privatização da Petrobrás, por exemplo, reduziria o preço do combustível.
Interessante o argumento.
Porém, a experiência diz outra coisa.
A telefonia foi privatizada e hoje pagamos mais pelo uso do celular que qualquer outro país do mundo. 
Qual a real razão de nossos hospitais e universidades públicas estarem sucateados?.
O que estaria por trás da educação de má qualidade?.
Tomemos como exemplo o SUS que poderia ser considerada uma das maiores conquistas da sociedade brasileira, que já rendeu elogios.
O SUS foi criado para prestar atendimento universal e gratuito,
sem distinção de classe ou categoria profissional.
Obviamente, não interessa aos gestores dos grandes planos de saúde que algo como o SUS garanta atendimento de qualidade a todos.
Quem pagaria uma fortuna a Amil, podendo recorrer à saúde pública,
caso esta oferecesse um serviço de qualidade?.
Nas últimas eleições, os planos de saúde distribuíram R$ 52 milhões em doações para 131 candidaturas de 23 partidos diferentes.
Na hora de votar o orçamento para a saúde pública, a bancada eleita pela máfia dos planos de saúde vai trabalhar arduamente para sabotar qualquer tentativa de melhorar os serviços.
O mesmo ocorre com a educação.
Colégios e Universidades privadas investiram milhões na eleição de representantes para sabotar o ensino público e assim garantir seus lucros galopantes. 
Se quisermos, de fato, que o país mude de rumo, precisamos urgentemente de uma reforma política que inclui o financiamento público das campanhas políticas, acabando de vez com esta orgia que mistura interesses públicos e privados.
Somente assim, voltaremos a ter esperança de que o Estado cumprirá cabalmente seu papel de promover o bem comum em vez de aprofundar o abismo entre classes.

sábado, 20 de novembro de 2021

A consciência que existe em ser negra

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Basta chegar a semana em que se comemora o Dia da Consciência Negra para nos depararmos com inúmeros protestos nas redes sociais.
É extremamente agradável esperar que as coisas sumam ignorando-as, mas chega um tempo em que se torna necessário dizer “Pare! Isso é inaceitável!”.
Interessante ressaltar que nunca vi ninguém protestando no "DIA DAS CRIANÇAS", alegando que somos todos HUMANOS, independentemente da idade. Nunca vi ninguém protestando no "DIA INTERNACIONAL DA MULHER", alegando que independentemente do gênero, somos todos humanos.
Então, não entendo a razão que leva alguns a protestar contra o DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA.
De fato, somos todos humanos, mas nenhuma etnia sofreu tanto nos últimos séculos do que a negra.
Digo, sofreu e ainda sofre nas mãos de outros pertencentes à mesma raça, a humana.
Ao longo da história a consciência de muitos ainda existem em ser negra, ainda existem em ser preconceituosa, ainda existem em negar a sua falta de humanismo.
Não precisamos de um dia dedicado à consciência humana, assim como não precisamos celebrar o Dia do Adulto ou o Dia do Homem, ou mesmo o Dia do Orgulho Hétero 
Os membros que têm sido menos honrados, a esses deveríamos honrar muito mais, enquanto que, os que têm sido prestigiados ao longo da história não teriam necessidade disso.
Isso certamente contribuiria para que não houvesse divisão no corpo, de modo que se corrigisse uma injustiça, e que todos tivessem igual cuidado uns dos outros.
Devemos honrar a quem tem sido desprezado, roubado em sua honra e dignidade, visto que os demais não necessitam disso.
Ou você conhece alguém que deixou de ser empregado por ser branco?.
Ou alguém que teve seu salário reduzido por ser homem?.
Ou foi privado de algum direito por ser hétero?.
Precisamos dar voz aos que não têm voz, tornar visíveis os invisíveis,
honrar os que foram desonrados ao longo do processo histórico, corrigindo assim a injustiça cometida pelas gerações que nos antecederam.

sexta-feira, 19 de novembro de 2021

Poema sobre o ciclo interminável

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Na sociedade do consumo você pode não ter caráter, amor, ou até mesmo saúde, mas se tiver um cartão de crédito, então a mágica pode acontecer,
o problema é que esse tipo de feitiço costuma cobrar muito caro.
A verdade é que o consumo depende da insatisfação humana, da frustração,
do rompimento de todos os limites.
Os grandes marqueteiros exploram justamente isso, não vendem a utilidade ou importância de um produto ou serviço, vendem o quanto você será infeliz se não comprar aquele objeto de desejo que,
não raro, você jamais precisou.
E assim as pessoas vão se empanturrando de coisas, a medida que se esvaziam de valores, e para manter essas tantas coisas funcionando é preciso mais dinheiro, mais trabalho, mais foco, mais tempo, mais vida.
De fato, quanto mais as pessoas se afadigam para possuir coisas que, enfim, lhe trarão felicidade, mas infelizes se tornam, ao ponto de adoecerem e perderem a alegria de viver, e é esse ciclo interminável que mantém o mundo que conhecemos funcionando.


quinta-feira, 18 de novembro de 2021

Poema sobre a meritocracia

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A meritocracia diz que você cresce por mérito e quem não o faz é por preguiça ou descuido.
Em outra instância, sob o lema da justiça, decide-se atacar um povo destituído de condições de defesa, numa desordem política, econômica e ideológica.
E num ângulo bem mais próximo de nossa experiência diária, há aquelas situações em que nos deparamos com uma busca desenfreada por fazer tudo certo, medir os gastos e despesas, sem deixar nada de fora, no âmago por ser justo e correto.
E nesse meio tempo, atropelamos quem nos surja pelo caminho, cegos em nossa integridade, a fim de não nos desviarmos das leis que impusemos a todos os que nos cercam.
São lágrimas que ignoramos, mãos estendidas que não cabem em nossa justiça, um peso que devemos colocar sobre todos, sem ao menos perceber a distinta condição de cada pessoa.
Neste mundo não há espaço para a misericórdia.
Não vivemos numa democracia,
nem lutamos por coisa alguma além de uma vil e cruel meritocracia.
Será que seria o caso de começarmos por medirmos a nós mesmos se não vivemos recompensando somente os fortes, os esforçados, aqueles que atendem às nossas expectativas?.
Será que não seria o caso de olharmos o outro nos olhos antes de batermos o martelo da justiça, determinando um peso igual a todos que, tragicamente virá a massacrar alguns?.
Será que não seria o caso de desmontarmos nossos sistemas de justiça, recompensa e punição, pararmos de ‘dar nome aos bois’ e analisarmos a vida humana acima dos sistemas políticos e econômicos?.
É difícil ao ser humano aceitar a misericórdia, já que para isso é necessário se desarmar, se despir de suas ideologias e justificações, trazer o outro que o desafia no mesmo patamar para ouvi-lo, atender suas necessidades e promover a reconciliação.
Ideias como estas são por demais subversivas, já que não premiam o esforçado, o mais forte, nem o mais justo.
Isso ataca nossa altivez e nos coloca a todos no mesmo nível, sob a mesma condição.
A maior dificuldade em tudo isso é enxergar além dos rótulos,
das ideologias, dos sistemas políticos e econômicos que já estão encrustados em nossa pele, em nosso sangue e em nossa história.
O pensamento que é regido desde a infância pela meritocracia dificilmente sairá ileso caso decida fugir das linhas que limitam sua justiça própria.
Pobre daquelas pessoas, em um país que qualquer mérito próprio é prontamente transferido para instituições, organizações e ideologias.
Agora o exemplo deles é o exemplo de cada teoria,
cada partido,
cada movimento,
cada politica.
A vitória deles é um tapa na cara da direita,
da esquerda,
do machismo,
do feminismo,
da meritocracia... 
cada um usa a vitória deles como se de fato fosse seus.
Assim como deve aos primeiros militares, deve a esquerda pelas politicas de inclusão e pelo fim da meritocracia, deve a direita.
Somos uma coletividade de preguiçosos, vestindo o mérito alheio como se de fato fosse nosso.
Não creio em meritocracia, pois entendo que nem todos desfrutam da mesma oportunidade de crescer, desenvolver-se e produzir.
Uma coisa é não ter oportunidade,
outra é tê-la, mas negligenciá-la.  
Eu creio na esperança de um milagre que ocorre no interior do coração humano, transformando opressores e exploradores em potencial em seres generosos, cheios de amor pelos seus semelhantes. 


terça-feira, 16 de novembro de 2021

Poema sobre o sermão do meio- ambiente

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Se é verdade que esta Terra está destinada à destruição, por que deveríamos nos importar com questões ambientais?.
Qual foi o último sermão que você ouviu acerca da importância de se preservar o meio-ambiente?.
Haveria como evitar um colapso ambiental?.
O homem incivilizado até pode ter passado a vida nos palácios e gasto os pés nas lajes das grandes cidades e mesmo assim, o homem irá morrer nos bosques.
O homem será sepultado por várias camadas de terra infértil, estéril.
O homem regressará a uma terra, um adubo que será capaz de devolver à Terra o que ela nos entregaram enquanto estamos vivos e, através desse processo, criará novas fontes de vida.
O homem que veio da terra, da terra voltará; voltará a ser um pó que o vento leva, voltará a ser um barro esperando ser moldado por um oleiro.
O homem que muita das vezes destruiu á árvore que nos trouxe vida, agora esperar voltar ao início em que ele possa contempla á árvore da vida.
Tudo tem de acabar e a terra,
de tanto ser pisada, tem de gastar-se; porque a imensidão deve acabar por cansar-se desse grão de poeira que faz tanto e perturba a majestade do nada.
Quando os homens virem esse vazio, quando se tiver de deixar a vida pela morte, pela morte que come,
que tem sempre fome,
haverá um riso imenso de desespero.
E tudo explodirá para se desmoronar do nada, e o homem virtuoso amaldiçoará a sua virtude e o vício aplaudirá.
Alguns homens ainda errantes numa terra árida chamar-se-ão; encontrar-se-ão e recuarão horrorizados, aterrorizados consigo próprios, e morrerão.
O que será então o homem, ele que já é mais feroz do que os animais ferozes,
e mais vil do que os répteis?.
O homem dará adeus para os carros deslumbrantes, famas, mundo, palácios, mausoléus, volúpias do crime e delícias da corrupção.
Os palácios, os templos, as pirâmides,
as colunas, mausoléu do rei, caixão do pobre, carcaça do cão, tudo isso ficará à mesma altura, sob a relva da terra.
Então, o mar sem baterá tranquilamente nas praias e irá banhar as suas ondas na cinza ainda fumegante das cidades;
as árvores crescerão, reverdescerão,
e não haverá mão que as quebre e as destrua; os rios correrão nos prados floridos, a natureza será livre, sem homem que a oprima, e esta raça será extinta, porque era maldita desde a infância, era árida, seca que não deu bons frutos por falta de humanidade.

segunda-feira, 15 de novembro de 2021

Poema sobre o Deus do subgrupo social

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O Deus do subgrupo social se põe ao lado da mulher adúltera, não dos seus detratores.
Se fosse o Deus da pluralidade, Ele se poria ao lado dos que a queriam apedrejar.
O Deus do subgrupo social diz que muitos são chamados, mas poucos são escolhidos.
O apóstolo do Deus do subgrupo social constatou que não havia entre os chamados muitos sábios e entendidos, mas pessoas simples, oriundas das camadas mais humildes da sociedade.
O Deus do subgrupo social tira Filipe do meio das massas em Samaria para levar o evangelho a um eunuco negro proveniente da Etiópia.
Numa tacada, Ele atenta contra o preconceito étnico, social, cultural e sexista, já que o eunuco da época equivaleria ao homossexual de hoje.
O Deus do subgrupo social valoriza a atitude solidária de um samaritano que acode um moribundo na estrada,
mas desdenha da postura hipócrita e higienista de um sacerdote e de um levita que o ignoram.
O Deus do subgrupo social se recusa a tratar com rigor os samaritanos que o rejeitaram em sua terra, e em vez de atender à sugestão de dois de seus discípulos, fazendo descer fogo do céu para consumi-los,
Ele afirma haver vindo para salvá-los.
O Deus do subgrupo social acolhe a oferta de uma prostituta bem na casa e na cara de um fariseu hipócrita,
cujo discurso contagiou até os discípulos.
O Deus do subgrupo social não se importa em ser flagrado aos papos com um samaritana de moral duvidosa,
e mesmo correndo o risco de ser mal interpretado, oferece-se para saciar-lhe a sede existencial.
O Deus do subgrupo social sofreu preconceito de Natanael por conta de sua origem: " pode vir alguma coisa boa de Nazaré"?.
-Vem e vê!.
Deus nos quebra fazendo da fonte do nosso preconceito, um canal para Ele nos abencoar.

domingo, 14 de novembro de 2021

Poema sobre os figurantes da vida

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Talvez nosso maior pecado seja a presunção.
E nossa maior presunção é a de achar que somos mais importantes do que realmente somos na vida de alguém.
Acreditamos que somos protagonistas, quando na maioria das vezes nem somos coadjuvantes,
mas apenas figurantes na vida de alguns. Absolutamente dispensáveis.
O mundo deles seguiria perfeitamente sem nós.
Mas ainda assim, não abrimos mão de nosso papel,
mesmo que tenhamos que nos contentar com os bastidores,
onde nem sequer somos notados.
O importante é saber que a vida é muito mais do que os papéis que nos são negados ou confiados.
Ainda que tenhamos desempenhado algum papel que julgamos importante na vida de alguém,
o mesmo poderá sofrer cortes durante a edição.
Quem sabe nosso nome nem ao menos aparecerá nos créditos finais.
O que nos resta fazer?.
Atuar por amor ou pelo simples prazer de atuar,
em vez de ser pela busca desenfreada por reconhecimento de quem quer que seja.
Precisamos exercer um papel que trate as feridas de ontrem sabendo que a leve e momentânea ardência produz um eterno alívio e frescor.



Desconstrução

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Ora esperanço;
ora todo ranço,
desânimo de esperançar, 
preguiça de acreditar.
E tudo vira nada.
Ora alguma fé;
ora apenas um café,
uma parada; 
ora preciso de uma estrada...
de uma estrada, 
não de um destino.
O sino silencia
na catedral...
o mal... o mau... o mal...
Uma pazada de cal
no rosto...
o gosto.... desgosto...
o vinho... o mosto...
o pós... os nós...
Ora já nem sinto a voz,
e grito...
aflito... conflito...razão...
E querem saber 
quem sou eu na fila do pão,
como se eu soubesse de mim.
O fim... o fundo... o poço...
Não sinto alvoroço 
em mim...
calmaria... preguiça....
premissa...
"maliça" nordestina...
A mina... o mino...
"Somos tantos Severinos
iguais em tudo na vida"...
A lida... o cansaço... o passo...
o compasso...
O que faço
para mudar o mundo?
O fundo... o poço...
o caroço... o osso...
o osso... o osso... o osso...
a fila...
o prato sem feijão...
o bilhão, o trilhão... o congresso...
o senado... o executivo...
o judiciário...
o salário do osso...
o poço...a lama...
o caco... o barraco...
a mansão... a desigualdade...
o deboche... o irmão...
a igreja,
cereja do bolo divino...
O menino que se alimenta de luz...
acabou o cuscuz.... o arroz... 
e o feijão é bandinha,
e a carne é osso...
o sino... o poço... o fundo...
o mundo... o imundo... o desmundo...
O fim... assim...
desmundo...
esmundo...
smundo...
mundo...
undo...
ndo...
do...
o...
FUNDO....

sexta-feira, 12 de novembro de 2021

Do luto á luta

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O importante não é como você morre, mas como você vive.
É fato que nenhum de nós está imune a tragédias,
o dia mal sempre chega,
e para alguns, ele vem de forma trágica.
Ainda assim, é melhor viver com propósito por pouco tempo do que levar uma vida longeva sem sentido, corridas curtas, por vezes, são melhores do que maratonas.
Eu tenho conhecido muitas pessoas, várias,
e algumas tem experimentado dias de muito sofrimento e dor,
suas almas estão ressecadas pelo calor de uma jornada árida,
desprovida de paz e alegria,
elas são como espinheiros secos,
jamais se permitiram amar e,
muitos menos, se abriram como botões em flor para serem amadas.
Diante de alguns fatos, o silêncio de uma lágrima é mais eloquente do que o grito de mil sermões.
A existência terrena dessas pessoas é curta, sobretudo quando analisamos todo o seu potencial de criação,
mas também é intensa, pois elas se dão aos que amam e também recebem muito amor, deixa uma vida como fruto de uma relação afetiva e ainda tem a alegria de poder viver fazendo aquilo que mais gosta.
Elas sabem que ninguém bate tanto na gente como a vida.
Essas pessoas nos deixa precocemente,
mas também nos relega a certeza de que viver bem é melhor do que viver muito.
A verdade é que toda perda gera a sensação de luto.
Há perdas, contudo, que o luto demora mais tempo para passar.
Quando as perdas atingem nossos propósitos, não é tão fácil assim voltar para vida.
Estamos constantemente em uma jornada do luto à luta.
É preciso ler mais livros, mas também buscar ler o seu próximo para entender o contexto de cada vírgula, parágrafo e capítulos da história que eles vivem e viveu.
É preciso ler nas entrelinhas pra poder mergulhar nessa leitura.
É preciso saber que a última coisa que envelhece em nós é o coração.

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