terça-feira, 9 de novembro de 2021

Poema sobre as gavetas da vida

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Arrumar as gavetas do quarto, é tirar delas vários boletos pagos; fones de ouvidos quebrados; receitas médicas velhas e chaves de portas que não tem mais acesso.
As gavetas não se arrumam sozinhas, é preciso visitar as gavetas da alma e tirar delas boletos da vida que já foram sido pagos.
Às vezes temos disposição para perdoar o outro, mas nos esquecemos que isso também se aplica para nós.
Portanto, perdoe-se.
A culpa só deve durar até o arrependimento.
Uma vez arrependido, não há mais motivo para se culpar.
Descansei em paz, enterrei a culpa e continuei a viver. 
Também joguei fora os fones de ouvidos quebrados.
Na gaveta física, eles não serviam para ouvir minhas músicas.
Na gaveta da alma, eles me faziam dar ouvidos para tudo e todos.
Tão importante quanto saber ouvir é saber a quem ouvir.
Saber ouvir é a semente para sabedoria. Saber a quem ouvir é o sinal que a sabedoria ficou madura.
Ouço de tudo, mas só dou ouvido ao que é bom.
Rasguei as receitas médicas velhas.
Se já me tratei e fui curado, qual a razão de viver como se ainda estivesse doente?.
Hoje meu organismo é outro, a gente evolui, o que deu certo no passado não necessariamente dará no presente. Entendi isso para não ser um hipocondríaco existencial.
Cada momento é único e exige uma abordagem personalizada.
Problemas da vida são resolvidos com criatividade e não com receitas padrões.
E, por fim, livrei-me das chaves de portas que não tenho mais acesso.
Fiquei preso no "e se um dia precisar delas..." "E se", é um limbo existencial que aprisiona.
Estava me trancando com estas chaves.
Depois disso, percebi que as portas fechadas, serviram para abrir janelas em minha mente.
Janelas que me fizeram enxergar novas portas.
Com novas portas, vieram novas chaves e precisei de lugar na gaveta para guarda-las. 
Sonhos engavetados são sufocados por lixos acumulados. 
Há tempo de guardar, e tempo de lançar fora.
Gavetas existem para guardar o que é importante e não para acumular o que ficou obsoleto.

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