segunda-feira, 8 de novembro de 2021

O DNA do amor

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Amar, é ser um presente nos momentos mais cruéis, é ensinar que uma mão estendida, valem mais do que um dedo acusador.
Amar, é se doar é caminhar lado a lado,
é a missão de cuidar, de amar e ser amado, é ser grato por um dia
também ter sido cuidado.
É conhecer o amor maior que se pode amar, é a escola da vida que insiste em ensinar.
É entender que o sangue nesse caso é indiferente.
Duvido o DNA dizer o que a gente sente.
É gerar alguém na alma e não biologicamente.
Pois não tem biologia nem lógica pra explicar, amor de pai e de mãe
não se resume em gerar, quem gera nem sempre cuida, mas quem ama vai cuidar.
Vai cuidar independente da cor que a pele tem, da genética, do sangue, o amor vai mais além.
O amor tem tanto brilho que quem adota um filho é adotado também.
Quando o processo aparece mais do que o produto final é uma evidência
de que nos preocupamos mais em ter os holofotes do que ser um holofote voltado para o outro.
O ego gosta de se vangloriar dos processos.
É preciso desapego.
Mas, o problema é que até a palavra desapEGO tem "ego", talvez por isso seja tão difícil desapegar. 
O Amor não chama a atenção para si. 
Ele aponta para o fruto e se satisfaz na satisfação do próximo.
O Amor não fala para amar o distante e o diferente.
Para ele, tais categorias não existem.
Ele aproxima o distante e torna o diferente em semelhante.
Migrar do movimento de rotação do egoísmo para o de translação do amor ao próximo, faz com que a solidão dos dias e noites ganhe a companhia das cores e frutos das estações.
Amar, é ter o DNA de Deus em nós.
É ter uma molécula presente no núcleo das nossas células para que possamos ser considerados o portador da mensagem genética de Cristo.
A mensagem que nos faz amar, que nos faz perdoar, que nos faz reconhecemos que somos pecadores tentando atirar a primeira pedra mesmo sabendo que o único presente que não tem pecado é o próprio Jesus e mesmo assim Ele abre mão deste "direito" e não atira nenhuma pedra para nos executarmos.
Ao contrário, Ele se apresenta como pedra de sustento para nos restauramos, pois Jesus não é Letra, Ele é Verbo.
E o Verbo é ação para a vida.

domingo, 7 de novembro de 2021

Enxergar a vida

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Quando falamos em ler, acabamos por pensar apenas nos livros, nos textos escritos.
O senso comum diz que lemos apenas palavras.
Mas a ideia de leitura aplica-se a um vasto universo.
Nós lemos emoções nos rostos,
lemos os sinais climáticos nas nuvens, lemos o chão,
lemos o mundo,
lemos a vida.
Queixamo-nos de que as pessoas não lêem livros.
Mas o deficit de leitura é muito mais geral.
Não sabemos ler o mundo,
não lemos os outros.
Vale a pena ler livros ou ler a vida quando o ato de ler nos converte num sujeito de uma narrativa, isto é, quando nos tornamos personagens.
Mais do que saber ler, será que sabemos, ainda hoje, contar histórias?.
Ou sabemos simplesmente escutar histórias onde nos parece reinar apenas silêncio?.
Não basta saber o que está escrito, tem que saber como ler.
A leitura que fazemos da vida tem a ver com o que há escrito dentro de nós.
Não podemos parar no olhar objetivo “O QUE?",
temos que ir ao encontro da subjetividade do “COMO LÊS...?”.
É preciso um segundo olhar.
Não um olhar de segundas intenções para julgar, mas o olhar que não busca o que é vosso, mas sim a vós.
Cristo tem que ser o nosso alvo e lente.
Ao olhar firmemente para Ele, passamos a enxergar o mundo através de Seus olhos e, assim, lemos o outro através das lentes do Amor.
Amor que aproxima o distante e torna o diferente em semelhante. 
É assim que devemos enxergar a vida.

sexta-feira, 5 de novembro de 2021

O reino de Deus e a política dos homens

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Jesus nunca quis o trono de César,
nunca desejou o palácio romano,
não fez alianças com poderosos,
nunca se vendeu.
Parte da igreja achou por bem conceber uma bancada evangélica,
preferiu se comprometer com a agenda político social atual, fechou com correntes ideológicas que já destruiram sociedades, assumiu uma mentalidade de guetos, e corporativista,
mas sai a público dizendo que é odiada pelos que não são cidadãos de bem,
não defedem a pátria, a família e não amam a Deus. 
O Cristo da bíblia não é esse que está fomentando guerra entre patrícios em nome de Deus.
Jesus não fez questão alguma de se apropriar ou obter qualquer invenção humana, sendo Ele quem é. 
Guerras sempre haverão, pois desde antes de conhecerem Cristo,
o ser humano em sua estupidez sempre pleiteará pelo que deseja possuir a força da maneira mais estúpida, aliás, foi por essa estupidez que o mataram.
Quando Jesus disse que seu Reino não é deste mundo, não foi para tranquilizar a liderança.
Pelo contrário, foi a maior das provocações.
O Reino de Deus sinaliza o fim dos reinos deste mundo e todo governo humano.
Apesar das descrições primitivas, o Reino de Deus em nada se parece com os reinos deste mundo. 
Esse Reino foi inaugurado na encarnação de Cristo, e a igreja é responsável por dar continuidade na construção desse Reino de igualdade aqui e agora, até que tudo seja completamente restaurado.
“Meu Reino não é deste mundo”, ou seja, não tem nada a ver com dominação, conquistas territoriais, hierarquias. 
O Reino de Deus não é desta ordem de coisas, não é desde mundo caído.
Colocamos a mão no arado, um instrumento que serve para lavrar o solo, revolvendo a terra com o objetivo de descompactá-la e, assim, viabilizar um melhor desenvolvimento das raízes das plantas. 
Preparamos o solo para que as raízes do Reino se desenvolvam, as plantas cresçam, e o Reino seja manifesto não com anarquismo.
Mas optando por propostas que sinalizam uma sociedade mais justiça, igualitária, onde o excluído é incluído,
o pobre tem respiro,
o oprimido sente um pouco de alívio,
e os poderosos, os que dominam o mundo, os ricos, tenham suas estruturas estremecidas e sintam uma prévia da ruína que lhes aguarda.
É deprimente ver líderes cristãos terrivelmente evangélicos fazendo política social teológica para não ficarem mal, não apenas diante de suas igrejas mas, também diante do país, parecem achar mais digno mostrar que estão certos; mesmo ao preço da apostasia,
do que terem a decência de romper com "Cézar", e voltarem para Cristo.
Deixem o palácio e voltem para o aprisco, seja como for, os dias estão passando, dias melhores virão, mas não das mãos sujas de pólvora, nem de mãos cheias de sangue, porquê as únicas mãos cheias de sangue aceitas por Deus, foram as de Cristo e foi o próprio sangue não o de outros e foi por todos.

quinta-feira, 4 de novembro de 2021

Quando se aprende a amar, o mundo passa a ser seu

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A liquidez das relações igualadas pelas mídias sociais está nos fazendo viver a fadiga da compaixão.
Não conseguimos mais nos relacionar com a humanidade apresentada no outro  apenas com seu personagem criado na net.
A sociedade do cancelamento mostra para nós que não somos mais capazes de tolerar o erro.
Nós não somos mais capazes de exercer misericórdia.
O erro deve ser prontamente erradicado,
e o errante imediatamente cancelado.
Nessa sociedade dos intolerantes não há espaço para reconciliação,
não há espaço para reconsideração,
não há espaço para o perdão.
Uma sociedade absolutamente hipócrita que está todo tempo acusando cisco no olho dos outros sendo incapaz de ver a trave em seus próprios olhos.
É a vivência completa da escassez da compaixão, da escassez da piedade,
da bondade, da Graça e do perdão.
A sociedade do cancelamento denuncia a intolerância que nada mais é do que o nosso vazio de humanidade.
A nossa falta de empatia para com o outro.
A nossa falha enquanto seres humanos.
Nossa incapacidade de lidar com a humanidade que é por si errante.
Somos cada vez mais algoritmos que potencializam e excluem comportamentos do que humanos que  nos sensibilizamos com a tragédia que é viver.
É preciso imediatamente aprender que a verdade do amor não alimenta outra chama que não seja a que consome a presunção, o egoísmo e a hipocrisia.
A verdade do amor deve ser maior que qualquer amor à verdade, assim como o poder do amor deve ser maior que o amor ao poder.

Poema sobre a PEC dos precatórios

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A PEC dos precatórios permite ao Tesouro adiar o pagamento de dívidas judiciais, redirecionando para o pagamento do programa assistencial.
Investidores chamam essa combinação de insolvência ou falta de pagamento de uma dívida com improviso.
Empresários entendem que os recursos do auxílio deveriam sair das emendas parlamentares e dos fundos partidário e eleitoral.
Economistas ainda têm esperança de que a Câmara ou o Senado não autorize essa dupla flexibilização.
O próprio Banco Central concorda com eles e admite que a operação fura-teto aponta para a deterioração das contas públicas.
No comunicado da última reunião,
o Copom já mostrou que a taxa básica de juros subirá para pelo menos 9,25 por cento em dezembro.
O BC mira na inflação, mas, há decepção e descrença na indústria e no comércio, nas fábricas e nos mercados.
Muita gente importante duvida agora de que a política monetária, sozinha, seja capaz de segurar a disparada dos preços.
Desses precatórios, grande parte são dívidas com professores que já não está nada bem.
Outra parte é com aposentados,
com gente que esperou décadas processos que se arrastaram e quando saiu a sentença final, o governo resolveu negar a pagar algo.
São os empobrecidos que pagarão o "auxilio brasil" para os mais empobrecidos ainda.
Ainda assim, o futuro da economia brasileira estará nas mãos de deputados e senadores para o bem, para o mal ou muito pelo contrário.

quarta-feira, 3 de novembro de 2021

Poema sobre o Estado esmagador

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Há uma decisão dos estados de congelar o ICMS sobre os combustíveis.
Como se sabe, o Conselho Nacional de Política Fazendária congelou o imposto por 90 dias, até o final de janeiro.
Com isso, os secretários estaduais falam em dar sua “contribuição” para tentar segurar os preços nas refinarias e nas bombas.
Por trás dessa bondade, o Confaz quer mostrar que a responsabilidade dos aumentos, que já passam de 50 por cento este ano, não é do ICMS.
O peso do tributo estadual é calculado com base no preço médio ponderado ao consumidor final.
Se este preço médio sobe nos postos,
o peso do ICMS também sobe.
Logo, a origem das altas não estaria nos estados.
Os secretários de Fazenda afirmam que o problema é nacional, causado por estruturas, conjunturas e fatores federais.
No final das contas, a ideia do congelamento é causar uma situação constrangedora na Câmara, que tem um projeto de lei que muda o cálculo do ICMS a pretexto de reduzir os impactos nos combustíveis e na inflação.
Deputados falam que só o preço da gasolina cairia 8 por cento.
Contudo, o Confaz está pagando pra ver apostando que a matemática não cabe no discurso político.
Nesses discursos sem conclusões imediatas, a única solução é o Brasil e seus governantes deixarem de lado falsos atalhos para tentar resolver nossos problemas ou estaremos eternamente fadados a uma interminável sequência de crises econômicas.
O que não pode continuar acontecendo, é a população trabalhando para carregar o Estado,
ao invés do Estado servir a população.
É preciso defender o Brasil, e não políticos, é preciso que todos defendam o Brasil, não dá para terceirizar a responsabilidade.

terça-feira, 2 de novembro de 2021

Poema sobre o dia dos finados

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Hoje se comemora no Brasil o dia de finados.
Dia de honrar a memória dos que partiram, decorando seus túmulos com flores.
A despeito da postura que adotemos,
o fato inconteste é que a morte é a única certeza que temos.
Independentemente de nosso credo, posição social, etnia, orientação sexual, todos, sem exceção, temos um destino comum: a morte.
Por mais que a gente tente driblá-la ou adiá-la, mais cedo ou mais tarde ela vem. Gostemos ou não, morrer faz parte do ciclo natural da vida.
Portanto, resta-nos a resiliência e a esperança de que a morte não seja um adeus, mas apenas um até logo.
Porém, como ser resiliente diante de uma morte que poderia ter sido evitada?.
Como aceitar passivamente que mais de seiscentos mil brasileiros, 5 milhões em todo o mundo, tenham tido sua vida e sonhos interrompidos por uma vírus que poderia ter sido combatido com a devida seriedade?.
O sangue de mais de seiscentos mil mortos está clamando por justiça,
e denunciando ante o tribunal divino o descaso daqueles que poderiam ter evitado a tragédia, mas não o fizeram.
Pior do que canonizar a morte é se atrever a canonizar quem facilita o seu trabalho. 
O sangue dos que partiram prematuramente está clamando diante de Deus. 
A CPI pode não dar em nada.
O ministério público pode se negar a denunciar o governo.
O STF pode fazer vista grossa.
Mas não escaparão da justiça divina. 
Não foi somente o sangue de Abel que clamou diante de Deus por justiça.
A contribuição que sua vida representou durante sua estada neste mundo não perdeu a eloquência, mas segue ecoando ao longo de infindáveis gerações.
A melhor homenagem que podemos fazer aos que partiram, seja pela COVID ou por qualquer outro fator, é ecoar e amplificar a vida que tiveram entre nós, relembrando e aprendendo com seus erros e acertos.
Portanto, não deixemos que suas vozes se calem e que suas vidas sejam relegadas ao esquecimento.
Sigamos amando-os e trabalhando pela manutenção de sua memória e de seu legado.
Que sejamos, por assim dizer, extensão de sua existência.
Celebremos a vida de quem está entre nós e a memória de quem seguirá vivendo em nossos corações.

Poema sobre o amor nos tempos de pandemia

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A situação por que passamos, a inteira humanidade, em conjunto, com o intenso e longo isolamento social recente,
nos provoca e permite, simultaneamente, nos voltarmos para dentro de nós mesmos.
Estamos redescobrindo a força do coletivo, em um mundo então centrado nos indivíduos.
Mas, importante nunca esquecer que todo coletivo é formado por indivíduos.
O vírus ataca individualmente, mas este se multiplica no coletivo numa fração de tempo, por isto o imprescindível isolamento.
Mas se a pandemia fosse de amor e empatia?.
Um pouco de cada um pode ser muito potente.
E como seria esta tal pandemia?.
Seria um sentimento como o disseminado no Natal, época em que sensações agradáveis tomam conta,
o olhar diante do outro é de compreensão, se esbanja amor, cooperação, solidariedade.
Parece que as mãos se unem para ajudar o próximo.
Uma pandemia de amor e empatia talvez seria assim.
Ultrapassar as barreiras do próprio mundo e olhar com compreensão e compaixão outros também.
Esta pandemia do Coronavírus tem seu lado, de certa forma idealista,
por nos permitir olhar para nós mesmos, para a família, para as pessoas conosco, para o nosso redor,
para nossas relações, para nosso íntimo.
Ao nos isolar nos permitiu o tempo da reflexão, de olhar para o redor e neste momento começou o contágio positivo.
A pandemia do amor é a mudança do olhar e do tempo.
É o olhar para dentro para entornar-se para fora.
É ter os efeitos do vírus de amor impregnado na vida das pessoas.
É sermos a causa do vírus, a reação que ele pode causar e nunca ser assintomático.
Temos que manifestar todos os sintomas do amor para poder pôr em liberdade os que estão sendo oprimidos, e acabar com todo tipo de escravidão.
Temos que repartir a nossa comida com os famintos.
Temos que vestir não somente roupas aos que não tem, mas vestir também de respeito, de carinho, de ternura.
É mudar este olhar negativo, pandêmico e polarizado, que estamos carregando conosco atualmente, para podemos esperançar, enxergando o amor presente em nosso dia a dia, para nos contaminar com ele e sair contagiando a todo nosso redor.

segunda-feira, 1 de novembro de 2021

O paralelo entre as gerações

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Não é difícil perceber que algumas pessoas agem como se quisessem eternizar o seu próprio tempo, e o de sua geração, com sua moda, sua música, seu vocabulário, seus hábitos.
Há que se respeitar o que tem valor para as gerações que nos antecederam,
até porquê, vamos desejar este mesmo respeito mais adiante, mas este respeito precisa ser mútuo, as gerações mais longínquas entre si precisam entender que uma pavimenta o caminho para a outra e, assim a vida segue seu curso,
é a evolução natural da vida, nenhuma geração é absoluta, por mais cultura que tenha produzido, por mais sabedoria que tenha adquirido, por mais feliz que tenha sido.
Nenhuma delas é referência absoluta sobre todas as outras passadas ou futuras mas, todas contribuem com o todo, todas deixam algo na existência, seja um legado bom ou ruim.
Ao longo do tempo a percepção de bons caminhos muda e, isto não necessariamente é um desvio, as vezes,
a contramão é a melhor rota a seguir, principalmente para evitar as violações existenciais.
Muitas gerações seguiram seu curso, umas mais bem-sucedidas que outras, então, aprendamos com erros dos outros e com os nossos mas, lembrando que corrigir caminhos não é perpetuar gerações, ou extinguir as que afloram com a sede característica de todo recém-nascido, mostrar o caminho entre as pedras, este é o papel das gerações maduras, desbravar novos rumos é a responsabilidade da geração atual e,
as gerações vindouras darão continuidade ao ciclo.
Em se tratando de gerações a única coisa absoluta é a necessidade de movimento, de continuidade, e não de perpetuação de uma era sobre todas as outras.
O reino de Deus é composto de todas as gerações, como o mar que não se enche mas, está sempre pronto para receber os que vêm a ele.

domingo, 31 de outubro de 2021

Poema sobre a reforma protestante e o dia das bruxas

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Lutero foi o primeiro a pôr fogo nas bruxas num contexto de crescente perseguição contra as heresias no século XVI. 
Entretanto, Lutero não foi o único.
Outros reformadores colocaram lenha nesta fogueira que queimou, em toda Europa protestante, milhares de pessoas, a maioria mulheres.
Entre os séculos 16, 17 e 18, fervilhava as acusações de heresias e bruxaria.
Mas, por que eram as mulheres as mais acusadas?.
Na sociedade profundamente religiosa da época, as mulheres ocupavam uma posição definida pela Igreja, de esposa e mãe. 
O papel único das mulheres era criar filhos e administrar a vida doméstica baseada na submissão cristã.
E, de acordo a interpretação bíblica patriarcal, tanto católica quanto protestante, as mulheres, o gênero feminino, era o mais desejado a ser atraído pelo demônio.
Essa foi a base para a acusação da heresia da bruxaria.
A heresia da bruxaria era tudo que ameaçava o controle do poder e do ensino da Igreja.
Quando as mulheres saíam do papel estabelecido pela norma cristã, acabavam se tornando alvos da acusação da heresia da bruxaria.
Ter poucos filhos, não ter filhos, desejar romper com o padrão social compulsório de esposa e mãe, era sinal de que algo estava fora do lugar, o que resultava em acusação de bruxaria. 
Além disso, as mulheres que demonstravam ter algum tipo de poder e conhecimento, eram alvos certos de acusação.
A caças às bruxas aconteceram como mecanismo de autoproteção do poder religioso.
Tudo que não era controlável era considerado heresia e merecia ser exterminado. 
Portanto, o 31 de outubro que marca, ao mesmo tempo o dia da reforma protestante e o Dia das Bruxas, nos faz lembrar que as fogueiras religiosas continuam acesas, ateando fogo contra as mulheres que desafiam esta sociedade terrivelmente religiosa. Portanto, falar das mulheres e a Reforma Protestante é falar também das bruxas e das fogueiras religiosas que continuam acesas.
As mulheres que eram vistas como cultas e inteligentes, que tinha uma marca de nascença.
Mulheres que eram muito habilidosas.
Mulheres que tinham uma forte conexão com a natureza era adjetivada como bruxas ou hereges. 
Qualquer mulher estava em risco de serem queimadas nos anos 1600.
Mulheres eram jogadas na água e se podiam flutuar, eram culpadas e executadas.
Se elas afundassem e se afogassem, eram inocentes.
São 504 anos da Reforma e milhares de bruxas mortas, perseguidas, silenciadas, demonizadas, queimadas.
Não foram as bruxas que queimaram.
Foram mulheres.
Quem eram as bruxas?.
Eram mulheres.
Não as mulheres virtuosas que a igreja fabrica, domina e depois beatifica e canoniza.
Bruxas são as que questionam, que pensam, que contestam, que não têm interesse no papel de santas.
O rótulo de bruxa foi fundamental para a manutenção do sistema patriarcal.
Hoje, as igrejas protestantes, assim como as católicas, já não queimam as bruxas, apenas silenciam, demonizam, chamam de endemoninhadas, desequilibradas, frágeis, e negam-lhes o sacerdócio, lugar que permanece potencialmente masculino, preservado através de teologias e hermenêuticas sofisticadas, mas que não se sustentam biblicamente.
Por uma nova reforma protestante que liberte e empodere as “bruxas”, que reconheça como lugar legítimo para elas também os púlpitos e os espaços teológicos.
Medo eu tenho é da Reforma.
Com as bruxas, sempre me entendi.


Poema sobre o Superman

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Deparei-me hoje cedo com inúmeras postagens em que o superman aparece aos beijos com a mulher-maravilha.
Noutra imagem, pode-se vê-lo ao lado de sua esposa com seu filho nos braços.
Tais postagens têm como objetivo manifestar apoio ao jogador de vôlei que foi desligado de seu clube após uma postagem considerada homofóbica em que criticou a imagem de um novo superman aparecendo beijando um rapaz.
Relutei para não fazer qualquer consideração, visto que, sinceramente, acho que deveria ser uma questão superada.
Será que ninguém percebeu que o novo superman apresentado como bissexual é filho do superman hétero?.
O Superman  é fruto de uma geração conservadora, que viveu a segunda guerra mundial, a efervescência do capitalismo, a derrocada do sistema econômico norte-americano, superganância, que mandou para a guerra jovens que nunca saíram de suas cidades, este foi o cenário de criação do Superman.
Política sempre foi um dos detalhes mais importantes na criação de um super-herói, e hoje não é diferente.
O clamor daquela geração resultou na criação de um ser alienígena, idêntico aos humanos, podendo passar totalmente desapercebido.
Os Estados Unidos precisavam de um herói, a ficção deu conta disto.
Apresentaram vários deles àquela geração, mas o Superman é visto por muitos como o primeiro, ele reúne em si tudo o que aquela geração esperava de um herói, poucos sabem que no seu lançamento, seu perfil era rude, agressivo, e combatia o crime de forma pouco ortodoxa, usava a força sem pensar nas consequências, isto me parece refletir os anseios e os devaneios daquela sociedade, daquela geração, por alguém que tivesse poder para subjugar seus inimigos sem sofrer prejuízos, e sem se importar com o prejuízo causado a outros, o sonho americano em primeiro lugar, esta era a vibração para ser o herói daquela geração, e que gestou o querido alien, este machão vem de Krypton para Smallville, através das páginas, e se torna o super-herói mais conhecido do planeta, mesmo de quem não curte ou o universo os editores instituiram um código de conduta para seus personagens, isto lapidou o Superman,
o fez como o conhecemos hoje,
o perfeito cavalheiro americano na pele de Clark Kent, e o defensor dos fracos e oprimidos, sob a capa de Superman, vale a pena mencionar que ainda o Superman era um vilão!.
Seus criadores fizeram várias alterações no personagem até que ele se tornasse o deus kryptoniano mais humano e querido dos gibis.
A mesma geração que o criou rude, o refinou, e desde então Clark Kent, o Superman é o mesmo, casou-se com a jornalista Lois Lane, e não se descobriu gay.
A geração Cristopher não consegue conceber a ideia de ter um filho com orientação sexual não- tradicional, e nem que isto ganhe representatividade nas gerações dos comerciais de TV com cowboys e motoqueiros fumando cigarro, tem de ser respeitada, e a atual geração não.
Jesus era o algoz dos romanos, e até dos religiosos que dominavam nos templos da época, sepulcros caiados.
Jesus surgiu entre as minorias, e que abraçou a causa dos necessitados, aborrecendo os poderosos que livrou a mulher adúltera da morte desdenhando dos falsos escrúpulos de seu povo, curando o escravo sexual de um centurião, sem questionar sua sexualidade, contrariando o moralismo de uma geração apóstata, comendo na casa de publicanos com fama de ladrões, subvertendo a ética, este é o super-homem para todas as gerações, este deveria ser o único no qual lançamos nossas ansiedades.
O Superman chegou cheio de poder, humanos não lhe causam dor, e foi aperfeiçoado pelos seus roteiristas,
mas Cristo foi aperfeiçoado pela dor.
O Superman mudou seu perfil para agradar e manter seus leitores, já Cristo nunca mudou sua essência e por isso até perder seguidores.
Falíveis como somos, acabamos por desejar referenciais humanos, e até fictícios, para satisfazer nossa carência por quem poderá nos defender?.
A geração que abraçou o Superman, não abraça seu filho bissexual, ele precisa ser a cópia fiel para alcançar pertencimento neste mundo, a geração do Superman tradicional recebeu um alienígena,
mas não recebe seu filho por causa de sua orientação sexual, mesmo que ele tenha os mesmos poderes de seu pai.
Jesus também não foi bem recebido,
não tinha o arquétipo desejado por aquela geração, a cada novo ciclo percebemos que velhos erros se repetem.
Até quando uma geração rejeitará sua sucessora por causa de suas peculiaridades?.
É preferível um reino de soldados de chumbo, produzidos em série?.
O amor que uniu o alienígena e uma humana, e todos acharam lindo, não parece estar disponível se o filho desta união não for heterossexual, parece um amor bem exclusivista, este não é o amor de Deus.
Não é mais importante as pessoas se preocuparem com os brasileiros que passam fome, com os mais de seiscentos mil mortos.
Não é mais humano as pessoas se perguntarem porque está havendo pessoas pegando ossos para poderem comer do que se preocupar com a orientação sexual do super man.
Fico imaginando a fragilidade da heterossexualidade das pessoas, a ponto delas se preocuparem e precisar se pronunciar sobre a orientação sexual do super man.
Preocupação com a orientação sexual de um gibi hoje é mais importante do que se preocupar com á atual situação do país.
Publicações em quadrinhos é mais urgente do que uma nova notícia de uma pessoa que morreu de fome.
Publicações de personagens fictícios de gibis ou mangás hoje, é mais importante do que pessoas de carne e ossos que pulsar sangue, que respirar a própria vida.

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