segunda-feira, 25 de junho de 2018

Presunção

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Algumas pessoas são felizes com o que tem.
Outras nunca serão, mesmo tendo tudo.
Esses são tão pouco presunçosos que gostariam de ser conhecidos da terra, mesmo das pessoas que vierem quando vós  já cá não estiverem.
São presunçosos desde o Génesis ao Apocalipses.
São aqueles que se supõe melhor, mais bonito, superior, mais inteligente, mais capaz, que os demais.
São tão pouco vãos que a estima de cinco pessoas, nos diverte e nos honra. A modéstia é tão natural no coração do homem que um operário tem o cuidado de não se gloriar e quer ter os seus admiradores.
São conformados com os padrões morais e éticos da sociedade.
Os filósofos querem-nos.
Os que escrevem em louvor da glória querem ter a glória de ter escrito bem. Os que lêem querem a glória de ter lido.
Eu, que escrevo isto, glorio-me de ter esse desejo.
Aqueles que o lerem hão-de gloriar-se também.

quarta-feira, 20 de junho de 2018

Poema sobre o orgulho

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O orgulho parece estar cada vez mais em alta nesta sociedade.
Pois o individualismo, o  empreendedorismo e o conjunto de conhecimentos relacionados a essa forma de agir, passaram a ser metas, valores, fortemente estimulados.
Outrora enxergávamos o orgulho como o maior e o primeiro dos pecados capitais por seus atributos maléficos.
Hodiernamente o orgulho hoje virou  virtude, disfarçada e rebatizada de autoestima,e a vaidade é agora “amor próprio”.
Entretanto, somos pequeníssimos ao agirmos assim.
Contudo, não é que uma pessoa tenha que aceitar a sua pequenez,
mas parece-me bastante triste a vaidade, a presunção, o orgulho, tudo isso com que pretendemos ou queremos mostrar que somos mais do que efetivamente somos.
Não será caricato, ridículo, grotesco e burlesco mas bastante triste agirmos assim? .

quarta-feira, 13 de junho de 2018

Poema sobre o egoísmo

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Quando alguém tomou posse de algo.
Nasceu o egoísmo.
Quando alguém foi para uma terra distante e remota, para tomar posse dessa terra.
Nasceu o egoísmo.
Agora o mal e o remédio estão em nós, como uma espécie humana que agora nos indigna, indignou-se antes e indignar-se-á amanhã.
Agora vivemos um tempo em que o egoísmo pessoal tapa todos os horizontes para não vermos o egoísmo pessoal, o comodismo, a falta de generosidade, as pequenas cobardias do quotidiano.
As pessoas não percebem que tudo isto contribui para essa perniciosa forma de cegueira mental que consiste em estar no mundo e não ver o mundo, ou só ver dele o que, em cada momento, for susceptível de servir os nossos interesses.
As pessoas perderam o sentido da solidariedade, o sentido cívico, que não deve confundir-se nunca com a caridade.
O egoísmo estar no trânsito, nas ruas, nas igrejas e famílias.
Construirmos uma sociedade de egoístas.
Se a você te dizem que o que importa é o que compras, e segundo o que compras têm mais ou menos consideração por você, então converter-te num ser que não pensa senão em satisfazer os seus gostos, os seus desejos e nada mais.
Não existe em nenhuma faculdade uma disciplina do egoísmo, mas não é preciso, é a própria experiência social que nos vai fazendo assim.
Ao longo da História as igrejas e as catedrais eram os lugares onde se procurava um valor espiritual determinado.
Agora os valores adquirem-se nos centros comerciais.
São as catedrais do nosso tempo.
É um tempo escuro, mas chegará, certamente, outra geração mais autêntica.
Talvez o homem não tenha remédio, não tenhamos progredido muito em bondade em milhares e milhares de anos sobre a Terra.
Talvez estejamos a percorrer um longo e interminável caminho que nos leva ao ser humano.
Talvez, não sei onde nem quando, cheguemos a ser aquilo que temos de ser.
Quando metade do mundo morre de fome e a outra metade não faz nada… alguma coisa não funciona.
Talvez um dia!.
Um dia talvez.

sexta-feira, 8 de junho de 2018

Os dois Brasis

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Existem dois Brasis, ao menos.
O primeiro é um Brasil entre nossos dirigentes.
Ou seja, dos jornais e telejornais que ainda manipulam.
Cavilam.
Articulam sedições e violam as leis.
Criam o segundo Brasil através das mídias.
Recriam uma ilusão, trazem algo que não faz o segundo Brasil nascer ou renascer das cinzas de uma cultura que estás dormente por séculos.
Fazem um Teatro dos Vampiros, chamada de: TV.
Traem  uns aos outros  e a seus eleitores também.
Desuni uma família, enganar uma nação.
Insultam-se; todos com razão. Vivem para o poder dos cargos e das verbas.
Fazem a decadência, atraso, declínio e empobrecimento total.
Brasil podre, carcomido, massa de bolor dos ácaros da corrupção.
Brasil de víboras, sanguessugas e ratos de ternos e gravatas.
Eles rastejam com ventre na poeira do solo, maldição do Gênesis para todas as serpentes traiçoeiras.
Este primeiro é o Brasil de zumbis devoradores do trabalho e dos impostos alheios.
É o Brasil abismoso, que causa um deterioramento e uma degeneração.
Um Brasil que estará torcendo para a sua seleção.
Existe um outro Brasil.
É jovem e dinâmico.
Nele  há estudantes que enfrentam filas enormes para ouvir ideias num início de inverno.
Encaram livros  na fila.
Conversam.
Debatem um futuro mais transparente e com vida.
Este segundo Brasil me emociona muito.
Porque eles ouvem.
Aplaudem.
Gritam.
Opinam.
Ensinam pelo silêncio atento e pelos olhos vivos.
É uma aurora, um despontar de vida, uma esperança e um horizonte emocionante.
O primeiro Brasil já me cansava em 1984, quando estudei sobre os comícios pela restauração das eleições diretas que o Congresso derrotou a democracia das ruas.
O segundo Brasil, eu reencontro nas salas de aula, nas ruas, em filas de livrarias, em noites de palestras e autógrafos.
São todos jovens!.
Alguns jovens com mais  70 anos, outros com 16…
São o sangue que ainda faz bater o coração da terra de Santa Cruz.
O primeiro Brasil tem poder, mas não é feliz.
O segundo Brasil não sabe ainda da extensão do seu poder, mas pulsa de alegria.
Na escuridão da crise que vivemos, cada um que vi ontem na UNIG era uma vela forte, decidida, luminosa e  com luz própria.
Obrigado a vocês do outro Brasil. Hoje, eu terminei  o dia emocionado por ter aprendido, mais uma vez, que o futuro é de quem ama.

quarta-feira, 6 de junho de 2018

Poema sobre os preconceitos

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Sou baiano,negro, pobre e gay.
Sou cigano,feio,baixo e chinês.
Sou gordo, careca, indiano e japonés.
Sou nordestino ou argentino,mendigo ou indigente.
Sou idoso ou menor carente.
Deficiente ou impotente,crente ou ateu.
Árabe ou Judeu, Umbandista ou
Adventista.
Testemunha ou Kardecista.
Migrante ou imigrante, presidiário ou proletário.
Refugiado ou desabrigado.
Bêbado ou drogado,alcoólatra ou viciado.
Desempregado ou condenado.
Esquerdista, direitista, socialista ou capitalista.
Sou muito mais que tudo isso...
Se, não na carne, no espírito
de solidariedade com aquele
que sofre, chora e morre
não pelo que faz ou fez,
mas pelo sentimento incontrolável
de quem não compreende...
Nem faz qualquer esforço para isso.
É preciso sentir na pele, por vezes, literalmente, para dimensionar a loucura de julgar o outro
sem um dado objetivo
que justifique esta postura.
Não é fácil matar um leão por dia e ser excluído pelo grau de melanina.
OU por quem você suspira,
OU pela sua conta bancária,
OU pela sua luta diária,
OU de onde vai ou vem,
OU de quem você crê no além...
Esqueça-me por um dia
ou – melhor! – definitivamente,
pois o meu maior defeito
é parecer diferente
aos olhos de quem esqueceu
qual é o sentido de ser gente…

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