segunda-feira, 26 de dezembro de 2022

Poema sobre a semeadura

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Não creio que a colheita seja infalível aos que plantam.
Não a interpreto como fazem os adeptos da teologia ou da teologia da prosperidade.
A lei da semeadura não é, ao meu ver, possível de ser aplicada literalmente.
Sempre houveram incontáveis impecilhos a colheita.
As chuvas, geadas, pragas, entre outras incontroláveis ações, reações da natureza são, por vezes, impossíveis de prever e comprometem, em alguns casos, totalmente a colheita.
Basta você conversar por poucos minutos com algum pequeno ou grande produtor rural que saberá que semear não traz em si garantia nenhuma de colheita.
É preciso dizer que se você plantar laranja, havendo a colheita,
é verdade que você não colherá outra coisa senão laranja.
A obviedade também reflete a glória de Deus.
No entanto, essa óbvia lei da semeadura nem sempre será replicada aos demais plantadores. Digo isso, pois, o próprio Cristo ao semear paz, amor, perdão, justiça e vida, colheu sobre si ira, ódio, violência, injustiça e morte.
Contudo, não deixou de semear para que outros pudessem participar dos frutos que Ele havia plantado.
Suas sementes me permitiram colher algo que eu jamais poderia semear, tampouco colher por mérito próprio. 
Muitos entendem e pregam que a orientação bíblica para a semeadura deve ser realizada como um investimento que é feito para colher no futuro bênçãos para si.
Pode observar, toda vez que há uma pregação especialmente dos pregadores da teologia da prosperidade; é feita com ênfase na tal lei da semeadura, o foco é plantar para colher pra si.
Incalculável engano.
Quando vejo as menções bíblicas a respeito da lei da semeadura,
como por exemplo a de 2 Corintios 9.6, percebo que o grande milagre da semeadura é proporcionar a colheita de outra pessoa.
Não é semear como investimento para si; ao contrário, é semear como esperança profética de provisão aos que não possuem nem mesmo as sementes.
A lei da semeadura que creio de forma absoluta é essa: semear generosamente para benefício de qualquer outra pessoa além de mim mesmo.
Semear como oferta de amor para que a colheita seja feita por todos as que tiverem fome do que quer que seja.
Semear como expressão de gratidão pelas sementes que não plantei,
mas tive a benção de colher os frutos.
Semear como profecia na vida do outro.
Semear como partilha.
Semear como compromisso de proclamar o novo mundo.
Semear com o desejo de seguir os passos do Mestre.

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