terça-feira, 21 de julho de 2020

Poema sobre a superclasse

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As pessoas não existem em função da religião.
É a religião que existe em função das pessoas.
Mesmo na política não é o povo que existe em função dos políticos.
São os políticos que existem em função do povo.
No ensino, os professores existem em função dos alunos.
Os médicos existem, acima de tudo, em função dos pacientes.
Também a existência dos advogados, cientistas, jornalistas, tudo se resume em função do povo.
Entretanto, na maioria das vezes, essa posição está invertida.
O povo hoje, é uma massa de manobra, são objetos de interesse, são usados pelas elites, pela superclasse que influencia a vida de milhões de pessoas ao redor do mundo.
São eles que administram os sistemas de governo, as maiores corporações,
as forças das finanças mundiais,
a mídia, as religiões, e até mesmo as organizações terroristas,
além do tráfico de drogas, armas e seres humanos.
Eles são a superclasse global e estão moldando a história da era
Utilizam-se do povo para os seus próprios interesses e satisfações.
Aqueles que exploram a religião para seus próprios fins egoístas oprimem e denigrem as pessoas.
Eles tiram impiedosamente vantagens dos outros, apossando-se do que podem e então, cruelmente, deixam as pessoas de lado quando não tem mais nada a oferecer.
Da mesma forma, aqueles que exploram o mundo da política para o seu próprio fim compartilham do mesmo desprezo pelas pessoas.
Os senhores não devem ser enganados por esse tipo de pessoa.
As pessoas não existem para beneficiarem os líderes.
O que deve ocorrer é justamente o oposto.
Os líderes, inclusive políticos e clérigos existem para beneficiar as pessoas.
Os professores por sua vez, existem para o bem dos estudantes.
Entretanto, muitos dos que se encontram em posições de liderança comportam-se arrogantemente, denigrem as pessoas, escravizam elas da forma mais culta, que elas mesma não percebe.
O povo precisa saber sobre a sua força, e não aparecer apenas no carnaval, seja o propriamente dito, seja a revolução.
O povo precisa lutar contra duas paciências: a do povo e a do poder.
A paciência do povo é infinita, e negativa por não ser mais do que isso, ao passo que a paciência do poder,
sendo igualmente infinita, apresenta a positividade de saber esperar e preparar o retorno quando o poder, acidentalmente, foi derrotado.
Veja-se, para não ir mais longe, o caso recente de Portugal.

segunda-feira, 20 de julho de 2020

Poema sobre as instituições

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Quem faz uma religião não sabe o que faz.
Quem faz da religião um comércio, certamente a fé é o contrato,
o dízimo a poupança,
a igreja o banco,
e Deus uma propriedade, localizada em um extenso condomínio fechado.
Quem segue alguma religião estão convencidos de que somente a sua é a verdadeira, somente a sua propaga a verdade.
Pensando assim, eu diria a mesma coisa a respeito daqueles que fundam as grandes instituições humanas,
ordens monásticas, companhias de seguros, guarda nacional, bancos, sindicatos, academias e conservatórios, sociedades de ginástica de beneficência e de de conferências.
Estes estabelecimentos, comumente,
não correspondem durante muito tempo às intenções dos seus fundadores e acontece às vezes que se tornam coisas completamente opostas.
Pois essas instituições é vista pelas pessoas comuns como verdadeira,
pelos inteligentes como falsa,
e pelos governantes como útil.
Útil porque religião, demanda uma autoridade rival ao estado;
família representa uma lealdade que não é ao estado;
e propriedade privada,
porque significa independência material do estado.

quinta-feira, 16 de julho de 2020

Reinstalar o sentido de ser gente

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Creio no direito à solidariedade e no dever de ser solidário.
Creio  no sentimento de compaixão pelos necessitados.
Creio  na responsábilidade  de impelir o indivíduo a prestar ajuda material ou moral.
Creio na recíprocidade que existe entre os membros de uma mesma comunidade ou instituição.
Creio que não há nenhuma incompatibilidade entre a firmeza dos valores próprios e o respeito pelos valores alheios.
Creio que somos todos feitos da mesma carne sofrente.
Creio que podemos desenvolver o senso de coletividade para compreender o nosso papel no mundo.
Creio que podemos praticar a empatia diariamente.
Creio que podemos aprender a desapegar e a incentivar o compartilhamento.
Creio que podemos ser disponíveis para ouvir o que as pessoas têm a dizer.
Creio que podemos eliminar os preconceitos da nossa vida.
Mas também creio que ainda nos falta muito para chegarmos a ser verdadeiramente humanos.
Se o seremos alguma vez.
Pois os valores da solidariedade humana que outrora estimularam a nossa demanda de uma sociedade humana parecem ter sido substituídos,
ou estar ameaçados, por um materialismo grosseiro que denota imperfeições, procurando fins sociais de gratificação instantânea.
Um dos desafios do nosso tempo, sem ser bem-aventurado ou moralista,
é reinstalar na consciência do nosso povo esse sentido de ser gente,
de estarmos no mundo uns para os outros, e por causa e por meio dos outros.

terça-feira, 14 de julho de 2020

O lado cruel e primitivo das pessoas

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A reabertura dos bares e restaurantes revelou, mais uma vez, o lado cruel e primitivo das pessoas, pelo menos das pessoas que ainda ignoram a ciência,
as evidências materiais e os conhecimentos elementares, especialmente em termos de saúde básica.
Tribos de jovens e de adultos correram para as mesas e calçadas, nas zonas Sul e Norte, para celebrarem a volta dos points, paradas e baladas.
Eles agiam como se a quarentena fosse uma obrigatoriedade empírica,
sem comprovação científica,
imposta pelo achismo das autoridades sanitárias.
O comportamento de quem corre aos bares, aos berros, não é de quem está celebrando a vida.
Mas é de quem quer mostrar que o isolamento foi cumprido, se cumprido,
a contragosto de seu egoísmo.
Toda essa euforia,  todo esse estado caracterizado por alegria, despreocupação, otimismo e bem-estar físico, mas que não corresponde nem às condições de vida, nem ao estado físico objetivo, se dá sem que o perigo tenha passado.
O perigo ainda existe, o perigo ainda está aqui, e ele mata, já matou, e continua matando milhares de famílias, parentes, amigos e vizinhos.
Essa gente nos points não levou, e não leva a sério a quarentena porque essa gente só entende a dor quando ela está próxima, quando ela é vivenciada na carne ou na alma.
Em vez dessa gente agradecer por não ter vivenciado a dor.
Essa gente ainda tripudia de quem sofreu a dor.
Fazem isso sem levar em conta que o isolamento mais triste foi daqueles que ficaram internados sozinhos e partiram sem ninguém por perto; bem como daqueles que não puderam acompanhar os enfermos nos hospitais, e nem sequer se despedir dos mortos nos cemitérios.
Agindo assim, eu apenas espero que os bares que estão abertos hoje, não sejam os túmulos de amanhã.

Poema sobre a tirania

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Não há dúvidas de que se pode dizer que a tirania suprime e aniquila a liberdade mas, por outro lado, uma tirania só pode ser possível, quando a liberdade se domestica e se dissipar no seu conceito vazio.
Na tirania existe abuso de poder, opressão do povo, crueldade, dominação através de violência e ameaça a quem se opõe ao governo.
Para se manter no poder é comum que os governantes tiranos tornem os regimes cada vez mais cruéis e opressores.
Os tiranos violam e descumpri as leis que já existem.
Os tiranos governam sem senso de justiça e sem respeito às liberdades e direitos individuais e coletivos.
A história mundial têm muitos registros de governos considerados tiranos, como Ivan IV (Rússia), Leopoldo II (Bélgica), Stalin (União Soviética), Hitler (Alemanha) e Saddam Hussein (Iraque).
Infelizmente, há países que ainda hoje vivem sob governos que são considerados como tiranos ou ditadores, mesmo que os regimes oficiais do país não sejam chamados assim.
São alguns exemplos: Coreia do Norte, China, Arábia Saudita, Coreia do Sul e Irã.
Isso porque o ser humano tende a confiar no aparelho político ou ainda a submeter-se-lhe, quando devia extrair das suas próprias fontes.
O que é uma falha em imaginação.
Ele tem de conhecer os pontos nos quais não pode deixar que a sua decisão soberana seja negociada.
Enquanto as coisas estiverem em ordem, a água estará canalizada e a corrente eléctrica ligada.
Se a vida e a propriedade forem ameaçadas, um grito de alarme fará afluir magicamente Bombeiros e Polícia.
O grande perigo está em que o ser humano conta em excesso com estas ajudas e fica desamparado quando lhe faltam.
Todo o conforto tem de ser pago.
A situação do animal doméstico arrasta atrás de si a do animal de abate.

quinta-feira, 9 de julho de 2020

Poema sobre o futuro dos seres humanos

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Não sei se as populações estão a aumentar ou a diminuir.
É claro que, com o aborto, com a pílula, com as camisas de Vénus,
com a soma dessas coisas todas,
a procriação diminui, a velhice aumenta;
a receita dos impostos diminui,
porque há menos jovens no trabalho e há mais velhos a ser remunerados.
É preciso que a população aumente sempre e que não se faça a desertificação da província,
como está a acontecer, como já está acontecendo.
Dizimar pessoas com vírus laboratoriais ou com armas químicas e biológicas, é uma nova ordem mundial, é uma terceira guerra que foi criada a partir de um novo sistema tecnológico.
Tiram escolas, hospitais e as pessoas desertificam essas cidades com o processo de destruição do potencial produtivo da terra através de atividades humanas agindo sobre ecossistemas frágeis, com baixa capacidade de regeneração.
É da província, da cultura da terra,
que nós vivemos, e ela está desertificada, ela está em degradação de forma intensiva, causando um grave risco socioambiental, cujo processo difícilmente de se reverter.
Mas eu referia-me mesmo à sobrevivência do planeta terra.
Acha que ele está em perigo?.
Está em perigo, claro.
De tal modo que a gente pergunta: onde está a inteligência do homem?.
Há um progresso, é certo,
mas esse progresso encaminha-se para a morte.

terça-feira, 7 de julho de 2020

Poema sobre a hipercomunicação

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À força de estarmos conectados,
numa disponibilidade indistintamente e sem horário,
acabamos por nos desconectar das pessoas a quem mais queremos.
Assistimos a uma onipotente e onipresente universalização dos processos sociais de tecnologização, com suas variáveis de globalização, transculturalismo, hipercomunicação e exosocialicionismo.
Assistimos aquilo que descrevo como uma hipersociedade em rede.
Um movimento de universalização das tecnologias,
das redes e dos processos sociais, institucionalizados em cima de uma plataforma digital, interativa, imagética e intangível.
As redes, assumiu o protagonismo na vida dos indivíduos e dos povos.
Assim como a lógica dos Estados-Nações e dos Potentados Econômicos, com tal força e dimensão, que podemos colocar as teias tecnológicas como verdadeiras potências simbólicas superestruturais, alçadas ao estado de uma sociedade além da sociedade.
A máquina tecnológica conseguiu o feito de transcender os limites da economia, da política e da ordem social.
Neste universo extático da sociedade da tecno-informação, da tecno-comunicação e da tecno-sociedade, tudo parece viver e experimentar uma nova condição, com a remasterização do próprio eu, do outro e da realidade.
Às pessoas se comunicando assim, o resultado é este: ficamos mais próximos dos desconhecidos e mais desconhecidos dos que nos são próximos.
Ficamos a espera de uma nova solicitação de amizade.
Ficamos a espera de alguém criar um grupo familiar.
Ficamos comunicáveis virtualmente, e silênciosos pessoalmente.
Contundo, são muitas as atitudes que podemos tomar para diminuir saudavelmente o nosso grau de hiperconexão à net, reconquistando espaços de qualidade,
de reflexão, de governo de si, de partilha com os outros ou de necessário repouso.
A primeira atitude, porém, é afirmar o direito a desconectar-se.
Só isso fará recuar a síndrome da hiperconectividade que nos condiciona a todos, indiferentemente de idades e contextos.
Só isso fará trazer de volta a convivência social e conjugal que se perdeu devido as redes sociais.
Nessa nova comunicação, às mensagens chama mensagem, e com uma urgência que se sobrepõe a tudo.
Os pais atendem mais vezes o telemóvel do que aos filhos pequenos que vivem com eles.
Os amigos não conseguem dizer uns aos outros "gosto muito de ti, mas não vou responder a todos os teus whatsapp".
Os namorados não sabem amar-se sem a mediação das redes sociais; gasta-se um tempo precioso a responder, replicar, retorquir tontices por monossílabos, alimentando a ilusão de que diante de um ecrã nunca se está sozinho.
No entanto, quando a hipercomunicação é interrompida por causa de uma rede global de computadores interligados, estamos solitários mais vezes do que supomos.

sábado, 4 de julho de 2020

Princesa dos meus silêncios

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Hoje não te posso ouvir.
A melodia da tua voz,
o perfume da tua pele e o abraço suave dos teus beijos são,
neste momento, apenas pedaços soltos que a imaginação produz na minha memória.
Hoje não posso tocar.
Uma harpa virtualmente, tomar um café com bolo de fubá, conversar sobre possíveis planos.
Sinto a tua ausência mas,
nessa dor, sinto também a tua presença.
Não consigo arrancar ao silêncio uma só palavra tua. Mas sei que estás aqui...
Escolher é sempre eliminar opções.
Escolhi-te e continuo a escolher-te.
Mesmo que não te possa sentir sem ser pela fé no amor.
Não oiço o teu coração,
mas sinto o meu bater como se fossem dois.
Sou Mais do que a Saudade de Ti
És em mim, porque te dás a mim em cada gesto.
Sou em ti, porque te amo.
Sou quem sou por ti e para ti.
Sonho-te a dançar entre as cordas das gotas da chuva que cai,
tocando nessa harpa celestial a melodia da nossa vida a dois.
Talvez demores, mas eu nunca me cansarei de esperar.
Tarda o que tiver de ser.
Não te apresses.
Temos a eternidade.
Claro, neste momento, queria sentir o sopro da tua respiração...
mas a verdade é que espada alguma nos pode separar, princesa da minha vida.
Nem o mal, pois que o bem está conosco.
O tempo corre a nosso favor e eu espero.
Sim.
A resposta é sim.
Estou bem.
Faltará pouco para poder ouvir-te a chamares-me pelo nome... mesmo que demore muito.
Não consigo sequer pensar em não amar quem,
como tu, me aceita com todas as minhas fraquezas.
A quem, senão a ti, devo entregar as minhas forças e talentos?
O nosso amor é um mar. Infinito,
forte e persistente, jamais se cansa... e,
apesar das marés, nunca deixa de estar vivo.
E nós vivemos no íntimo desse mar...
embalados pela paz do abraço que nos uniu.
Princesa dos meus silêncios e das minhas tempestades...
Sim.
Estás aqui.
Sinto-te, ainda que apenas com o coração.
Mas também nenhuma outra verdade me importa.
A mim?.
A mim basta-me saber que estás aqui.

quinta-feira, 2 de julho de 2020

Poema sobre o progresso

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O progresso que se deseja hoje é algo que dependerá mais da vontade individual do que dos prodígios, do que dos acontecimentos que é ou parece estar em contradição com as leis impessoais dos mercados.
O progresso na nossa sociedade não progressa por causa da miséria e da ignorância que são dois travões ao desenvolvimento, são amarração de bestas, são freios, artefatos para conduzir animais.
Hoje, nenhuma pobreza é casual ou inevitável,
porque existem os meios que permitem garantir a total erradicação da indigência.
Existe meios suficientes para eliminar completamente a incidência chamada: fome e desigualdade social.
A que existe é fruto de uma decisão maioritária de vontades individuais.
Alguns julgam que será consequência da ação dos mercados que,
ao selecionar e premiar os melhores,
filtra e castiga os que têm menos capacidades de contribuir para o sucesso tal como o entendem alguns; outros preferem apontar como causa da pobreza a existência de gente rica, logo, a solução passaria,
para estes, por eliminar as camadas sociais mais abastadas.
Entre tanta discussão não fazem nada,
e quase unanimemente condenam quem o faz.
Entre tanta teoria não tomam nenhuma providência, e julgam aqueles que lutam contra o malfeito.
A liberdade supõe o privilégio até de errar,
mas sempre dentro de um quadro com todas as opções.
Quem não sabe, não pode escolher bem.
Só há liberdade com conhecimento.
Mas há muitos que julgam que só serão livres enquanto não o formos todos...
Se em vez de nos sentarmos a divagar nos levantássemos e, sem justificações ou teorias, dessemos pão a quem tem fome, dessemos água a quem tem sede e saber a quem não sabe,
o verdadeiro progresso aconteceria de forma lógica.
Não se trata de dar tudo a todos mas, tão-só,
de garantir que a ninguém falta o mínimo, essa ação seria uma forma perfeita de progresso.
Hoje, muitos são os que tendo pão, água e ciência decidem viver longe da sua essência humana, justa e humilde.
Gente miserável e ignorante.
Gente hipócrita e desumana.
Gente maldosa e perversa.
Gente egoísta e orgulhosa.
São eles a asneira que impede o progresso.


terça-feira, 30 de junho de 2020

Oásis do nosso deserto

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Eu lamento ter que repetir a mesma coisa toda hora, mas é inegável que estamos cada vez mais necessitados de um alerta,
aquele que nos traga a boa e velha hombridade, retidão de caráter; dignidade; honradez.
No jogo político é extremamente natural a existência da situação e da oposição,
até onde nunca deveria ter surgido,
ou seja, onde não era natural,
uma única vez aconteceu,
imagina aqui, onde estamos nós,
os meros mortais.
O que não é natural, por mais que seja extremamente comum,
é o mau caratismo intelectual.
A lei da conveniência universal, a lei da conivência nossa de cada dia,
ambas estão regendo a orquestra dos debates políticos no Brasil.
E não podemos esquecer do complexo de Adão, sim, não faltam argumentos requentados,
mas apresentados como uma grande novidade,
como o início do Big Bang da moralidade e da ética.
Hoje,  o que está em pauta é a transposição do rio São Francisco,
ao invés de comemorarmos a melhoria de vida que tal projeto vai proporcionar aos nossos irmãos do nordeste,
estamos discutindo quem colocou o ovo em pé.
Se o atual governo está inaugurando a obra agora, um trecho, isso só está sendo possível porque antes dele alguém a iniciou,
não seria possível tal feito com menos de dois anos de governo,
é mau caratismo intelectual defender que é o atual governo o responsável exclusivo,
repito, responsável exclusivo pelo que está acontecendo.
Entretanto, também é mau caratismo intelectual negar que as obras sofreram muitos atrasos por conta das falcatruas e maracutaias  dos anos anteriores.
Antes que comece o famoso: você está defendendo a atual gestão e condenando a anterior ou vice versa,  deixo claro que sei que não existe pureza no jogo político institucional.
Optei por seguir uma rota de colisão em relação ao uso distorcido ou ao não uso das informações para manipulação e conquista de interesses.
Acredito que os homens têm o direito de saber a verdade e sobre ela construir suas opiniões, não, não vou falar mal só por falar, ou defender só porque gosto, tenho que ser ético.
Se tudo tem limite, acredito que o limite de tudo seja a ética.

sexta-feira, 26 de junho de 2020

Os hipócritas do novo século

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Muitas vezes obramos bem por vaidade,
e também por vaidade obramos mal.
Muitas vezes damos esmola, tocamos a trombeta diante de nós, como faziam os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para serem elogiados pelos homens.
Muitas vezes fazemos algo para o nosso semelhante pro pura vaidade.
O objecto da vaidade é que uma ação se faça atender, e admirar, seja pelo motivo, ou razão que for.
Tudo que se fizeram e ainda fazem, é pelo reconhecimento dos demais.
Todos querem um aplauso, uma veneração, todos querem serem dignos de louvor, porque também há cousas grandes pela sua execração; é o que basta para a vaidade as seguir, e aprovar.
Ninguém, absolutamente ninguém, lembra que o Maior sábio nos ensinou que: Quando der-se esmola, que a nossa mão esquerda não saiba o que faz a nossa mão direita, de modo que a nossa esmola fique oculta.
Todos querem aparecerem, todos querem uma fama com as desgraças alheias.
Todos querem praticar boas obras sem segredos, sem o íntimo do coração.
Todos querem cooperarem para aqueles que amam o seu Eu.
Visto que vivemos na época da publicidade,
da propaganda, onde tudo aquilo que as pessoas fazem têm de ser mostrado num cartaz e ser proclamado em alto e bom tom.
Antigamente, os vaidosos faziam-se de tudo para chamar atenção.
Hoje os vaidosos se atualizaram com forme a tecnologia.
Todos hoje, postam nas suas redes sociais, uma geladeira com apenas água e gelo, uma dispensa vazia.
Todos filmam, tiram fotos, selfies, compartilham, curtem, comentam deixam seus links não pela pobreza daquele indivíduo, mas pela vaidade daquele hipócrita do novo século.
Às vezes, uma pessoa, um banco ou uma instituição, propõe-se a ajudar pessoas, mas quer que se faça uma placa dizendo que é aquele banco ou instituição que está ajudando.
Há aqueles que dão cestas básicas, que dão roupas, calçados, e querem curtidas no seu Facebook, querem seguidores no seu twitter, etc.
Mas também há aqueles praticam todas as obras com esmero e esforço, com amor e dedicação; dar pão a quem tem fome, abrigo a quem não tem onde ficar, visita aos doentes que estão nos hospitais, dar atenção a quem está preso, dar enterro a quem precisa ser enterrado, ajuda a quem está sofrendo. Fazem tudo isso, mas sem precisar de propaganda e publicidade.
É muito triste conversar com pessoas que gostam de contar vantagens, porque tudo o que faz quer propagar para todos saberem.
Uma coisa é darmos testemunho, dizer o quanto foi bom nosso esforço; outra coisa é quando alguém quer chamar atenção sobre si.
Não precisamos fazer publicidade de nada que fazemos para o próximo, nem da esmola nem da oração, muito menos do jejum ou das obras de penitências que praticamos.
Quanto mais afastamos o interior do nosso coração para Deus, mais frutuosa é a obra; quanto mais generosidade aplicamos naquilo que fazemos, menos precisamos propagar, porque fazemos com amor, dedicação, e o bem nos faz bem!.
Mesmo que o outro não reconheça, mesmo que ao fazer o bem o outro retribua com o mal, o importante é saber que precisamos ser bondosos e melhores.
A maior parte das empresas memoráveis, não tiveram a virtude por origem, o vício sim; e nem por isso deixaram de atrair o espanto, e admiração dos homens.
A fama não se compõe apenas do que é justo, e o raio não só se faz atendível pela luz, mas pelo estrago.
A vaidade apetece o estrondoso, sem entrar na discussão da qualidade do estrondo: faz-nos obrar mal, se desse mal pode resultar um nome, um reparo, uma memória.
Esta vida é um teatro, todos queremos representar nele o melhor papel, ou ao menos um papel importante, ou em bem, ou em mal.
A vaidade tem certas regras, uma delas é, que a singularidade não só se adquire pelo bem, mas também pelo mal, não só pelo caminho da virtude, mas também pelo da culpa; não só pela verdade, mas também pelo engano: quantos homens tem havido a quem parece que de algum modo enobreceu a sua iniquidade!.

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