sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021

Esperando explicações

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Por alguns dias, a imprensa,
a Justiça e a opinião pública perderam tempo com gente e casos que,
nem de longe, estão à altura das preocupações mais sérias e mais importantes.
Gente e casos plantados no noticiário para distrair jornalistas e autoridades, tirando o foco de gestões amadoras ou temerárias contra o coronavírus.
Com mais de 250 mil mortes,
o que interessa saber continua sendo o seguinte:
Quando, afinal, o Ministério da Saúde vai divulgar o calendário de distribuição das novas doses da CoronaVac ou da AstraZeneca?.
Quando, afinal, o governo federal vai liberar a compra do imunizante da Pfizer, que já assinou contrato com mais de 50 países?.
Quando, afinal, teremos o imunizante da Pfizer,
que é o primeiro com registro definitivo da Anvisa,
mas ainda sem uma gota no Brasil?.
Quando, afinal, teremos vacina para todos?.
Com mais de 250 mil mortes, a questão é: Como explicar isso para os pais e as mães que perderam os filhos e as filhas?.
Como explicar isso para os filhos e as filhas que perderam os pais e as mães?.
Como explicar isso para os órfãos e as órfãs?.
Como explicar isso para os maridos que perderam as esposas e para as esposas que perderam os maridos?.
Como explicar isso para os viúvos e as viúvas?.
Como explicar tudo isso sem sentir a dor do outro?.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021

Poema sobre o Deus customizado

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Nossa sociedade é pautada em valores egocêntricos e materialistas,
basta observar o quanto a propriedade é valorizada e o EU é hipervalorizado.
A opinião individual é superestimada, em detrimento do estudo clássico e do conhecimento histórico ou científico.
A espiritualidade de hoje é o retrato do nosso tempo e a grande marca que temos é o Deus customizado.
Um deus pessoal, customizado de acordo com a necessidade,
nível de percepção,
gostos pessoais,
cor,
raça,
estilo e fantasias.
Ou seja, temos um Deus modificado, adaptado ou personalizado de modo a adequá-lo ao gosto ou às necessidades  de outrem.
Temos um Deus pessoal e particular capaz de customizar alguma teoria.
Temos um Deus obrigado a servir a humanidade, temos um Deus colocado na parede, temos um Deus sendo provado ou reprovado.
Essa situação não é ateísta e tão pouco teísta e desse panorama temos as brigas de deuses atendendo todos os desejos de cada customização e servindo meticulosamente a cada grande ego.
Ou seja, alguém que acha que nasceu para o mundo lhe servir não é só um retrocesso histórico,
mas um retrocesso no processo evolutivo como ser humano.
Onde a vontade individual sempre prevalece,
temos uma criança faminta apenas pedindo por algo que ela nem sabe o que é.
Temos um bebê desejando um pouco de prosperidade e um pouco de sucesso.
Temos um fenômeno dominante e uma tecnológia que paira sobre todos como o espaço intangível da sociabilidade e da existência.
Temos um risco fenomenológico classificando a internet como o novo espaço do sagrado e do sentido.
Temos o homem religioso do mundo líquido.
Temos o espaço específico do Cristianismo no admirável mundo novo.
Parte das pessoas abandonaram a existência de um Deus fora da sua própria biografia e estão crendo firmemente na biografia de um Deus- pop.
Ou seja, ao invés do esvaziamento humano para o preenchimento da plenitude divina.
Parte das pessoas tem um esforço subjetiva de preencher os desejos da sua consciência.
Se elas querem prosperidade, Deus também quer.
Se elas querem que o seu candidato vença, Deus está ao seu lado.
Se elas querem que os seus inimigos pereçam, Deus abençoa.
Parte das pessoas nunca se esvaziam do seu EU, elas querem que Deus nunca as contraria, ou que nunca realize o terceiro dos sete pedidos encontrados no Pai-Nosso: “Seja feita a vossa vontade, assim na Terra como no céu”.
Ou seja, ao invés de as pessoas pensarem no radicalmente oposto a tudo que existe,
elas vão pensar no radicalmente EU.
Agindo assim, elas não estão assumindo o papel dos profetas do Antigo Testamento ou dos moralistas cristãos, especialmente da Idade moderna.
Elas estão sendo incoerentes entre o plano divino e humano,
entre o texto sagrado e a sua biografia,
ou entre a cidade de Deus e a cidade dos homens.
É um típico mundo líquido, de uma fé líquida, de uma religiosidade contemporânea.
Um mundo onde se usar o nome de Deus em vão, significando quebrar a reputação, o caráter e autoridade d'Ele.
Ou seja, estão indo ao contrário do esvaziamento de Cristo, estão no narcisismo realizando o seu EU.
Por isso em verdade em verdade descrevo: Quem destrói a obra de Deus?.
O fariseu batizado, o saduceu doutrinado?.
Aquele que em nome de Jesus fica rico, em nome de Jesus consegue um cargo político, em nome de Jesus incita o ódio, em nome de Jesus modifica a palavra, em nome de Jesus defende a tortura.
Esse é o verdadeiro filho do demônio.
Por isso as prostitutas avançarão no reino de Deus.
O religioso que customiza Deus para atender o seu projeto de enriquecimento  e o seu projeto político.
Esse é o grande, o maior filho do demônio.

domingo, 21 de fevereiro de 2021

O que é o Brasil

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Que é,
ou quem é, o Brasil?.
Uma Cultura?.
Uma História?.
Um País de todos?.
Por que é que, quando se fala do Brasil, sempre invocamos a sua história e a sua cultura?.
Se estivermos a falar de outro país,
a história e a cultura dele só serão chamadas à conversa se forem esses os temas em debate.
Por que nós brasileiros se orgulha de alguma coisa com exagero.
Por que temos um orgulho exacerbado pelo país em que nascemos; um patriotismo excessivo.
Por que nos vangloriamos com todas as estatísticas desse País?.
Por que achamos que somos melhores em tudo, inclusive naquilo que distinguimos ser pior?.
A nossa jactância é de alguém que se manifesta com arrogância e tem alta opinião de si mesmo.
Da história do Brasil sempre nos dá vontade de perguntar.
Porquê?.
Da cultura brasileira: para quê?.
Do Brasil ele próprio: para quando?.
Ou: até quando?.
Se estas interrogações não são gratuitas, se, pelo contrário, exprimem, como creio, um sentimento de perplexidade nacional, então os nossos problemas são muito sérios.
Por que os brasileiros sabem todos os nomes dos onze jogadores da seleção, e não sabem os nomes dos onze ministros do STF?.
Como explicar esta dormência, que é também inquietude, sem cair em destrutivos negativismos?.
Como evitar que a antiga e gloriosa história continue a servir de derradeira e estéril compensação de todas as nossas frustrações?.
Como resistir à tentação falaz de sobrevalorizar o que há alguns anos se acreditou ser uma certa renovação cultural, fazendo dela um álibi ou uma cortina de fumaça?.
Ou chegámos já tão baixo que, depois de termos desistido de explicar-nos,
nem nos damos ao trabalho de justificar-nos?.
Queríamos ter essas respostas imediatas, mas elas simplesmente tergiversarão.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2021

A sociedade do cansaço

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Somos oprimidos a partir de dentro.
Nos sentimos incapazes ou capazes de mais.
Tristes ou felizes demais. Superaquecemos por um excesso de positividade.
Não há saída para quem tem o mundo à disposição, como nós.
Somos atingidos por bombas de imagens,
sons,
vídeos,
anúncios e produtos.
Temos o mundo ao alcance das mãos e nos nossos bolsos.
Parece que não há mais espaço para criar mundos.
Eles já estão todos aí com as devidas hashtags.
As forças afirmativas foram novamente submetidas às negativas.
Os novos Sacerdotes Ascéticos são os publicitários.
O poder agora é capaz de submeter até o desejo transbordante pois o excesso é de nada.
Nossa sociedade é a das academias fitness.
Andamos sem sair do lugar.
Produzimos em demasia, consumimos bobagens.
Estamos, nós mesmos, na esteira da vida, como ratos em gaiolas.
Vivendo em inércia.
Substituímos a lei pela iniciativa, pela motivação.
Tudo é questão de projeto.
Ser é um projeto.
Se a Sociedade Disciplinar era uma sociedade do 'não' do poder,
a do desempenho é a do 'Sim', mas igualmente submetida.
Se uma produz loucos e delinquentes,
a outra produz deprimidos e fracassados. Quem não encontra a maneira adequada de produzir capital,
produzir desejo,
produzir pensamento e vive à margem dessa sociedade.
O Cansaço aparece como uma maneira de existir.
Afinal, estamos todos um pouco exaustos.
Mas continuamos a trabalhar.
Somos presas fáceis.
Maximizar a produção, é o axioma que se instalou em nossas cabeças.
Um inconsciente social.
O mais triste é que o poder não cancela o dever.
Cansados somos também disciplinados. Nada ficou para trás, ao contrário,
somos formados por todo esse caldo entornado.
O corpo se tornou esta vasilha onde nunca se chega à última gota.
Transformamo-nos em máquinas de desempenho.
Precisamos recuperar um cansaço fundamental.
Um estado onde ‘as presilhas da identidade se afrouxem’.
Precisamos recuperar os diálogos, os olhares para com o outro.
Precisamos recuperar a sensibilidade e o sentido de ser gente.
Precisamos recuperar nossa capacidade de indeterminação.
Precisamos transformar o corpo novamente numa zona heterogênea e permeável, flexível e articulável. Precisamos voltar a produzir afetos longamente esquecidos ou até mesmo nunca antes experimentados. Precisamos descobrir os não-para dos nossos corpos.
Corpos-sem-órgãos.
Nossas vidas não são para o trabalho… estranho.
Nossos sorrisos não são para a propaganda.
Nossas peles não são para a cor.
Nossos gêneros não são binários.
Temos um mundo novamente a inventar! Temos uma sociedade a desmontar! Temos um corpo novo a pensar!.
Temos que voltar a qualidade da nossa geração.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2021

Poema sobre as máscaras nas redes sociais

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As exigências e as pressões do exterior obrigam-nos a encarnar diferentes personagens, tais como os de profissional,
colega,
pai,
filho,
irmão ou amigo.
E isso traduz-se na tonalidade de voz,
no tipo de discurso,
na imagem e na expressão corporal que adotamos em diferentes contextos. 
As nossas personagens servem a situação na qual nos encontramos e saber escolhê-las e usá-las,
com consciência e responsabilidade, sabendo quem é o nosso verdadeiro Eu e que ele está sempre presente,
é um indicador de flexibilidade e saúde mental. 
Se temos de ir a uma festa num dia em que nos sentimos tristes,
vamos escolher e usar um personagem que, por um lado,
vai proteger a nossa intimidade do exterior e por outro,
irá promover a nossa inserção naquele meio.
Se tornamos alegres momentaneamente, somos felizes, nossos olhos brilham, nosso diálogo é o tema que todos querem ouvir.
Não nos deixamos de sentir tristes naquele contexto,
mas não é dessa forma que nos queremos apresentar,
sendo portanto útil o recurso a uma personagem cortês e bem educada que responda às exigências daquela situação e ao que é esperado pelo coletivo. 
Nas redes sociais, somos especiais, somos curtidos, comentados, compartilhados facilmente.
As maiores dificuldades no uso de personagens surgem quando não existe um verdadeiro auto-conhecimento e o Eu fica identificado à personagem, 
fazendo com que a pessoa passe a agir sempre em personagem sem ter consciência disso.
Somos os algoritmos das redes sociais,
Vivemos sobre um conjunto de dados e regrinhas estabelecidas por cada rede social, sendo eles os responsáveis por determinar quais conteúdos e quais páginas aparecem primeiro para nós na linha do tempo de nossas respectivas contas.
O uso adequado de máscaras sociais possibilita experimentarmos o mundo de uma forma artificial, ficarmos reféns da desajabilidade social e perdermos a nossa identidade entre todos os outros que vão aparecendo na nossa vida. 
Ou seja, passamos a ser um cadáver costurado ativado eletricamente.  

sábado, 13 de fevereiro de 2021

Poema sobre as vacinas que faltam

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Para o presidente da Câmara, a melhor política social é a vacinação.
Para o ministro da Economia, a melhor política econômica é a vacinação.
Para o presidente do Banco Central, a melhor política monetária é a vacinação.
Por isso, para o presidente do Itaú, a vacinação é a prioridade nacional.
Sabe-se que Lira e Guedes não são esquerdistas, assim como Campos e Maluhy não são comunistas.
Nesse caso, ganha uma injeção de cloroquina no olho quem ainda faz esforços para tentar desacreditar as vacinas aprovadas pela Anvisa, inclusive aquela “chinesa do Doria”.
Depois da vacina contra a Covid,
vamos precisar da vacina contra a ignorância orgulhosa,
contra a incompetência condecorada, contra a corrupção de esquerda,
contra a corrupção de direita e contra o populismo e o autoritarismo que caracterizam a direita e a esquerda.
O que ficará faltando é a vacinação contra o vírus que associa xenofobia ao ministério das Relações Exteriores, que associa devastação ao Ministério do Meio Ambiente e que associa discriminação racial à Fundação Palmares.
Por fim, quem sabe, a economia desonera,
desindexa,
desvincula,
destrava e deslancha.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2021

Poema sobre o auxílio emergencial

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O auxílio emergencial é necessário para socorrer sobreviventes na extrema pobreza ou na extrema miséria. 
Milhões de brasileiros precisam do auxílio e todo o Brasil precisa do teto os dois são importantes.
O teto de gastos obriga os políticos a fazer o que sempre fazem os chefes de família ou as donas de casa: gastar apenas o que tem pra gastar,
sem inventar despesas inconsequentes.
O teto impede que os governos distribuam aumentos salariais visando ganhar uma eleição ali na frente.
E impede que os governos torrem dinheiro público só porque alguém acordou com vontade de torrar dinheiro público.
O teto serve também para barrar os rombos e os colapsos resultantes de improbidade administrativa, e não de crise financeira.
Os estados, por exemplo, não estão falidos por falta de sorte.
Os estados estão falidos por falta de boa gestão, de vontade política ou de vergonha na cara.
Isso porque o “típico homem público brasileiro” é aquele que prefere ser delinquente,
mas eleito, em vez de ser competente, mas sem voto.
O auxílio emergencial merece todo apoio, desde que a responsabilidade fiscal seja preservada.
Ou o Brasil estará, sim, realmente quebrado e não mais da boca pra fora, como já disseram.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021

Poema sobre o centro dos escândalos

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O que seria esse Centrão?.
O que seria essa entidade que hoje está no protagonismo do Legislativo e do Executivo.
O Centrão é uma ideia associada a políticos do tipo “vacina-pouca-minha-família-primeiro”.
O centrão é composto por parlamentares do "baixo clero" que atuam conforme seus próprios interesses, ligado a práticas fisiológicas.
O Centrão é uma bancada informal que costuma estar no Centro dos escândalos, dos privilégios e do poder, qualquer que seja o presidente, o governo ou a ideologia.
O Centrão apoiou o Collor,
o Itamar,
o Fernando Henrique,
o Lula,
a Dilma,
o Temer e agora o Bolsonaro.
O Centrão é a turma que entre apoiar e apunhalar é só questão de tempo ou de dinheiro.
O Centrão representa a velha política,
a mesma velha política contra a qual milhões de eleitores votaram para ser ver livres e, hoje,
não se envergonham em ser ver aliados.
O Centrão reúne o que há de pior na direita e na esquerda,
porque o Centrão vive como parasita da direita e da esquerda, que, por sua vez, vivem às custas dos ignorantes,
dos hipócritas e dos cínicos.
O Centrão ri da legalidade,
ri da moralidade e ri da impunidade.
O Centrão é um cadáver que nos sorri!.
O Centrão é uma confraria de coveiros da Lava Jato!.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2021

A vacina contra a estupidez

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Mais de 100 milhões de pessoas já foram vacinadas em todo o mundo.
No ranking das doses aplicadas, proporcionais ao tamanho da população, o Brasil está atrás de 15 países, coladinho na zona de rebaixamento.
Ou seja, estamos sempre abaixo de país subdesenvolvidos.
Estamos sempre abaixo até no ranking da vacinação.
No entanto, estamos vendo idosos,
cheios de alegria,
emoção e esperança,
correndo para se vacinar,
em busca da proteção a que eles têm direito.
Felizmente, a maioria absoluta das pessoas continua entendendo que a vacinação é tão inevitável como a lei da gravidade e a rotação ou a translação da Terra que é redonda.
Até agora não há registro que de que alguém tenha morrido por causa da vacina.
Ninguém sofreu mutação do DNA, ninguém contraiu HIV,
ninguém morreu – pelo contrário.
Nós sabemos que toda vacina causa alguma reação ou desconfortos.
O corpo às vezes dispara vermelhidão e inchaço no local da aplicação, tontura e até febre.
Em casos muito raros, certos imunizantes desencadeiam efeitos colaterais graves.
Nós sabemos que boa parte dos insumos ou matéria-prima vem da China.
Ou seja, o Antígeno, o Solvente e os Adjuvantes, são todos importados pelo Brasil.
Centenas de chefes de governo e de estado,
em várias nações,
também já se vacinaram para servir de exemplo.
Isso é bom porque sem exemplo,
sem modelo,
sem referência e sem liderança,
o que predomina é a ignorância sobre o conhecimento,
o que prevalece é a insanidade sobre a razão.
Não se brinca com a ciência e com o futuro,
a pretexto de viralizar mentiras.
Mentiras que matam,
mentiras que bastam.
Como eu sempre digo,
a verdade tem vida própria,
a verdade tem a cura da estupidez.
E, eu estou esperando a vacina contra a estupidez do negacionismo.

domingo, 7 de fevereiro de 2021

Poema sobre o controle remoto

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Um leve pensamento recebo com uma certa frequência vídeos e fotos que contestam uma das grandes emissoras de TV do país,
as pessoas se indignam com as tendências que as novelas trazem, consideram uma desconstrução dos paradigmas sociais sobre os quais a sociedade está fundada.
O  problema de todo este questionamento é o fato dos questionadores ainda darem a esta emissora tudo que ela precisa,
ou seja, IBOPE.
Pensem comigo.
Se ao invés de ficarem vendo as programações e buscando o que criticar, as pessoas simplesmente pararem de assistir,
sim as emissoras precisam da sua audiência para poderem vender os seus horários comerciais,
se você e eu impedir a realização ou o desenvolvimento de algo isso causará impacto direto nas finanças deles. Desligue sua TV ou simplesmente troque de canal,
mas se ficar tirando print, fazendo vídeos, você só estará alimentando o sistema, pois compartilhamentos de Facebook e Whatsapp também geram lucro para aqueles que você supostamente acha que combate.
Sejamos coerentes, tens o direito de se indignar, mas você tem o controle na mão, use-o, antes que o controle remoto
distancie você no espaço; chamado: VIDA.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2021

Esperança S/A

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Luta contra o racismo, defesa da democracia,
combate ao desmatamento,
preservação das florestas e do meio ambiente em geral.
São temas que, cada vez mais,
detêm a atenção e o interesse de bancos e empresas nacionais,
internacionais ou multinacionais.
Grupos poderosos em busca de soluções amigáveis,
responsáveis e sustentáveis para questões socialmente sensíveis.
Finalmente, racismo, democracia e desmatamento são agora assuntos estratégicos;
assuntos pautados por questões de marketing,
oportunidade e sobrevivência do negócio ou do mercado principalmente do ponto de vista de ganhos de imagem e de custos financeiros.
Mas, cabe admitir, são assuntos motivados também por questões de humanidade e sustentabilidade.
O peso de cada uma das questões de mercado é menos importante do que o peso de todas as corporações decididas a se envolver nas questões de cidadania, dignidade e respeito à vida.
Tudo isso é bom porque, mais do que nunca,
o Brasil e o mundo precisam de pessoas que se interessam por pessoas;
pessoas que se interessam pelos problemas dos outros, pelos sofrimentos dos outros.
E não de pessoas, físicas ou jurídicas, que só se interessam pelos seus próprios interesses.
Foi nesse contexto que o Itaú,
o Bradesco e o Santander formaram o Conselho Consultivo da Amazônia.
A iniciativa contou com o empenho pessoal e profissional dos presidente dos bancos, Cândido Bracher, Octavio de Lazari e Sergio Rial.
Com esse empenho, a sinalização que eles dão é de ações profundas,
capazes de envolver todas as áreas e expertises das instituições que comandam.
Não há como duvidar das intenções de grupos financeiros ou econômicos, quando seus principais executivos propõem as agendas, assumem as metas e dão as caras.
Trata-se de coibir o desmatamento, tirando crédito de fazendas, produtores ou frigoríficos envolvidos.
Preservar a Amazônia, como diferencial competitivo de qualidade de vida e, claro, vantagem de negócios.
Desencorajar iniciativas, que vêm atrapalhando o acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia.
Enfim, em geral, defender o meio ambiente, do ponto de vista do comportamento ou do compromisso ético.
A ideia central, de acordo com os três banqueiros, é cortar o crédito de quem promove irregularidades indiscriminadas. E, ao mesmo tempo, estimular o crédito das cadeias produtivas da bioeconomia.
Bracher, do Itaú; Lazari, do Bradesco; e Rial, do Santander, entendem que o sistema financeiro está no que eles chamam de "epicentro” dessas cadeias bioeconômicas.
De fato, não há mais espaço para empresas ambientalmente insustentáveis e socialmente irresponsáveis.
Não por acaso, em outros segmentos econômicos, esses também são os desafios que inspiram os movimentos Black Lives Matter (Vidas Negras Importam) e Stop Hate for Profit (Parem de Lucrar com o Ódio).
Nesses casos, as mensagens das duas campanhas convergem para o entendimento de que “não há lugar para o ódio e o racismo no mundo e nas mídias sociais”.
O movimento “Parem de Lucrar com o Ódio” descobriu o melhor caminho para desencorajar os conteúdos racistas, violentos e antidemocráticos disseminados pelas redes sociais.
E incentivou grandes companhias globais a suspender seus anúncios nessas plataformas.
Mereceram aplausos as adesões de gigantes como Microsoft, Coca-Cola, Pepsi, Starbucks, Hershey, Unilever, Levi’s, Ford, Honda, Wolkswagen, Adidas, Puma e muitas outras.
Logo no primeiro momento, em meados deste ano, empresas ou marcas suspenderam suas publicidades nesses canais digitais.
Mostraram que é possível somar forças e unir diferenças contra ameaças discriminatórias e riscos autoritários.
Já o movimento “Vidas Negras Importam”, mais específico contra o racismo, veio nos lembrar que…
A ninguém é dado o poder de decidir quem deve viver e quem deve morrer… com base na cor da pele, dos olhos,
dos cabelos, enfim, dos códigos genéticos;
também a ninguém é dado o poder de sufocar a vida e os sonhos de ninguém… com base na etnia, na língua, na origem, na história ou na geografia.
Não basta mais gritar que “vidas negras importam”.
Empresas começam provar que “vidas negras importam também” no RH,
nos processos seletivos,
nas carreiras profissionais,
nos cargos de chefia.
E antes, ainda, nas salas de aula, nas artes,
no teatro,
no cinema,
na cultura e na ciência em geral.
Tudo isso sem que se trate de exceções, superações ou sobreviventes.
A Esperança Sociedade Anônima, a Esperança S/A, tende a ser uma empresa muito melhor para se trabalhar e para se viver,
com lucros e ganhos para toda a humanidade!.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2021

Poema sobre o abismo político

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Era para ser uma sessão solene de abertura dos trabalhos legislativos.
Mas o Congresso virou arquibancada com torcedores gritando “mito”, “fascista” e “genocida”.
Todos os elogios eram para o presidente.
Nesse clima de rivalidade esportiva e vulgaridade política,
o que me chamou a atenção foi o discurso do presidente do Senado, a quem cabe também presidir o Congresso.
Pacheco pediu moderação, conciliação e racionalidade, que é o que importa, interessa, precisamos e merecemos.
O senador disse que aprendeu a fazer política em Minas Gerais,
onde, segundo ele, se busca sempre pacificação e equilíbrio.
Para Pacheco, a política não deve ser capturada por radicalismos.
Ele entende que devemos superar os extremismos, nas palavras dele, “de um lado ou de outro”.
Acima de tudo, o senador disse que está discutindo com os parlamentares e a equipe econômica a possibilidade de prorrogação do auxílio emergencial,
mas sem afetar o equilíbrio fiscal.
Foi um pronunciamento meramente protocolar e previsível,
mas bem-vindo, já que chegamos ao ponto em que a mesmice,
a normalidade,
é exatamente o que o país necessita.
Precisamos de um auxílio,
não só emergencial,
como também eleitoral.
Isso porque ninguém aguenta mais tamanha miséria,
tanto a da extrema direita e quanto a da extrema esquerda.
Afinal, é nos extremos que se encontra o abismo.
E quanto mais você olha pro abismo,
uma hora o abismo olha pra você.

Poema sobre o circo no congresso

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Brasília fica longe do Brasil,
mas quem conhece a capital do toma-lá-dá-cá sabe que de perto a coisa é ainda mais feia.
Por isso, a ideia de que o Centrão vai apenas cobrar a fatura do presidente Bolsonaro pelas vitórias na Câmara e no Senado é uma ideia ingênua e otimista.
Na verdade, não se trata de o presidente pagar um preço alto pelo apoio do Centrão;
na prática, se trata agora de o Centrão passar a governar conforme seus instintos mais primitivos.
Todos sabem que o centrão refere-se a um conjunto de partidos políticos que não possuem uma orientação ideológica específica e tem como objetivo assegurar uma proximidade ao poder executivo de modo que este lhes garanta vantagens e lhes permita distribuir privilégios por meio de redes clientelistas.
Isso coloca Bolsonaro na mesma galeria de dependência política onde já estiveram reféns os ex-presidentes Lula, Dilma e Temer.
A diferença é que nunca antes o Centrão chegou ao protagonismo das duas Casas com tamanho poder executivo.
Essa situação põe em xeque a agenda do ministro da Economia, Paulo Guedes, que luta contra moinhos,
contra gastos,
contra o fim do teto,
contra o auxílio emergencial a qualquer custo e contra todos os que são contra as privatizações.
Imaginar o Centrão cedendo ao setor privado centenas de cargos e milhões em verbas da Eletrobrás é o mesmo que imaginar a raposa abrindo a porta do galinheiro, não para comer as galinhas, mas para dar a elas fuga e liberdade.
Resta saber como ficará a situação dos militares, subordinados ao vale-tudo político do Baixo Clero,
que agora ocupa os tronos do Congresso.
Como vão reagir os generais governistas quando perceberem que também já não governam mais?.
Ou quanto desaforo as Forças Armadas estarão dispostas a engolir do Centrão?.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2021

Poema sobre a velha política

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Independente de quem ganhou as votações para as presidências da Câmara e do Senado,
já se pode afirmar quem perdeu.
Quem perdeu foram os eleitores que acreditaram que estavam, em 2018, elegendo novos deputados e novos senadores,
para uma nova política,
para um novo Congresso.
Ficou escancarado que o que prevaleceu foi a velha política do toma-lá-dá-cá,
a velha política do é-dando-que-se-recebe.
Mas isso, diferente do que se pensa,
não deve desencorajar os eleitores; pelo contrário, deve sim encorajá-los a tomar de volta os seus votos nas próximas eleições.
A única dor que um deputado ou um senador sente é a dor de não se reeleger,
a dor de perder o mandato e as mordomias.
E essa dor só nós, os eleitores, podemos fazê-los sofrer.
Se todos entendessem e aprendessem que não se deve votar num político mais de uma vez,
a vida parlamentar deixaria de ser uma carreira de parasitas em busca de privilégios.
Mas, por favor, isso sem querer generalizar e condenar todo mundo lá, óbvio que não.
Não há dúvida de que existem deputados e senadores decentes e bem intencionados,
que não estão na política apenas para acumular cargos públicos e tirar vantagens dos cofres públicos. No entanto, mesmo esses não deveriam ganhar o direito de ir além dos 10 anos como parlamentares.
Enfim, nem todos os políticos são corruptos,
só os normais; assim como nem todos os eleitores são inocentes, só os cínicos.

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